terça-feira, 6 de abril de 2021

Deu na Imprensa - 06/04/2021

 

Nas manchetes dos jornalões, três temas ganham destaque: 1) a decisão de Gilmar Mendes de vetar os cultos em São Paulo com a discussão sobre o veto a aberturas de igrejas indo para o plenário – manchete da Folha e, por tabela, do Globo, que reporta que os cultos e missas já estão liberados em 22 capitais brasileiras. 2) Pelo menos 18 empresas desistiram de lançar ações na bolsa por conta da pandemia – manchete de capa do Estadão. E 3) O aumento da disparidade de renda entre setor público e privado – com o funcionalismo colocado como alvo do Valor

Na política, a notícia do dia é a pesquisa XP/Ipespe que mostra desaprovação recorde a Bolsonaro – chega a 60% – e a dianteira do ex-presidente Lula na preferência do eleitorado à frente de Bolsonaro. Embora estejam tecnicamente empatados, Lula segue à frente, com 29% das intenções de voto e o presidente da República tem 28%. Os jornalões – à exceção do Valor – escondem a pesquisa nos impressos, mantendo o material mergulhado no cipoal de textos em seus sites. A notícia, contudo, ganha ampla repercussão na blogosfera, merecendo manchete do Brasil 247DCMRede Brasil Atual e Vi o MundoO Globo dá alto de página para a declaração do presidente Baleia Rossi de que o MDB não vai apoiar o petista em 2022

Coluna do Estadão repercute o "pedido" de Ciro Gomes para que Lula não dispute as próximas eleições presidenciais. Escreve Alberto Bombig"O pedido de Ciro para que Lula dê um "passo atrás" na caminhada rumo a mais uma candidatura presidencial escancarou o que parte da esquerda não petista debate em privado: até que ponto a rejeição ao PT pode favorecer eleitoralmente Jair Bolsonaro?". Segundo o colunista, a performance de Ciro, em evento de sindicatos, foi entendida também como um aceno ao petista. "Afinal, um dos sonhos de parte da esquerda é ver o ex-presidente como vice de Ciro. Por isso, a citação a Cristina Kirchner", pontua. "O PT deu de ombros: não quer ouvir falar".

Espremido pelas críticas crescentes dos ricos e do establishment econômico, Bolsonaro tenta sair das cordas e retomar algum tipo de interlocução com o mundo empresarial.  Poder 360 informa que o presidente convidou um grupo de executivos para jantar na quarta-feira, em São Paulo. Entre eles, estão Rubens Ometto (Cosan), Flávio Rocha (Riachuelo), André Esteves (BTG Pactual) e Luiz Trabuco (Bradesco). Um dos organizadores do encontro é o ministro Fábio Faria.

No Estadão, outro empresário insatisfeito surge dando entrevistas com críticas ao presidente da República. Vice-presidente do conselho do Grupo Boticário, Artur Grynbaum acreditava em maior tranquilidade em 2021, mas agora vê 'ano duro'. Ele também aponta a importância da vacinação e diz que recuperação vai depender da transparência do processo de imunização. E confessa: "Não sobra alternativa a não ser lockdown".

O capital parece mesmo insatisfeito. Estadão relata que a troca na Petrobrás e a condução da pandemia levaram investidores estrangeiros a retirar R$ 15,9 bilhões da Bolsa em dois meses. Apenas em março, fuga de capitais na Bolsa chegou a R$ 4,6 bilhões. Em janeiro, antes da piora do quadro da pandemia e da mudança na Petrobrás, saldo foi positivo em R$ 23,5 bilhões.

O pessimismo é contagiante. Valor diz que a vacinação lenta é risco também para a retomada no 2º semestre. Entre economistas, já há quem coloque projeções mais otimistas em dúvida.

