sexta-feira, 2 de abril de 2021

Deu na Imprensa - 02/04/2021

 

Os jornais dividem o foco da cobertura nesta Sexta-Feira Santa, 2 de Abril. Folha destaca o corte orçamentário promovido por Jair Bolsonaro no programa Farmácia PopularEstadão dá manchete para a notícia de que o programa de redução salarial vai ficar R$ 4 bilhões mais caro este ano e só vai atingir 4 milhões de trabalhadores. 

O Globo ressalta que o governo entregou em março menos da metade de doses prometidas. Foi o mês mais mortal da pandemia, com 67 mil mortos. E, por fim, o Correio Braziliense noticia que a OMS define a situação no Brasil como crítica e as nações vizinhas anunciaram o fechamento de fronteiras com o país. O país agora conta com média diária acima de 3 mil mortos. Um novo recorde.

Na política, a notícia mais importante do dia é a repercussão da entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornalista Reinaldo Azevedo, na BandNews FM, com transmissão simultânea nas redes sociais e no YouTube. "Bolsonaro, pára de brincar e vai governar o país", disse o ex-presidente. A entrevista do ex-presidente ganhou repercussão ampla na blogosfera e nem os jornalões conseguiram esconder. Um dos destaques na entrevista foi a revelação por Lula do segredo do seu sucesso no governo federal entre 2003 e 2010: "Meu grande milagre foi colocar o pobre no orçamento".

TV Bandeirantes deu quatro ministros para Lula no Jornal da Band, na edição de ontem à noite. "Se tivesse juízo, o mercado ia à Aparecida pagar promessa para eu voltar", disse.  Os jornais repercutiram outro trecho da entrevista, destacando a declaração em que Lula diz que o PT buscará o centro se for necessário para derrotar Bolsonaro no próximo anoFolha e Estadão deram destaque. Mas o Globo ignorou a entrevista.

Lula e Reinaldo quebraram a internet – Guilherme Amado, em Época, diz que a "live de Lula registra audiência 18 vezes maior do que Bolsonaro" e o site Teleguiado, especialista em mídia – aponta que a entrevista bateu recorde. Apenas no YouTube, foram 300 mil espectadores.  No fechamento deste briefing, o vídeo já havia sido visto por 1,4 milhão de pessoas no canal da BandNews FM na plataforma. Fora as redes sociais do PT e de petistas, que ampliaram ainda mais o alcance.

As declarações do maior líder político brasileiro eclipsaram o esforço dos seis presidenciáveis unidos em torno do manifesto em defesa da democracia – saudado nos jornalões como uma unidade fundamental para os destinos do país e uma alternativa à polarização entre Bolsonaro e a esquerda no próximo ano. Estadão registra o "pacto de não agressão" entre os seis. A Reinaldo Azevedo, o próprio Lula alfinetou os adversários, lembrando a atuação de Luciano HuckJoão AmoedoHenrique MandettaJoão Dória e Eduardo Leite na última eleição presidencial: "Essa gente preferiu votar no Bolsonaro", declarou.

O colunista Bernardo Mello Franco, no Globo, resume o dilema de Ciro Gomes e os outros candidatos: "Cinco dos seis signatários de manifesto em defesa da democracia votaram em Bolsonaro em 2018". Ciro foi para Paris e disse que não via riscos na eleição de Bolsonaro. O colunista do Globo é certeiro: "Seria bom pedir aos signatários do manifesto que expliquem por que ajudaram o atual presidente a chegar lá", escreve na página 3, da edição desta sexta-feira. "O sexteto também deveria informar o que fará num possível duelo entre Bolsonaro e a esquerda em 2022".

Já o próprio Reinaldo Azevedo, em sua coluna na Folha, não faz pouco caso do manifesto dos presidenciáveis, mas reforça  que o jogo mudou por conta da volta do petista ao cenário político"Entrada de Lula no jogo leva a uma articulação virtuosa, que vai da direita democrática à centro-esquerda", escreve. Sobre o esforço do centro de se reaglutinar, o colunista elogia: "Manifesto dos seis pode abrir caminho para fuga da Terra dos Mortos", pondera. "O ex-presidente Lula não foi convidado [a assinar o manifesto]. Faz sentido. Sergio Moro foi. Não faz sentido".

No TijolaçoFernando Brito escreve que a entrevista de Lula a Reinaldo foi uma lição ao "Grupo dos Seis" presidenciáveis"Reinaldo, um dos mais ferrenhos adversários do PT, com uma coleção imensa de desaforos e condenações a Lula, não deixou que isso passasse sobre a situação de crise do país e sobre as imposições da ordem democrática", opina. "Lula, que tem todas as razões do mundo para sentir-se ofendido pelos impropérios que Reinaldo lhe desfechou, não se serviu da oportunidade para desfolhar rancores". E compara: "Por que os 'Seis do Centro' não se dispuseram ao mesmo diálogo?". 

