sexta-feira, 30 de abril de 2021

Um vazio de 400 mil vidas

 O Brasil se tornou ontem o segundo país no mundo a ultrapassar a marca de 400 mil mortos pela Covid-19. Estamos mais perto das 575 mil mortes nos EUA que das 215 mil no México, terceiro nesse ranking pavoroso. Foram registrados na quinta-feira 3.074 óbitos, totalizando 401.417 vidas perdidas. A média móvel de mortes em uma semana foi de 2.523, o 44º dia acima de dois mil. (UOL)

Consegue imaginar o que sejam 400 mil mortos? Se todas as vítimas da Covid-19 no Brasil fossem sepultadas num único lugar, que espaço esse cemitério ocuparia nas maiores capitais do país? Clique aqui e veja. (Globo)

Eram 400 mil indivíduos, 400 mil histórias, quase 400 mil famílias, já que muitas perderam mais de um ente querido. É impossível falar de todas, mas conheça algumas dessas pessoas, como homenagem às outras. (G1)

E ninguém está imune à tragédia. Em cada dez brasileiros, sete conhecem alguém que morreu por causa da doença. Em cada 20, cinco perderam alguém próximo. (CNN Brasil)

O Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara dos Deputados fizeram, durante suas sessões de ontem, um minuto de silêncio pelas 400 mil vidas perdidas. Não houve manifestação oficial por parte do Executivo. (UOL)

Meio em vídeo. Quatrocentos mil mortos. A gente não teria chegado a um número tão catastrófico com qualquer outro no Planalto. Então o que houve? Qual é o feitiço que faz gente inteligente acreditar que o problema está nos governantes que pedem isolamento e não naqueles que deixam de comprar vacinas? Esta tragédia foi construída tijolo a tijolo. Confira o Ponto de Partida no Youtube.

E há um risco no horizonte. Segundo epidemiologistas, o Dia das Mães, no próximo dia 9, pode, a exemplo das festas de fim de ano, agravar o contágio. Eles pedem que as pessoas evitem aglomerações. (UOL)

No meio disso, algumas boas notícias. Chegou ontem ao Brasil a primeira carga de vacinas da Pfizer. O lote de um milhão de doses começa a ser distribuído hoje nas capitais. (Estadão)

Já a Fiocruz entrega hoje 6,5 milhões de doses da AstraZeneca, seu maior lote até o momento. (Globo)




Enquanto o Brasil rompia a barreira das 400 mil vidas perdidas, a minoria governista na CPI da Covid procurava obstruir os trabalhos da comissão. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) queria que todos os mais 200 requerimentos de depoimentos fossem votados de uma vez, o que inviabilizaria a sessão. Diante da recusa do relator Renan Calheiros (MDB-AL), Nogueira provocou, perguntando do que Renan tinha medo. O relator reagiu dizendo que não votaria requerimentos elaborados pelo Planalto. Quando o clima serenou, foram aprovadas as convocações para depor já na semana que vem dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich (ambos na terça-feira) e Eduardo Pazuello (quarta), do atual, Marcelo Queiroga, e do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, ambos na quinta. (Folha)

Assista ao vídeo da discussão. (G1)

Radar: “Se depender da vontade de membros da CPI, Queiroga não será o único integrante do primeiro escalão do governo Bolsonaro a ser ouvido. Nas próximas reuniões, os senadores devem apreciar pedidos para convocar os ministros Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).” (Veja)

Em mais uma derrota para os governistas, o ministro do STF Ricardo Lewandowski rejeitou o mandado de segurança que pedia a retirada da comissão de Renan e do suplente Jáder Barbalho (MDB-PA), sob a alegação de que os dois são pais de governadores. O ministro lembrou que a escolha de membros de uma CPI é atribuição interna do Congresso. (UOL)

Sob pressão da CPI, Bolsonaro tenta estreitar os laços com o Tribunal de Contas da União (TCU), após a área técnica do órgão ter apontado uma série de falhas do governo no enfrentamento da pandemia. Nunca é demais lembrar que partiu do TCU o relatório sobre as “pedaladas fiscais” que levaram à deposição da presidente Dilma Rousseff, em 2016. (Estadão)

Bela Megale: “O depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten na CPI da Covid é um dos focos de maior preocupação no Planalto. Descrito como ‘estourado’ e ‘encrenqueiro’ por auxiliares de Bolsonaro, eles avaliam que o ex-chefe da Secom não fará preparação alguma para participar na sessão. Além de tudo, acreditam que Wajngarten cairá facilmente em provocações da oposição e que vai complicar ainda mais o governo.” (Globo)

Mônica Bergamo: “O senador Ciro Nogueira (PP-PI) se reuniu com empresários e banqueiros na quarta em SP e foi taxativo: a CPI da Covid não vai dar em nada para o presidente Jair Bolsonaro. Por um motivo simples: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não deixará nenhum pedido de afastamento de Bolsonaro ser discutido, funcionando como uma sólida barreira.” (Folha)

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