Ainda sobre Lula, repercute nos jornais o pedido de procuradores da Lava Jato para que o Supremo Tribunal Federal mantenha a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso de Lula. O plenário do STF julga dia 14 se confirma ou não a decisão do ministro Edson Fachin de anular as condenações e todas as decisões tomadas em quatro processos contra o ex-presidente. Em caráter reservado, ministros disseram ao Globo que a tendência é que a medida seja mantida. No TijolaçoFernando Brito diz que os procuradores não têm sequer competência para apresentar memorial, já que não são parte da ação, movida por Lula.

Na imprensa internacional, o Brasil volta a ser merecer destaque negativo, por conta da atuação de Bolsonaro e do descontrole da pandemia no país. O jornal americano Washington Post destaca em manchete de primeira página que a variante brasileira P1 passou a ser um problema não só para o Brasil, como também para a América Latina e o resto do mundo. O inglês The Guardian, por sua vez, aponta o dedo para Bolsonaro e o coloca como um perigo para o Brasil e o mundo. O editorial é contundente. (Leia em NA GRINGA).

Ainda no noticiário internacional, todos os grandes jornais destacam o esforço do governo dos EUA em promover uma ampla reforma tributária que permita taxar as grandes empresas corporativas que têm alcance global. O jornal The New York Times destaca em manchete de capa que Biden e os democratas detalham planos para aumentar impostos sobre empresas multinacionais

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que os EUA apoiariam um imposto mínimo global, enquanto os principais democratas revelaram seu próprio plano para aumentar os impostos sobre as empresas multinacionais. A proposta pode arrecadar até US$ 1 trilhão nos próximos 15 anos de grandes empresas, exigindo que paguem impostos mais altos sobre os lucros que ganham no exterior. O assunto também ganhou espaço no Le MondeLibérationFinancial Times e WSJ. O jornal Washington Post informa que o plano de infraestrutura de Biden está sob ataque de ansiosos republicanos.

Outro destaque do dia na imprensa internacional é o anúncio de que a Índia registrou 100 mil casos em um único dia. As autoridades do estado mais afetado do país voltaram a impor bloqueios e advertiram que os hospitais, mesmo em cidades menores, estavam ficando sem leitos. A Índia está vacinando mais de três milhões de pessoas todos os dias, em um dos maiores esforços do mundo.


ORÇAMENTO

No Congresso, permanece o impasse em torno da proposta de orçamento. O governo ainda continua à procura de uma solução jurídica para o problema. Fontes da equipe econômica de Paulo Guedes apontam avanços na negociação que já conseguiu subir para um valor entre R$ 12,5 bilhões e R$ 13 bilhões o ajuste a ser feito na peça. O assunto é tema de alguns colunistas. 

Estadão diz que o aval a R$ 16,5 bilhões em emendas no Orçamento expõe a divisão entre equipes do próprio Ministério da Economia. No Valor, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco surge crítico a Guedes. "Equipe econômica mudou o discurso", afirma. Em evento com investidores, ele disse que houve algum erro na formulação da peça orçamentária, mas o governo também contribuiu para esse equívoco. "Há um impasse hoje [em relação ao Orçamento], mas que definitivamente não foi criado pelo Congresso Nacional. Houve um trabalho feito a quatro, seis ou oito mãos, em que todos concordaram, e agora houve uma mudança de discurso por parte do Ministério da Economia", disse.

Folha informa que a crise entre Executivo e Legislativo continua e que o impasse vai atrasar o 13º de aposentados e o programa de corte de jornada e salário que o governo quer. Ainda na Folha, reportagem mostra que as pensões de militares pioraram as contas públicas, e que a União acumula um passivo recorde de R$ 4,4 trilhões. "Pandemia e incorporação de benefícios para integrantes das Forças Armadas afetam números", reporta.

