Nas capas dos jornais desta segunda-feira, 5 de abril, as manchetes são distintas. Folha trata da decisão do ministro Kássio Nunes, que liberou cultos, contrariando prefeitos e ministros do STF. O assunto rende muitas reportagens. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil recorreu de intimação de Kassio sobre abertura de igrejas na capital. O Globo lembra que a decisão contraria plenário do STF. Em 2020, Corte determinou por unanimidade que gestores estaduais e municipais têm atribuição de estipular medidas de isolamento social. Estadão destaca em manchete de capa que a vacinação de prioritários deve ser concluída somente em setembro, enquanto O Globo trata da nova onda da pandemia, que levou 18 governos a fecharem escolas estaduais e particulares. Valor informa que as grandes empresas têm fôlego para enfrentar a pandemia. A edição brasileira do El País traz entrevista do médico Drauzio Varella, lamentando a crise no país: “O discurso antivacina é como induzir ao suicídio coletivo”. Estadão relata que governadores acertaram estratégia própria contra a pandemia. Críticos do comitê de crise criado por Bolsonaro, governadores unificam discurso a favor de medidas restritivas e articulam, sem aval do Palácio do Planalto, a aquisição de vacinas. Em decisão articulada no Fórum dos Governadores e sem aval do Planalto, os consórcios de governadores do Norte e Nordeste enviaram cartas ao diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e à diretora da Opas, Carissa Etienne, pedindo a revisão dos critérios usados para distribuição de vacinas do Covax Facility. Na política, Folha repercute o artigo dominical do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo a formação de uma frente de centro progressista, ‘social e economicamente’. No texto publicado no Estadão e o no Globo, FHC diz que “há que juntar as forças capazes de se contrapor a estrebuchamentos autoritários eventuais”. A Folha diz que a declaração do ex-presidente ocorre uma semana após manifesto de possíveis candidatos em 2022. Os jornais tentam incensar a iniciativa dos políticos que temem Lula. O Globo destaca que a economia deve ditar alcance de aliança do centro para eleições presidenciais de 2022. Dirigentes partidários e cientistas políticos acreditam que plano econômico do grupo será chave para definir tamanho do grupo. Para garantir competitividade, apresentação de candidato ficaria para o segundo semestre. O jornal aponta as contradições: “Para abrigar Ciro Gomes (PDT), por exemplo, o grupo teria que ter um projeto com traços mais desenvolvimentistas, proposta que contraria a visão de partidos como PSDB, DEM e Novo”. No noticiário estrangeiro, o apelo do Papa Francisco pela distribuição de vacinas aos povos de todo o mundo ganha as manchetes principais. No italiano Corriere della Sera e no alto das páginas iniciais do francês Le Monde ao Wall Street Journal, com foto, “Papa, em mensagem de Páscoa, clama por distribuição de vacinas”. O New York Times, destacou que o líder católico “exorta líderes mundiais a garantir acesso” ao imunizante. O “líder de 1,3 bilhão de católicos”, entre eles Joe Biden, cobrou “internacionalismo das vacinas” e a permissão à exportação. O New York Times traz na manchete desta segunda-feira o esforço de Biden para combater a fome como “uma mudança profunda” nos Estados Unidos. “Como milhões de americanos não têm o que comer, o governo está aumentando rapidamente a ajuda – com vistas a uma expansão permanente da rede de segurança”, diz o jornal. Já o Washington Post traz na manchete que os EUA estão se preparando para impulsionar a economia global, com o estímulo em dinheiro e aumento de empregos. O jornal diz que o país emerge como principal motor para a recuperação econômica do planeta e que a robusta recuperação econômica dos EUA neste ano deve ser uma boa notícia para os trabalhadores de fábricas, carregadores e agricultores. “Trabalhadores de fábrica na China. Manipuladores de frete na Holanda. E fazendeiros na Alemanha”, aponta.
