CAPA – Manchete principal: *”Bolsonaro vai a ato, diz ter apoio militar e desafia STF”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Marcha dos covardes”*: No domingo (3), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, numa sucessão de eventos que infelizmente se tornam habituais no Brasil, um punhado de celerados se reuniu em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para defender, entre outras coisas, o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e uma intervenção militar. Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro achou por bem juntar-se aos manifestantes e gritar palavras de ordem que os legitimam. Ele sabe que as bandeiras afrontam a Constituição, mas não se importa. É o agitador de sempre, o antiestadista, o eterno deputado medíocre do baixo clero. De novo, entre as sandices proferidas pelo atual ocupante do cargo máximo do Executivo brasileiro, estavam ataques ao jornalismo. A prática de Bolsonaro é macaqueada de seu inspirador norte-americano, Donald Trump, que já definiu a imprensa norte-americana como “inimiga do povo”, uma expressão popularizada, ironia das ironias, pelo ditador comunista Josef Stálin na União Soviética. Palavras têm consequências. Mais ainda se ditas e repetidas por líderes políticos. No mesmo ato de domingo, um repórter-fotográfico do jornal O Estado de S. Paulo e o motorista que o ajudava na cobertura foram agredidos com chutes (pelas costas), murros e empurrões. Profissionais da TV Globo, do portal Poder 360 e desta Folha também sofreram ataques físicos ou verbais. Algo semelhante havia ocorrido no dia anterior em Curitiba, durante o depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na sede da Polícia Federal, a partir de acusações que implicam o presidente em crimes de responsabilidade. Bolsonaristas que antes inflavam balões com o rosto do ex-juiz agora o ofendiam com impropérios —e atacavam a imprensa. Um cinegrafista de uma afiliada da TV Record teve a câmera empurrada. Ao saber do ocorrido no domingo, Bolsonaro respondeu: “Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais”. A fala infelizmente é coerente com a prática. Levantamento feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que nos primeiros quatro meses de 2020 o presidente investiu contra a imprensa 179 vezes, 38 delas só em abril. O protesto do fim de semana teve como gatilho uma decisão de ministro do STF que impediu Bolsonaro de nomear um apaniguado como diretor-geral da Polícia Federal, que investiga Bolsonaro e família. Trata-se do sistema de freios e contrapesos de um regime democrático em funcionamento. Uma imprensa livre e independente faz parte desse sistema. Ela seguirá vigilante, apesar das agressões da marcha dos covardes.
PAINEL - *”Negociando cargos, centrão minimiza participação de Bolsonaro em ato contra Congresso e STF”*: A nova participação de Bolsonaro em ato antidemocrático, que culminou em agressão a jornalistas, foi vista por políticos do centrão como “um domingo como outro qualquer”. Eles também minimizaram a ameaça a enfermeiros no dia anterior e as declarações intimidatórias do presidente contra o STF, dando a entender que não aceitará eventuais decisões desfavoráveis. O grupo é o novo aliado de Bolsonaro e está prestes a receber um lote de cargos públicos. Os poucos parlamentares que se posicionaram a respeito do ocorrido no fim de semana defenderam as pessoas agredidas, mas não criticaram Bolsonaro, que mais uma vez incentivou aglomerações durante a pandemia. Neste domingo, o Ministério da Saúde confirmou que o Brasil tem 7.025 mortos pelo coronavírus e mais de 100 mil infectados. Nada disso, porém, faz virar a chave no Congresso, avaliam integrantes da oposição. Na avaliação de políticos e membros do Judiciário, a ação de Bolsonaro foi para seguidores. Ele quis passar a mensagem de que é ele quem manda, um dia antes de anunciar seu novo nome para diretor-geral da Polícia Federal. No órgão, a expectativa é a de que o escolhido seja Rolando Souza, braço-direito de Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF. Dentro do Supremo, ministros dizem, no entanto, que não haveria motivo para impedir Rolando Souza de assumir o cargo. A decisão do Moraes foi específica sobre Ramagem, por causa do inquérito aberto sobre as acusações de Sergio Moro contra Bolsonaro.
PAINEL - *”Protesto contra ministro do STF teve bolsonarista pagando fiança de presos e advogado monarquista de caso Neymar”*: O episódio envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, no sábado (2), foi emblemático do momento atual do Brasil. Cerca de 20 bolsonaristas foram para a frente do prédio do ministro, em São Paulo, e o chamaram de comunista, petista, bandido e corrupto. Segundo policiais, houve ameaças ao magistrado e sua família. Duas pessoas foram presas. Os dois manifestantes foram libertados após pagamento de fiança. Os depósitos foram feitos com ajuda do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP). O advogado chamado para o caso foi Danilo Garcia de Andrade, que faz parte do movimento monarquista. Ele defendeu por uma semana a modelo Najila Trindade contra Neymar. "Nós dividimos os pagamentos das fianças, eu e o deputado Douglas Garcia. Custou um salário mínimo cada uma", disse Andrade. Moraes foi vinculado ao PSDB em São Paulo por cerca de 15 anos. Os protestos do sábado tiveram como principal motivação a decisão do ministro de suspender a nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. As prisões foram contestadas pelo advogado. "Ninguém bateu, não tinha arma, não tinha nada. Se somar as penas que estavam ali, não daria nem dois anos. Não havia nenhuma justificativa para as prisões. Não é crime de potencial ofensivo", afirmou Andrade ao Painel. Ele também criticou a decisão do ministro sobre a PF. "O STF é o guardião da Constituição, das suas liberdades e das suas garantias. Não podemos conceber um estado democrático de direito, que um ministro dessa ilustre corte não apenas tolheu o direito de indicação funcional do presidente da República, mas agora também tira o direito de liberdade de expressão dos cidadãos desta nossa nação", completou.
PAINEL - *”Mortes por causas desconhecidas e por doença respiratória explodem em Manaus”*: Dados da Prefeitura de Manaus coletados entre os dias 15 e 22 de abril mostram que ao menos 487 sepultamentos foram por causa desconhecida ou doença respiratória, mas não coronavírus. O número representa 59,2% do total de enterros (830) em apenas naquele período. Em todo o mês de abril de 2019, foram registrados 871 sepultamentos. Ou seja, as mortes contabilizadas em oito dias deste ano foram quase tão numerosas quanto um mês inteiro do ano passado. Até o último dia 22, o estado do Amazonas contava 207 mortes por coronavírus, segundo dados do Ministério da Saúde. Procurada, a prefeitura disse que, por causa da crise, não poderia realizar o levantamento sobre o número de mortes em mesmo período do ano passado por doença respiratória ou causa desconhecida, o que impede a comparação exata. Na avaliação de especialistas, a análise desses oito dias, com dados aos quais o Painel teve acesso, é mais um forte indício de subnotificação da pandemia no país. Em abril de 2020, foram 2.400 sepultamentos, três vezes mais do que o mesmo mês em 2019.
