quarta-feira, 1 de julho de 2020

Análise de Mídia 01/07



CAPA – Manchete principal: *”Falsidades em currículo tiram Decotelli do MEC após 5 dias”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”Recessão meteórica”*: Raras vezes uma recessão econômica pode ser tão rapidamente identificável como a que se instalou no país com a chegada do novo coronavírus. As certezas, no entanto, acabam aí. Estamos diante de um fenômeno que desafia definições e o conhecimento pretérito. O advento da recessão, com início no primeiro trimestre deste 2020, foi constatado na segunda-feira (29) pelo Codace, um comitê ligado à Fundação Getulio Vargas e dedicado à datação dos ciclos de alta e baixa da economia do país. O mesmo colegiado havia levado muito mais tempo —um ano e quatro meses— para apontar, no final de julho de 2015, que a atividade nacional vivia um processo de contração desde o segundo trimestre de 2014, a ser encerrado apenas em dezembro de 2016. Desta vez, os sinais iniciais da retração são óbvios como nunca. Para conter a Covid-19, o comércio literalmente fecha as portas; setores inteiros, como o aéreo e o de espetáculos artísticos, entram em colapso; a queda geral de rendimentos atinge em instantes todos os contratos e transações.
O endurecimento das restrições sanitárias em março bastou para provocar a redução de 1,5% do Produto Interno Bruto —medida da produção e da renda— no primeiro trimestre. Com o auge das quarentenas em abril, o PIB do segundo trimestre deve ter retração estimada em até assombrosos 10%. Em comparação, a gravíssima recessão de 2014-16 levou 11 trimestres para tirar 8,1% da economia; a de 1981-83, que detinha o posto de mais aguda já medida no Brasil, provocou uma perda de 8,5% ao longo de nove trimestres. Na apropriada imagem de um membro do Codace, a atividade foi atingida neste ano por um meteoro, com efeitos instantâneos e avassaladores. Em tese, isso significa que o ciclo de retração também pode terminar rapidamente. É possível, inclusive, que o PIB tenha parado de cair a partir de maio. Esteja ou não já encerrado o pior da provável maior hecatombe econômica documentada na história nacional, a duração de suas sequelas —como a aniquilação de 7,8 milhões de postos de trabalho— permanece uma incógnita. O ritmo da retomada do comércio e da indústria é incerto como o comportamento do coronavírus. Ainda mais quebrado, o setor público não terá como elevar investimentos. O gigantesco setor de serviços, que responde por quase três quartos do PIB brasileiro e apresenta maior imunidade a crises, agora foi profundamente atingido. Pior, o país se encaminha para o final de uma década inteira sem nenhum crescimento econômico, num sinal evidente de que suas deficiências e dificuldades vão muito além do combate à pandemia.
PAINEL - *”Coordenador do Ministério da Saúde diz que STF é 'ditador' e tira máscara do rosto em atos pró-Bolsonaro”*: Coordenador-geral de Gestão de Projetos de Saúde Digital do Ministério da Saúde desde março, o médico e militar da reserva Allan Quadros Garcês tem atacado agressivamente o STF nas redes sociais e em manifestações pró-Jair Bolsonaro (sem partido). Nelas, Garcês tem agido de modo contrário às recomendações da própria pasta na qual trabalha, participando de aglomerações sem uso de máscara ou com ela no queixo. No Twitter, Garcês chama o STF de ditador, ideológico e pelego. Descrito como bolsonarista fervoroso —para alguns, caricato—, Garcês escreveu em 21 de junho que havia chegado “a vez do povo resgatar a Constituição e reconquistar a sua democracia e liberdade, que foram roubadas”. No Twitter, convocou de maneira entusiasmada seus seguidores a aderirem aos atos contra um "judiciário pelego, autoritário, ideológico e ditador".E então publicou fotos e vídeos em manifestação no Distrito Federal em que aparece sem máscara, abraçando pessoas, inclusive. Garcês foi nomeado para um cargo de diretor no Ministério da Saúde em janeiro de 2019. Quando assumiu a Secretaria de Saúde de Roraima, em janeiro de 2020, titulares da pasta em outros estados brincavam sobre quanto tempo ele duraria no cargo. Ficou apenas 43 dias antes de ser exonerado pelo também bolsonarista Antonio Denarium (sem partido, deixou o PSL para se juntar à Aliança pelo Brasil que Bolsonaro tenta criar). Em 2019, na abertura da Conferência Nacional de Saúde, lançou bateria de provocações a um grupo na plateia que gritava “Lula Livre”. A atitude gerou desconforto nos debatedores e quase acabou em violência quando parte do grupo ofendido avançou em direção ao palco. Ele deixou o local protegido por um cordão de isolamento.
Em nota, o Ministério da Saúde confirma que Garcês é coordenador de projetos de informação digital. Garcês afirma que estava no “livre exercício de cidadania ao participar da manifestação, que usou máscara durante todo o período em que esteve no ato e a tirou para fazer uma fotografia, mantendo distanciamento adequado de outras pessoas”. Garcês diz que irá reavaliar as mensagens nas redes sociais, deixando clara sua posição em favor da democracia.
PAINEL - *”Gilmar Mendes indicou em decisões recentes ser contra foro em casos como o de Flávio Bolsonaro”*
PAINEL - *”Pressionado, Ernesto pede que Itamaraty reúna dados positivos de sua gestão”*
PAINEL - *”Para governo, Brasil não é caso isolado e China restringe outros países”*: O veto a frigoríficos pela China não é um ato isolado, segundo informações que chegam ao governo brasileiro. EUA, Argentina, União Europeia e Reino Unido também teriam sofrido restrições, e o palpite é que se trata de um gesto à política interna, culpando estrangeiros pela volta do coronavírus.
PAINEL - *”Força Sindical adota #UseAmarelo pela Democracia”*
*”Data da eleição municipal, horário estendido de votação e biometria levam a impasse no TSE”* - Além da indefinição da data da eleição municipal, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) enfrenta uma série de incertezas no planejamento da disputa deste ano. A corte já estuda descartar o uso da identificação por biometria, e a ampliação do horário de votação e a divisão de eleitores por faixa etária são decisões pendentes. O TSE busca formas de acelerar o processo de votação a fim de evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus. Uma das principais dificuldades para o tribunal, porém, pode ser resolvida nesta quarta-feira (30), quando a Câmara deverá votar o adiamento da eleição de outubro para novembro. Após uma semana de impasse, avançou a negociação de líderes do Congresso com prefeitos que queriam manter a data de 4 de outubro. A mudança do primeiro turno da eleição para 15 de novembro deverá ser respaldada pelos três quintos necessários (308 votos de 513) para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição), em votação em dois turnos. Assim, o TSE terá mais facilidade para planejar a logística de certificação e distribuição das mais de 500 mil urnas pelo país, além de ter clareza sobre prazos para definições importantes, como uso da biometria. A identificação biométrica representa um dos principais esforços da Justiça Eleitoral nos últimos anos, que teve de promover o cadastro de milhões de eleitores pelo Brasil para adequar a ferramenta usada no combate a fraudes e dirimir críticas sobre a suspeita das urnas eletrônicas. Na tentativa de tornar o processo de votação mais rápido e reduzir aglomerações, a corte estuda abrir mão até da identificação biométrica. A medida é cogitada porque o uso da biometria é mais demorado e pode gerar filas e aglomerações.
A retomada da assinatura do eleitor ao se identificar, porém, criaria dificuldade relacionada à higienização da caneta. As áreas técnica e sanitária do TSE estão debruçadas sobre o tema e a ideia da corte é ter uma definição a respeito até julho. Nas eleições de 2018, 87,3 milhões de eleitores já votaram com identificação biométrica —uso do dedo—, equivalente a 59,31% do eleitorado, em 2.793 municípios, quase metade das cidades brasileiras. Para 2020, 119,7 milhões estão aptos a votar com biometria. Estados como Sergipe, com 99,33%, e Piauí, com 99,21%, por exemplo, já estão avançados no cadastramento dos eleitores. Já grandes estados como São Paulo (70,39%) e Rio de Janeiro (59,3%) estão mais atrás. Outra medida estudada pelo TSE é ampliar o horário de votação, que atualmente é das 8h às 17h, para 12 ou 13 horas de votação. Uma dificuldade para isso seria a necessidade de aumentar a carga horária dos mesários, abrindo a possibilidade de ser feito um revezamento entre eles, o que poderia gerar mais filas. Ainda na tentativa de diminuir a circulação de eleitores por colégio, surgiu a ideia de criar horários específicos para cada faixa etária. O temor, nesse caso, seria com o aumento de abstenção, caso um eleitor vá até a seção eleitoral, seja vetado e não queira mais voltar. A medida impediria famílias de votarem em conjunto e, muitas vezes, pais e filhos não poderiam ir juntos votar. Em meio às discussões no TSE, os deputados apararam nesta terça-feira (30) as últimas arestas para votar a PEC que adia as eleições municipais. O texto, aprovado no Senado no último dia 23, enfrentava resistência na Câmara, principalmente como reflexo da pressão de prefeitos que buscam a reeleição. Como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, descartaram a prorrogação de mandatos, líderes de partidos do chamado centrão inicialmente eram contrários a mudanças no calendário. O centrão é formado por legendas como PP, PL e Republicanos que, juntos, representam a maioria da Câmara e que têm oferecido apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em troca de cargos. Essas siglas têm o controle de boa parte das prefeituras e avaliavam que uma campanha eleitoral mais curta elevaria a chance de reeleição. Sem o apoio das siglas, dificilmente a PEC seria bem-sucedida. Para viabilizar a votação, Maia e líderes partidários costuraram um acordo que envolve a prorrogação da transferência de recursos da União para municípios. Uma medida provisória garantiu que, de março a junho, prefeituras e governos estaduais não tivessem perdas no FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e no FPE (Fundo de Participação dos Estados). A MP reservou até R$ 16 bilhões para manter os repasses. Com as três primeiras parcelas, foram usados cerca de R$ 6 bilhões. A expectativa é que, com a última parcela, sobrem recursos.
