A semana começa com pressão máxima sobre o presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta obstáculos duros para ultrapassar. Enquanto o número de mortos ultrapassou a marca de 390 mil neste final de semana – óbitos por covid este ano superam os de 2020 inteiro e o governo reduz em 31% previsão de doses de vacina para maio – Bolsonaro vira alvo da oposição e dos independentes no Congresso. Amanhã, terça, 27, o Senado Federal instala a CPI da Pandemia, para desespero do governo. Nas manchetes dos jornais, O Globo noticia que o Planalto orienta ministérios a responder sobre 23 temas em CPI. É a "operação de guerra" desenhada pelo Planalto. Tudo para tentar neutralizar a ação de Renan Calheiros, relator da CPI, e da oposição na comissão. O tiro pode sair pela culatra. Os 23 pontos da pauta de defesa do governo vão virar munição. Na Folha, reportagem diz que CPI pode contribuir para responsabilizar Bolsonaro por falas e postura na pandemia. O roteiro de defesa do governo foi levantado pelo jornalista Rubens Valente, do UOL, no domingo, e ganha a manchete de capa do jornal carioca. Já a Folha destaca na capa que, em muitos país, a vacinação avançada reduz mortes, mas não os novos casos. Estadão e Valor vão de assunto econômico. O diário paulista reporta que o varejo aposta em aquisições bilionárias em meio à crise enquanto o jornal financeiro noticia que Empresas têm ganho elevado no 1º tri, apesar da pandemia. No UOL, Reinaldo Azevedo espinafra a Procuradoria Geral da República, apontando que não está fazendo nada, enquanto Luiz Eduardo Ramos lista as 23 aberrações do governo. "É uma espécie de roteiro das incompetências e iniquidades do governo. O troço, em princípio, parece servir mais à oposição do que ao Planalto", comenta o jornalista. "Se a CPI ainda não tinha elaborado seu plano de trabalho, não precisa mais se dedicar a tal esforço. O trabalho de Ramos é menos uma estratégia de defesa do que uma confissão". Folha aponta que Bolsonaro acirrou o discurso, e senadores veem tentativa de insuflar base às vésperas de CPI da Covid/ Enquanto presidente defende Pazuello e métodos alvo da comissão, Planalto aciona ministérios para reunir informações e rebater focos de apuração Ao passo em que se prepara para se defender no Parlamento, o Planalto também move peças no TCU, um esboço de reação para se proteger. O Globo diz que Bolsonaro quer ampliar influência no TCU para se esquivar de ações. Governo acenou com nomeação de um ministro da Corte para uma embaixada com o objetivo de tentar emplacar aliado na vaga que seria aberta; Bolsonaro receberá amanhã integrantes do tribunal para um café da manhã. E se o governo tenta sair das cordas no Congresso, o Centrão aumenta seu preço. Valor informa que aumenta a pressão por mudanças no ministério do ex-capitão. Setores do Congresso defendem a recriação do Ministério do Planejamento e um senador no primeiro escalão: Davi Alcolumbre (DEM-AP). Guedes avisou que não aceitará que sua superpasta seja desmembrada. Estadão volta à velha denúncia que assombra o presidente. Jornal informa que ex-assessores de Bolsonaro, suspeitos de serem 'fantasmas', receberam R$ 165 mil. A investigação do MP sobre esquema de 'rachadinha' no Rio encontra supostos indícios da prática no gabinete do presidente, no período em que era deputado federal.