PAINEL - *”Santa Catarina deve ser próximo foco de caos do coronavírus, segundo técnicos do Ministério da Saúde”*: Depois do colapso de Manaus, Santa Catarina é considerado o próximo local crítico por causa do coronavírus, segundo técnicos do Ministério da Saúde. Em uma semana, o número de casos confirmados quase dobrou. Até 24 de abril, 1.200 estavam com Covid-19 oficialmente e agora já são 2.346. A avaliação é que o número de mortes vai começar a aumentar.
PAINEL - *”Bolsonaristas recuperam episódio de discussão de Doria com manifestantes para atacar governador”*
*”Bolsonaro desafia Supremo ao exaltar apoio militar e dizer que 'chegou no limite'”* - O presidente Jair Bolsonaro mais uma vez prestigiou pessoalmente uma manifestação em Brasília com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso, disse estar junto com as Forças Armadas "ao lado do povo" e deu recados intimidatórios. "Peço a Deus que não tenhamos problemas essa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão", afirmou Bolsonaro, em declaração transmitida ao vivo neste domingo (3) em rede social. Um dia após ter se encontrado com os chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica, o presidente afirmou que "temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia e pela liberdade". Além de incluir pautas autoritárias, de desrespeitar recomendações sanitárias em meio ao coronavírus e de voltar a atacar as medidas de governadores na pandemia, a manifestação apoiada por Bolsonaro foi marcada desta vez também por ataques ao ex-ministro Sergio Moro, que pediu demissão do governo com acusações ao presidente, e por agressões e ameaças a jornalistas. Questionado pela Folha sobre os ataques à imprensa, o vice-presidente Hamilton Mourão respondeu: "Sou contra qualquer tipo de covardia e agredir quem está fazendo seu trabalho não faz parte da minha cultura". A conduta do presidente foi repudiada por integrantes dos Poderes Legislativo e por chefes de Executivo estaduais, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). O presidente do STF, Dias Toffoli, não se pronunciou, e entre os ministros da corte as principais manifestações públicas foram para criticar agressões de bolsonaristas à imprensa. O ministro Luís Roberto Barroso disse à Globonews que "não se deve lançar as Forças Armadas no varejo da política". O pano de fundo da nova investida de Bolsonaro é sua irritação com as derrotas que vem sofrendo no Supremo. Com isso, ele busca respaldo entre os militares para reagir ao Judiciário. E tem recebido sinais de apoio nos bastidores, sobretudo em relação às decisões do tribunal que interferem em medidas do governo. O presidente atacou nos últimos dias a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes de barrar a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo de sua família, para comandar a Polícia Federal, após a acusação de Moro de tentativa de interferência política na corporação. Neste domingo, disse que deve indicar um novo nome nesta segunda-feira (4). Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada neste domingo e foi até a rampa do Planalto para acenar aos manifestantes, aglomerados, que gritavam "Fora, Maia", entre outras coisas. Uma bandeira do Brasil foi estendida na rampa. O presidente disse querer "um governo sem interferência, que possa atrapalhar para o futuro do Brasil". "Acabou a paciência", disse. "É uma manifestação espontânea, pela democracia", afirmou. Ele repetiu discurso de que estão destruindo os empregos no país. "É inadmissível." Segundo ele, o efeito colateral das medidas de isolamento pode ser mais "danoso" que o próprio coronavírus. Um grupo de manifestantes se reuniu em frente ao Museu Nacional, em Brasília. Em seguida, foi organizada uma carreata em direção ao Palácio do Planalto. O ato promoveu aglomerações num momento que o Brasil tem mais de 7.000 mortes pela Covid-19. Embalados por palavras de ordem e cartazes com críticas a Moro, chamado de "canalha" e "moleque de Curitiba", apoiadores afirmavam que estão "fechados com Bolsonaro". Ao chegar em frente ao Congresso, o grupo deixou os carros e desceu em direção ao Palácio do Planalto diante da promessa feita por um dos organizadores de que Bolsonaro apareceria para vê-los. Entre as mensagens dos cartazes havia "Armas para cidadãos de bem", "Fora Maia", "Fora Alcolumbre". Em frente ao STF, alguns gritaram "vamos invadir". "Olé, olé, STF é puxadinho do PT", afirmavam. Em meio às críticas a Moro, feitas em um microfone de um caminhão de som, uma apoiadora gritou que o ex-juiz é aliado ao centrão. O grupo de partidos, formado por legendas como MDB, PP, PL, Solidariedade, DEM e Republicanos, tem feito tratativas de apoio a Bolsonaro e deve ganhar novos cargos no governo. No sábado (2), Bolsonaro recebeu os chefes das três Forças Armadas e os generais que integram sua equipe ministerial, em encontro que não estava previsto na agenda oficial. A eles se queixou de estar com dificuldades para governar devido ao que ele chama de "constante interferência do Judiciário". Ele ameaçou fazer uma ruptura institucional, no sentindo de eventualmente descumprir determinações futuras da corte. De acordo com militares ouvidos pela Folha, as declarações de Bolsonaro em manifestação deste domingo transmitem essa mensagem. A ala fardada, embora costume atuar como "apagadora de incêndios" de atitudes mais extremadas do presidente, deu sinais de incômodo com decisões do Supremo. Não há uma unanimidade, e o comandante do Exército, Edson Pujol, tem se mostrado refratário às atitudes do presidente. Mas outros generais da alta cúpula ainda mantêm um maior alinhamento ao Planalto e têm maior proximidade com o antecessor de Pujol, general Eduardo Villas Bôas, conselheiro de Bolsonaro. Além da decisão que barrou Ramagem, incomodou o presidente a redução de prazo dada por Celso de Mello, de 60 para 5 dias, para que Moro fosse ouvido sobre acusações contra Bolsonaro. O depoimento ocorreu no sábado (2). Entre militares, há um temor de que a corte imponha que o presidente mostre o resultado de seu exame para coronavírus. Bolsonaro afirma não ter contraído a doença, mas se recusa a mostrá-lo. Aliados defendem que, mesmo com uma determinação da corte, ele mantenha o sigilo.