A prorrogação da transferência foi uma contrapartida oferecida a prefeitos que buscam a reeleição. Congressistas defendem que não haveria custo adicional para prorrogar a medida até o fim do ano. Nesta terça-feira, Maia negou que a transferência faça parte de qualquer negociação para votar a PEC. "A discussão da [MP] 938 já estava sendo feita independentemente disso. O governo já estava negociando conosco qual a melhor forma de aplicação desses quase R$ 6 bilhões", disse. Segundo o deputado, a MP só não foi votada antes por falta de tempo. Maia também negou que o projeto no Senado que retoma a propaganda partidária gratuita faça parte de qualquer negociação da PEC. O presidente da Câmara afirmou que não há pressa para votar o projeto, do senador Jorginho Mello (PL-SC). "Isso só vai valer, se for aprovado for e se for sancionado, no próximo ano", afirmou. "Essa é uma demanda antiga de partidos." Líderes partidários afirmam que a discussão do projeto é secundária, embora seja uma demanda do centrão, que também tenta emplacar na negociação um abrandamento do texto do Senado que envolve a responsabilização de plataformas pela disseminação de fake news. O projeto é criticado pelo governo, por redes bolsonaristas e por especialistas, que veem prejuízo à liberdade de expressão. A intenção do centrão seria amenizar o texto na Câmara, como forma de agradar ao Planalto.
*”Em derrota do governo, Senado aprova projeto de lei sobre fake news; texto segue para a Câmara”* - Em uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro, o Senado aprovou nesta terça-feira (30) o projeto de lei sobre fake news por 44 votos a 32. Houve 2 abstenções. Agora, a proposta segue para a Câmara dos Deputados. Se for aprovado sem alterações, vai para sanção do presidente da República. O governo orientou seus aliados pelo voto contrário. Após longa negociação, os senadores votaram uma versão desidratada em relação ao que vinha sendo discutido. O projeto, relatado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), foi acelerado na esteira do inquérito que apura a divulgação de notícias falsas e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Uma CPI mista do Congresso investiga também a prática de fake news. O texto aprovado pelo Senado manteve a retirada de um ponto polêmico debatido pelos senadores nas últimas semanas: a exigência de documentos (como CPF, identidade e passaporte) e número de telefone celular para abertura de contas em redes sociais.
Pela proposta, a identificação dos usuários irá ocorrer sob responsabilidade das plataformas apenas em casos suspeitos. As plataformas devem, segundo o projeto, identificar os conteúdos impulsionados e publicitários cujo pagamento pela distribuição foi feito ao provedor de redes sociais. Os senadores aprovaram a exigência de guarda dos registros da cadeia de reencaminhamentos de mensagens no WhatsApp para que se possa identificar a origem de conteúdos ilícitos. O armazenamento de registros se dará apenas das mensagens que tenham sido reencaminhadas mais de cinco vezes, o que configuraria viralização. Os dados armazenados sobre a cadeia de encaminhamento só serão acessíveis por meio de ordem judicial e quando as mensagens atingiram mil ou mais usuários. Pelo projeto, ficaram proibidos o uso e a comercialização de ferramentas externas aos serviços de mensagens privadas e por eles não certificadas voltadas ao disparo em massa. A matéria isentou a disseminação de fake news de penalizações criminais, retirando da versão debatida o financiamento de redes de fake news das leis de organização criminosa e lavagem de dinheiro. O texto final ainda excluiu a obrigatoriedade das empresas de identificação prévia no uso de pseudônimos para a inscrição em redes sociais.​
Ficou de fora também um artigo sobre a remuneração por uso de conteúdos jornalísticos, artísticos e outros por redes sociais. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que o Palácio do Planalto procurou chegar a um texto de consenso. Segundo ele, no entanto, o projeto, da forma como ficou, é prejudicial aos investimentos no país, o que poderia causar prejuízos à economia. “O governo, embora reconheça o esforço feito, entende que a versão final não atende aos interesses nacionais”​, disse. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, foi um dos contrários ao projeto. ​ O relator Angelo Coronel entregou o texto aos senadores na noite desta segunda-feira (29). Foi a quarta versão do relatório elaborada pelo parlamentar em 11 dias, a fim de que se chegasse a um consenso para a apreciação. De acordo com o texto votado, o acesso aos dados de identificação somente poderá ocorrer para fins de constituição de prova em investigação criminal e em instrução processual penal, mediante ordem judicial.
As plataformas de redes sociais deverão ter sede e representante legal no Brasil, sem a obrigatoriedade de um banco de dados no país. A proposta estipulou que os serviços de mensagens devem suspender as contas de usuários cujos números forem desabilitados pelas operadoras de telefonia. A medida não se aplica aos casos em que as pessoas tenham solicitado a vinculação da conta para novo número de telefone. Pouco antes do início da votação, o relator ainda acatou novas alterações ao texto. Uma delas foi para reforçar que as medidas previstas atingirão apenas os números celulares cujos contratos forem rescindidos ou pelo usuário ou pela plataforma. Outra mudança garantiu o direito de resposta e a remoção imediata de conteúdos em situações graves como também de violação a direitos de crianças e adolescentes, que havia ficado de fora. Preconceitos por questões de raça, etnia e procedência nacional, orientação sexual e de gênero, origem e religião já estavam contemplados. O texto também prevê a aplicação de multa para as plataformas caso não cumpram as regras de identificação dos responsáveis pela disseminação de fake news. A punição, neste caso, pode chegar a até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil no seu último exercício. Poderá haver ainda suspensão das atividades. Os valores serão destinados ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
O líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), chegou a afirmar que a proposta traria perdas econômicas ao país ao limitar a atuação de redes sociais. O PSL também foi contrário.​ “Meu objetivo sempre foi vencer o anonimato. Não é admissível que a sociedade se veja refém daqueles que usam de perfis falsos para disseminar ameaças e mentiras. O anonimato é o caminho pelo qual crimes estão sendo cometidos nas redes sociais”, disse o relator, em defesa do projeto. O texto determina a criação de uma instituição de autorregulação das plataformas, que seria responsável por elaborar regras e adotar medidas como rotular e colocar advertências em conteúdo caracterizado como fake news. O projeto também diz que as contas de redes sociais de funcionários públicos, como ministros e secretários, e ocupantes de cargos eletivos serão consideradas de interesse público, tendo de respeitar os princípios da administração pública, além de listar regras de transparência para publicidade estatal, proibindo a veiculação em determinados sites que promovem a violência, por exemplo. Segundo o texto aprovado, as contas de detentores de mandatos, ministros e secretários não poderão bloquear o acesso de usuários às suas publicações. Para viabilizar a votação, o relator retirou toda a parte que tratava de eleições. Com isso, ficou de fora, por exemplo, a determinação para o pagamento de multa de até R$ 1 milhão a candidatos que se beneficiarem com propaganda com conteúdo manipulado para atacar os adversários durante as eleições.
Facebook, Google, Twitter e WhatsApp, em análise enviada a senadores, caracterizaram a legislação como "um projeto de coleta massiva de dados das pessoas resultando no aprofundamento da exclusão digital e pondo em risco a privacidade e segurança de milhares de cidadãos". O relatório foi estruturado sobre o projeto de lei do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). A proposta, caso aprovada pela Câmara e sancionada pelo presidente Bolsonaro, institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.Mesmo com as mudanças feitas poucas horas antes da votação, o projeto foi a plenário sem acordo. No começo da tarde desta terça havia cinco requerimentos para a retirada de pauta. Um grupo de senadores reivindicou a realização de audiências virtuais para debater a proposta, antes que ela fosse colocada em apreciação. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), por meio de um requerimento aprovado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), defendeu a retirada do projeto da pauta. Ele alegou que a proposta não tinha relação com a pandemia causada pelo novo coronavírus, que têm prioridade nas votações no Senado. O pedido foi negado por Alcolumbre. Ele afirmou que, apesar das divergências, a votação da matéria em plenário era urgente, devido aos ataques que são feitos em redes sociais. “O Senado dará um sinal claro na votação desta matéria, que estamos buscando conhecer e entender esse universo que precisa ser reconhecido de liberdade de expressão, mas que alguns criminosos usam para agredir a vida de milhares de brasileiros”, disse. O líder do MDB, Eduardo Braga (AM), alegou que o projeto não se trata de mordaça. “Quem quiser dar sua opinião que o faça, mas não atrás das máquinas de fake news que se instalaram no país. É preciso colocar um freio na pandemia de fake news."
