No Dia da Terra, 22 de Abril, as atenções da mídia internacional e brasileira estão voltadas para a reunião de Cúpula do Clima – foco das manchetes dos principais jornais nacionais, com nuances nas abordagens. Folha destaca que a Cúpula do Clima testa EUA de Biden e liderança global, enquanto Estadão noticia que o Brasil pedirá verba contra desmate, sem usar bilhões parados – o mesmo prisma usado pelo Globo: Países levam novas metas à Cúpula do Clima, e Brasil vai pedir dinheiro. Já o Valor trata do encontro adotando uma perspectiva americana: Revolução energética é saída para o clima, defendem EUA. A edição brasileira do El País mostra o Brasil como o patinho feio do encontro de cúpula realizado pelos EUA: Bolsonaro entra pela porta dos fundos na Cúpula do Clima enquanto sociedade civil cava espaço para diálogo com Biden. O Globo traz denúncia forte: O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atuou de forma explícita a favor de madeireiros, diz delegado da PF afastado. Em entrevista, Alexandre Saraiva diz que combate ao desmatamento depende mais de foco e estratégia que de recursos. Em artigo publicado na Folha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Gleisi Hoffmann elogiam a iniciativa de Biden da cúpula do clima e reclamam que Brasil, antes protagonista na agenda ambiental, agora é pária. Mas prometem: o país há de voltar ao convívio das nações como atuante na questão ambiental. No artigo, Lula e Gleisi cobram uma iniciativa semelhante para que a humanidade possa enfrentar a pandemia: "A mesma urgência que orienta a cúpula climática é absolutamente necessária para uma tomada comum de responsabilidades frente à pandemia. Está claro que também sobre essa emergência não haverá saídas isoladas; que nenhum país estará a salvo se todos não estiverem protegidos". A íntegra está ao final deste briefing. Sobre a posição do Brasil no encontro, o New York Times destaca, com chamada na primeira página, que a promessa repentina de Bolsonaro de proteger a Amazônia foi recebida com ceticismo. "A era Biden levou o Brasil a tomar medidas para reparar seu histórico de canalha ambiental – pelo qual está buscando bilhões de dólares da comunidade internacional", relata o jornal. "Sob a supervisão de Bolsonaro, o desmatamento na floresta amazônica, de longe a maior do mundo, atingiu o nível mais alto em mais de uma década". A reportagem está na página A9 e é reproduzida ao final deste briefing. O New York Times coloca peso na cobertura da reunião de cúpula. Informa que Biden comprometerá os EUA a reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa até 2030. E ressalta que a iniciativa proclama o retorno dos Estados Unidos a uma posição de liderança em mudanças climáticas, mas para ser alcançada a meta, terá de haver um rápido declínio no uso de petróleo, gás e carvão por praticamente todos os setores econômicos. Em artigo publicado no britânico The Guardian, os ex-ministros Marina Silva e Rubens Ricúpero alertam que os bilhões de Joe Biden não vão impedir o Brasil de destruir a floresta amazônica. "Os fundos oferecidos para persuadir o governo ruinoso de Jair Bolsonaro a parar o desmatamento são bem intencionados, mas mal avaliados", apontam. "Nosso alerta se baseia no seguinte fato: o desmatamento na Amazônia brasileira não é resultado de falta de dinheiro, mas conseqüência do descuido deliberado do governo". Wall Street Journal traz o apelo do Brasil a Biden: paguem-nos para não arrasarmos a Amazonia. "A proposta do presidente Jair Bolsonaro vem no momento em que o Brasil busca o apoio dos EUA para reduzir o desmatamento na maior floresta tropical do mundo", diz a reportagem. O espanhol El País também trata do inusitado pedido de dinheiro de Bolsonaro para impedir a destruição da Amazônia. "Sociedade civil alerta os EUA para não confiarem nas promessas do presidente brasileiro de salvar a floresta amazônica em troca de injeções maciças de dinheiro", reporta a correspondente Naiara Galarraga Gortázar. O argentino Clarín diz