ANÁLISE – *”Novo ato golpista de Bolsonaro torna obrigatória explicação de militares”*
*”Manifestantes pró-Bolsonaro agridem e ameaçam jornalistas em ato no Planalto”* - Manifestantes pró-governo Jair Bolsonaro agrediram, ameaçaram e expulsaram jornalistas que cobriam o ato na rampa do Palácio do Planalto realizado neste domingo (3) com a presença do presidente da República. Enquanto o presidente acenava para apoiadores, o grupo passou a dirigir ofensas ao repórter fotográfico Dida Sampaio, de O Estado de S. Paulo, que registrava o momento. Um grupo se formou ao redor do fotógrafo, que foi derrubado por duas vezes e chutado pelas costas, além de tomar um soco no estômago. Além dele, o motorista do jornal, Marcos Pereira, também foi agredido. Outros repórteres e profissionais de imprensa foram então empurrados e ofendidos verbalmente, incluindo os da Folha. Um repórter do site Poder360 também foi agredido pelos manifestantes. Ao mesmo tempo, Bolsonaro foi alertado, segundo imagens transmitidas pela live de sua rede social, da confusão envolvendo jornalistas. Ele prestigiou pessoalmente a manifestação de apoiadores a ele e com críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso. "Expulsaram os repórteres da Globo, expulsaram os repórteres", disse uma pessoa ao presidente. Bolsonaro então respondeu: "Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais", disse, sem repudiar as agressões aos repórteres. Enquanto isso, apoiadores cercaram um grupo de repórteres que tentavam se locomover. A Polícia Militar, que acompanhou o ato durante todo o momento, não apartou a confusão ao ser acionada pela Folha. Somente em segundo momento, quando repórteres foram expulsos do local, a PM cercou a imprensa para fazer o isolamento. Profissionais foram retirados do local depois sob a escolta e veículo da polícia. No sábado (2), um cinegrafista da TV Record foi agredido por manifestantes que estavam na porta da Polícia Federal, onde o ex-ministro Sergio Moro tinha depoimento marcado sobre as acusações sobre Bolsonaro. Na sexta-feira, um grupo de 60 enfermeiros que protestava na Praça dos Três Poderes, em defesa do isolamento social e em homenagem aos profissionais de saúde que morreram no combate à pandemia, foram agredidos verbalmente por alguns militantes bolsonaristas. Usando máscara, os enfermeiros carregavam cruzes e faziam uma manifestação silenciosa. Um grupo menor, com roupas verde-amarela, chegou insultando os profissionais, chamando-os de "analfabetos funcionais"e "covardes". O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) afirmou que vai processar os agressores. ENTIDADES E AUTORIDADE REPUDIAM ATAQUES Os ataques aos jornalistas em frente à rampa do Palácio do Planalto aconteceram no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Neste ano, o tema definido pela ONU (Organização das Nações Unidas) é “jornalismo sem medo ou favor”. Em nota, a diretoria e os jornalistas de O Estado de S. Paulo disseram que "repudiam veementemente os atos de violência cometidos hoje (03) contra sua equipe de jornalistas durante uma manifestação diante do Palácio do Planalto em apoio ao presidente Jair Bolsonaro". "Trata-se de uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia. A violência, mesmo vinda da copa e dos porões do poder, nunca nos intimidou. Apenas nos incentiva a prosseguir com as denúncias dos atos de um governo que, eleito em processo democrático , menos de um ano e meio depois dá todos os sinais de que se desvia para o arbítrio e a violência", diz o comunicado. "Dada a natureza dos acontecimentos deste domingo, esperamos que a apuração penal e civil das agressões seja conduzida por agentes públicos independentes, não vinculados às autoridades federais que, pela ação e pela omissão, se acumpliciam com o processo em curso de sabotagem do regime democrático." A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou nota em que "condena veementemente as agressões sofridas por jornalistas e pelo motorista do jornal O Estado de S. Paulo quando cobriam os atos realizados neste domingo em Brasília" e que espera que "as autoridades responsáveis identifiquem os agressores, que eles sejam levados à Justiça e punidos na forma da lei". "Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados." A presidente da Fenaj (Federação Nacional de Jornais), Maria José Braga, condenou as agressões. "Nossa posição é de condenação a toda e qualquer agressão a jornalistas", disse Braga. "Hoje foram dois repórteres fotográficos agredidos em Brasília. Repudiamos todas elas e pedimos o apoio da sociedade ao jornalismo e aos jornalistas." Em nota conjunta, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o Observatório de Imprensa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), disseram que "tais acontecimentos evidenciam o risco cada vez maior ao qual o discurso belicoso e ultrajante do presidente da República expõe os repórteres brasileiros". "Tais agressões são incentivadas pelo comportamento e pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro. Seus ataques aos meios de comunicação, teorias conspiratórias e comportamento ofensivo fomentam um clima de hostilidade à imprensa, além de servirem de exemplo e legitimarem o comportamento criminoso de seus apoiadores", diz o comunicado. "É inaceitável que militantes favoráveis ao governo saiam às ruas com objetivo expresso de intimidar os profissionais de imprensa, quando o próprio governo federal definiu o jornalismo como atividade essencial durante a pandemia." "A deterioração da liberdade de imprensa, fomentada por autoridades eleitas e servidores públicos, é um risco grave para a democracia", diz a nota. O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) divulgou nota repudiando os ataques. “É inaceitável a agressão covarde sofrida por jornalistas no pleno exercício de suas atividades. No dia em que se comemora a liberdade de imprensa, causa perplexidade e indignação os atos de violência contra esses profissionais, mas que também atingem a Democracia e o Estado de Direito", diz o comunicado. "A liberdade de expressão já havia sido atacada recentemente, quando profissionais de saúde sofreram agressões verbais durante uma manifestação pacífica. Atitudes absurdas como essas, devem ser repudiadas com veemência e os responsáveis identificados e punidos dentro de todo o rigor da lei.” Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux se manifestaram sobre os ataques. Luís Roberto Barroso publicou em uma rede social. "Dia da liberdade de imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância." Alexandre de Moraes também publicou nota em redes sociais. "As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade." O ministro Luiz Fux disse que “a dignidade humana se caracteriza pela autodeterminação, pela liberdade de escolhas e de expressão". "A dignidade da imprensa se exterioriza pela sua liberdade crítica, de investigação e de denúncia de atitudes anti-republicanas. Num país onde se admite agressões morais e físicas contra a imprensa, a democracia corre graves riscos.” No início da noite, Gilmar Mendes publicou em uma rede social que "as agressões aos jornalistas do Estadão são intoleráveis". "Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, devemos lembrar que a atuação livre dos jornalistas é um pilar estruturante da nossa democracia. Que possamos superar a era do ódio que abala nosso país." O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também pelas redes sociais, solidarizou-se com jornalistas e pediu providências. "Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror", disse Maia. "Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos." "No Brasil, infelizmente, lutamos contra o coronavírus e o vírus do extremismo, cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade. O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão." O ex-ministro Sergio Moro, também via redes sociais, disse que "democracia, liberdades - inclusive de expressão e de imprensa - Estado de Direito, integridade e tolerância caminham juntos e não separados".