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*”TSE decide buscar mais provas contra Bolsonaro em ação eleitoral”* - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu, nesta terça-feira (30) colher novas provas em uma ação eleitoral que pode levar o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão à cassação por crimes eleitorais. Por 4 a 3, a corte decidiu reabrir as investigações sobre o hackeamento, durante o pleito, de um grupo nas redes sociais que reunia 2,7 milhões de pessoas contra o atual chefe do Executivo. Após a invasão, o grupo passou a ter o nome “Mulheres COM Bolsonaro #17” e o então candidato publicou um agradecimento nas redes sociais. As coligações de Marina Silva (Rede) e de Guilherme Boulos (PSOL), então, entraram com uma representação no TSE e pediram a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por abuso de poder durante a campanha. Nesta terça, o julgamento foi retomado com o voto do ministro Alexandre de Moraes, que havia pedido vista no último dia 9. O magistrado ficou vencido ao acompanhar o relator, Og Fernandes, e o ministro Luís Felipe Salomão para arquivar o caso. A maioria dos ministros seguiu o voto do ministro Edson Fachin, que defendeu a necessidade de conceder aos autores das ações a possibilidade de buscar evidências ao caso.
O ministro decidiu deferir pedido feito pelos autores, que havia sido negado, sobre perícias cibernéticas da Polícia Federal e da Polícia Civil da Bahia, de onde partiu o ataque. "Extraio a possibilidade e a necessidade de atender ao direito de produção de prova pericial nos presentes autos, como elemento indispensável à pretensão dos investigantes de demonstrar ou não a existência de vínculo objetivo e subjetivo entre o perpetrador da conduta que ora se rotula abusiva e os investigados", afirmou o ministro. Último a votar, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que não seria incoerente o relator ter indeferido o pedido de produção de provas e, depois, a corte arquivar a ação por falta de provas. “Acho que a parte tinha direito de procurar provas da existência ou não de novos elementos para o caso”, disse. O ministro também criticou o discurso de que o hackeamento não seria motivo suficiente para abalar o equilíbrio eleitoral e não teria gravidade suficiente para cassar a chapa de Bolsonaro e Mourão. “Não é produzir um site e manifestar posição que queira, é invadir o site alheio e deturpar e desvirtuar a manifestação legítima que, na política, deve haver para todos os lados”, disse Barroso, antes de defender que não se pode admitir como razoável a invasão do grupo nas redes sociais.
O relator alegou que seu antecessor, ministro Jorge Mussi, que era o responsável pelo processo no início da tramitação, solicitou tanto à PF quanto à Polícia Civil na Bahia que encaminhassem informações sobre o hackeamento, o que não foi possível. “Foi solicitado, para instruir a ação, e a resposta que obtivemos foi um nada do ponto de vista da produção de provas e que em torno das quais não poderíamos nos valer. Houve, sim, a tentativa do corregedor que me antecedeu de aferir esses elementos”, disse. Os advogados de Bolsonaro negam autoria ou participação no hackeamento à página. A defesa argumentou, ainda, que, à época do ataque virtual, o presidente estava internado após ter sofrido um atentado à faca em Juiz de Fora (MG).
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*”Reprovação de Bolsonaro na crise é alta mesmo entre os que recebem auxílio”* - A reprovação do desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na crise do novo coronavírus é elevada mesmo entre os brasileiros que recebem o auxílio emergencial, de acordo com pesquisa Datafolha. A atuação de Bolsonaro é rejeitada por quase metade dos entrevistados, independentemente de terem recebido o benefício ou nem terem solicitado o pagamento. De acordo com os dados do Datafolha, entre os que pediram e já receberam pelo menos uma parcela do auxílio financeiro, 49% consideram o trabalho do presidente na crise da Covid-19 ruim ou péssimo. Para a população que não fez o pedido do benefício, a atuação é considerada ruim ou péssima por 51%. No grupo que recebeu o auxílio, 26% avaliam o desempenho como ótimo ou bom, e 24%, como regular. Cenário similar foi verificado entre os que nem sequer pediram o benefício: 27% classificaram como ótimo ou bom, e 22%, como regular. O auxílio emergencial, que começou a ser pago em abril, foi criado para atenuar a perda de renda de trabalhadores informais, MEIs (microempreendedores individuais), autônomos e desempregados afetados pelas medidas de isolamento social adotadas para tentar conter a transmissão do novo coronavírus. Inicialmente, o governo propôs um valor de R$ 200 por parcela (três, no total). Diante de articulação no Congresso para elevar o pagamento, Bolsonaro, então, decidiu que a ajuda seria de R$ 600 mensais, podendo chegar a R$ 1.200 para mãe chefe de família. O benefício foi definido em três parcelas.
Elaborado às pressas pelas áreas econômica e social do governo, o programa estimulou o debate para ampliação das ações de transferência de renda no país, reformulando o Bolsa Família e atendendo também a trabalhadores informais. Com o avanço da pandemia no Brasil, o governo anunciou nesta terça-feira (30) a prorrogação do auxílio emergencial por mais dois meses, mantendo o valor de R$ 600 mensais. Até o balanço mais recente divulgado pela Caixa, na sexta-feira (26), 64,1 milhões de brasileiros já haviam recebido o auxílio emergencial. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone na terça (23) e na quarta (24), às vésperas do início do pagamento da terceira parcela do benefício. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. A maioria do grupo que já recebeu pelo menos uma parcela do auxílio (61%) considera que Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda no combate ao coronavírus. Essa também foi a avaliação de 61% dos entrevistados que não pediram a ajuda financeira. Há novamente uma grande proximidade na proporção daqueles que acham que o presidente mais ajuda do que atrapalha na luta contra a Covid-19. Essa foi a opinião de 33% entre os que receberam o benefício emergencial e de 34% entre os que não pediram o pagamento. Com ou sem acesso ao benefício, a avaliação medida pelo Datafolha sobre a atuação do Ministério da Economia também se assemelha. Dos que receberam o auxílio ao menos uma vez, 32% disseram que a operação da pasta comandada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) durante a pandemia é ótima ou boa. No grupo que não pediu o dinheiro, essa foi a resposta de 34%. O trabalho do Ministério da Economia foi considerado ruim ou péssimo por 25% daqueles beneficiados pelo programa emergencial. Entre os que não tentaram acessar o auxílio, o índice foi de 26%.
Até sexta-feira, foram liberados e pagos pela Caixa R$ 90,8 bilhões. A expectativa é que, nas três primeiras parcelas, o total desembolsado pelo governo seja de aproximadamente R$ 151,5 bilhões. Em meio à discussão sobre a prorrogação do auxílio emergencial, a equipe econômica chegou a defender mais duas parcelas do benefício, no valor de R$ 300 cada uma. O próprio Jair Bolsonaro chegou a dizer que vetaria qualquer proposta para aumentar o repasse. Depois, no entanto, o governo cedeu. A cobertura do auxílio emergencial atende majoritariamente à população mais pobre. De acordo com a pesquisa do Datafolha, 80% dos que dizem ter recebido ao menos uma parcela têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.090). O benefício é pago principalmente à fatia da população mais vulnerável e com renda mais instável. Por exemplo: 24% não têm trabalho fixo (fazem bico e serviços esporádicos); 17% são desempregados; 17% são donas de casa; e 15% são autônomos. Em relação à distribuição do benefício no território nacional, o programa segue a linha da divisão da população no país. A maioria (61%) que teve acesso ao auxílio mora no interior. Além disso, 40% dos que receberam o recurso moram na região Sudeste, e 33%, no Nordeste.