No Globo, Míriam Leitão diz que o nó no orçamento de 2021 reflete a incompetência política do governo Bolsonaro. "O ministro Paulo Guedes disse que não há briga. Há sim. Briga entre os poderes e dentro do governo. Entre os técnicos e a ala política", afirma a colunista. "O Ministério Público de Contas quer que o TCU alerte o governo preventivamente de que a sanção pode representar crime de responsabilidade fiscal. O parecer do TCU deve sair amanhã. Paulo Guedes na live para um banco disse que se o Orçamento for deixado como está as contas podem ser reprovadas no ano que vem e 'alguém' terá a 'capacidade de atingir a candidatura presidencial'. O assunto é técnico mas aperta todos os botões políticos, do relacionamento com o Congresso e da sustentação do governo".


NA GRINGA

O editorial do jornal inglês The Guardian aponta Bolsonaro como um perigo para o Brasil e para o mundo"O presidente de extrema direita deu rédea solta à Covid-19 e à destruição da Amazônia. Agora parece que ele planeja se apegar a tudo o que os eleitores disserem", avalia. O jornal diz que Bolsonaro fez mudanças no governo e "o gatilho imediato para as demissões foi o retorno bombástico do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, no mês passado, depois que um juiz anulou suas condenações criminais – abrindo a porta para ele concorrer novamente no ano que vem"

Diz o jornal: "A possibilidade do retorno de Lula é suficiente para concentrar mentes da direita em encontrar um candidato alternativo, menos extremista do que Bolsonaro. Pode ser irritante ver aqueles que ajudaram sua ascensão se posicionarem como os guardiões da democracia, ao invés de seus próprios interesses. Mas sua saída seria bem-vinda, pelo bem do Brasil e do planeta".

Em manchete de primeira página, o jornal Washington Post destaca que a variante no Brasil coloca em risco a América Latina. De acordo com o jornal, a variante P1, que contém um conjunto de mutações que a torna mais transmissível e potencialmente mais perigosa, não é mais um problema apenas do Brasil. É um problema da América do Sul – e do mundo. 

Nas últimas semanas, o vírus foi transportado por rios e fronteiras, evitando medidas restritivas destinadas a conter seu avanço pelo continente. "Há uma ansiedade crescente em partes da América do Sul de que a P1 possa rapidamente se tornar a variante dominante, transportando o desastre humanitário do Brasil – pacientes adoecendo sem cuidados, um número de mortos disparado – para seus países", diz. A íntegra está ao final deste briefing.

Sobre o ex-presidente Lula, o jornalista angolano João Melo escreve no Diário de Notícias de Portugal apontando o líder político brasileiro como um social-democrata"Lula não é um radical e muito menos um comunista. Salvaguardadas as devidas nuances, ele pode ser classificado, à luz das medidas que defende e aplicou quando foi presidente, um social-democrata (de fato e não apenas de nome, como o PSDB brasileiro, cujo elitismo o levou a colocar o bolsonarismo no poder)", observa.


COLUNISTAS

No EstadãoEliane Cantanhede critica o ministro Kassio Nunes, do STF. "Liberar cultos, missas e aglomerações equivale a mandar o gado para o matadouro", lamenta. "Em meio ao caos, o bolsonarista do Supremo, Kassio Nunes Marques, passa por cima de decisões do plenário".

No ValorAndrea Jubé trata das articulações do PT para as eleições de 2022. Ela informa que uma ala do PT não esconde a euforia com a perspectiva da candidatura presidencial do de Lula, e expectativa de vitória, amparada na convicção de que 2022 repetirá a bem sucedida campanha de 2002"Naquele ano, o Lulinha 'paz e amor', candidato de uma aliança do trabalho com o capital, representado pelo vice e empresário mineiro José Alencar, fez a 'esperança vencer o medo', para relembrar o 'slogan' daquela eleição", escreve. Ela diz que Eduardo Paes deve ser um aliado prioritário do PT, citando declarações de Washington Quaquá.