NA GRINGA Com chamada de capa – Hora do ajuste de contas. Bolsonaro fica vulnerável pelo forte descontrole do vírus no Brasil – o britânico Financial Times mostra que o presidente brasileiro está se isolando em meio ao agravamento da crise sanitária no país. “No Congresso, há os primeiros murmúrios de uma tentativa potencial de impeachment do presidente. E com o retorno do ex-presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva à política, depois que sua condenação por corrupção foi derrubada, Bolsonaro não é mais o favorito nas eleições do ano que vem”, diz o jornal em matéria de página inteira. “Um dos maiores céticos do coronavírus do mundo, Bolsonaro recusou-se a usar máscara durante a maior parte do ano passado, criticou as vacinações e classificou a pandemia como ‘uma gripezinha’. Ele agora está lutando para manter seu governo unido e suas esperanças de reeleição vivas em meio a alguns dos piores números da Covid-19 do mundo”. A íntegra está ao final deste briefing. Em editorial, o Financial Times elogia os militares brasileiros por permanecerem fiéis à Constituição e não cederem às pressões do presidente Jair Bolsonaro. “O presente dos generais para o Brasil”, diz o título editorial. “Os comandantes de alto escalão deram um impulso à democracia ao permanecerem leais à Constituição”. Diz o jornal: “O compromisso dos comandantes das Forças Armadas com a institucionalidade segue a firmeza louvável da Suprema Corte em resistir às tentativas de Bolsonaro de assumir poderes de emergência ou de vetar bloqueios impostos pelas autoridades locais. O Congresso também se afirmou com um ‘sinal amarelo’ ao governo de Bolsonaro para mudar de curso ou enfrentar um possível impeachment”. Em artigo publicado no inglês The Guardian, o ex-chanceler Celso Amorim diz que, em meio à tragédia brasileira, a esperança é a perspectiva de derrota do Bolsonaro no próximo ano. “À medida que as mortes de Covid sobem, o presidente parece estar jogando o país em um abismo do qual será difícil escapar”, escreve o diplomata, que foi ministro das Relações Exteriores no governo Lula e da Defesa no governo Dilma Rousseff. A íntegra do artigo está ao final deste briefing. No português Público, reportagem destaca que psicanalistas vêem cálculo político e gestão do ódio em atitudes de Bolsonaro. “Presidente brasileiro e o seu círculo próximo persistem em embate com alvos que vão de governadores e cientistas a Judiciário e Congresso”, escreve Felipe Bächtold. “‘Manipulação de afetos’, ‘política do negativo’ e ‘estratégia da cisão’ são algumas das expressões que psicanalistas ouvidos pela Folha usam para se referir à estratégia do presidente Jair Bolsonaro de manter o seu governo e seus apiadores em confronto permanente”, relata. “Mesmo com o país imerso numa crise sanitária que já deixou mais de 320 mil mortos, o presidente e seu círculo persistem em um embate político contínuo com alvos que vão de governadores a cientistas, além de Judiciário e Congresso”. No espanhol El País, artigo de José Juan Ruiz aborda as tratativas de Brasil e Argentina para a retomada do Mercosul. “A harmonia entre Bolsonaro e Fernández está longe de ser o que é necessário para impulsionar um acordo deste calibre”, resume. “Qualquer curioso que queira saber quais são as economias mais fechadas do mundo, basta consultar os Indicadores de Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial. Lá você verá que, em 2019, liderando a classificação, além do Sudão, Trump's América e Etiópia, estão o Brasil e a Argentina. Os dois países sul-americanos são as únicas economias que ocupam tais posições ininterruptamente desde 1960, número que prova que seu apoio moderado a políticas de comércio aberto transcende seus ciclos políticos muito turbulentos”. Na edição de sábado do NYTimes, artigo de Eliane Brum trata da morte do ‘último ancião Juma’ na Amazônia. “O coronavírus e o presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, estão colocando em risco a sobrevivência dos povos indígenas e o futuro da próxima geração humana”, denuncia a jornalista. “Em 17 de fevereiro, Aruká Juma, o último sobrevivente do povo Juma na Amazônia brasileira, morreu de Covid-19 em um hospital em Pôrto Velho, capital do Estado de Rondônia, no norte do Brasil. O Sr. Juma, que nasceu na década de 1930 em uma aldeia na selva no rio Açuã, a cerca de 450 milhas da capital do estado do Amazonas, Manaus, representava sua comunidade e seu mundo. Ele era como as árvores gigantes da Amazônia e caiu”. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung traz uma entrevista com o ex-astro de futebol da Bundesliga Giovane Elber, em que ele critica duramente Jair Bolsonaro. “Há caos em todo o Brasil”, diz. E reclama: “O presidente só tomou decisões erradas na pandemia”. O ex-jogador diz que a situação no país é terrível. “Em todo o Brasil, os hospitais estão superlotados e falta oxigênio nas unidades de terapia intensiva. E os médicos devem, portanto, decidir quem pode viver e quem não pode”, lamenta. O maior país da América do Sul tem quase 13 milhões de casos de coronavírus e mais de 325 mil mortes. O jornal Sueddeutsche Zeitung também repercutiu a entrevista de Elber. COLUNISTAS Entre os colunistas dos jornais brasileiros, atenção a Celso Rocha de Barros na Folha, que aborda a crise entre Bolsonaro e os militares. Bolsonaro acelerou o golpismo e perdeu. “Isso não significa que não haja mais risco à democracia brasileira”, insiste. E cobra providências das instituições: “A reação do mundo político brasileiro à crise militar não foi a que se veria em um país democrático normal”. E detona: “Em qualquer democracia funcional, os oficiais demissionários teriam sido convocados pelo Congresso para prestar esclarecimentos. Mas não aconteceu nada. Como das outras vezes. As instituições continuam preferindo não falar abertamente sobre o golpismo de Bolsonaro, porque falar disso seria obrigar-se a tomar providências”. BOLSONARO Folha destaca que empresa ligada a apoiador de Trump fecha contratos com governo Bolsonaro. Objeto social da Combat Armor foi alterado de publicidade para negócios em segurança no mês em que presidente brasileiro tomou posse. A empresa é de Daniel Beck, apoiador militante do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump que esteve em Washington durante a invasão ao Congresso americano, em janeiro passado. O jornal também noticia que operadores da família Bolsonaro ganham holofotes e polêmicas em Brasília. Grupo é formado por empresário e publicitário que articulam partido bolsonarista, além de advogados que cuidam da defesa do clã presidencial. “Sem remuneração ou cargos oficiais, eles ganham acesso ao governo e prestígio no mundo externo, ao ostentar a relação próxima ao presidente. Também brigam entre si na disputa para ver quem tem mais influência sobre a família”, diz o jornal, citando o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte e a advogada Karina Kufa, tesoureira da Aliança pelo Brasil. Em outra reportagem, a Folha relata que o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu investigações contra principais nomes do governo Bolsonaro, mas as apurações patinam. Ele já iniciou apurações preliminares contra o próprio presidente, o filho Eduardo Bolsonaro, e os ministros Augusto Heleno, Damares Alves, além do General Eduardo Pazuello. “Só o caso do ex-ministro da Saúde evoluiu para um inquérito”, informa. DÍVIDA Estadão denuncia que as igrejas acumulam R$ 1,9 bilhão em débitos inscritos na Dívida Ativa da União. O jornal teve acesso a uma planilha que detalha os tributos devidos pelas instituições religiosas. Algumas delas deixaram de pagar à União até mesmo a contribuição previdenciária e o Imposto de Renda já descontados do salário dos empregados. Elas foram beneficiadas com um perdão de dívidas concedido sob a bênção do presidente Jair Bolsonaro. ORÇAMENTO Folha revela que o Orçamento de 2021 favorece programas ligados ao bolsonarismo: segurança, fortalecimento da família e obras ganharam mais recursos, enquanto as políticas externa e ambiental perderam. “O presidente abraçou projetos regionais de infraestrutura numa estratégia que visa a reeleição em 2022”, reporta. “São obras de portes distintos, como irrigação, saneamento, casas populares. São temas que geram ganhos políticos também ao presidente”. Em outra reportagem, o jornal informa que Bolsonaro