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*”Governo anuncia mais dois meses de auxílio emergencial, mas não divulga calendário de pagamento”* - O governo confirmou nesta terça-feira (30) a prorrogação do auxílio emergencial. Serão liberados mais R$ 1.200 nos próximos dois meses. Não foi informado, porém, como será feito o pagamento. As prestações correspondem a pagamentos do benefício em julho e agosto, que somam R$ 1.200. O governo estuda dividir esse valor em mais de um pagamento mensal. O pagamento referente a junho começou a ser feito no último sábado e teve o saque escalonado até setembro, conforme a data de aniversário do beneficiário. O auxílio emergencial é pago a trabalhadores informais, autônomos, desempregados e microempreendedores individuais (MEIs), cuja renda foi reduzida durante as medidas de isolamento social para tentar conter a transmissão do novo coronavírus. O governo vinha sendo pressionado pelo Congresso a prorrogar o benefício, apesar do custo do programa emergencial. A estratégia adotada nesta terça foi estender o auxílio com o mesmo valor atual (R$ 600), sem precisar enviar um novo projeto para o Congresso —a aprovação legislativa seria necessária caso houvesse alteração no valor. A prorrogação será feita por decreto. Quem já teve o cadastro aprovado pelo governo estará automaticamente apto a receber a quarta e a quinta parcela. “Não há necessidade de se recadastrar”, informou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. O banco é responsável pelo pagamento do auxílio. Ele, porém, lembrou que o período para se cadastrar encerra em 2 de julho. Até o último balanço, 65 milhões de pessoas já tiveram o cadastro aprovado. Cerca de 1 milhão de pedidos ainda estão em análise. A decisão de manter o valor por mais dois meses é diferente daquela anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro Paulo Guedes (Economia) na última quinta-feira (25). Eles informaram em live que deveria haver uma prorrogação do auxílio por mais três meses em parcelas de R$ 500, R$ 400 e R$ 300. O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao lado de ministros e dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) disse que o governo, com a prorrogação, cumpre com determinação do Congresso de que pode haver uma extensão do benefício por ato do poder Executivo. “É o que o presidente está fazendo, para garantir por mais dois meses a continuidade de um programa que foi a grande rede de proteção que permitiu, junto ao BEM (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda), que preservássemos mais de 10 milhões de empregos formais e ao mesmo tempo entendêssemos essa rede de proteção a 65 milhões de brasileiros.” Em discurso, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o auxílio emergencial foi formulado com ajuda da Câmara e Senado, fazendo um afago ao Congresso. Segundo ele, o valor do benefício foi elevado para R$ 600 após o diálogo com parlamentares. Inicialmente, a ideia sugerida pelo ministro foi R$ 200 mensais. Num gesto político, Bolsonaro chamou Maia e Alcolumbre para o momento de assinatura do decreto que prorroga o programa emergencial. O decreto passa a valer logo após a publicação, sem precisar de aval do Congresso. Depois, em discurso, Bolsonaro afirmou ter a convicção que, se a medida fosse estendida por projeto de lei, o Congresso analisaria a proposta de forma célere. “Essa prorrogação em boa hora, via decreto, são mais duas prestações. E esperamos que ao final dela a economia já esteja reagindo para que nós voltemos à normalidade o mais rapidamente possível, obviamente sempre tomando cuidado com o nosso bem maior, a vida”, declarou Bolsonaro.
Em entrevista logo após a cerimônia, Maia falou sobre a possibilidade de fracionamento do valor. "O importante é que, durante os 30 dias, são R$ 600", disse. "Quando você fala em fracionamento, você pode gerar alguma certa insegurança para as pessoas e também em alguns casos, uma aglomeração de pessoas desnecessária na rede bancária." "Acho que o importante foi a decisão do governo, acho que a decisão correta, que o Parlamento autorizou na aprovação da lei do deputado Eduardo Barbosa relatada pelo deputado Marcelo Aro, que aprovou os R$ 600, autorizando o governo, pelo mesmo valor, prorrogar por decreto. É isso que está no decreto, porque é isso que manda a lei", afirmou. A lei que instituiu o auxílio concedeu ao Executivo a possibilidade de renovar o benefício se o valor concedido mensalmente for mantido. O pagamento de R$ 600 por mês foi concedido durante três meses (abril, maio e junho). O pagamento da parcela de junho, no entanto, tem calendário de saque que se estende até setembro. Guedes, no discurso, apresentou uma expectativa de que o país voltará a crescer apesar do tombo em 2020 e reafirmou o compromisso com o ajuste fiscal. “O fato de gastarmos muito neste ano não quer dizer que saímos do nosso trilho. Fomos apenas derrubados, mas temos a bússola na mão e vamos voltar par ao nosso curso”, afirmou. "No ano que vem, estamos de volta no nosso caminho de austeridade no sentido de responsabilidade pelas contas públicas", afirmou. O ministro disse que é necessário ainda acelerar as reformas. "O Brasil vai surpreender o mundo."
Para Guedes, em dois ou três meses o país terá uma perspectiva mais clara sobre a saída ou não da crise. "Teremos um horizonte bastante claro de se o Brasil vai ficar preso na pandemia e no desemprego e na miséria, como muita gente está dizendo que vai; ou se vai sair, como eu acho, mais rápido e surpreendendo outros países", disse. Ele afirmou que sua equipe está pensando em medidas como o imposto de renda negativo e no crédito para microempreendedores. Além disso, disse que deve ser lançado o programa da carteira de trabalho Verde e Amarela, com regras trabalhistas mais flexíveis afirmando que há 30 milhões de brasileiros que só querem o direito de trabalhar sem serem atrapalhados pelo governo. Ele comentou a saída de investidores no país e justificou que o movimento ocorre por causa da queda dos juros. "Já vão tarde. Não é o capital especulativo que nos serve, queremos investimentos diretos, recursos que virão para a mineração, petróleo, gás natural, cabotagem. Recursos que virão agora”, disse. Guedes procurou dar mais otimismo a seu discurso dizendo que o Congresso é reformista, indicando decisões favoráveis à agenda da equipe econômica. Ele citou que medidas tomadas para reduzir o Estado e o descontrole dos gastos públicos tiveram avanço antes da crise, como a reforma da Previdência.
+++ Mais uma vez, a oposição não teve espaço para se pronunciar.
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*”Pandemia aniquilou 7,8 milhões de postos de trabalho no Brasil”* - A pandemia da Covid-19 destruiu 7,8 milhões de postos de trabalho no Brasil até o mês de maio, informou nesta terça-feira (30) o IBGE. Isso fez com que a população ocupada tivesse caído 8,3% na comparação com o trimestre encerrado em fevereiro, indo para 85,9 milhões de pessoas. Pela primeira vez na história da Pnad Contínua, menos da metade das pessoas em idade para trabalhar está empregada. Isso nunca havia ocorrido antes na pesquisa, que teve início em 2012. Dentre os postos de trabalho perdidos, 5,8 milhões são de empregos informais, que somam os profissionais sem carteira assinada e por conta própria. A taxa de informalidade caiu de 40,6% para 37,6%, a menor da série que começou a ser contabilizada em 2016. Maio foi o segundo mês completo com medidas de isolamento social impostas em todo o país como forma de conter o avanço do Covid-19, o que vem afetando a economia brasileira. Especialistas já dizem que o Brasil vive depressão econômica. O primeiro óbito conhecido pelo novo coronavírus no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia. Em abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês. O impacto continuou em maio.
​Diante desse cenário, o desemprego alcançou 12,9% na comparação com o trimestre anterior, encerrado em fevereiro, quando marcou 11,6%. São 368 mil pessoas a mais na fila do emprego, que atinge 12,7 milhões. Com relação ao mesmo período do ano passado, a taxa de desocupação cresceu 0,6 ponto percentual. A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, relatou que a queda na população ocupada foi bastante rápida. "Isso é preocupante", apontou. O coordenador Cimar Azeredo definiu que comportamentos relativos à pandemia da Covid-19 fazem com que a taxa de desocupação não reflita necessariamente o retrato atual do mercado de trabalho no Brasil. "Existe um ruído no desemprego relacionado à pandemia. Por causa do distanciamento social, o medo de contrair o vírus, as pessoas optam por não se deslocarem para procurar emprego e entram para os desalentados, por exemplo", disse Azeredo. A população desalentada, pessoas que desistiram de procurar emprego, chegou a 5,4 milhões, um aumento de 15,3% em relação ao trimestre anterior e de 10,3% comparado a maio de 2019. Outros indicadores também bateram recordes na série, indicando condições piores de trabalho no Brasil após o início da pandemia. Os subutilizados —aqueles que estão empregados, mas gostariam de estar trabalhando por mais tempo— aumentou 4 pontos percentuais e alcançou 27,5%. São 30,4 milhões de brasileiros nessa situação, um acréscimo de 3,6 milhões na comparação com fevereiro.
Entre os empregados do setor privado, o nível chegou ao menor da série, com queda de 7,5%, ou menos 2,5 milhões de pessoas no mercado, totalizando 31,1 milhões. O número de trabalhadores domésticos também despencou 18,9%, ou menos 1,2 milhão de brasileiros ocupados no setor. Nesta segunda (29), dados do Caged mostraram que o mercado de trabalho brasileiro fechou mais 331,9 mil vagas com carteira assinada em maio. Desde o início das medidas de restrição da pandemia do coronavírus (em março), o total dos postos fechados chega a 1,4 milhão. Na semana passada, a primeira divulgação mensal da Pnad Covid-19, edição extraordinária da pesquisa do IBGE criada para medir os efeitos do novo coronavírus sobre a população e o mercado de trabalho, já havia mostrado que 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio. Outra indicação é que os brasileiros mais afetados pela doença são os pretos, pardos, pobres e sem estudo. Além de relatarem incidência maior dos sintomas da Covid-19, pessoas desses grupos também sentiram de maneira mais forte os impactos econômicos provocados pela pandemia, que fechou estabelecimentos e suspendeu operações industriais. Em paralelo aos impactos econômicos sentidos diretamente no aumento do desemprego, o Brasil vem acompanhando o Covid-19 se alastrar. Nesta segunda, o país registrou 727 novas mortes pela Covid-19 nesta segunda-feira (29), e 25.234 novos casos da doença. Com isso, o país atinge a marca de 58.385 óbitos causados pelo novo coronavírus e 1.370.488 registros da infecção.
