Trabalhadores que não puderam ficar em casa em nenhum momento da pandemia exercem algumas das ocupações que mais registraram aumento nos desligamentos do emprego por morte no Brasil, segundo um levantamento exclusivo feito para o EL PAÍS com base em informações do Ministério da Economia. Entre frentistas de posto de gasolina, por exemplo, houve um salto de 68% no número de mortes entre janeiro e fevereiro de 2020, meses antes da chegada da pandemia no país, e dois dos piores meses da crise sanitária, no início de 2021. Operadores de caixa de supermercado perderam 67% mais colegas no mesmo período. Nos primeiros dois meses do ano, ao menos 83 professores do ensino fundamental morreram, contra 42 no ano passado. Os dados não recolhem só óbitos por covid-19, mas a alta atípica permite usar o conceito de "excesso de mortes" para estimar o peso da covid-19 nas categorias. A análise feita por Marcelo Soares sinaliza, pela primeira vez, o custo da pandemia para os setores tidos como essenciais. "Os EUA servem para mostrar como a política pode influir em uma pandemia, porque durante meses tiveram o maior número de mortes por dia", disse o médico e escritor Drauzio Varella à correspondente Naiara Galarraga Gortázar, para ilustrar seu argumento de que Jair Bolsonaro, assim como foi Donald Trump, é um fator que piora a tragédia da covid-19. Na conversa, Drauzio critica a atitude dos países ricos de comprar mais vacinas do que necessitam no momento. "Não se justifica. Por que não emprestar vacinas e recebê-las de volta depois? Deveria haver um acordo internacional intermediado pela OMS." Também nesta edição, o repórter Felipe Betim conta como presos em uma cadeia do Piauí morreram subnutridos sob a tutela do Estado. De acordo com um relatório do Ministério da Saúde, seis detentos perderam a vida e 56 foram internados por surto de beribéri, causada pela falta de vitamina B1, em unidade de Altos. O motivo? Monotonia na dieta, baseada em carboidratos simples. Caso, ocorrido em 2020, chama atenção para problemas na alimentação em presídios com as visitas familiares restritas por causa da pandemia —em geral, os parentes levam alimentos. O gasoduto mais polêmico da geopolítica mundial passa pelas gélidas águas do Báltico. Nesse mar interior, o barco russo Fortuna trabalha para terminar o Nord Stream 2 quando faltam 6% para a conclusão, mas a controvérsia permanece. A reportagem de María R. Sahuquillo, de Moscou, e Elena G. Sevillano, de Berlim, explica tudo que está em jogo na construção do gasoduto da discórdia. Para começar a semana com planos para o futuro, um texto de Francesc Mirales sobre a chamada "terceira juventude". "Há pessoas que florescem tarde. Uma existência ativa e com propósito é a melhor via para morrer jovem aos 100 anos", escreve ele. Mirales lista algumas dicas para trilhar esse caminho. Fique em casa se puder. Ajude os mais vulneráveis se tiver chance. Se cuide. | |||||
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