A pressão sobre Bolsonaro continua nas manchetes dos jornais. Dois fatos relevantes dividem-se destaques dos principais diários brasileiros: 1) a confirmação da CPI da Covid pelo STF, que coloca o presidente na linha das investigações sobre a condução da pandemia; e 2) a encruzilhada do ex-capitão do Exército, que terá de escolher se acata as sugestões de Paulo Guedes sobre os cortes no orçamento – e compra uma guerra política – ou alimenta a fome de poder e verbas do Centrão, liderado por Arthur Lira. Folha, O Globo e El País vão de política. O primeiro destaca na manchete principal que o Supremo confirma CPI da Covid e deixa Senado sob pressão. O jornal carioca repete a informação sobre a confirmação do STF, como acrescenta que a maioria quer iniciar os trabalhos já. Já o El País Brasil informa que Bolsonaro terá minoria em CPI da Covid-19 e já avalia ceder mais cargos no Governo. Todos os jornais informam que o MDB é favorito para ficar com relatoria de comissão, provavelmente nas mãos de Renan Calheiros. A Presidência de CPI pode ir para Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Painel destaca que Lula pediu 'postura guerreira' de petistas na CPI da Covid. Estadão fala dos caminhos do presidente: Orçamento força Bolsonaro a optar por Congresso ou Guedes. Na Folha, Bruno Boghossian antevê a derrota do ministro da Economia. "Na disputa pelo Orçamento, Guedes perdeu a chave do cofre", escreve o colunista. Já Valor vai de economia ao dar em manchete que Estados alocam R$ 1,7 bilhão para ajudar empresas. O outro tema relevante presente em todos os jornais é abertura de processo contra o General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que se torna o primeiro general de Bolsonaro processado pelo MPF. Ele responderá a ação de improbidade em Manaus. Na Folha, Vinícius Torres Freire alerta que o governo está fazendo jogo de cena com a Pfizer e que vai faltar ainda mais vacina para o país. Enquanto isso, o presidente faz o de sempre: distribui patadas contra os adversários. Sua reação ontem mostra o sinal claro de desespero. A apoiadores na frente do Alvorada, Bolsonaro disse que espera um 'sinal' da população e deixou uma ameaça no ar. Disse que o país está 'no limite' e ele está disposto a tomar providências. Ele declarou que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a instalação da comissão com objetivo de atingi-lo. E disse que o "Brasil está no limite", sugerindo que estaria disposto a "tomar uma providência", bastando "o povo dar uma sinalização". A decisão do STF confirmando a abertura da CPI para investigar a condução do governo Bolsonaro com a pandemia é destaque no New York Times e no Washington Post. Despacho da Associated Press é reproduzido nos dois influentes diários estadunidenses apontando que a Suprema Corte deu luz verde para a investigação da resposta de Bolsonaro ao vírus. A AP ainda relata que o plenário do Supremo Tribunal também "começou a pesar o futuro político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um rival poderoso em potencial para Bolsonaro". Ainda sobre o ex-presidente, a edição brasileira do jornal El País traz entrevista da ex-presidenta Dilma Rousseff apontando que o julgamento de Lula põe em jogo a democracia. Ela afirma que uma série de manobras judiciais acabou mudando a história do país e que hoje "há uma certa inconformidade e temor dos mesmos que prenderam o Lula de que ele possa ser candidato à Presidência". "Em 2018, o Lula foi tirado da eleição porque ele ganharia de Bolsonaro. Elegemos uma pessoa completamente despreparada para o exercício da presidência. Veja como é grave interferir no processo democrático", adverte. Sobre Dilma, todos os jornais informam que o Tribunal de Contas da União absolveu ontem a ex-presidenta no caso da refinaria de Pasadena. Para relator, ministro Vital Rego, os membros do Conselho de Administração da Petrobrás não agiram 'com dolo nem má-fé' em operação alvo da Lava Jato. José Gabrielli, ex-presidente da Petrobras foi responsabilizado. Dilma era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da estatal quando exercia a chefia da Casa Civil de Lula. Na política, a decisão do STF sobre as condenações de Lula e suspeição de Sérgio Moro é o assunto quente de hoje. O STF retoma o julgamento depois de passar a fase