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HELIO BELTRÃO - *”Uma briga boa”*
*”Um terço das maiores marcas devem suspender publicidade em mídia social, segundo pesquisa”* - Quase um terço das maiores marcas do planeta suspenderão sua publicidade em mídia social ou existe grande probabilidade de que o façam, de acordo com uma pesquisa entre os principais anunciantes que revela a escala da revolta que plataformas como o Facebook, Snapchat e o Twitter estão enfrentando. De acordo com a Federação Mundial de Anunciantes, uma organização setorial que congrega empresas responsáveis por 90% do investimento publicitário mundial, outros 41% dos respondentes ainda não tinham decidido se suspenderiam suas campanhas por causa do conteúdo divisivo e do discurso de ódio que é veiculado nessas plataformas. As informações reveladas pela pesquisa indicam que o boicote contra o Facebook e outras plataformas tem o potencial de se estender à maioria dos grandes anunciantes. A pesquisa envolveu 58 companhias afiliadas à federação, que respondem por mais de US$ 90 bilhões anuais em investimento publicitário em todo o mundo. “Com toda franqueza, a sensação é de que chegamos a um ponto de inflexão”, disse Stephan Loerke, presidente-executivo da federação. Ele antecipa que o movimento tenha impacto mais duradouro sobre as empresas do que o boicote de um mês de duração inicialmente lançado pela campanha #StopHateForProfit. “O que é notável é o número de marcas que estão dizendo que pretendem reavaliar suas estratégias de alocação de verba de mídia no futuro, e que exigem mudanças estruturais na maneira pela qual as plataformas tratam da intolerância racial, do discurso de ódio e do conteúdo nocivo”, ele acrescentou. Ainda que o Facebook gere mais de três quartos de sua receita com anúncios vendidos a pequenos e médios anunciantes, o boicote ao qual dezenas de marcas conhecidas aderiram representou um golpe pesado contra sua reputação, causando queda de 9% nos preços das ações da companhia esta semana. Os anunciantes que anunciaram suspensão de sua publicidade em mídia social incluem a Unilever, Verizon, Adidas, Starbucks, Coca-Cola, Ford e HP. Algumas marcas estão tomando parte de um boicote de um mês de duração ao Facebook, enquanto outras estão se afastando da mídia social de maneira mais ampla, por prazos de até seis meses. Na terça-feira, o grupo automobilístico alemão Volkswagen –que inclui as marcas Audi e Porsche– suspendeu todos os seus anúncios em todas as plataformas do Facebook. A SAP, a empresa de tecnologia europeia mais valiosa, anunciou que não reiniciaria a publicidade até que veja “um compromisso significativo e que envolva ações concretas para combater a difusão de discurso de ódio e do racismo” por parte do Facebook.
Depois da forte queda nos preços das ações do Facebook, Mark Zuckerberg, o presidente da companhia, anunciou na sexta-feira (26) planos para proibir a veiculação de anúncios que contenham discurso de ódio, e para proteger melhor contra ataques categorias como a dos imigrantes. Mas depois disso o boicote das grandes marcas ganhou impulso. Loerke disse que o setor publicitário estava em busca de mudanças mais fundamentais por todas as plataformas de mídia social. Elas incluiriam recursos para uso em múltiplas plataformas que permitam que anunciantes controlem melhor a colocação de sua publicidade, regras consistentes de classificação do conteúdo nocivo, e auditoria externa de dados relacionados. “Em todo o setor, a situação deixou de ser uma conversa reativa propelida pela mídia para se tornar uma preocupação proativa dos conselhos”, disse Loerke. “O debate está subindo dos técnicos de mídia para os [vice-presidentes de marketing] e também para os presidentes-executivos.” Na segunda-feira (29), o Facebook anunciou que se submeteria a uma auditoria conduzida pelo Media Ratings Council (MRC), um órgão de credenciamento de mídia, a fim de avaliar a qualidade da proteção que oferece a marcas contra posicionamento de sua publicidade ao lado de conteúdo nocivo, e sobre o grau de precisão com que os dados sobre isso são reportados.
O MRC também revisará as “normas de monetização de parceiros e conteúdo” da empresa, regras que marcas e influenciadores precisam seguir a fim de faturar dinheiro com seu conteúdo, disse o Facebook. Algumas pessoas no mundo do marketing continuam céticas sobre as motivações e o significado em longo prazo de um boicote que gerou cobertura de imprensa positiva para as grandes marcas participantes e ao mesmo tempo permitiu que reduzissem seus orçamentos de publicidade, em um momento no qual elas sofrem pressão por conta da pandemia. “O racismo não será resolvido em 30 dias –essas empresas precisam contemplar com mais atenção os seus conselhos e o papel das mulheres e das pessoas não brancas em suas organizações”, disse Greg Paull, um dos fundadores da consultoria de marketing R3 Worldwide. “O Facebook tem oito milhões de anunciantes e a realidade é que os 100 maiores deles respondem por menos de 20% da receita publicitária da companhia. O impacto financeiro será muito inferior ao declínio na capitalização de mercado da empresa”.
*”Cade libera pagamento via WhatsApp, mas volta do serviço depende de Banco Central”*
*”Decotelli deixa MEC após revelações de falsidades em currículo”*

+++ Estranho é que o governo federal já não soubesse da fraude no currículode Decotelli quando ele assumiu a direção do FNDE.
*”Ciclone bomba traz vendavais para Sudeste e Centro-Oeste”*
*”Maioria dos diretores afirma que professores não estão preparados para volta às aulas”* - A maioria dos diretores de escolas brasileiras avalia que os professores não estão preparados para a volta às aulas presenciais, que foram interrompidas pela pandemia do novo coronavírus. Para 57,6% dos diretores de escolas públicas e particulares, as equipes não estão prontas para retomar as atividades presenciais por causa da infraestrutura das unidades, da defasagem de aprendizado pelo ensino remoto, da adaptação às novas regras de isolamento e dos impactos emocionais da quarentena. Os dados são de pesquisa feita pela Nova Escola com 9.500 professores —367 deles gestores escolares — da educação básica (da educação infantil ao ensino médio) de todos os estados brasileiros. Ainda com avanço de casos de coronavírus no país, os estados estudam a retomada das aulas presenciais. Nenhum deles estabeleceu um prazo fixo, mas professores e pais dizem não sentir segurança para a volta. Pesquisa do instituto Datafolha mostrou que 76% da população acha que as escolas devem continuar fechadas nos próximos dois meses. “Quem está no dia a dia com os alunos está enfrentando uma série de desafios com o ensino remoto e sabe que eles não irão desaparecer com a volta às aulas. Na verdade, terão ainda outras questões resultantes da pandemia para lidar”, disse Ana Lígia Scachetti, gerente de conteúdo da Nova Escola.
Segundo a pesquisa, 30% dos professores consideram que o ensino remoto está sendo péssimo ou ruim e 33%, razoável. Além disso, 44,9% deles dizem que poucos alunos estão acompanhando as atividades a distância. Os dados ainda mostram a diferença entre as redes e etapas de ensino. Enquanto na rede privada 59% dos docentes dizem registrar a participação da maioria de seus alunos nas aulas remotas, na rede pública o número cai para 32%. Nos anos iniciais do fundamental (do 1º ao 5º ano), 47% dos professores dizem que a maioria acompanha as aulas. Nos anos finais (do 6º ao 9º ano) e no ensino médio, o índice cai para 38%. A menor participação é na educação infantil, de 28%. “O dado da participação confirma o principal temor dos professores, que é a defasagem dos alunos. Como a maioria não conseguiu participar das aulas remotas nesses três meses, eles terão que lidar com turmas muito heterogêneas”, diz Scachetti. Professora da rede municipal de Taubaté, Ana Paula Oliveira, 48, conta que, na sala de 5º ano em que dá aula, apenas uma aluna dos 29 da turma fez todas as atividades propostas. “Eles não estão acompanhando porque não querem, mas por não terem condições. Por não terem um celular ou internet ou porque o ambiente domiciliar não permite”, diz. Ela diz sentir muita saudade dos alunos e que gostaria de retomar as aulas para que eles voltassem a aprender, mas teme pela segurança das crianças. “Sei o quanto a escola é importante para eles, não só pelo aprendizado. É o lugar onde tem uma refeição completa garantida, onde eles contam sobre os problemas de casa, recebem amor, mas não podemos apressar a volta até que seja seguro”, afirma. A pesquisa mostra que os professores se sentem pouco preparados para lidar com os traumas que os alunos podem ter vivido durante a pandemia, como a morte de familiares, o desemprego dos pais e violência doméstica. Os desafios também são vividos pelos docentes. Os dados mostram que 28% dos professores avaliam que sua saúde mental está péssima ou ruim durante a pandemia. Uma pesquisa feita pelo Instituto Península também mostrou que 55,2% dos docentes gostariam de receber apoio psicológico para auxiliar os alunos. “As crianças estão vivendo um momento muito difícil e não vamos poder acolhê-las da forma como sabemos fazer, abraçando, ficando próximo dos alunos. A escola vai ser diferente e tenho medo de que se torne um ambiente opressor com todas as novas regras que teremos de ter”, conta Alda Lúcia Carvalho, 49, professora de educação infantil em Rio das Pedras, no interior de São Paulo. Ela diz que tema precisar ficar todo o tempo chamando a atenção das crianças para que não tirem as máscaras, lavem as mãos ou não encostem nos colegas. Por isso, também diz não sentir segurança no retorno das aulas. “Tenho medo que elas não se sintam bem, que fiquem estressadas”.