LAVA JATO No Globo, Bela Megale escreve que Gilmar Mendes está prestes a decidir se estende parcialidade de Moro a outras acusações contra Lula. Ele vai avaliar, nos próximos dois meses, se estenderá a suspeição do ex-juiz a outros processos que miram o ex-presidente. A defesa do petista pediu ao ministro que estenda a parcialidade de Moro decretada pela Segunda Turma no caso do triplex a três processos que foram transferidos de Curitiba para a Justiça Federal de Brasília. Em artigo no Tijolaço, Fernando Brito reitera questionamentos sobre a conduta de Sérgio Moro, considerado suspeito pelo STF. Haverá punição? E os outros magistrados e autoridades do MPF que também atuaram na condução ilegal do caso Lula? "Trata-se do que vamos fazer diante da agora reconhecida e sacramentada judicialmente atuação parcial, política e eleitoral de Sergio Moro à frente dos processos de Lula na 13ª Vara Criminal de Curitiba e da cumplicidade que lhe tiveram, por cinco anos a fio, todos os níveis do Poder Judiciário, além da mídia, é claro", escreve.
ELEIÇÕES Folha noticia que a volta de Lula e xadrez de João Doria congestionam quadro de candidaturas ao governo de São Paulo em 2022. Ao menos 12 nomes estão envolvidos nas conversas, incluindo Fernando Haddad, Guilherme Boulos e aliados de Bolsonaro. O próprio governador já admitiu que pode concorrer à reeleição em 2022, e não ao Planalto, seu objetivo inicial, o que contribui para o congestionamento de candidatos para o Palácio dos Bandeirantes.
NA GRINGA Ganha repercussão global a reportagem da Associated Press reproduzindo declarações de Bolsonaro de uso da força do Exército em caso de caos de bloqueio. Ele sugeriu que o Exército poderá ser chamado às ruas para restaurar a ordem se as medidas de bloqueio contra a Covid às quais ele se opõe levem o país ao caos. Em entrevista a na sexta-feira à noite, Bolsonaro repetiu suas críticas frequentes às restrições impostas pelos governos locais para conter as infecções – medidas que ele afirma fazer mais mal do que bem. O despacho foi replicado em 14,7 mil sites noticiosos ao redor do mundo, incluindo o americano Washington Post. O diário francês Le Monde traz entrevista do historiador Odilon Caldeira Neto sobre a situação política brasileira: "Jair Bolsonaro é produto da longa história da extrema direita brasileira". De acordo com o especialista, o presidente brasileiro encarna um movimento complexo, herdeiro do anticomunismo, da violência da ditadura militar, da intolerância religiosa dos evangélicos, mas também do populismo antiglobalista. "Desde o fim da ditadura em 1985, pensava-se que era história antiga. Que nasceu um novo Brasil, consensual e democrático. Nós nos iludimos. Esquecemos que o Brasil tinha uma longa tradição de extrema direita e que de fato ela nunca desapareceu". Leia a íntegra ao final deste briefing. No New York Times de sábado – com foto principal fila da sopa no Pátio do Colégio, em São Paulo, e chamada na capa – reportagem destaca que o Brasil enfrenta uma epidemia de fome ao tempo em que é assolado pela Covid. "Dezenas de milhões de brasileiros enfrentam fome ou insegurança alimentar à medida que a crise da Covid-19 no país se arrasta, matando milhares de pessoas todos os dias", diz o jornal. O principal jornal dos EUA responsabiliza diretamente Bolsonaro. "As cenas, que proliferaram nos últimos meses nas ruas do Brasil, são a prova cabal de que a aposta do presidente Jair Bolsonaro de que poderia proteger a economia do país resistindo às políticas de saúde pública destinadas a conter o vírus fracassou". Já o espanhol El País trouxe no domingo ampla reportagem sobre a soja no Brasil. "É o grande negócio brasileiro. Suas lavouras ocupam tanto quanto a superfície da Alemanha e foi o único setor que cresceu em 2020, apesar da pandemia", destaca o periódico. "Território bolsonarista e berço de uma próspera classe empresarial que só teme a pressão dos ambientalistas e da Europa". INTERNACIONAL Sobre a explosão da pandemia na Índia, Financial Times traz imagem impressionante em sua primeira