que Bolsonaro tenta se livrar da imagem de "vilão ambiental". "O presidente, defensor da exploração econômica de reservas naturais e terras indígenas, moldou seu discurso desde a posse de Joe Biden e prometeu acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", reporta. Segundo o WSJ, Biden vai pedir o corte das emissões de gases de efeito estufa aproximadamente pela metade até 2030, enquanto ele pressiona outras nações a impulsionar esforços de combate à mudança climática. O encontro contará com a participação de Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia. Global Times destaca em manchete principal que a participação de Xi na Cúpula do Clima mostra um "gesto de boa vontade", mas também "um desafio à agenda climática liderada pelos EUA". Wall Street Journal destaca que Biden exorta outros países a adotarem uma ação climática na Cúpula de Líderes. O presidente defenderá aos líderes mundiais de que os EUA estão comprometidos em reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa na próxima década e planeja desafiar outras nações a tomar medidas para combater a mudança climática. O Financial Times também destaca que os EUA vão propor corte de emissões de até 50% até o final da década. A meta a ser anunciada é em relação aos níveis de 2005. O jornal diz que Biden vai receber 40 líderes mundiais na Cúpula do Clima. O alemão Sueddeutsche Zeitung aponta Biden, como "o protetor do clima". Seus primeiros três meses no cargo mostraram que o presidente dos EUA leva a sério sua promessa de combater as mudanças climáticas. "Mas se ele pode redimir isso, não depende apenas dele", lembra. O britânico The Times diz que Boris Johnson dirá na cúpula dos líderes mundiais que 2021 deve ser o ano em que os países "levarão a sério" o combate às mudanças climáticas. A reunião online foi convocada por Biden, que deve se comprometer a reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa dos EUA até 2030, em comparação com os níveis de 2005. O francês Le Monde informa que a Europa está preocupada em preservar sua liderança contra os Estados Unidos na questão climática. Os 27 países-membros e o Parlamento chegaram a um acordo que prevê redução líquida de 55% das suas emissões de gases com efeito de estufa até 2030 em comparação a 1990. LULA Jornais informam que o STF decidirá nesta quinta-feira se mantém declaração de parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro e se processos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão para Brasília ou São Paulo. No Globo, Merval Pereira e Malu Gaspar voltam à carga com a pressão contra uma decisão favorável a Lula. Merval está indignado: "A suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá criará uma situação esdrúxula: o ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro, que confessou ter dado o apartamento a Lula em troca de benefícios recebidos durante seu governo, será também absolvido, assim como o ex-executivo Agenor Franklin Medeiros, ambos condenados no mesmo processo". Escreve Malu: "Anular processos não apaga a História", lembrando que os casos de corrupção nos governos do PT estão documentados – em notícias de jornais. Ambos não tocam no indefensável: Lula foi condenado sem provas. Folha tenta explicar o que está acontecendo no caso Lula-Moro, publicando texto de página inteira para noticiar o que está em jogo no julgamento do Supremo sobre os processos do ex-presidente. Se enviados a São Paulo, os processos contra Lula têm futuro incerto, mas podem cair em vara na qual ele já é réu. PSDB Folha noticia a disputa interna no PSDB com vistas às eleições presidenciais de 2022. Uma ala tucana quer vender o senador Tasso Jereissati (CE) como o "Biden brasileiro" para a corrida pelo Palácio do Planalto no ano que vem, despertando reação de aliados do governador João Doria, que minimizam. Estadão traz o próprio Dória indignado. O governador reage a campanha por Tasso e resistências no PSDB. Ele tenta intensificar conversas internas para diminuir a oposição a seu