Na blogosfera, Luís Nassif ironiza no GGN o esforço da grande imprensa em levantar os nomes do centro"A mídia inventa presidenciáveis, e eles ficam presidenciáveis. Então, põem lá o Mandetta – virou presidenciável. Amoedo, Huck... Eles fazem um abaixo-assinado com o Ciro Gomes, com o João Doria e a imprensa fala 'fato novo que ocorreu'", disse na TV GGN. Numa conversa com Marcos Coimbra, da Vox Populi, Nassif concorda que o cenário é o mesmo de sempre. "A um ano da eleição de 2018, nós estávamos iguaizinhos – e, em alguns casos, exatamente com os mesmos nomes: Amoedo, Moro, Ciro Gomes, um candidato que viria do Judiciário, Luciano Huck, a mesma coisa", diz o sociólogo.

Coimbra resume o sentimento popular: "Nunca ninguém ficou, assim, encantado com o Lula. Apenas comparou Lula com outros [presidentes do passado], botou na balança as coisas boas e as coisas ruins do Lula e chegou à conclusão que ele era um bom presidente da República. Aquilo é que mudou o jogo dali para frente". E conclui: "Provavelmente, nós vamos para uma disputa em segundo turno com esses dois nomes (Lula e Bolsonaro) – é impensável, pelo que a gente conhece da sociedade brasileira – que qualquer um desses cinco cidadãos consiga (...) Quem não é, ainda, não será nesse intervalo de tempo".

No GloboMíriam Leitão diz que a opinião pública não deve se iludir com os últimos movimentos do presidente da República"Bolsonaro finge recuar com militares, mas já cravou sua estaca no terreno", observa. "O fato de o presidente Bolsonaro ter respeitado a lista de antiguidade para nomear os novos chefes militares pareceu um recuo. Mas é mais um movimento estratégico. Ele sempre faz isso: ataca uma instituição da República, depois finge recuar. O país pensa que ele passará a ficar moderado, mas ele jamais se moderou"

Na edição da revista Focus Brasil, da Fundação Perseu Abramo, a matéria de capa é sobre a crise política que assombra o país. "Basta! A nação quer o afastamento de Bolsonaro. Ele ameaça a democracia ao tentar capturar as Forças Armadas, enquanto o país chora a morte de 325 mil brasileiros por omissão criminosa do Planalto". E cobra posição das autoridades. "Até quando as instituições vão  tolerar o desgoverno do GENOCIDA?"

A nova edição da Focus Brasil, que começa a circular nesta sexta-feira, ainda traz o novo pedido de impeachment do presidente da República, fala da reação da oposição no Congresso Nacional, com manifestações das bancadas do PT na Câmara e Senado, além de condenar as comemorações feitas pelo governo do Golpe de 1964. A semanal da Perseu ainda traz a íntegra da entrevista de Noam Chomsky à Tutaméia, em que o renomado intelectual americano diz que a volta de Lula é esperança de dias melhores para o país, porque só ele reúne as condições políticas e que tem a visão de um estadista para tirar o país do atraso. 

Nas outras revistas semanais, a crise política gerada pelos últimos movimentos desastrados de Bolsonaro com as mudanças no Ministério da Defesa também está na capa de Carta CapitalÉpoca e IstoÉ. A primeira diz que Bolsonaro está acuado, a revista da Globo fala do fogo cruzado contra o presidente – esprimido pela reação das Forças Armadas – e a da Editora Três diz que o presidenta flerta com um Golpe de Estado. Veja sai com trechos exclusivos do livro de Eduardo Cunha, o artífice do Golpe de 2016 que resultou na derrubada de Dilma Rousseff. 

A revista é mortífera: "Rico em detalhes e bile, o relato de Cunha lança suspeitas sobre integrantes do Judiciário e, obviamente, expõe episódios nada edificantes de alguns dos principais nomes da política e do empresariado nacional. O ex-presidente da Câmara detalha, por exemplo, a reunião secreta em que Lula confessou o arrependimento por ter patrocinado a reeleição de sua pupila e prometeu a Cunha tentar interferir no STF para ajudá-lo".

Em outro trecho, a matéria diz que o impeachment de Dilma poderia ter sido evitado. "A batalha que provocaria a queda de Dilma e, pouco tempo depois, a do próprio Cunha, poderia ter sido evitada? Na visão do ex-deputado, sim. Se o PT não tivesse tentado derrotá-lo na Câmara, ele jura que jamais teria detonado o impeachment. Por sua vez, Cunha também faz um mea-culpa, afirmando que o rompimento por parte dele foi um erro que o obrigaria a administrar as consequências disso"A íntegra está no final do pdf.

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