preliminar, com os ministros discutindo na tarde de ontem se deveriam o recurso que trata do futuro político do ex-presidente deveria ser examinado pelo plenário ou na 2ª Turma da Corte. Coube ao ministro Ricardo Lewandowski fazer a defesa mais enfática de que o caso deveria ser analisado pela turma. Para Lewandowski, a decisão só foi afetada ao plenário porque envolve o petista. "Por que justamente no caso do ex-presidente? Será que o processo tem nome e não capa? A última vez em que se fez, isso custou ao ex-presidente 580 dias de prisão, e causou a impossibilidade de se candidatar a presidente da República", disse sobre o julgamento do habeas corpus que levou Lula à cadeia em 2018. O assunto é tema de alguns dos principais colunistas da imprensa. O site Poder 360 destaca em manchete que Lula ampliou vantagem sobre Bolsonaro no 2º turno e venceria a eleição presidencial hoje por 52% contra 34%. O líder petista tem 18 pontos de vantagem sobre o ex-capitão do Exército. Bolsonaro não só está em declínio como assiste ao aumento da sua rejeição entre eleitores. A pesquisa PoderData mostra que Bolsonaro não derrotaria ninguém. Tanto Lula quanto Luciano Huck o derrotariam. Moro, Ciro Gomes e João Doria ficariam empatados. Números do 1º turno variam pouco. O inglês Financial Times alerta como a Polícia Militar está atuando nos debates sobre as restrições da Covid no Brasil. "A morte do soldado tornou-se um grito de guerra anti-lockdown para partidários radicais de Jair Bolsonaro", informa o diário. "Há temores de que o descontentamento entre os oficiais possa ser manipulado para ganho político por seguidores do Bolsonaro, cuja negação da gravidade da crise da saúde dividiu a sociedade brasileira e ganhou o opróbrio internacional". O português Diário de Notícias destaca as novas insinuações de uso da força por parte do presidente. "Bolsonaro diz que confinamentos transformaram o Brasil num 'barril de pólvora'" informa o jornal. "'O Brasil está no limite, avisou o presidente brasileiro sobre as medidas de controle da pandemia", noticia o periódico, a partir de despacho da agência de notícias Lusa. Já o Libération dá manchete de primeira página e mais quatro páginas sobre a "tragédia brasileira da Covid". O jornal diz que o país vive "um colapso da saúde sem precedentes", equivalente a um 11 de setembro diariamente e a 25 acidentes aéreos por dia. "A terrível escalada de mortes de Covid-19 no Brasil se presta às mais horríveis comparações", aponta o jornal. O diário francês, um dos mais influentes na Europa, destaca a cidade de Araraquara, onde o confinamento foi feito para evitar o caos. "Segunda-feira, 6 de abril: Enquanto o número de mortes da Covid-19 batia um novo recorde no Brasil - 4.195 mortes em 24 horas - Araraquara saboreou a vitória sobre o vírus. Pela primeira vez". Libé ainda traz uma entrevista com o cientista e médico brasileiro Miguel Nicolélis, que alerta: "A pandemia não será controlada no mundo se não for no Brasil". Ele tem sido uma das vozes mais fortes no país. Por fim, o jornal aponta porque a variante brasileira não está progredindo na França. Nos portais, a BBC Brasil destaca em manchete a declaração da vice-presidente do Parlamento Europeu para o Brasil, a alemã Anna Cavazzini: "Bolsonaro é o grande responsável por desastre da Covid". Eurodeputada pelo Partido Verde, ela participa nesta quinta-feira de reunião tendo como pano de fundo a abertura da CPI para investigar a crise do coronavírus no país e os recordes de mortes. Ela descreve o que o Brasil vive como "um verdadeiro desastre". MERCADANTE No Vi o Mundo, Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, concede entrevista e diz que Lula, assim como Joe Biden, terá de romper com o neoliberalismo se for eleito presidente da República em 2022. Luiz Carlos Azenha diz que o ex-ministro é a antítese de Paulo Guedes. "O otimismo dele tem a ver com a rápida recuperação da economia chinesa pós-pandemia e com o fato de que, depois que Joe Biden assumiu o poder nos Estados Unidos e deu um cavalo de pau no comportamento da Casa Branca em relação à Covid, já há sinais de forte recuperação da economia a médio prazo, que começou pela redução do desemprego. Infelizmente, o Brasil não faz parte deste trem. Ainda", escreve. NA GRINGA Reuters reporta que o