Para Angela Di Paolo, doutora em psicologia escolar e professora do Instituto Singularidades, o retorno às aulas presenciais terá de contar com estratégias para que os professores se sintam seguros física e psicologicamente para que possam acolher os estudantes. Por isso, ela defende que a decisão de reabertura não deve ser imposta por governadores ou prefeitos. “A aprendizagem depende de um ambiente seguro. Se os professores não sentirem segurança, não vão transmitir isso aos alunos, que consequentemente não conseguirão aprender. A sensação de segurança não se impõe, se conquista. Por isso, a volta precisará ser acordada, conversada”, disse. Em alguns estados, como em São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e Bahia, sindicatos de docentes já anunciaram que poderão fazer greve caso tenham que retornar às escolas sem que se sintam seguros com os protocolos de saúde. Eles também cobram ações do Ministério da Educação para apoiar financeiramente estado e municípios a preparar as unidades para a volta dos alunos. O governo Bolsonaro não destinou ou anunciou nenhum novo recurso para educação durante a pandemia. Até o momento, só foram feitos os repasses já previstos para apoio pedagógico e merenda. Para Luciene Tognetta, doutora em psicologia escolar pela USP, as escolas deveriam receber, além de recursos para a estrutura física, apoio pedagógico e psicológico para lidar com os novos desafios que os alunos trarão após a pandemia. “Os professores precisarão de preparo para lidar com todas as questões emocionais que surgiram nesse período e também para que elaborem novas estratégias de ensino, que considerem a heterogeneidade das turmas”, diz.
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*”Falas de Bolsonaro contra isolamento podem ter matado mais seus eleitores, aponta estudo”* - O discurso negacionista do presidente Jair Bolsonaro na epidemia do coronavírus pode ter contribuído para matar principalmente seus eleitores. Em praticamente todas as ocasiões em que o presidente minimizou a pandemia, a taxa de isolamento social no Brasil diminuiu —e mais pessoas morreram, proporcionalmente, nos municípios que mais votaram em Bolsonaro em 2018. A conclusão é do estudo “Ideologia, isolamento e morte: uma análise dos efeitos do bolsonarismo na pandemia de Covid-19”, de quatro pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de São Paulo. O trabalho sustenta que a votação do presidente no primeiro turno, por município, tem correlação negativa com a taxa de isolamento; e correlação positiva com mortes por Covid-19.
Em resumo, onde Bolsonaro teve mais votos, o isolamento tem sido menor —e o número de óbitos, maior. “É como se, com seu discurso, Bolsonaro tivesse levado seus eleitores ao abatedouro”, diz um dos autores do trabalho, Ivan Filipe Fernandes, doutor em Ciência Política pela USP e professor da UFABC. “Não conseguimos estimar quantas pessoas morreram a mais por conta das falas do presidente, mas certamente teríamos menos óbitos, principalmente entre seus apoiadores, se ele tivesse agido de forma diferente." A pesquisa levou em conta as ocasiões em que Bolsonaro fez afirmações contrárias à ameaça da Covid-19 (como quando falou em “gripezinha”) e seus efeitos sobre o isolamento social, monitorado a partir dos dados de georrefenciamento de telefones celulares captados em todos os estados pela empresa Inloco. A cada vez que Bolsonaro minimizou a pandemia, foram registradas quedas significativas nas taxas de isolamento social em todos os estados —sem exceção. Esses resultados foram cruzados com a votação do presidente no primeiro turno de 2018 e com o número de mortes acumuladas por município, revelando que os óbitos foram maiores onde o presidente conquistou mais votos. Para reforçar os achados, além dos votos no presidente em 2018, o levantamento analisou os efeitos diretos sobre mortes das votações de José Serra (PSDB), em 2010, e Aécio Neves (PSDB), em 2014. Mas a correlação positiva só foi encontrada em relação à eleição de dois anos atrás que levou Bolsonaro à presidência.
Um cruzamento adicional mostra ainda que a adesão ao isolamento social foi menor nos municípios em que o presidente teve votações mais expressivas. As conclusões de Ivan Fernandes e seus colegas no trabalho —ainda não publicado em revista de referência, nem submetido a revisão por pares— são reforçadas por um outro levantamento realizado pelo cientista político Carlos Pereira, professor da FGV. Em suas pesquisas, Pereira constatou que o apoio ao isolamento social diminuiu entre os eleitores identificados como de direita à medida em que a epidemia foi se tornando mais grave no Brasil. Numa primeira rodada de entrevistas com esse tipo de eleitor, entre o fim de março e o começo de abril, 59% apoiavam o isolamento para combater a expansão da epidemia. Em uma segunda vez em que os eleitores de direita foram questionados, entre o fim de maio e o começo de junho (após a maioria das declarações do presidente), o apoio ao isolamento havia caído para 41%. Pereira afirma que há dois tipos de eleitores de direita identificados com Bolsonaro: 1) os identitários, mais coesos e que apoiam o discurso conservador do presidente; e 2) os pragmáticos, circunstancialmente favoráveis desde que sejam tocadas as agendas econômica e de combate à corrupção. “É sobretudo entre os identitários que figuram os eleitores mais propensos a negligenciar o isolamento social”, diz o cientista político. Segundo Pereira, o impacto substantivo de ser conservador é maior até que o medo da morte entre esses eleitores. "Ter proximidade com alguém que morreu por Covid-19 reduz em torno de 20% as chances do eleitor de direita votar em Bolsonaro. Mas possuir a identidade conservadora com o presidente pode garantir quase 90% de apoio desse eleitor à sua reeleição em 2022.”​
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MÔNICA BERGAMO - *”Não quero e não tenho o que delatar, diz Queiroz a advogado”*: O advogado Paulo Catta Preta questionou Fabrício Queiroz sobre a informação de que ele estaria negociando um acordo de delação premiada com os investigadores do escândalo da rachadinha. “Doutor, eu não quero delatar e não tenho o que delatar”, respondeu o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, segundo o defensor. A informação de que uma delação estaria a caminho foi divulgada na semana passada —quando Catta Preta, que é contra acordos de colaboração, disse não ter conhecimento de nada. Na segunda (29), porém, ele esteve na prisão com Queiroz e afirma que o questionou com clareza. “Disse a ele que, se fosse essa a opção, eu teria que sair do caso e indicar outro advogado. E ele me respondeu que era o contrário”, diz o Catta Preta. “Eu estou seguro com o que ele me disse. Não teria por que mentir”, afirma o defensor. “Se quisesse fazer delação, ele teria que eticamente me comunicar.” Ele afirma também não acreditar em uma conversa direta de Queiroz com policiais ou procuradores, sem o seu conhecimento. “A lei diz que qualquer contato [com um possível delator] sem a presença de defensores é nulo e irregular”, diz.
MÔNICA BERGAMO - *”Rosa Weber nega liminar a jovem acusado de furtar dois shampoos de R$ 10”*: A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou liminar a um jovem que furtou dois shampoos, de R$ 10 cada um, para que cumprisse penas alternativas. Ele já tinha sido flagrado em outros furtos. O caso tramita também no STJ (Superior Tribunal de Justiça), que deve apreciar seu mérito. O jovem é representado pelo advogado Luis Felipe Eiras e pelo o estudante de direito Gustavo Neto Altman.
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MÔNICA BERGAMO - *”Escritor e dramaturgo Antônio Bivar está internado com coronavírus”*
MÔNICA BERGAMO - *”Empregos na saúde crescem durante pandemia, mas setor teme fechamento de hospitais”*
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MÔNICA BERGAMO - *”Cartórios de SP passam a regularizar CPF para o auxílio emergencial do governo”*
MÔNICA BERGAMO - *”Deputada quer tornar obrigatório fornecimento de kits de proteção por serviços de entrega”*
MÔNICA BERGAMO - *”'Quem tem orgulho levanta a mão', escreve Nanda Costa, que posa com brinco escrito 'sapatão'”*
MÔNICA BERGAMO - *”Racismo e representatividade no audiovisual serão abordados em live”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Na pandemia, número de desempregados passa o de empregados”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Um rombo como herança”*: Uma péssima herança estará à espera de quem assumir a Presidência em 2023. Sua tarefa mais urgente será cuidar de um enorme buraco nas contas públicas e administrar uma dívida próxima de 100% do Produto Interno Bruto (PIB). Além de matar dezenas de milhares de pessoas e jogar a economia num buraco, a covid-19 pôs em xeque uma das principais ambições da equipe econômica: fechar o atual mandato com as finanças oficiais bem mais arrumadas. Daí o empenho em retomar o trabalho, em janeiro de 2021, limpando os escombros deste ano. Será um trabalhão, como se vê pelo último balanço do setor público: o déficit primário saltou de R$ 13 bilhões em maio de 2019 para R$ 131,4 bilhões um ano depois, segundo informe do Banco Central (BC). Com um rombo de R$ 127,1 bilhões, o governo central foi responsável pela maior parte do déficit primário do setor público em maio deste ano. O resultado primário é calculado sem o serviço da dívida. Houve aumento de gastos para o combate à pandemia e para ajuda a empresas e trabalhadores. Além disso, a arrecadação de tributos foi prejudicada pela redução da atividade, muito sensível a partir de abril, e pelo diferimento de algumas cobranças. Segundo o Tesouro, a receita líquida, de R$ 54 bilhões, foi 41,6% menor que a de um ano antes, descontada a inflação. Pelo mesmo critério, a despesa total, de R$ 180,6 bilhões, foi 68% maior que a de maio de 2019.
