Um feriado sem folga para o Palácio do Planalto, que enfrenta múltiplas frentes de problemas. No plano interno, a CPI da Covid amplia a pressão sobre Bolsonaro. No front externo, o início da Cúpula do Clima coloca todas as atenções do planeta sobre a condução da política ambiental do líder da extrema-direita brasileira. Enquanto isso, a miséria aumenta e as dificuldades para os pobres crescem à medida que a pandemia se aprofunda. São esses os principais temas dos quatro grandes jornais que circulam nesta quarta, 21 de abril. Folha traz na manchete a notícia de que os pobres estão morrendo mais, quando saem de casa atrás de renda, já que não dispõem do luxo do home office. Estadão destaca na matéria principal de capa a mobilização internacional que pede a Biden rigor com Bolsonaro sobre desmate. Já O Globo coloca foco na denúncia de fiscais do Ibama, que responsabilizam diretamente o ministro Ricardo Salles pela paralisia do órgão. Por fim, a edição brasileira do El País diz que o Brasil chega à Cúpula do Clima com ação de 'pedalada ambiental' e carta de governadores a Biden. Na imprensa internacional também ganha repercussão os apelos de celebridades, ativistas ambientais, além de políticos e de setores da sociedade civil do Brasil e dos Estados Unidos, cobrando do presidente Joe Biden que seja rigoroso com Bolsonaro por conta do desmatamento. No Estadão, o embaixador Rubens Barbosa surge alertando: "É urgente Brasil voltar a ter uma política externa com foco no meio ambiente". Em carta, governadores da Amazônia apresentam plano de recuperação. No Globo, Malu Gaspar informa que Salles tem uma carta na manga: criar uma patrulha armada com verba de países ricos para combater desmatamento. A Força de Segurança Ambiental substituiria PF, Ibama e ICMBio na repressão. Sociedade civil vê risco de 'milícia ambiental'. O jornal relata ainda que, sem novos recursos, Bolsonaro prometerá na cúpula de Biden aumentar fiscalização do desmatamento. Elio Gaspari vê o presidente em dificuldades no front internacional. "Só resta a Bolsonaro tentar que o Brasil seja ouvido de novo sobre Amazônia". Sobre a CPI da Covid, Folha informa que integrantes comissão querem usar o ofício que orienta uso de cloroquina como prova contra governo. O documento endereçado pelo governo à Fiocruz está nas mãos de Renan Calheiros, relator da CPI. O nível de desarticulação política do governo no Senado é tão grande que um parlamentar da minoria governista na CPI aparece criticando o governo. As articulações em torno da CPI continuam, com viés de baixa para o Palácio do Planalto. No Globo, Míriam Leitão escreve que apesar dos esforços do governo, a relatoria de Renan Calheiros na CPI da Covid está "consolidada". Os ataques a Renan só azedaram os humores dos partidos que integram a CPI. Em outra frente de atritos, Ancelmo Góis informa que os presidentes de partidos de oposição marcaram reunião virtual para esta sexta, 23 de abril, para avaliar a possibilidade de unificar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Foram convocados para o encontro todos aqueles com representações já protocoladas na Câmara dos Deputados. Segundo o Painel da Folha, PT, PSOL, Joice Hasselman e Alexandre Frota topam se reunir para tentar criar superpedido de impeachment contra Bolsonaro. Bolsonaro ensaia reaproximação com os donos do capital no Brasil, participando de novo encontro com empresários. O presidente disse que não teme a CPI, mas foi cobrado no encontro por maior atenção ao meio ambiente. Ele participou de reunião virtual com empresários em evento organizado por Skaf, presidente da Fiesp. A Coluna do Estadãoressalta que, na ausência de opções, Bolsonaro mantém canal aberto com empresariado. Estadão noticia que Bolsonaro admitiu a pastores evangélicos que vai indicar o ministro André Mendonça para o STF. Titular da AGU é apontado como favorito para ocupar a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposenta em julho. PRÉ-SAL O entreguismo de Bolsonaro sobre o patrimônio público avança de maneira escancarada. Folha reporta que o governo reduziu em 70% preço de áreas do pré-sal que irão a segundo leilão. A oferta de dois blocos que não tiveram interessados em 2019 está prevista para dezembro. Será o primeiro leilão de oportunidades no pré-sal após o início da pandemia. As áreas, chamadas Atapu e Sépia, foram oferecidas em evento que ficou conhecido como o megaleilão do pré-sal, no qual o governo arrecadou R$ 69,9 bilhões com a concessão de outras duas áreas à Petrobras em parceria com estatais