*”'Sou contra covardia; agredir quem está fazendo seu trabalho não faz parte da minha cultura', diz Mourão”* - O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, classificou de "covardia" as agressões sofridas por jornalistas nas manifestações pró-governo neste domingo (3), em Brasília. Questionado pela Folha sobre o episódio, Mourão respondeu: "Sou contra qualquer tipo de covardia e agredir quem está fazendo seu trabalho não faz parte da minha cultura". Manifestantes pró-governo Jair Bolsonaro agrediram, ameaçaram e expulsaram jornalistas que cobriam o ato na rampa do Palácio do Planalto realizado neste domingo com a presença do presidente da República. Enquanto o presidente acenava para apoiadores, o grupo passou a dirigir ofensas ao repórter fotográfico Dida Sampaio, de O Estado de S. Paulo, que registrava o momento. Ao mesmo tempo, Bolsonaro foi alertado, segundo imagens transmitidas pela live de sua rede social, da confusão envolvendo jornalistas. Ele prestigiou pessoalmente a manifestação de apoiadores a ele e com críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso. "Expulsaram os repórteres da Globo, expulsaram os repórteres", disse uma pessoa ao presidente. Bolsonaro então respondeu: "Pessoal da Globo vem aqui falar besteira. Essa TV foi longe demais", disse, sem repudiar as agressões aos repórteres.
*”Moro entrega à PF íntegra de conversa em que Bolsonaro pressiona por troca na corporação”* - O ex-ministro da Justiça Sergio Moro entregou à Polícia Federal o histórico de conversas recentes com Jair Bolsonaro pelo WhatsApp, incluindo o diálogo em que o presidente pressiona pela saída de Maurício Valeixo da diretoria-geral da Polícia Federal. No depoimento de sábado (2), Moro repassou ainda o conteúdo das conversas com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente. Numa das mensagens já reveladas pelo ex-ministro, a parlamentar tenta interceder para que ele fique no governo em troca de uma nomeação ao STF. Como exemplo das pressões que disse ter sofrido, Moro relatou no depoimento reuniões com Bolsonaro que contaram com a presença de outros ministros. Após o depoimento, o ex-ministro teve que aguardar os peritos da Polícia Federal acessarem seu aparelho celular. O aparelho foi espelhado em um HD da PF, e Moro permitiu que os investigadores recuperassem mensagens antigas apagadas por ele, já que não teria arquivado todos os diálogos que teve com Bolsonaro desde o começo o governo. No depoimento, o ex-ministro manteve as acusações contra o presidente a quem atribuiu uma tentativa de interferência em investigações conduzidas pela PF. Na troca de mensagens pelo WhatsApp, o presidente cobra do ministro a mudança do comando da PF devido ao inquérito das fake news que corre no STF e que teria como alvo deputados bolsonaristas. Todo o histórico de conversa entre ele e Bolsonaro foi copiado pelos investigadores que anexaram à investigação aberta pela PGR (Procuradoria Geral de República) para investigar se o presidente tentou ou não interferir em investigações da PF. Parte da conversa foi apresentada por Moro ao Jornal Nacional, da TV Globo, no dia 24, logo após o presidente o chamar de mentiroso. Na troca de mensagens, que a Folha também teve acesso, Bolsonaro lhe envia uma matéria do site O Antagonista intitulada "PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas". Em seguida, o mandatário escreve: "Mais um motivo para a troca", se referindo à sua intenção de tirar Valeixo do comando da corporação. O inquérito citado pela reportagem do site foi aberto para apurar fake news e ameaças contra integrantes da corte. DEPOIMENTO Moro ficou por mais de oito horas na sede da Polícia Federal em Curitiba prestando depoimento e compartilhando o conteúdo do seu aparelho celular aos investigadores. O ex-ministro estava acompanhado de um advogado e, segundo presentes, ficou calmo durante toda a oitiva, que foi interrompida por apenas uma vez para que eles pudessem ir ao banheiro. As mensagens, segundo o ex-ministro, provam que ele não condicionou aceitar a troca na PF a uma futura indicação. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar o depoimento. O chefe do Executivo chamou Moro de “Judas”. Moro reagiu ao comentário do presidente no domingo. “Há lealdades maiores do que as pessoais”, disse o ex-juiz pelo Twitter. De acordo com assessores próximos ao ex-ministro, Moro se disse aliviado com o depoimento. Ele afirmou ainda a aliados que não havia motivo para se preocupar porque todas as acusações feitas por ele foram precedidas de material probatório. O depoimento é considerado um dos principais elementos do inquérito que pode levar à apresentação de denúncia contra ele mesmo ou contra o Bolsonaro. A oitiva, que durou mais de sete horas, foi o primeiro passo da apuração iniciada após Moro pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no último dia 24, com graves acusações ao chefe do Executivo. A investigação foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e autorizada pelo ministro Celso de Mello, do STF, relator do caso. O objetivo é descobrir se as acusações são verdadeiras ou, então, se o ex-juiz da Lava Jato cometeu crimes ao mentir sobre Bolsonaro. Na visão de Aras, oito delitos podem ter sido cometidos: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, prevaricação, denunciação caluniosa e crime contra a honra. De acordo com interlocutores do PGR, Moro pode ser enquadrado nos três últimos e Bolsonaro, nos seis primeiros. Nada impede, no entanto, que a investigação encontre outros crimes além desses e os denuncie por isso. Depois de ouvir Moro, a PF deve realizar outras diligências para buscar mais provas e informações sobre o caso. O procurador-geral pode fazer o mesmo, mas ele tem indicado a pessoas próximas que deixará os detalhes da apuração a cargo da polícia e decidirá ao final o oferecimento ou não da denúncia. Depois deste sábado, os delegados que apuram os fatos podem entender, por exemplo, que é necessário colher o depoimento de Maurício Valeixo, diretor-geral da PF enquanto Moro era ministro e pivô da crise com Bolsonaro. Isso porque, segundo o ex-juiz da Lava Jato, o chefe do Executivo queria retirá-lo do comando da corporação para colocar alguém da sua relação pessoal no cargo. A intenção seria dar acesso ao presidente a relatórios de inteligência e informações sobre investigações em curso, o que não é permitido pela legislação. Além de Valeixo, a PF pode colher o