Como é recente o impacto econômico da pandemia, o efeito nos valores acumulados num período mais longo é bem menos perceptível. Em 12 meses o déficit primário do governo central chegou a R$ 300,5 bilhões, pelos critérios do Tesouro. Segundo esse padrão, o saldo primário é simplesmente a diferença entre receitas e despesas não financeiras. Nas contas publicadas pelo BC, o saldo corresponde à necessidade de financiamento. Nessa perspectiva, o déficit primário do governo central em 12 meses bateu num valor pouco diferente: R$ 298,5 bilhões. Por qualquer dos critérios, o buraco nas contas do governo central, no fim do ano, será muito diferente dos R$ 124,1 bilhões estimados até o começo de 2020. Provavelmente ultrapassará R$ 600 bilhões, segundo as novas projeções do Tesouro, e o resultado ainda será bem pior se novos gastos forem acrescentados às despesas emergenciais programadas até agora. O quadro desenhado pelo BC é mais amplo. Inclui também as contas de governos de Estados e municípios e de estatais (sem Petrobrás e Eletrobrás). Assim calculado, o déficit primário do setor público atingiu R$ 131,4 bilhões em maio, R$ 214 bilhões no ano e R$ 282,8 bilhões em 12 meses. Somados os juros, chegase ao chamado déficit nominal, um rombo de R$ 140,4 bilhões no mês, R$ 366,1 bilhões no ano e R$ 638,6 bilhões em 12 meses (8,8% do PIB).
Com o rombo cresce também o endividamento. Em maio a dívida bruta do governo geral (três níveis, mais INSS) chegou a R$ 5,9 trilhões, soma equivalente a 81,9% do PIB. Em abril a relação era de 79,8%, ligeiramente inferior ao limite (80%) fixado pelo governo em seu plano para o ano. As novas estimativas indicam resultados entre 95% e 100% no fim de 2020, se nada mais grave ocorrer. A porcentagem ficará uns 30 pontos acima daquela estimada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a média dos países emergentes e em desenvolvimento. Se o desajuste for muito além dos planos atuais, o governo poderá encerrar o próximo mandato sem ter conseguido um ano de superávit primário, segundo o Tesouro. Não sobrará dinheiro nos próximos seis anos, portanto, para o pagamento de juros. Pior: sem um claro compromisso de ajuste, o mercado cobrará mais para financiar o Tesouro. Além disso, com juros mais altos será mais difícil a recuperação econômica. Pelas atuais projeções do mercado, 2023, primeiro ano do novo mandato, ainda terminará com déficit primário de 1% do PIB. Por volta de 10 de abril ainda se admitia um equilíbrio. Será fácil agravar esse quadro, se o populismo e alianças políticas dispendiosas derrotarem a aritmética e a responsabilidade.
*”Penduricalho a militares custa R$ 26 bi em 5 anos”* - O reajuste de até 73% na bonificação salarial concedida aos militares das Forças Armadas que fazem cursos ao longo da carreira custará R$ 26,54 bilhões em cincos anos. Chamado de “adicional de habilitação”, o “penduricalho” será incorporado na folha de pagamento de julho dos militares, com impacto de R$ 1,3 bilhão neste ano, em plena pandemia do novo coronavírus, de acordo com nota técnica do Ministério da Economia e dados do Ministério da Defesa, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Na prática, o gasto anual com o pagamento dessa bonificação no soldo dos militares crescerá ano a ano, como antecipou o Estadão, e em 2024 já estará em R$ 8,14 bilhões. O reajuste do adicional foi aprovado com a reforma da Previdência dos militares, no fim do ano passado. Os críticos argumentam que o benefício deveria ter sido suspenso até dezembro de 2021, junto com o congelamento dos reajustes salariais dos servidores civis, aprovado pelo Congresso com o socorro de R$ 120 bilhões aos Estados e municípios. A ideia do congelamento – uma contrapartida do setor público aos cortes salariais no setor privado – foi do ministro da Economia, Paulo Guedes. Quase 12 milhões de trabalhadores da iniciativa privada foram atingidos durante a pandemia com a tesourada nos salários e suspensão de contratos. Os ministros militares do governo Jair Bolsonaro, porém, trataram de negociar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a “blindagem” das Forças Armadas. Desde o início do governo, Bolsonaro tem protegido as carreiras militares.
O bônus será concedido no momento em que Bolsonaro enfrenta uma sucessão de crises e busca ampliar sua base de apoio, composta por militares, policiais, evangélicos, ruralistas e, agora, políticos do Centrão. Ocorre também em um cenário de dificuldades do governo para prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600 à população mais afetada pelos efeitos da pandemia da covid-19 na economia. A área econômica anunciou ontem a extensão do benefício por dois meses, mas o repasse deverá ser feito em várias etapas. Os militares se converteram numa espécie de esteio de Bolsonaro, que tem o mandato ameaçado por denúncias de crime de responsabilidade apresentadas no Congresso, um inquérito por acusação de interferência na Polícia Federal tramitando no Supremo Tribunal Federal, além do julgamento de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Oficiais das Forças Armadas comandam 10 dos 23 ministérios e são maioria no Palácio do Planalto, de onde atuam, nos bastidores, na articulação com o Legislativo e o Judiciário, além dos órgãos de controle. Hoje, os maiores salários brutos entre os 381 mil militares em geral são do general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e do almirante Bento Albuquerque (Minas e Energia). Em março, último pagamento publicado pelo governo, eles receberam, respectivamente, R$ 51.026,06 e R$ 50.756,51, conforme o Portal da Transparência. Os valores, no entanto, caem na regra do abate-teto, pela qual ninguém pode ganhar mais do que um ministro do Supremo, que recebe R$ 39,2 mil.
Mudança. Lotado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o major-brigadeiro Ary Soares Mesquita, secretário de Assuntos de Defesa e Segurança Nacional, ganha o terceiro maior salário do setor militar. Ele tem vencimento bruto de R$ 40.992,66. Os generais da ativa e da reserva do governo também serão beneficiados com o reajuste no penduricalho, mas o valor deve ser “engolido” pelo abate-teto. A situação pode mudar em breve. Em abril, a Advocacia Geral da União (AGU) emitiu parecer no qual considera que, para os militares, a regra do abate-teto incidirá sobre cada um dos vencimentos acumulados, e não mais sobre o somatório deles. Ou seja, se um militar recebe R$ 20 mil das Forças Armadas e R$ 39,2 mil do Executivo, ele poderá embolsar R$ 59,2 mil por mês, uma vez que cada uma das rendas não ultrapassa o teto. A manobra, revelada pela revista Época, não é aplicada por enquanto em razão da pandemia. De acordo com nota técnica do Ministério da Economia, as alterações promovidas no “adicional de habilitação” dos militares terão impacto de R$ 1,3 bilhão até o fim do ano. O dinheiro foi preservado em reserva específica do Orçamento. Além de subir a despesa por causa desse adicional, o governo já tinha gasto R$ 441 milhões a mais por causa das mudanças na reforma dos militares. O motivo apontado foi o de que dobrou a ajuda de custo na passagem do militar para a inatividade.
Mais benesses. O “adicional de habilitação” foi criado ainda na gestão de Fernando Henrique Cardoso e é dado para quem fez cursos ao longo da carreira. O valor era o mesmo desde 2001. No ano passado, Bolsonaro autorizou o reajuste para até 73% sobre o soldo, em quatro etapas. Na primeira delas, o penduricalho para quem fez “curso de altos estudos”, por exemplo, subirá a partir de julho de 30% para até 42% sobre o valor da remuneração. O aumento vale para militares da ativa e da reserva, que pressionaram para receber. Um outro adicional criado por Bolsonaro, o de disponibilidade militar, tem impacto previsto de R$ 2,7 bilhões por ano. Esse penduricalho não existia antes e engorda o salário em até 41%. Na outra ponta, a ajuda de custo na passagem para a reserva dobrou, quando havia sido projetada para atingir cerca R$ 300 milhões anuais, abaixo dos R$ 441 milhões já registrados em 2020, conforme o documento do Ministério da Economia. A mesma lei que reajustou o “adicional de habilitação” abriu a possibilidade de contratação de militares inativos para exercerem tarefas em outros órgãos da administração pública, com um adicional de 30% da remuneração na aposentadoria. A medida tem sido criticada por facilitar a chamada militarização do serviço público na gestão Bolsonaro. O governo não informa quantos militares da reserva ocupam cargos civis no governo. O Estadão mostrou que militares da ativa no Executivo já são 2,9 mil.