chinesas. Atapu e Sépia foram oferecidas, respectivamente, por R$ 13,7 bilhões e R$ 22,9 bilhões em 2019. Em reunião, o Conselho Nacional de Política Energética anunciou que na nova oferta os bônus serão de R$ 4 bilhões e R$ 7,1 bilhões. LAVA JATO Folha destaca que uma manifestação contundente de um delegado sobre as mensagens hackeadas da Lava Jato abriu a primeira crise da nova gestão da Polícia Federal com o setor mais sensível do órgão, que investiga pessoas com foro especial. O embate está no contexto da movimentação política e jurídica que busca usar os diálogos vazados para punir integrantes da força-tarefa da operação de Curitiba e em meio às recentes mudanças de comando da PF pelo governo. Outra notícia sobre a Lava Jato está no Estadão e na Folha que informam que a 2ª Turma do STF mantém decisão que tirou de Curitiba ação contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ele se tornou alvo de ação penal por suposta participação em um esquema de corrupção envolvendo a articulação para aprovar medidas provisórias conhecidas como 'Refis da Crise'. FACADA Folha informa que nove meses após ser esfaqueado, Bolsonaro teve reembolso de R$ 435 mil da Câmara por gastos de saúde. A despesa ressarcida em 2019 é referente a período em que era deputado federal. A Câmara não dá detalhes de razões médicas. A Câmara se recusa a informar sobre quando se refere essa despesa. Informou apenas que é relativo ao período que ele ainda era deputado federal. MILITARES Sobre os militares, o ministro da Defesa, General Braga Netto, surge no Estadão defendendo Bolsonaro. Ele diz que é preciso 'respeitar projeto escolhido pela maioria dos brasileiros'. Em evento de troca de comando do Exército, ministro disse que o país precisa estar unido contra qualquer iniciativa de 'desestabilização institucional' que altere o 'equilíbrio entre os Poderes'. Folha foi na mesma linha. No Globo, Bernardo Mello Franco critica Braga Neto: "Ministro da Defesa faz de eventos das Forças Armadas comícios bolsonaristas". Na Folha, Bruno Boghossian vai na mesma linha ao dizer que militares mantêm escolta política e retórica golpista de Bolsonaro. "Novo ministro da Defesa indica que vai seguir discurso de intimidação do presidente", observa o colunista. Parece que o racha nas FFAA está se aprofundando. Em posição diametralmente oposta a Braga Neto, o ex-comandante do Exército Edson Pujol parece se dar conta de que o embarque dos militares no governo Bolsonaro feriu a imagem da instituição. Ancelmo Góis, no Globo, informa que Pujol se queixou da atuação do ex-ministro da Saúde General Eduardo Pazuello. "Ferrou o Exército". A crítica teria sido feita por conta do episódio da compra de vacinas contra Covid-19. LSN Jornais relatam que a Câmara dos Deputados aprovou urgência e acelera projeto para substituir Lei de Segurança Nacional. A proposta para substituir legislação da ditadura deve contemplar prisão por uso de robôs para disparos em massa com notícias falsas nas eleições. A proposta deve contemplar prisão de até cinco anos e multa para quem usar robôs para fazer disparos em massa com notícias falsas que possam comprometer o processo eleitoral no país. A urgência foi aprovada por 386 votos a 57. ELEIÇÕES 2022 Sobre o cenário eleitoral, a colunista Rosângela Bittar, do Estadão, sofre com a possibilidade de se repetir em 2022 o cenário com Lula disputando a Presidência com Bolsonaro. "Decisão do Supremo tornou possível o revival, a mesma urna de dois anos atrás", lamenta. "O risco do futuro é repetir o passado indesejado. Ou, diante da urna eletrônica de 2022, os eleitores viverem a mesma perplexidade que experimentaram em 2018". ORÇAMENTO Na economia, Estadão alerta que o acordo do governo com o Congresso para destravar o Orçamento de 2021 abre brecha para 'pedalada' no final do ano. Por conta do projeto aprovado na segunda-feira que modificou a LDO, surgiu a possibilidade de o governo jogar para 2022 gastos que teriam de ser executados ainda este ano. A medida seria feita por meio da Despesa de Exercícios Anteriores (DEA). Com acordo entre governo e Congresso, emendas parlamentares ficam em R$ 37 bilhões. NA GRINGA Na edição impressa desta quarta-feira, 21, o britânico Financial Times informa que Brasil tenta restabelecer relações antes da cúpula do clima de Joe Biden. "Os esforços da administração Bolsonaro para abraçar um papel 'positivo' no meio ambiente encontram ceticismo", destaca. O Diário de Noticías, de Portugal, reproduz despacho da agência Lusa, reportando a pressão de celebridades