MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Nas manchetes dos jornais, temas diversos. Folha traz entrevista com o ministro da Saúde, Alexandre Queiroga, que admite vacinação lenta até o segundo semestre. Estadão puxa pela queda de renda do brasileiro, que enfrenta dívidas em alta, enquanto O Globo vai de política, ao destacar que Bolsonaro pede que CPI investigue prefeitos e governadores.

Valor entra com economia, ressaltando a queda do Brasil no PIB per capita: O país caiu oito posições no ranking global. Já a edição brasileira do El País mostra o agravamento do quadro social ao falar do Brasil dos esquecidos: sem dinheiro, sem comida, sem vacina contra covid-19.

O principal assunto do dia, contudo, está na política. A semana começa quente, com a pressão direta do presidente da República contra o Senado Federal e o Supremo Tribunal. O ambiente político em Brasília é de expectativa com a piora da crise institucional, diante das novas pressões do Palácio do Planalto, que volta a tratar o Supremo, o Congresso e os governadores e prefeitos como inimigos políticos. Bolsonaro fez o que sabe de melhor: criar tempestade política perfeita, abrindo novas frentes de atrito com Legislativo e Judiciário.

Em conversa telefônica captada e divulgada na noite de domingo, Jair Bolsonaro pressiona o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) a ampliar o escopo da CPI da Pandemia, CPI da Covid ou CPI do Genocídio, que será aberta nesta quarta-feira. Bolsonaro também sugere pressão no STF para inviabilizar a CPI. O senador é autor do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Acuado, o presidente pede ao parlamentar, que divulgou a conversa nas redes sociais, para que a CPI também ouça governadores e prefeitos. Teme um “relatório sacana” que responsabilize diretamente o governo federal pela condução desastrosa da pandemia, que ontem alcançou a marca de 353 mil mortos.

A conversa ganhou manchete do Globo e rende chamada na primeira página da Folha, tendo repercussão mais discreta nos outros jornais. O impacto das revelações, contudo, é maior na blogosfera e nos veículos da mídia progressista, que anteveem o agravamento da crise institucional entre os Três Poderes. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse nas redes sociais que conversa de Bolsonaro com Kajuru é escandalosa e cobra impeachment.

O Brasil 247 destaca em manchete a reação de Marcelo Freixo, para quem Bolsonaro cometeu novo crime de responsabilidade ao ameaçar o STF e os governadores e prefeitos. A opinião é compartilhada pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que também vê crime de responsabilidade de Bolsonaro na conversa com Kajuru. Nas redes sociais, Rodrigo Maia diz que CPI poderá investigar o novo crime de Bolsonaro na conversa com Kajuru.

DCM, Vi o Mundo e Fórum dão manchete principal. DCM é direto: Kajuru grava Bolsonaro pressionando por manobra na CPI do Genocídio. O site do jornalista Luiz Carlos Azedo destaca: Kajuru pede cassação de Alexandre de Moraes e recebe apoio de Bolsonaro em telefonema. A revista Fórum reforça: Kajuru avisou Bolsonaro que divulgaria conversa e manda recado a Kássio Nunes: “Sabemos o seu preço”. No Globo, Bela Megale anota que a pressão do Planalto sobre o Supremo pode ser inútil. “A maioria do STF vai confirmar abertura de CPI da Pandemia”, aposta.

Sobre o temor de Bolsonaro, escreve Fernando Brito, no Tijolaço. Ele parece cético quanto aos resultados da iniciativa da oposição, posto que o presidente tem força para investir contra o STF e usar de expedientes diversionistas. Ainda assim, é cáustico: “Quem a CPI deveria ouvir num inquérito sobre uma epidemia em escala mundial e nacional, que já matou já mais de 350 mil pessoas? O prefeito de Conceição do Araguaia, no Pará? Ou sobre as dezenas de mortes horrendas por falta de oxigênio no Amazonas, deveria ouvir o prefeito Barrozo Eufrásio, de Amapurá, no Alto Solimões amazonense?”

Reinaldo Azevedo, colunista do UOL alerta para a criminosa conduta do presidente, diz que a conversa entre Bolsonaro e Kajuru é criminosa e que o ex-capitão aposta que tudo dá em nada. Ele diz que o senador Jorge Kajuru também não sai bem na conversa. “Parem, coleguinhas, de dizer que Jair Bolsonaro pressionou Kajuru. É o senador quem fica o tempo todo se oferecendo ao presidente da República — o que não quer dizer que este também não tenha cometido crime”, critica.

Ainda no UOL, Josias de Souza diz que a CPI nem nasceu e pode ser considerada como “a comissão da limonada”. Ele é ácido: “A CPI da Covid ainda nem foi instalada e já flerta com a desmoralização. Com medo da corda, Bolsonaro quer aumentar o número de pescoços. Deseja arrastar para o mesmo patíbulo governadores e prefeitos. Num cadafalso ao lado, os ministros do Supremo. Até aí, nada de estranho. O esquisito é que há senadores ansiosos por atender aos desejos do investigado”, observa.

BRASIL NA GRINGA

Sobre o país na imprensa internacional, o português Diário de Notícias traz entrevista com a ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma Rousseff, a economista Tereza Campello. Ela bate duro no governo brasileiro: “Bolsonaro jogou a população na miséria”, diz. A economista é apresentada pelo correspondente João Almeida Moreira como a ministra que, em 2014, ajudou a reduzir a insegurança alimentar no Brasil a mínimos históricos. Tereza aponta o dedo à política “genocida” do presidente, num momento em que o país está a ser empurrado, novamente, para o mapa da fome da ONU. A íntegra está ao final deste briefing.