depoimento outras pessoas mencionadas por Moro e também do próprio Bolsonaro. Nesse caso, porém, por se tratar do presidente da República, que tem foro privilegiado, seria necessária autorização do STF. E o chefe do Executivo poderia ajustar com o magistrado o horário e local adequado para isso. Quando Michel Temer estava na Presidência e era investigado, por exemplo, o ministro Edson Fachin permitiu que ele prestasse o depoimento por escrito. No caso de Moro, o depoimento foi colhido pela delegada Christiane Correa Machado, chefe do Serviço de Inquéritos Especiais, grupo responsável por apurar os casos em curso no STF. Além dela, Aras designou três procuradores da República para a oitiva: Herbert Mesquista, Antonio Morimoto e João Paulo Tavares. A investigação, contudo, não tem uma data definida para acabar. O Código de Processo Penal até estabelece que os inquéritos têm de ser concluídos em 30 dias ou em 10 dias se envolver réu preso. Esse prazo, no entanto, nunca é respeitado, inclusive nas investigações que correm perante o STF. O despacho do ministro Celso de Mello obrigando a PF a ouvir Moro em até 5 dias, e não em 60 dias, como havia determinado inicialmente, é um indicativo de que o magistrado quer acelerar as apurações. Não dá para afirmar, porém, até quando elas se estenderão. +++ A reportagem não traz novidade alguma. Nenhuma informação sobre o depoimento tão esperado pela imprensa tradicional foi divulgada. De qualquer forma, o depoimento de Sergio Moro sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal deve reverberar dentro da própria PF.
CELSO ROCHA DE BARROS - *”Bolsonaro quer ser Lula”* *”TSE descarta novas urnas nas eleições e treinará mesários remotamente na pandemia”*
*”'Nunca imaginei que o filho do Bolsonaro compartilharia uma fake news minha'”* - Em praticamente todos os domingos e feriados de 2019 a militante travesti Alex Pais de Andrade, 30, se dirigia à avenida Paulista, região central de São Paulo, com o mesmo figurino de protesto contra Bolsonaro, apelidado por ela de “Lula Girl”. Uma roupa de tom rosa bastante justa ao corpo, com uma abertura na altura do peito, um shorts bem curto, bota preta de cano alto e uma faixa na cabeça com a inscrição “Haddad”. No domingo de 26 de maio de 2019, encontrou uma Paulista com protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido, e no PSL à época), que enfrentava uma série de atos pelo país contra cortes na educação, e as manifestações pró-governo mediriam a força que o mandatário ainda conseguia angariar. Mesmo com o ato pró-Bolsonaro, ela continuou na Paulista, eventualmente gritando “Lula Livre” (ela diz que mesmo em dias de protestos bolsonaristas há muita gente circulando e que a adesão a esses movimentos não costuma ser tão alta). Em algum momento naquela tarde, uma pessoa –que Alex não sabe dizer qual seria a posição política–pediu para tirar uma foto, o que não é incomum, uma vez que o visual de Lula Girl atrai os olhares de quem circula pela avenida. O que ela nunca imaginou é o destino que a imagem teria quase um ano depois: serviria, em abril de 2020, como elemento principal para a criação de uma fake news envolvendo um jornalista da Folha –o mesmo que escreve este texto. A cena de Alex na Paulista como Lula Girl passou a ser usada pela militância bolsonarista para ataques homofóbicos ao repórter, como se fosse ele na foto, após publicação de post na sexta-feira (17) no blog #Hashtag com sósias do novo ministro da Saúde, Nelson Teich. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), dentre outros perfis que orbitam a esfera bolsonarista, fizeram comentários preconceituosos. Allan: “Eis o cara que zombou do novo ministro da saúde. Eu falo ou vocês falam?” Eduardo: “Por trás de toda matéria de extrema imprensa tem uma pessoa esquisita assim”. “No mesmo dia do post de vocês, fui avisado pelo reconhecimento facial do Facebook daquela foto. Por ser antiga, pensei que a pessoa que tirou a foto teria postado somente agora, então ignorei”, conta Alex. No final de semana, tudo mudaria. “Quatro amigos me mandaram mensagens avisando [da fake news com a Folha]. Pedi pra enviarem os links, que na segunda falaria com minha advogada. Sabia que um dia seria alvo de fake news por ser uma militante travesti que aparece na Paulista. Mas nunca imaginei que o filho do Bolsonaro compartilharia a fake news.” Seu celular passaria aqueles dois dias somente com as notificações de reconhecimento facial de sua foto sendo usada em diversas redes sociais por milhares de perfis, com legendas como: “esse aí é o @mateuscamillo, ‘jornalista’ da Folha que fez a matéria chacota com o ministro da Saúde. Então tá”. “Se é esquisito, eles [militância bolsonarista] já associam com maconheiro, petista, comunista. Eles só querem uma desculpa para ofender quem pensa diferente e justificam crimes fascistas com moralidade”, diz Alex. “Odeio esses comentários que usam comparações para tentar ofender. Parece o Boulos, parece o namorado da Fátima Bernardes”, completa. Sobre fake news, Alex diz ter sido a primeira vez que foi alvo de uma, mas pensa que não será a última. “É um sensacionalismo barato e absurdo que consome quem não quer dialogar e só quer repetir a mesma coisa pra ter uma sensação falsa de interação. É o que acontece com o terraplanismo. Não há como questionar algo baseado em crendices.” Se foi a primeira vez que foi vítima de ataques de ódio na internet, Alex, que trabalha como corretora de imóveis, costuma enfrentar situações desagradáveis como travesti militante na Paulista. “Infelizmente, é normal a pessoas olharem de um jeito estranho. Também ouço, de longe, gritos de algo bem tosco como ‘traveco’ ou ‘bicha’. Dá pra ver que gritam só pra deixar claro que não aceitam uma aparência diferente.” Alex não recebe só ataques, no entanto. “As pessoas me perguntam, já se desculpando, se me tratam no masculino ou feminino. Eu tenho toda a paciência pra explicar que as travesti são mulheres, por isso é sempre feminino. São mulheres comuns por isso podem ser heterossexuais ou não. E parece que a maioria, mesmo sendo respeitosos, nunca pensaram nisso e não tem nenhum convívio, mas sinto que tem vontade de saber mais e admiram muito vendo como um ato de coragem a nossa existência.” Por fim, o apoio. “Tem quem incentiva, quem admira e fala que queria que todo o mundo fosse livre pra ser feliz. E ouço muito frases como: “parabéns pela atitude, você me representa, continue assim.’”