página: trabalhadores na Índia alinhando tanques de oxigênio após recarregá-los. O jornal relata que a falta de oxigênio e também de leitos deixaram os hospitais "implorando por ajuda". "Índia no ponto de ruptura da Covid" é a manchete. O Reino Unido, os EUA e a UE se ofereceram para fornecer suprimentos de emergência, incluindo oxigênio e ventiladores. Na Inglaterra, os jornais destacam o novo escândalo envolvendo o primeiro-ministro Boris Johnson. "Indignação porque o nº 10 exclui investigações urgentes sobre erros de pandemia" é a manchete do Guardian. O jornal informa que famílias enlutadas foram informadas de que o governo está muito ocupado para iniciar uma investigação. E cita uma carta do governo enviada a advogados que representam milhares de famílias, que afirma que "um inquérito agora não é apropriado". O diário The Times diz que ministros negam veementemente a alegação de que Boris Johnson disse que preferia ver "corpos amontoados aos milhares" do que ordenar um terceiro bloqueio enquanto as consequências da amarga guerra de instruções de Downing Street continuam. O primeiro-ministro é acusado de fazer o comentário em uma reunião depois que relutantemente impôs um segundo bloqueio, de acordo com o Daily Mail. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Vacinação avançada reduz mortes, mas não os novos casos Estadão: Varejo aposta em aquisições bilionárias em meio à crise O Globo: Governo orienta ministérios a responder sobre 23 temas em CPI Valor: Empresas têm ganho elevado no 1º tri, apesar da pandemia El País (Brasil): Fratura política marca o Chile num ano de renovação de grande parte das autoridades BBC Brasil: Por que municípios não aplicam toda vacina contra covid enviada por governo federal? UOL: Para senadores, Bolsonaro busca insuflar base às vésperas de CPI G1: Mãe de Henry muda versão sobre morte do filho e diz que Jairinho é violento R7: Nomadland ganha o Oscar de Melhor Filme Tijolaço: Moro suspeito. Terminou? Fica por isso mesmo? Brasil 247: CPI do genocídio pode abrir caminho para impeachment de Bolsonaro DCM: Rebelião em Angola que custou igrejas e TV a Edir deve chegar a outros países Rede Brasil Atual: Número de mortes pela covid se mantém em nível alto e caminha para chegar a 400 mil Brasil de Fato: Últimas notícias da vacina: Brasil aplica mais 2ª dose do que a 1ª e breca imunização Ópera Mundi: Portugueses vão às ruas para celebrar 47º aniversário da Revolução dos Cravos Fórum: Número de mortes por Covid-19 em 2021 já superou todo o ano de 2020 Poder 360: "Nomadland" é o principal vencedor do Oscar 2021 New York Times: Surgem em Michigan mais jovens doentes de Covid Washington Post: Casos na Índia estabelecem outro recorde global WSJ: EUA devem liderar recuperação econômica no ocidente Financial Times: Acionistas do Credit Suisse procuram couro cabeludo do chefe de risco após escândalos The Guardian: Indignação visto que o nº 10 exclui investigação urgente sobre os erros da pandemia The Times: Cummings ainda no quadro enquanto o bloqueio vaza 'rato' Le Monde: Polícia novamente atingida por ato terrorista Libération: Reentrada sob covid. Até aqui está tudo bem El País: Dois membros do Constitucional apoiam reformar a sedição El Mundo: Ayuso confia em poder governar sem Vox, mas teme mais tensão Clarín: O governo apressa o plano para nomear um chefe dos fiscais próprio Página 12: Buscar a volta Granma: Não há crime que dure cem anos Diário de Notícias: Famílias gastaram mais 125 milhões nos supermercados até março Público: Câmara do Porto gastou 15 vezes menos do que Lisboa com a pandemia Frankfurter Allgemeine Zeitung: Finalmente, Doce Vita novamente Süddeutsche Zeitung: Cada aposentado na praia é um motivo de esperança e alegria The Moscow Times: Rússia ordena que o Navalny Group suspenda as atividades Global Times: Os EUA criticaram a resposta 'egoísta' e 'indiferente' ao pedido de ajuda da Índia Diário do Povo: Xi diz que ideais e convicções são essenciais para o sucesso da revolução chinesa |
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