“Alguns dos comentários que o presidente Bolsonaro fez hoje me surpreenderam, e isso é muito bom. A questão é: eles vão cumprir?” Essa foi a reação de John Kerry, representante do governo americano para questões de meio ambiente, à fala de Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima convocada virtualmente por Joe Biden. O brasileiro prometeu reduzir emissões de carbono, acabar com o desmatamento ilegal até 2030 e buscar neutralidade na emissão de carbono até 2050. (G1)
A imprensa internacional seguiu a linha de Kerry. Elogiou a mudança de tom no discurso, mas lembrou a falta de credibilidade de Bolsonaro, enquanto ONGs destacaram a falta de políticas públicas reais para proteção ambiental no país. (Estadão)
Assista ao discurso em vídeo.
Foram quase sete minutos de fala do presidente brasileiro, com promessas, anúncios de políticas públicas e louvor a realizações que não refletem as ações de seu governo nem correspondem exatamente aos fatos. Ele minimizou as emissões de carbono, ignorou os recordes seguidos de desmatamento e não se referiu ao desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental promovido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. (Folha)
Meio em vídeo. Não é que Bolsonaro não minta, ele mente. Aliás, mente muito. Mas é transparente — até criança percebe. Na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, onde o Brasil é sempre um dos primeiros, ele foi escanteado para décimo nono. E Joe Biden se levantou e não assistiu. Pois é, todo mundo percebe. Confira o Ponto de Partida no YouTube.
Escamoteado do evento, apesar de presidir o Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o encontro e ironizou as promessas de longo prazo feitas, inclusive pelo Brasil. “Neguinho chega ali: ‘Em 2060...’. Pô, nós todos já viramos pó. O que nós temos que fazer, qual o nosso problema hoje? Claro, objetivo: temos que reduzir o desmatamento na Amazônia. A gente fez isso”, disse o vice. (Globo)
Não. Não fez, como mostram os dados da Imazon.
Sérgio Abranches: “Bolsonaro ficou em 20o lugar na lista de oradores. Irritou-se, mas era de se esperar. Ele e seu então ministro das Relações Exteriores regozijaram-se em fazer do Brasil um pária, em nome da manutenção de suas visões negacionistas. Todos os chefes de estado que o precederam mostraram atitude muito mais cooperativa e, além de mostrar ações efetivas já em prática, indicaram a intenção de elevar suas metas para cumprir os compromissos do Acordo de Paris mais rápida e agressivamente. A única meta nova que anunciou foi a de neutralizar as emissões até 2050. Para contruibuir para esta meta, Bolsonaro teria que retirar os garimpeiros das terras indígenas, inibir e punir os grileiros e desmatadores e adotar uma série de outras medidas que dependem apenas de sua vontade.”
Aliás... Em uma das reuniões preparatórias, Salles causou espanto na equipe de Kerry. Segundo participantes, a apresentação dele incluía a ilustração de um cão olhando frangos com cifrões no peito girando numa assadeira vertical. O cão seria o Brasil à espera de ajuda financeira. Como não conhecem a popular “televisão de cachorro”, os americanos não entenderam nada. (Folha)
Pois é... Segundo Bela Megale, o Planalto acredita que após a Cúpula, a pressão para demitir Salles diminuirá. (Globo)
Sete dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pela validade do julgamento na Segunda Turma da Corte que declarou o ex-juiz Sérgio Moro parcial nos casos envolvendo o ex-presidente Lula. Ao anular as ações contra Lula em Curitiba, alegando que aquele não era o juízo competente, o relator Edson Fachin decretou que o pedido de suspeição de Moro estava prejudicado, mas a Segunda Turma, presidida por Gilmar Mendes, retomou esse julgamento e, por 3 votos a 2, considerou Moro parcial. Na semana passada, o Plenário manteve a anulação dos processos e ontem começou a votar a validade do julgamento da parcialidade. O presidente Luiz Fux tentou interromper a sessão quando o placar estava 3 (Gilmar, Nunes Marques e Alexandre Moraes) a 2 (Fachin e Luiz Roberto Barroso) pela validade, mas os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber anteciparam seus votos acompanhando Gilmar e formando a maioria. Ficaram para a semana que vem os votos de Fux e do decano Marco Aurélio, que já haviam votado contra a anulação das ações em Curitiba. (UOL)
Aliás... Gilmar e Barroso travaram um diálogo áspero como não se via no Supremo desde os embates entre o próprio Gilmar e Joaquim Barbosa. Assista. (Poder360)
Responsável pela campanha para a reeleição de Dilma Rousseff em 2014 e depois delator da operação Lava-Jato, o marqueteiro João Santana foi anunciado ontem como responsável pela comunicação do PDT e da potencial candidatura de Ciro Gomes ao Planalto. No ano passado, Santana defendeu em entrevista que Lula, na época inelegível, formaria uma “chapa imbatível” como vice de Ciro. (Poder360)
Vera Magalhães: “A chegada de Santana ao barco cirista deve afastar, ao menos num primeiro momento, uma aliada recente do pedetista, a ex-ministra e ex-presidenciável Marina Silva. Santana foi o responsável pela campanha de desconstrução da imagem de Marina na pesada campanha de Dilma em 2014, em que a ex-ministra (e ex-petista) era apresentada como alguém que iria liquidar com o Bolsa Família e sumir com a comida do prato dos brasileiros.” (Globo)
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