*”Pandemia encontra América Latina com raiva e pode gerar 29 milhões de novos pobres”* *”Número de casos da Covid-19 no Brasil preocupa países vizinhos e gera críticas”* *”Sem mostrar evidências, Pompeo afirma ter provas de que coronavírus surgiu em laboratório de Wuhan”*
*”Crise do coronavírus pode tirar até R$ 500 bilhões do consumo”* MARCIA DESSEN - *”Quem planeja tem futuro”*
PAINEL S.A. - *”Após se sentir traído pelo governo, grupo de empresários agenda live com Mourão”*: Após dizer que se sentiu traído pelo governo Bolsonaro com a demissão de Sergio Moro do ministério no mês passado, o grupo de empresários Brasil 200, que vinha apoiando as ações do presidente desde o início do mandato, agendou uma live com o vice Hamilton Mourão para a quinta-feira (7). Segundo Gabriel Kanner, presidente do grupo, na pauta da conversa estão as visões dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Braga Netto (Casa Civil) para sair da crise.
PAINEL S.A. - *”Empresários apoiam uso de leitos privados para atender o SUS em fila única”*: Enquanto o colapso hospitalar se aproxima, representantes de grandes setores empregadores apoiam a recomendação feita pelo Conselho Nacional de Saúde para que o ministério e as secretarias adotem o princípio da fila única diante da pandemia, ou seja, que os leitos de UTI privados sejam contratados para uso do SUS. "Não tem o que pensar. Tem que fazer. É vida humana. Não tem esse negócio de rico ou pobre, de pode pagar ou não", diz Joseph Couri, presidente do Simpi (que reúne micro e pequenas indústrias). Humberto Barbato, presidente da Abinee (que representa a indústria de eletrônicos), também está a favor. "Acho que é necessário. Não pode deixar pessoas morrerem com leitos vazios. Isso cria preocupação para quem tem plano de saúde, mas temos que ter humanidade", diz. Um dos primeiros empresários a defender a ideia publicamente, Junior Durski, do Madero, disse ao Painel S.A. na semana passada que considera a fila única humanitária. "Não pode deixar morrer porque não tem dinheiro para pagar. Não estou dizendo para virar socialista o resto da vida", disse Durski, que no início da pandemia levantou polêmica na comparação entre a crise econômica e as mortes da Covid-19. Para Luigi Nese, da Confederação Nacional de Serviços, representante de empresas do setor, é difícil avaliar. "Eu não sei qual é a situação do SUS, não posso analisar de fora. Precisaria saber exatamente como está. Por exemplo, no Amazonas, dizem que tem leitos mas está um desmando total", afirma ele. "É tudo expectativa. Pode ser que não acabe. Não sou nem contra nem a favor", afirma Nese. "Eu não sei se na iniciativa privada também existem leitos já tomados todos, espero que não", diz ele. A maioria dos estados brasileiros deve atingir neste mês a ocupação máxima dos leitos de UTI no SUS por causa da doença. No sistema privado, um número menor chegará ao limite em maio, segundo projeções de uma ferramenta criada por pesquisadores da UFMG em parceria com a Folha, com base em dados oficiais da pandemia.
PAINEL S.A. - *”Coronavírus pode minimizar progresso de globalização, mostra estudo”* PAINEL S.A. - *”Empresa dos irmãos Batista doa 11 tablets para idosos de asilo se comunicarem na quarentena”* PAINEL S.A. - *”Quero-Quero vai doar R$ 1,3 milhão em cestas básicas”* *”Berkshire, de Buffett, registra perda de quase US$ 50 bi com crise do coronavírus”* *”Buffett foi cauteloso em não reinvestir caixa, afirmam especialistas”*
*”Brasil quer mudar regra do Mercosul para viabilizar acordos sem Argentina”* - Diante do anúncio da Argentina de que abandonará negociações de acordos do Mercosul, o governo brasileiro quer sugerir mudanças nas regras de funcionamento do bloco para viabilizar tratativas comerciais sem a participação do país vizinho. Negociadores brasileiros argumentam que regras vigentes hoje podem impedir o andamento de acordos futuros se não houver aval do governo argentino. A ideia, segundo relato feito à Folha, é retirar essas travas. A preocupação diz respeito não apenas a futuras iniciativas, mas também a diálogos já iniciados formalmente nos últimos anos com países como Canadá, Coreia do Sul, Líbano e Singapura. Criado em 1991, o Mercosul tem como membros fundadores Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela aderiu ao bloco em 2012, mas está suspensa desde 2016. Na sexta-feira (24), a Argentina anunciou deixará de participar das negociações de acordos comerciais do Mercosul, com exceção dos dois mais importantes em andamento, com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta). O país vizinho afirmou que a decisão se deve ao fato de que a prioridade agora é o combate ao coronavírus e as emergências econômicas internas causadas pela pandemia. No comunicado, ponderou que “não será obstáculo para que os demais países prossigam com seus diversos processos de negociação”. O governo brasileiro viu como positivo o comunicado dos argentinos porque deixa claro que eles querem ficar de fora do processo de abertura do bloco, facilitando a ação dos outros componentes. Entre os negociadores, a avaliação é de que a mensagem foi um presente dado aos outros membros, que agora têm liberdade para reformatar o bloco sem maiores tensões políticas. Em outra linha de análise, membros do governo afirmam que a “saída elegante” da Argentina seria uma desculpa encontrada porque o país não tem consenso nas negociações e teme a aproximação entre Brasil e Estados Unidos. Em resolução editada em 2000, os países fundadores do Mercosul firmaram o compromisso de negociar acordos de natureza comercial e tarifária sempre de forma conjunta. Esse, portanto, seria o principal entrave para o andamento dos trabalhos a partir de agora. O governo brasileiro aguarda uma definição mais clara sobre o que a Argentina fará para propor as mudanças, mas a ideia é mudar as regras para retirar o país das novas tratativas e criar mecanismos de proteção para o restante do grupo. No caso de um novo acordo comercial, por exemplo, a economia argentina ficaria totalmente segregada dos termos firmados. Seriam impostas regras para impedir que o país vizinho se beneficiasse do livre comércio ou de tarifas mais favoráveis. A avaliação entre membros do governo é de que a mudança não significaria o "início do fim" do Mercosul. Nas novas regras, o Brasil quer que haja uma cláusula para que a Argentina possa retornar às negociações quando houver uma mudança de governo ou de diretriz da política externa. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, tomou posse no fim do ano passado. A campanha presidencial argentina foi marcada por trocas de farpas entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. O presidente brasileiro não escondeu que preferia ter visto o ex-presidente Mauricio Macri reeleito e afirmou por mais de uma vez que a volta do peronismo ao poder na Argentina poderia gerar uma “nova Venezuela” no continente sul-americano. Fernández, por sua vez, defendeu durante a campanha a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, no dia de sua vitória eleitoral, posou para fotos fazendo um “L” com as mãos, símbolo do petista. Após a campanha, porém, ambos os governos passaram a dar sinais de que pretendem trabalhar para melhorar a relação entre os dois países. Para membros do governo brasileiro, os argentinos indicam que, ao menos na atual gestão, seguirão um caminho de maior fechamento e desintegração da economia. Atualmente, a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e Estados Unidos. Segundo dados do Ministério da Economia, a corrente de comércio entre os dois países somou US$ 4,4 bilhões (R$ 23,9 bilhões) no primeiro trimestre deste ano, mas o saldo da balança foi negativo para o Brasil em US$ 69 milhões (R$ 374 milhões). Formalmente, o Itamaraty informou que a decisão do país vizinho de suspender as negociações dá transparência aos processos e facilitará a busca por melhores resultados a todos os membros do Mercosul que estão interessados na abertura comercial com o mundo. “O governo brasileiro continuará, junto com Paraguai e Uruguai, a perseguir o objetivo de comércio aberto e livre com outros países”, disse em nota.
RONALDO LEMOS - *”Surge uma criptomoeda governamental”* *”Criador do Zoom fica US$ 4 bi mais rico durante a pandemia”* *”Trajetória de cinco investidores mostra como pandemia traz mais desafios para aplicações”*
*”Pandemia leva países a suspender reprovação de alunos e mudar provas”* *”Igrejas evangélicas de Itu adotam sistemas drive-thru e drive-in para atender fiéis”*
*”Professores e pais acionam Justiça contra ensino remoto”* - Mais de um mês após o fechamento das escolas em todo o país por conta da pandemia, começam a surgir questionamentos quanto à eficácia de se considerar que as aulas não presenciais e atividades a distância possam substituir o que o aluno aprende na escola. Sobretudo na rede pública, em que o acesso dos estudantes e professores à internet muitas vezes é inexistente ou precário, teme-se o aprofundamento das desigualdades no aprendizado. É com essa preocupação que começam a surgir ações do Ministério Público e projetos de lei para impedir que o ensino remoto na educação básica seja contabilizado como parte das horas letivas obrigatórias estipuladas pelo Ministério da Educação. O ministério permitiu a flexibilização dos 200 dias obrigatórios no ano letivo, mantendo, porém, a exigência das 800 horas. Nesta semana, o Conselho Nacional de Educação recomendou que as aulas não presenciais sejam contadas na carga horária, abrindo a possibilidade para que conselho estaduais e municipais, que regulam rede pública e privada, permitam a prática. No Rio de Janeiro, vai a plenário para discussão nesta quinta (30) na Assembleia Legislativa projeto de lei dos deputados Waldeck Carneiro (PT) e Flávio Serafini (Psol) para a suspensão do calendário letivo na rede estadual, que tem mais de 700 mil alunos, não interferindo na oferta de conteúdo online e garantindo o término ainda em 2020 apenas para os alunos do último ano do ensino médio, por conta dos vestibulares. No estado, aulas são transmitidas pela televisão, salas virtuais foram criadas em parceria com o Google Classroom e material impresso e chips de internet estão sendo distribuídos aos alunos. Segundo a Pnad 2017, 65% dos domicílios fluminenses têm acesso à banda larga —o menor índice é o do Pará, com 29%, e o maior, do Distrito Federal, 78%. “A principal preocupação no momento deveria ser a oferta de atividades educacionais emergenciais, extraordinárias, online ou encaminhadas aos alunos, mas a preocupação com o calendário agora não é relevante”, diz Carneiro. Em Goiás, as aulas não presenciais acontecem desde 23 de março por meio de plataforma digital e atividades televisionadas, além da distribuição de material impresso em parceria com os conselhos tutelares e a Polícia Militar. No começo de abril, o Ministério Público recomendou ao conselho de educação goiano a suspensão das atividades obrigatórias, mas o órgão disse que não atenderia à recomendação, apresentando razões que não foram aceitas pela promotora do caso, Maria Bernadete Ramos Crispim. Ela então pede na Vara de Fazenda uma liminar que suspenda a resolução do conselho em validar as horas do ensino remoto. “Diante das reclamações de pais e professores, eu fiz a recomendação para que revogassem a decisão, uma vez que não atendia à coletividade dos alunos e aumentava a desigualdade entre rede privada e pública”, diz Crispim. “Não é o momento de implantar aulas dessa maneira, pois parte dos estudantes não têm acesso à internet, o que aumenta ainda mais o fosso entre os alunos”, completa a promotora. A Secretaria de Educação de Goiás diz estar cumprindo as determinações dos conselhos estadual e nacional de Educação. Ainda segundo a secretaria, os alunos têm mostrado produtividade. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná procurou o Ministério Público Estadual e o do Trabalho contra a educação a distância proposta pelo governo do estado, com plataforma online, aplicativo, aulas pela televisão e distribuição de apostilas. O conselho de educação paranaense, porém, ainda não normatizou a contagem das horas letivas. A orientação do Ministério Público do Paraná é de que as Promotorias de Justiça que atuam na área de educação acompanhem e fiscalizem as propostas elaboradas e executadas no estado e nos municípios para que se garanta a qualidade e o acesso dos alunos às atividades. Em São Paulo, o ensino remoto com carga horária obrigatória começou na segunda (27). No começo de abril, a Apeoesp, sindicato que representa os professores da rede estadual de SP, já havia procurado o Ministério Público contra a medida. No dia 20, o Ministério Público de Sergipe emitiu recomendação para que escolas públicas e particulares antecipem férias de funcionários e professores. No estado, o ensino remoto está se dando por meio de plataforma online e transmissão de aulas pela TV. Em Pernambuco, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação formalizou denúncia no Ministério Público para que atividades não presenciais não sejam consideradas como substituição de aulas. Foi também o que fizeram, no Ceará, os membros da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, onde o ensino remoto começou em 30 de março, além de procurarem o Conselho Estadual de Educação e as secretarias municipais e a estadual. De acordo com dados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica, em 2018, um a cada quatro estudantes da rede pública não tinha acesso à internet. A Campanha é uma rede de defesa do direito à educação que reúne organizações e entidades nacionais há 20 anos. O grupo organizou guias sobre o ensino a distância na pandemia destinados a profissionais de educação, famílias e poder público nos quais são apresentadas recomendações para garantia do direito à educação, além de dados. “Claro que a escola precisa sugerir atividades, promover debates sobre o momento que estamos vivendo, contextualizar, mas de forma complementar, que não conte como dia letivo e carga horária obrigatória”, diz Andressa Pellanda, coordenadora da Campanha. “Mesmo que houvesse provisão de tablets e internet a todos, não há condições de aprendizagem porque muitos estão passando fome”, diz. Para Mary Guinn Delaney, assessora regional da Unesco em educação para saúde e bem-estar na América Latina e Caribe, os estudantes sem acesso a rádio, televisão e dispositivos online são os mais desfavorecidos pelos programas de educação a distância, e o uso apenas de materiais impressos não oferece suficiente interação com professores e outros alunos. Ela chama atenção ainda para a necessidade de se garantir a equidade de gênero nessa forma de ensino. "As meninas podem estar em desvantagem no acesso e uso de dispositivos, além de terem menos tempo de aprendizagem devido às tarefas desproporcionalmente maiores do lar”, diz.
TABATA AMARAL - *”Máscaras estão caindo e Bolsonaro mostra que é ameaça à democracia”* *”Brasil ultrapassa 101 mil casos confirmados e 7 mil mortes por coronavírus”* *”Em sua primeira viagem oficial, Teich visita Manaus, colapsada pelo coronavírus”* *”SP faz bloqueios em avenidas a partir de segunda (4) para forçar isolamento; veja os locais”*
*”Levantamento de médicos na Rocinha mostra 145% de mortes a mais que o divulgado pela prefeitura do Rio”* - Um painel feito com base em levantamento de médicos que trabalham na Rocinha detalha 145% de mortes a mais na comunidade do que o informado pela prefeitura durante a pandemia de Covid-19. Segundo o registro dos médicos, a Rocinha já registra 22 óbitos, 13 a mais do que os 9 computados no Painel Rio Covid-19, que é atualizado diariamente pela prefeitura do Rio de Janeiro. Fontes ouvidas pela Folha apontaram que o painel da Rocinha foi feito a partir da análise de planilhas da vigilância sanitária, pesquisas no sistema de verificação de exames de laboratório e dados de moradores da própria comunidade. O levantamento dos médicos da comunidade ainda aponta que existem outras 17 mortes investigadas e suspeitas de Covid-19 na Rocinha. A iniciativa foi inspirada em feitos semelhantes no Complexo do Alemão e em Manguinhos e visa tornar públicos os dados de vigilância feitos por profissionais de saúde da Rocinha. O levantamento também mostra 73 casos confirmados de Covid-19 na Rocinha, além de 167 internações por síndromes respiratórias agudas graves, que são pacientes suspeitos para o novo coronavírus. Nesse caso, eles apresentam síndrome gripal ainda sem etiologia definida, falta de ar ou baixa saturação de oxigênio, com necessidade de atendimento em UPA ou hospital, e encaminhados por clínicas da comunidade. Até este sábado (2), o painel da prefeitura citava 74 casos confirmados de Covid-19 na Rocinha. O levantamento feito pelos médicos da Rocinha contempla apenas os casos de pessoas com indicação de internação hospitalar. Não estão incluídos os casos leves, com indicação apenas de isolamento domiciliar, que são a maioria dos atendimentos realizados nas clínicas da comunidade. A prefeitura foi procurada para comentar a discrepância com os dados dos médicos da Rocinha, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. O painel da prefeitura diz que até este sábado (2) o Rio tinha 6.448 casos confirmados do novo coronavírus, com 603 óbitos.
MÔNICA BERGAMO - *”Entidade alerta para o impacto do coronavírus em pacientes com câncer de mama no Brasil”*
MÔNICA BERGAMO - *”Bolsonaristas reciclam fake news de 2017 para prejudicar Moro”*: Como parte de estratégia para prejudicar a imagem do ex-ministro Sergio Moro, grupos bolsonaristas têm compartilhado nas redes sociais um vídeo com informações falsas que, em 2017, era difundido por opositores do então juiz da Lava Jato. Com os dizeres “a casa caiu pra família Moro”, a peça traz um homem não identificado afirmando que Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, depositou propina para Rosangela Moro, esposa do ex-ministro. A informação nunca foi dita por Tacla Duran ou repercutida pela imprensa, como diz o vídeo.
MÔNICA BERGAMO - *”Brasileiros estão gastando mais no isolamento social, diz estudo”* MÔNICA BERGAMO - *”No Sírio-Libanês, aventais coloridos são adotados em estratégia para evitar falta de equipamentos”* MÔNICA BERGAMO - *”Defensoria Pública de SP notifica hospitais que não permitem acompanhantes em partos”* MÔNICA BERGAMO - *”Editora doa 2 mil livros para cestas básicas direcionadas a comunidades”* MÔNICA BERGAMO - *”Título de capitalização terá recursos revertidos em equipamentos para AACD”*
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