nome no próprio partido. CPI A pressão contra o governo com a instalação da CPI continua. O Planalto está apreensivo. Segundo O Globo, o governo monitora frentes de investigação que vão abastecer CPI da Covid. Compra e o incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia e lentidão na resposta ao agravamento da crise em Manaus são alguns dos pontos vistos com apreensão. O Globo traz o senador Flávio Bolsonaro admitindo que o governo perdeu o timing nas indicações para a CPI. Ele disse que o Palácio do Planalto ainda tem esperança de "virar o jogo", seja por decisão judicial ou pela desistência de nomes já indicados. E também confirmou que as tratativas para um retorno do pai ao PSL foram praticamente inviabilizadas e citou conversas com três partidos. Na Folha, o senador Otto Alencar (PSD-BA) surge informando que a CPI da Covid não será de condenação de Bolsonaro, mas critica governo no enfrentamento à pandemia e a conduta do presidente. "Que ele [Bolsonaro] pelo menos tivesse essa virtude de reconhecer o seu erro. Essa é uma virtude que só os grandes homens têm. Reconhecer os erros, assumir os erros para não continuar errando nessa orientação que ele, ao longo desse período inteiro, vem dando à população brasileira, estimulando aglomeração, não usar máscara, na época não quis autorizar logo a compra das vacinas", diz. Na Folha, Vinícius Torres Freire escreve que a realidade ruim da fome, do ambiente e do Orçamento testam mentiras de Bolsonaro. "Não será fácil ocultar realidade no preço da comida, no ambiente e do Orçamento", aponta o colunista. "A Cúpula do Clima será o começo do teste do programa de destruição ambiental do governo e mentiras associadas. Bolsonaro não vai conseguir enganar o governo americano, que de resto não está sozinho nisso".
COVID A imprensa internacional começa a repercutir a situação de catástrofe humanitária vivida pela Índia, que agora se tornou o epicentro global da pandemia. A Índia bateu um recorde mundial: é o primeiro país a registrar mais de 300 mil casos de coronavírus em 24 horas. O Financial Times já havia alertado na terça-feira sobre a segunda onda devastadora da Índia: "É muito pior desta vez". NYTimes diz que a Índia é onde a Covid-19 mais cresce no mundo agora. Na edição desta quinta, o britânico The Guardian destaca: "O sistema entrou em colapso": a descida da Índia ao inferno de Covid. Segundo o diário britânico, muitos acreditavam erroneamente que o país havia derrotado Covid. Agora os hospitais estão ficando sem oxigênio e os corpos estão se acumulando em necrotérios. "Quase 1,6 milhão de casos foram registrados em uma semana, elevando o total de doentes para mais de 15 milhões", relata o jornal. "No espaço de apenas 12 dias, a taxa de positividade da Covid dobrou para 17%, enquanto em Delhi atingiu 30%. Hospitais em todo o país estão lotados, mas desta vez são predominantemente os jovens ocupando as camas; em Delhi, 65% dos casos têm menos de 40 anos". O francês Le Monde também traz relatos dramáticos. A capital indiana, como todo o país, está enfrentando uma segunda onda devastadora de Covid-19, com um sistema de saúde completamente entupido. A cepa B.1.617, a variante indiana, está começando a preocupar os cientistas. Em outra reportagem, o jornal diz que Nova Delhi vive um pesadelo e se reconfigurou em face da eclosão da epidemia de Covid-19. PUTIN Depois da ameaça, a Rússia lançou hoje exercícios de múltiplas forças em massa na Crimeia anexada. O anúncio partiu do Ministério da Defesa nesta quinta. O aumento de tropas russas perto da Ucrânia é sinal de alarme no Ocidente. A marinha russa, as forças aeroespaciais, as tropas aerotransportadas e as forças de defesa aérea devem realizar ataques aéreos, lançar mísseis de cruzeiro e usar drones durante as manobras de prontidão. Isso acontece 24 horas depois de Putin ameaçar o uso da força. New York Times repercute o discurso de Vladimir Putin, na quarta, 21, em que se dirigiu à Nação. Ele advertiu sobre uma "linha vermelha" russa, que