Outros destaques sobre o Brasil neste final de semana, são duas reportagens importantes e com ampla repercussão. A primeira no sábado, com entrevista da ex-presidenta Dilma Rousseff ao jornal inglês The Guardianem que ela diz que o país enfrenta seu pior momento da história e alerta que o Brasil está à deriva num mar de fome e doenças. A íntegra pode ser lida ao final deste briefing. A segunda saiu na imprensa francesa e também é impactante.

No domingo, reportagem de três páginas com chamada na capa no Le Monde destroça a imagem da Lava Jato e do ex-juiz Sérgio Moro. Ele é apresentado como um magistrado “tendencioso”, à frente de uma equipe de promotores cujos métodos às vezes eram ilegais e atuando sob as orientações dos Estados Unidos. Segundo o jornal, a Lava Jato tornou-se um grande escândalo e serviu aos interesses americanos e não à democracia. O jornal chama a operação de armadilha e diz que o naufrágio da operação anticorrupção no Brasil tornou-se o maior escândalo jurídico da história. Leia a íntegra ao final deste briefing.

O Financial Times noticiou neste domingo que a inflação em alta complica a crise da Covid-19 no Brasil. O jornal sublinha que “o flagelo silencioso da fome e da pobreza corre em paralelo à pandemia de coronavírus”. Diz a reportagem: “Com grande parte da maior economia da América Latina fechando, a inflação está atingindo seu nível mais alto em anos, alimentando um flagelo silencioso de fome entre os cidadãos mais pobres que ocorreu em paralelo à pandemia de Covid-19”.

Os correspondentes Bryan Harris, Michael Pooler e Carolina Pulice apontam que O alto preço dos alimentos básicos – arroz e feijão, por exemplo – fez com que esses itens desaparecessem da mesa de milhões de brasileiros. “Nos 12 meses até o final de março, o preço do arroz aumentou 64% e o do feijão preto, 51%”.

No sábado, o americano Washington Post destacou a alta dos novos casos da variante P1 do coronavírus nos Estados Unidos. O país registrou 80.000 novas infecções na quinta-feira. As autoridades de saúde estão alertando sobre a disseminação de várias variantes mais transmissíveis, algumas das quais semearam surtos em estados como Michigan e Califórnia. Pela primeira vez, a variante P1 originada no Brasil ocupou o segundo lugar. Nos EUA, pelo menos 434 pessoas foram infectadas com a variante, que devastou o Brasil, com o maior número de casos encontrados em Massachusetts, Illinois e Flórida.

INTERNACIONAL

No noticiário internacional, um dos destaques desta segunda-feira, 12, é a eleição do banqueiro Guillermo Lasso para a Presidência do Equador. Ele venceu neste domingo a disputa presidencial, surpreendendo observadores. Conservador e apoiador das políticas de livre mercado, Lasso derrotou o candidato de esquerda Andrés Arauz, e promete colocar o país em “um caminho pró-negócios”. A eleição de Lasso é destaque no FT, WSJ, Washington Post e New York Times.

O New York Times destaca em manchete de primeira página que um blecaute atingiu ontem a usina nuclear do Irã no que parece ser sabotagem israelense. A falha de energia foi descrita pelo Irã como “terrorismo nuclear”, uma vez que as negociações estavam em andamento em Viena para restaurar o acordo nuclear de 2015. O assunto também ganha repercussão no inglês The Guardian e no americano Washington Post.

O Financial Times destaca na manchete de capa que o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China sugeriu a mistura de vacinas para aumentar a eficácia das dosagens. Além da mistura, o número de doses e o intervalo entre elas também podem ser alterados, disse Gao Fu, chefe do CDC. O assunto ganha espaço também no NYT e no francês Le Monde.

É a primeira vez que um órgão governamental reconhece preocupações sobre a eficácia das vacinas domésticas, relata o jornal. Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro David Cameron admitiu que cometeu erros ao fazer lobby junto ao governo para a agora falida empresa Greensill Capital.

A imprensa estrangeira repercute os tumultos ocorridos em Minnesota na noite passada depois que um policial atirou fatalmente em um motorista negro – a dezesseis quilômetros de onde policial está sendo julgado pelo assassinato de George Floyd, ocorrido no ano passado. Centenas de pessoas se reuniram em frente à delegacia de polícia no Brooklyn Center, a noroeste de Minneapolis.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Governo já admite vacinação lenta até o segundo semestre

Estadão: Brasileiro enfrenta dívidas em alta e achatamento da renda

O Globo: Bolsonaro pede que CPI investigue prefeitos e governadores

Valor: Brasil vai oito posições em ranking de PIB per capita

El País (Brasil): O Brasil dos esquecidos: sem dinheiro, sem comida, sem vacina contra covid-19

BBC Brasil: Por que covid-19 causa dores no corpo?

UOL: Com 21.172 mortos por covid, Brasil tem semana mais letal da pandemia

G1: Estado de SP volta à fase vermelha e reabre escolas

R7: Fiocruz deve entregar mais 5 milhões de vacinas contra a covid-19 nesta semana

Luís Nassif: ‘Folha’ volta às falsas comparações enquanto o país entra em colapso, por Dilma Rousseff

Tijolaço: O “relatório sacana”