indicou a aliados neste final de semana que deverá vetar trechos do Orçamento de 2021. Governo e Congresso discutem ajustes no projeto, que turbinou emendas parlamentares e cortou verba de gastos obrigatórios. A proposta orçamentária é alvo de discussão entre a equipe econômica e parlamentares. No Globo, Malu Gaspar revela que enquanto o governo e o Congresso guerreiam em torno da necessidade de cortar do Orçamento cerca de R$ 30 bilhões, para não furar o teto de gastos, “outra boiada, de R$ 7,3 bilhões, está prestes a passar sem ser notada”. Ela diz que esse é o valor do cheque em branco que os parlamentares terão para enviar para suas bases, sem precisar dizer em quê os recursos serão aplicados nem prestar contas de seu uso. “Incluído na lei orçamentária pelos deputados, no final do ano, ele foi chancelado há duas semanas por um acordo de bastidores entre governo e parlamentares. E foi estabelecido sem a aprovação de uma emenda constitucional, como manda a lei”, informa. |
AS MANCHETES DO DIA |
JORNAIS Folha: Liberação de culto contraria prefeitos e ministros do STF Estadão: Vacinação de prioritários deve ser concluída só em setembro O Globo: Com nova onda, 18 governos fecham escolas estaduais e particulares Valor: Grandes empresas têm fôlego para enfrentar a pandemia El País (Brasil): Drauzio Varella: “O discurso antivacina é como induzir ao suicídio coletivo” PORTAIS BBC Brasil: Covid-19 e gripe: 6 respostas sobre a vacinação simultânea prestes a começar no Brasil UOL: Orçamento aprovado favorece programas ligados ao bolsonarismo G1: Justiça suspende reabertura de escolas na cidade do Rio R7: Governo do Brasil espera injetar R$ 44 bilhões na economia com novo auxílio emergencial BLOGOSFERA Luís Nassif: Tensão entre militares e Bolsonaro não deve arrefecer tão cedo Tijolaço: Diretor do Butantan diz que vacinação não vai se acelerar Brasil 247: Freixo defende apoio do Psol a Lula e propõe diálogo entre Ciro Gomes e PT DCM: Fanático que invadiu Congresso dos EUA assina contrato milionário com governo Bolsonaro Rede Brasil Atual: Brasil chegará a 562 mil mortes pela covid-19 em julho, diz Universidade de Washington Brasil de Fato: Sindicatos planejam ações contra mudanças em regras de saúde e segurança do trabalho Ópera Mundi: Brasileiros protestam contra Bolsonaro em frente à embaixada do Brasil em Paris Fórum: Lula está no segundo turno em 2022. Bolsonaro disputa outra vaga com centro, diz cientista político Poder 360: Petrobras vai elevar o preço do gás natural em 38% no começo de maio INTERNACIONAL New York Times: Muitos precisam de comida. Um empurrão energizante para expandir o alívio. O ambicioso plano de Biden Washington Post: EUA preparados para impulsionar o crescimento global WSJ: Cepas de vírus testam recuperação global Financial Times: China procura conter empréstimos para esfriar boom imobiliário The Guardian: Dois testes de vírus por semana para todos, já que primeiro-ministro enfrenta reação negativa do passaporte da Covid The Times: Primeiro ministro tem esperanças com testes em massa Le Monde: Covid. O novo calendário pode ser mantido? Libération: Manifesto das 343. “A batalha pelo aborto não foi ganha” El País: Governo prepara a primeira Lei de Segredos Oficiais da democracia Clarín: Pandemia e eleições. Premiado, o governo busca acordo com a oposição Página 12: Entrevista com o Vice-Ministro da Justiça. “A impunidade nunca foi tão grossa” Gramna: O que deve ser um jovem comunista Diário de Notícias: Ex-ministro de Costa: “É inevitável levantar moratórias em setembro, mas é preciso criar instrumentos de transição” Público: Banca compensa trava parlamentar no MB Way com subida de comissões Frankfurter Allgemeine Zeitung: O mundo na sala de espera Süddeutsche Zeitung: Sem a economia global, a Alemanha seria pobre The Moscow Times: Um em cada 2 russos dizem que Navalny está preso com razão, diz pesquisa Global Times: Ruili abre registro de vacina para a população local após receber 150.000 doses de CanSinoBIO Diário do Povo: China lançará livro branco sobre redução da pobreza |
segunda-feira, 5 de abril de 2021
Deu na Imprensa - 05/04/2021
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