internacionais, como o ator Leonardo DiCaprio e Joaquin Phoenix ao presidente Joe Biden que negue verbas a Bolsonaro para o meio ambiente. Artistas, políticos e organizações têm divulgado várias cartas endereçadas ao presidente norte-americano, alertando para que não assine acordos com Bolsonaro. O alemão Sueddeutsche Zeitung também noticia que estrelas americanas pedem a Biden para proteger a floresta tropical. No briefing distribuído a assinantes, o New York Times aborda a crise sanitária brasileira. Diz que o país está em uma situação terrível na pandemia. A variante P.1, mais contagiosa, levou os casos a níveis recordes nas últimas semanas e sobrecarregou os hospitais. "A média diária de mortes no país é agora a mais alta do mundo", destaca o jornal. O Times traz o relato de Ernesto Londoño, chefe da sucursal do NYTimes no Brasil. Ele não poupa Bolsonaro. "O que vimos no ano passado foi essencialmente uma guerra entre o presidente Bolsonaro e muitas autoridades eleitas nos níveis estadual e municipal sobre questões básicas como distanciamento social, uso de máscaras, bloqueios e até mesmo quais drogas o governo deveria promover", descreve. E fala das investigações da CPI: "Bolsonaro está enfrentando um novo inquérito do Congresso, que será lançado esta semana, que deve analisar amplamente a resposta do governo à pandemia. Seu governo também nunca assumiu qualquer responsabilidade, por exemplo, por deixar de ser proativo e diligente ao solicitar vacinas no ano passado, quando muitos países ao redor do mundo estavam se esforçando para ser os primeiros na fila. Portanto, por causa disso, o lançamento da vacina tem sido incrivelmente lento". Os argentinos Clarín e Página 12 trazem reportagem sobre o avanço da pandemia no Brasil. E ambos destacam que o país já tem a maior taxa de mortalidade por Covid na América, em proporção à população. O Brasil ultrapassou os Estados Unidos em mortes por 100 mil habitantes. A segunda onda atinge os jovens com mais força. E, com a chegada do inverno no sul, estima-se que as infecções aumentem. Sobre a política brasileira, o Página 12 traz artigo de Eduardo Sincoksky ressaltando que o establishment brasileiro está em busca de candidato. "O tsunami que provocou o retorno de Lula ao centro da cena política, somado à tragédia pandêmica que cada vez mais veste o Bolsonaro, colocaram o establishment local em alerta. Acontece que, para os 'donos do PIB', a crescente polarização entre Lula e Bolsonaro os coloca em situação incômoda. Mas, principalmente, incomoda-os saber que – para 2022 – estão numa 'reprise' de um filme que já viram e não querem repetir. Não porque se arrependam de seu antipetismo ou se encarregam de suas trevas. Eles se juntam ao medo de imaginar Lula como presidente". Sobre a economia brasileira, o Washington Post reproduz despacho da Bloomberg sobre o acordo do governo com o Congresso brasileiro em torno do impasse orçamentário. "A equipe econômica do governo brasileiro e os legisladores chegaram a um acordo para vetar partes do controverso projeto de lei orçamentária, ao mesmo tempo em que cortam alguns gastos em questões relacionadas à pandemia", diz o texto. "Como parte do acordo, o Congresso aprovou na noite de segunda-feira um projeto de lei que altera as diretrizes orçamentárias do país para 2021", informa. O projeto abre espaço para que o governo recrie um programa de proteção ao emprego e dê apoio financeiro às pequenas empresas afetadas pela pandemia. Também permite que o governo exclua parte dos gastos públicos contra a pandemia da meta fiscal para 2021. O New York Times destaca também em longa reportagem a degradação social na Argentina, com o aumento da miséria provocada pela pandemia. "Ficamos sem nada", destaca o jornal. A economia do país contraiu quase 10% no ano passado, o terceiro ano de recessão, e o país enfrenta um acerto de contas com o FMI de mais de US $ 45 bilhões em dívidas. "A pandemia acelerou o êxodo de investimentos estrangeiros, que derrubou o valor do peso argentino. Isso aumentou os custos das importações, como alimentos e fertilizantes, e manteve a taxa de inflação acima de 40%. Mais de quatro em cada dez argentinos estão atolados na pobreza", informa o diário. INTERNACIONAL Na mídia internacional, um dos assuntos do dia é a condenação do policial que matou George Floyd. A condenação é manchete do americano New York Times , que crava na capa o veredito de culpa na condenação a Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd. "Uma rara repreensão à conduta policial", destaca o