MANSÃO

De volta às agruras do presidente, outra fonte de desgaste a Bolsonaro é a confirmação de que  o Ministério Público do DF investiga empréstimo de banco a Flávio Bolsonaro para a compra de mansão. Imóvel foi adquirido pelo filho do presidente por R$ 6 milhões. O BRB financiou R$ 3,1 milhões do total. A casa no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, bairro nobre da capital federal, foi adquirida pelo filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro em janeiro. O imóvel de 1.100 m² de área construída, em um terreno de 2.500 m², custou R$ 6 milhões.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Gilmar veta cultos em SP, e discussão vai para o plenário

Estadão: Pandemia e crise fazem empresas cancelar lançamento de ações

O Globo: Cultos e missas já foram liberados em 22 capitais

Valor: Disparidade de renda cresce entre setor público e privado

El País (Brasil): Falta de vacinas para a covid-19 reaviva o debate sobre suspender as patentes durante  pandemia

BBC Brasil: O que se sabe sobre efeitos de tipos sanguíneos em casos graves de covid-19

UOL: Impasse no Orçamento atrasa 13º do INSS e programa de corte de salário

G1:  1ª parcela do auxílio emergencial começa a ser paga hoje

R7: Começa nesta terça o pagamento do novo auxílio emergencial para 45,6 milhões de pessoas

Luís Nassif: O vergonhoso Ministro Kássio Nunes

Tijolaço: 'Bilete' da Lava Jato pede anulação de suspeição de Moro ao STF

Brasil 247: Jornais da mídia corporativa escondem pesquisa XP, que mostra Lula à frente de Jair Bolsonaro

DCM: Lula ultrapassa Bolsonaro já no primeiro turno, diz pesquisa

Rede Brasil Atual: XP/Ipespe: Lula lidera sucessão. Avaliação negativa de Bolsonaro dispara

Brasil de Fato: Brasil tem 19 milhões de pessoas passando fome em meio à pandemia

Ópera Mundi: Para a lógica neofascista, a mulher precisa voltar para o lar, diz Yara Frateschi

Vi o Mundo: Lula ultrapassa Bolsonaro na pesquisa Ipespe e Moro despenca de 24% para 9%; desaprovação do presidente bate em 60%

Fórum: Aras avaliza Nunes Marques: "Estado deve assegurar assistência religiosa em tempo de paz e de guerra"

Poder 360: Para conter críticas, ministro organiza jantar entre Bolsonaro e empresários

New York Times: Democratas pressionam por impostos mais altos para empresas globais

Washington Post:  Variante no Brasil coloca em risco a região

WSJ: Google vence disputa de direitos autorais com Oracle na Suprema Corte

Financial Times: Johnson se prepara para confronto com conservadores após apoiar passaportes da Covid

The Guardian: Johnson promete retornar a uma 'aparência de normalidade'

The Times: Primeiro-ministro esperançoso de feriados estrangeiros no próximo mês

Le Monde: Febre especulativa nas finanças globais

Libération: Astrazeneca. A mal amada

El País: A esquerda se rearma em Madri depois do empate que indica pesquisa

El Mundo: Covid19. Um funcionário da EMA confirma uma ligação entre a vacina AstraZeneca e trombose

Clarín: Covid. Governo mostra cifras para tomar medidas mais duras

Página 12: A nova onda

Gramna: O prestígio de Cuba nos direitos humanos desqualifica as acusações norte-americanas

Diário de Notícias: Reforma das Forças Armadas. PS promete "olhar crítico" à proposta do governo 

Público: China e Rússia são suspeitas de terem feito ciberespionagem a Portugal

Frankfurter Allgemeine Zeitung: O ABC do Corona

Süddeutsche Zeitung: Conflito ucraniano. O Ocidente deve ameaçar com sanções que possam ferir

The Moscow Times: Coronavírus na Rússia: Mortes ultrapassam 100.000. Vacinação em massa

Global Times: China publica 'livro branco' sobre redução da pobreza para compartilhar experiências na erradicação

Diário do Povo: Comentários de Xi sobre a redução da pobreza na China

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