comissário da UE criticou a promessa climática do Brasil por não ir longe o suficiente. A principal autoridade ambiental da União Europeia disse ao Brasil na quarta-feira que a promessa climática atualizada do país sul-americano "envia um sinal ruim" ao se comprometer apenas a atingir as emissões líquidas de carbono zero até 2060. O jornal Financial Times repercute o esforço do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em busca de US$ 1 bilhão adiantados para a preservação da Amazônia. Ele diz que governo de Bolsonaro fez o suficiente para merecer o financiamento. "O pedido assustou diplomatas estrangeiros, que afirmam que o Brasil deve mostrar resultados na redução dos níveis crescentes de desmatamento antes de receber qualquer apoio financeiro", diz o jornal. "A mensagem foi transmitida ao governo brasileiro em uma reunião entre vários embaixadores ocidentais e Carlos França, o novo ministro das Relações Exteriores do Brasil". Sobre a crise sanitária, em outro despacho, a Reuters informa que o Brasil passou a investigar relatos de troca de vacinas por ouro ilegal no Norte do país. O Ministério Público Federal de Roraima está apurando denúncias de que ouro extraído ilegalmente está sendo trocado por vacinas Covid-19 na reserva indígena Yanomami. Sobre a crise sanitária, um relato da Reuters destaca que um estudo indica que a mutação da variante do coronavírus P1 do Brasil pode se tornar mais perigosa. A descoberta mostra que a variante do vírus está sofrendo mutações que podem torná-lo mais capaz de escapar de anticorpos, de acordo com cientistas. A mídia internacional repercute os novos números da pandemia no Brasil, que registrou 3.459 mortes por Covid na quarta-feira. Foram registrados 73.513 casos adicionais, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A situação brasileira é preocupante e a Reuters reporta que há uma onda de fome no país. Caixas de comida chegaram ontem às favelas brasileiras. Isso apesar de o Brasil ser um dos produtores agrícolas mais importantes do mundo. Ainda assim, milhões de pessoas no maior país da América Latina estão lutando para colocar comida na mesa enquanto o surto de Covid-19 está causando estragos na economia. Outra reportagem da Reuters informa sobre o iminente colapso do sistema de saúde, à medida que casos de Covid-19 aumentam em São Paulo. "O estado mais rico e populoso do Brasil, São Paulo, alertou que sua capacidade de cuidar de pacientes gravemente enfermos com Covid está à beira do colapso", noticia. "O consumo de medicamentos essenciais está perigosamente baixo, de acordo com uma carta ao governo federal". INTERNACIONAL No cenário internacional, muitas notícias ganham as manchetes dos principais jornais do mundo. O americano The New York Times destaca na capa a declaração do presidente Joe Biden de que "é hora de acabar com a guerra para sempre" ao anunciar a retirada de tropas americanas do Afeganistão. Também ganha chamada na primeira página do Wall Street Journal, Financial Times, The Guardian e The Times e Frankfurter Allgemeine Zeitung. O presidente dos EUA disse que o principal objetivo de garantir que o Afeganistão não seja uma plataforma de lançamento para o terrorismo foi alcançado e que é hora de as tropas americanas voltarem para casa. O jornal The Washington Post também deu destaque ao anúncio de Biden de que ciclo 'não pode continuar' no Afeganistão. O inglês The Times aposta que a retirada das tropas americanas representará o retorno do Afeganistão à barbárie. "É quase certo", opina o tradicional jornal britânico. "Sucessivos presidentes dos EUA enfrentaram a tarefa de encerrar a guerra dos Estados Unidos no Afeganistão sem repetir as cenas humilhantes que marcaram sua capitulação final no Vietnã", destaca. "Ao contrário de Saigon 1975, não haverá voos desesperados de helicóptero do telhado da embaixada quando as últimas tropas dos EUA retirarem em 11 de setembro". O jornal ainda reporta que o Taleban reivindica vitória sobre os Estados Unidos e se prepara para atacar as forças da Otan no Afeganistão, argumentando que o presidente Biden renegou um acordo para retirar as forças dos EUA no início de maio. Outra notícia que repercute em todo o mundo é a morte do megainvestidor Bernie Madoff, aos 82 anos, na prisão. Wall Street Journal relata que o "investidor desgraçado executou o maior esquema de fraudes da história". O ex-presidente da Bolsa de Valores Nasdaq e presença permanente em Wall Street por décadas chocou o mundo em dezembro de 2008, quando confessou que seu negócio de investimento era um esquema de pirâmide multibilionário. Financial Times e Wall Street Journal destacam em manchete principal a estreia da Coinbase na bolsa, movimentando US$ 76 bilhões na primeira grande bolsa de criptomoedas a ser listada no mercado de ações. O jornal afirma que essa avaliação é superior à da empresa que administra a Bolsa de Valores de Nova York, dando "validação mainstream" a ativos digitais como o Bitcoin, que são negociados via Coinbase. Na Europa, Le Monde fala da Bidenmania. Os economistas e políticos franceses aderem à defesa de um novo plano de recuperação mais ambicioso. E destacam o exemplo americano. "Em poucas semanas, Joe Biden, tornou-se uma espécie de ícone para parte da classe política francesa, assim como para muitos economistas, inesgotável na necessidade de seguir o exemplo americano aumentando impostos, e mobilizando muito, muito mais dinheiro para impulsionar a economia. Ideias, em suma, em linha com a tradição colbertista francesa", diz o jornal. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Supremo confirma CPI da Covid e deixa Senado sob pressão Estadão: Orçamento força Bolsonaro a optar por Congresso ou Guedes O Globo: STF confirma CPI, e maioria quer iniciar os trabalhos já Valor: Estados alocam R$ 1,7 bilhão para ajudar empresas El País (Brasil): Bolsonaro terá minoria em CPI da Covid-19 e já avalia ceder mais cargos no Governo UOL: SP: com pouco kit intubação, hospitais privados mudam protocolos nas UTIs G1: STF decide que cabe ao plenário analisar anulação das condenações de Lula R7: Auxílio emergencial é pago nesta quinta-feira para 2,49 milhões de beneficiários nascidos em maio Luís Nassif: As discussões sobre o pacote Biden e o pensamento econômico Tijolaço: A autochicana de Fachin é um problema moral e psiquiátrico Brasil 247: Lula pede que petistas sejam guerreiros na CPI do genocídio DCM: A autochicana de Fachin é um problema moral e psiquiátrico Rede Brasil Atual: STF mantém decisão de Fachin de enviar caso de Lula ao plenário Brasil de Fato: STF decide que plenário julga nesta quinta anulação de sentenças de Moro contra Lula Ópera Mundi: André Singer afirma que 'autoritarismo furtivo' leva democracia ao colapso Fórum: Disparou: Pesquisa mostra Lula com 52% e Bolsonaro 34% em um eventual 2º turno Poder 360: Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro no 2º turno e venceria por 52% a 34% New York Times: "É hora de acabar com a guerra para sempre" Washington Post: Biden: Ciclo 'não pode continuar' no Afeganistão WSJ: Valor da Coinbase é de US$ 85 bilhões na estreia das ações na montanha-russa Financial Times: A estreia de US$ 76 bilhões da Coinbase selou a classe de ativos de criptomoedas The Guardian: Cão de guarda alerta que a exigência de passaportes secretos pode ser ilegal The Times: Turistas esperam seis horas no aeroporto Le Monde: Relançamento: O efeito Biden nos debates na França Libération: Covid. A tragédia brasileira El País: UE confia à vacina de Pfizer sua estratégia de imunização El Mundo: A Polícia audita seus 'erros' no comício Vox em Vallecas e repensa seus planos de segurança Clarín: Suspensas as aulas presenciais na AMBA e fica proibido circular das 20h às 6h Página 12: Governo dará ajuda de 15 mil pesos para os setores mais vulneráveis Granma: As primeiras delegações do 8º chegam a Havana. Congresso do Partido Diário de Notícias: Autarcas e bombeiros exigem ação ao governo para manter o SIRESP Público: Governo reabre todas as escolas, mas admite trava nos conselhos de maior risco Frankfurter Allgemeine Zeitung: Biden quer acabar com a "guerra mais longa da América" no Afeganistão Süddeutsche Zeitung: Cobertura do aluguel. Um experimento fracassado, não o fim da discussão The Moscow Times: Menos de 10% das pessoas vacinadas em Moscou, centro da campanha de vacinação da Rússia Global Times: Porque o relatório conjunto OMS-China incluiu hipóteses sobre a cadeia de frio e os jogos militares mundiais Diário do Povo: Xi recebe credenciais de 29 embaixadores |
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