jornal. O júri deliberou por pouco mais de 10 horas antes de declarar Chauvin culpado de todas as três acusações por homicídio. "Nós importamos" – um momento de catarse após o veredito. Diz o NYT: "Pessoas em todo o país reagiram com uma variedade de emoções à notícia da condenação do ex-oficial em todas as acusações pelo assassinato de George Floyd". Washington Post também traz no alto da primeira página: Chauvin condenado em todas as acusações. Ele foi declarado culpado por assassinato e homicídio na morte de George Floyd. Segundo o jornal, no veredito, uma mensagem: "Ele era alguém. Sua vida importava". A família de Floyd diz que pode "respirar de novo". O assunto ainda ganha manchete de capa do espanhol El País e está nas primeiras páginas de jornais europeus, como Financial Times, The Times, The Guardian e Wall Street Journal destaca em manchete a condenação do ex-policial Derek Chauvin a 40 anos de prisão pela morte de George Floyd. Ele foi condenado em todas as acusações pelo assassinato de Floyd, um homem negro cuja morte em maio passado sob custódia policial foi capturada em um vídeo que se tornou viral e desencadeou um verão de agitação. Também ganha destaque o discurso do presidente russo, Vladimir Putin, à nação no pronunciamento anual à Assembleia Federal, enquanto as tensões aumentam em casa e no exterior. O discurso de Putin aos legisladores e chefes regionais ocorre horas antes dos protestos planejados em todo o país em apoio ao crítico do Kremlin em greve de fome, Alexei Navalny, cuja saúde precária na prisão atraiu preocupação em todo o mundo. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Atrás de renda e sem home office, pobres morrem mais Estadão: Mobilização pede a Biden rigor com Bolsonaro sobre desmate O Globo: Fiscais culpam Salles por paralisia do Ibama El País (Brasil): Brasil vai à Cúpula do Clima com ação de 'pedalada ambiental' e carta de governadores ao presidente Biden BBC Brasil: Por que política ambiental de Bolsonaro afasta ajuda financeira internacional? UOL: Em busca de renda e sem home office, mais pobres morrem mais de covid-19 G1: Projeto que prorroga auxílio para setor cultural passa na Câmara e vai para sanção R7: Em 1 ano, PF investiga mais de R$ 2 bi que teriam sido desviados em contratos para combater a covid Luís Nassif: Temporão: Bolsonaro poderia ter comprado vacinas como contrapartida aos testes clínicos no Brasil Tijolaço: Um dia ainda longe daqui, onde o Estado sufoca Floyd Brasil 247: Renan Calheiros já tem em mãos prova contra Bolsonaro e integrantes do governo DCM: "Pazuello se ferrou e ferrou o Exército" Rede Brasil Atual: Ex-policial Derek Chauvin é condenado pela pela morte de George Floyd Brasil de Fato: Coronavírus já infectou mais de 14 milhões de pessoas no Brasil Ópera Mundi: EUA: Ex-policial Derek Chauvin é condenado pela morte de George Floyd Vi o Mundo: Juliana Cardoso: Êxito de Araraquara no combate à covid foi muito além do lockdown Fórum: Câmara aprova projeto que força volta às aulas em meio à pandemia Poder 360: Brasília completa 61 anos com só 12% da população vacinada contra covid New York Times: Chauvin culpado de assassinato na morte de Floyd Washington Post: Chauvin condenado em todas as acusações WSJ: Chauvin condenado por assassinato Financial Times: Xi pede uma nova ordem mundial em ataque à liderança global dos EUA The Guardian: Fãs comemoram com o plano da Super League à beira do colapso The Times: Super League desmorona quando os clubes se curvam à fúria dos fãs Le Monde: Covid. Como aliviar as restrições com sucesso Libération: O presidente do Chade é morto. França privada de Deby El País: Júri declara culpado o policial que matou George Floyd El Mundo: "Juízes devem eleger 50% do CGPJ, é o padrão europeu" Clarín: Larreta não acata a decisão judicial e mantém abertas as escolas Página 12: Fora da lei Granma: ALBA-TCP elogia consagração de Raúl Diário de Notícias: Johnson & Johnson. Portugal irá recomendar vacina com limite de idade Público: Vendas no mercado nacional vão ter seguro de crédito de 500 milhões Frankfurter Allgemeine Zeitung: Laschet quer ganhar uma "escolha de direção" com a ajuda de Söder Süddeutsche Zeitung: Laschet entra na corrida maltratado The Moscow Times: Putin fala sobre o estado da Nação Global Times: O presidente Xi participará da cúpula dos líderes sobre o clima, ressaltando a boa vontade da China com os EUA Diário do Povo: Xi participará da cúpula do clima via link de vídeo a convite de Biden |
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