o ocidente se arrependerá de cruzar. O presidente russo alertou sobre uma resposta "rápida e dura" às ameaças à segurança, em uma mensagem aparentemente dirigida ao presidente Biden e entregue em meio a grandes protestos. WSJ também amplia a repercussão da declaração de Putin, que disse: Moscou vai dar uma resposta rápida e dura a qualquer ameaça estrangeira, à medida que a Rússia aumenta sua presença militar na fronteira com a Ucrânia. O português Diário de Notícias também traz o assunto: Putin avisa Ocidente. Provocações à Rússia terão resposta "rápida e dura". RACISMO New York Times e Washington Post dão manchete para o esforço do governo e do Congresso dos EUA em rever a legislação de segurança. Post informa que o veredicto pelo assassinato de George Floyd injetou novo ímpeto nos esforços da Casa Branca e do Congresso para revisar as práticas de policiamento, com conversas bipartidárias ganhando velocidade enquanto o presidente Joe Biden se prepara para destacar o assunto em seu discurso para a sessão conjunta do Congresso no próximo semana. Financial Times também destaca o assunto. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Cúpula do Clima testa EUA de Biden e liderança global Estadão: Brasil pedirá verba contra desmate, sem usar bilhões parados O Globo: Países levam novas metas à Cúpula do Clima, e Brasil vai pedir dinheiro Valor: Revolução energética é saída para o clima, defendem EUA El País (Brasil): Bolsonaro entra pela porta dos fundos na Cúpula do Clima enquanto sociedade civil cava espaço para diálogo com Biden UOL: STF decidirá sobre parcialidade de Moro e destino de ações contra Lula G1: Após 3 anos de queda, número de policiais mortos no país cresce 10% em 2020 R7: Auxílio emergencial é pago nesta quinta-feira para 2,44 milhões de beneficiários nascidos em agosto Luís Nassif: Gilmar Mendes na TVGGN: STF sob pressão, Lava Jato em pratos limpos, ameaça à democracia, aprendizados Tijolaço: Pazuello não quis contar mortos; Queiroga não quer contar vacinas Brasil 247: Brasil deve ser protagonista e não pária do clima global, dizem Lula e Gleisi DCM: Na véspera da Cúpula do Clima, Salles passa a tarde batendo boca com Anitta Rede Brasil Atual: No ano da pandemia, paulistas 'perderam' um ano de expectativa de vida, mostra pesquisa Brasil de Fato: Guilherme Boulos é intimado pela Polícia Federal por "ameaçar" Bolsonaro Ópera Mundi: 'Recuperação da economia depende de forte intervenção estatal', diz Juliane Furno Fórum: PT entra com ação no STF para obrigar governo Bolsonaro a adotar medidas de combate à fome Poder 360: Petrobras tenta retomar valor de mercado anterior à saída de Castello Branco New York Times: EUA devem examinar como Minneapolis lida com o policiamento Washington Post: Após o veredicto, nova urgência no Capitólio WSJ: Pfizer revela vacinas falsas no exterior como picos de demanda Financial Times: Draghi planeja reconstrução de € 221 bilhões da economia da Itália devastada pela recessão The Guardian: Negligência com as vítimas de guerra da Comunidade é alimentada pelo racismo, diz relatório The Times: Chefe de Whitehall teme o acesso de Johnson Le Monde: Covid. Como aliviar as restrições com sucesso Libération: Le Pen no Eliseu. O perigo fica mais claro El País: Os candidatos culpam os mortos pela Covid El Mundo: Ayuso resiste com a economia ao assédio da esquerda com o Covid Clarín: Fernández retrocede e arma um plano de aulas com "presença administrada" Página 12: "A judicialização das aulas que Larreta fez é irresponsável", diz Trotta Diário de Notícias: Custos com o desemprego subiram 41% num ano Público: Estado vai reabilitar 49 museus, monumentos e teatros Frankfurter Allgemeine Zeitung: Camada no eixo Süddeutsche Zeitung: O que significa a vacinação Astra-Zeneca para os mais jovens The Moscow Times: Rússia lança simulações militares em massa de forças múltiplas na Crimeia Diário do Povo: Verde é ouro. Xi Jinping inova na luta contra as mudanças climáticas |
Nenhum comentário:
Postar um comentário