*”Defesa afirma que reestruturação de carreira é sustentável”* - O Ministério da Defesa informou que a reestruturação das carreiras é “autossustentável e autofinanciável”. Segundo a Defesa, a economia líquida estimada com a aplicação da nova lei é de R$ 10,45 bilhões em dez anos, já computado o impacto do adicional de habilitação militar, que será de R$ 1,3 bilhão, levando-se em consideração a alteração prevista para a partir deste mês. Antes do envio da reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitou que os militares ficassem de fora da proposta. Um projeto de reforma foi enviado depois, com aumento de despesas por causa da reestruturação das carreiras, o que acabou consumido boa parte da economia com o aumento da contribuição para a aposentadoria. O Ministério da Economia argumentou, por sua vez, que apenas que a Secretaria de Orçamento Federal examina metodologia de projeção e classificação das despesas obrigatórias de pessoal, a partir de informações e cálculos fornecidos pelos órgãos. Segundo a pasta, o valor de R$ 1,3 bilhão consta do planejamento orçamentário deste ano.
*”Pasta cobra R$ 29 mi por Memorial da Anistia”* - O governo federal vai cobrar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o ressarcimento aos cofres público de R$ 28,8 milhões referentes ao valor repassado para a instituição construir um Memorial da Anistia Política do Brasil. A prestação de contras foi reprovada e a obra, iniciada há mais de uma década, até hoje não foi finalizada. Planejado para homenagear as vítimas de um dos períodos mais violentos da história recente do País, o Memorial da Anistia já passou até agora por seis aditivos contratuais. O orçamento da obra saltou de R$ 5,1 milhões, em 2009, para R$ 28,8 milhões em 2018, em valores corrigidos. Relatório técnico da Divisão de Convênios e Projetos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ao qual o Estadão teve acesso, assinado no dia 23 de junho, concluiu que a UFMG não entregou “nenhum dos resultados previstos” no projeto.Procurada ontem, a universidade informou que, até o momento, não recebeu qualquer parecer do ministério relativo ao memorial. E, “por desconhecer a existência ou conteúdo do documento, não tem como se manifestar sobre o mesmo”. O governo deve encaminhar hoje uma guia de recolhimento para que a UFMG arque com os prejuízos causados aos cofres públicos pela obra inacabada. A cobrança é administrativa, não passa pela Justiça e não tem relação com a investigação da Polícia Federal sobre a obra. “A atual reitora vai ser notificada. Vamos buscar ressarcimento ao erário com valores atualizados”, afirmou ao Estadão o assessor especial da Comissão de Anistia, Marco Pereira de Carvalho. A obra foi iniciada em 2009, dentro do câmpus da UFMG no bairro Santo Antônio, zona sul de Belo Horizonte. Sua realização era uma promessa do Brasil com a Corte Interamericana de Direitos Humanos, pelo período de mais de duas décadas de ditadura. O projeto foi financiado pelo Ministério da Justiça durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e executado pela universidade federal.
Caso a instituição não aceite pagar a multa milionária, a área técnica do governo sugere que a universidade passe por uma Tomada de Contas Especial, em que poderá ser apurada a responsabilidade individual de cada gestor. O relatório do governo afirma que, no local onde deveria estar funcionando o memorial, “existe apenas um prédio administrativo inacabado e um edifício histórico amparado por escoras metálicas”. O documento informa, ainda, que “não houve o cumprimento do objeto pactuado, por parte da UFMG, tanto em relação à obra quanto em relação à produção de uma exposição de longa duração na sede do memorial”. Por esse motivo, o ministério comandando por Damares Alves pede a reprovação integral da prestação de contas do termo de cooperação firmado com a instituição para a construção do memorial. Os técnicos apontaram indícios de falhas graves nos procedimentos que permeiam todas as fases do projeto, conforme também apurado pela Controladoria-Geral da União (CGU), pela equipe de Engenharia do Ministério da Justiça, pela Consultoria Jurídica, bem como pela Polícia Federal. Assinam o documento Elton Sampaio Carlota, analista técnico de Políticas Sociais, e Elaine Cristina Guedes Della Nina, coordenadora geralda Comissão de Anistia. Ambos vinculados à pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em 13 de agosto de 2019, a ministra Damares Alves esteve no câmpus da UFMG, em Belo Horizonte, e recebeu da reitora da instituição, Sandra Goulart Almeida, cópias das prestações de contas da construção do memorial. Os mesmos documentos já haviam sido encaminhados ao Ministério da Justiça. Na ocasião, a universidade havia divulgado uma nota informando que “80% das obras do anexo e da praça comunitária estavam concluídas”. Em dezembro do ano passado, a PF indiciou criminalmente 11 investigados da Operação Esperança Equilibrista por supostas fraudes e desvios na construção do memorial.
‘Legalidade’. A UFMG repetiu ontem, em nota, o que vem dizendo em sua defesa sobre esse assunto. “Conforme reiterado em outras oportunidades, à UFMG coube a execução do projeto do Memorial da Anistia, seguindo de forma estrita regras, cronograma de execução financeira e critérios de avaliação estabelecidos pelo Ministério da Justiça.” “Além de primar pela excelência no ensino, pesquisa e extensão, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se conduz com rigorosa observância da legalidade e transparência, sempre atendendo prontamente aos órgãos de controle e demais autoridades públicas”, afirmou a instituição.
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*”Classe média chilena está mais perto da pobreza”* - Durante mais de três décadas de bonança no Chile, a classe média se tornou grande, mas nunca forte. Dívidas para completar os estudos, pagar planos de saúde e garantir aposentadorias privadas a tornaram tão frágil que, em três meses de pandemia, muitos chilenos terminarão na pobreza. Os protestos de outubro de 2019 – motivados precisamente pelo descontentamento da classe média – reduziram a renda de muitos pequenos empresários e profissionais e quando a maioria começava a se recuperar o novo coronavírus chegou em março. Com um alto nível de endividamento, facilitado por um acesso flexível ao crédito e sem auxílio estatal, estima-se que uma fração significativa da classe média chilena cairá na pobreza, em razão da pandemia. Outra parcela significativa ficará em uma situação vulnerável. “Os 10% mais ricos são o único setor relativamente blindado no Chile”, diz o vice-diretor do Centro de Estudos de Conflitos e Coesão Social (Coes) e professor da Universidade do Chile, Dante Contreras. Ele calcula que a pobreza aumentará de 9% para 15%. A Renda Familiar de Emergência criada para a crise foi pensada para as famílias com renda de até 400.000 pesos (R$ 2.660), que representam apenas 34% das famílias chilenas. Deixa de fora toda classe média, o equivalente a quase metade da população chilena de 18 milhões de habitantes. Embora no Chile não exista uma definição padrão da classe média, existe um consenso sobre sua fragilidade. “O que se observa no Chile é uma alta flutuação na renda das famílias. As que deixam a pobreza e as que retornam à pobreza. E essa é uma foto da alta fragilidade que torna muito difícil para as famílias tomarem decisões de longo prazo”, acrescenta Contreras.
Pablo Martínez, de 44 anos, é um reflexo vivo dessa precariedade. Em pouco mais de um ano, deixou de ser um engenheiro de sucesso, residente em um bairro de classe média alta, para ter apenas o que sobreviver. Desde que ficou desempregado em março de 2019, Pablo não encontrou emprego novamente. Nos primeiros meses, consumiu suas economias e seu seguro-desemprego. Mais tarde, trabalhou como motorista do Uber, mas depois dos protestos de outubro, as viagens caíram muito. Com a quarentena, as corridas praticamente chegaram a zero. Ele admite que antes “vivia de forma relativamente confortável” e hoje nem consegue pagar o aluguel de sua casa. “É viver, ou pagar o aluguel. Não dá para as duas coisas.” Juntamente com sua mulher, iniciou um negócio de presentes personalizados, leciona violão e piano online, mas não é suficiente. Não recebe nenhum auxílio estatal. Desde 1990, o Chile reduziu drasticamente a pobreza, de 40% para 9%, mas à custa de uma classe média que tem acesso a melhores padrões de vida, graças ao crédito. Hoje, uma fração significativa dessas famílias (70%) vive com um nível excessivo de dívida. Segundo estudo da Universidade do Chile, o maior impacto da pandemia ocorre entre os trabalhadores autônomos, que relatam uma redução de até 60% em suas rendas. “A queda nos níveis de bem-estar da classe média será significativa. Mesmo que não caiam na pobreza, a mudança será drástica: passar do sistema de saúde privado para o público, a escola das crianças, ou liquidar ativos”, diz Contreras.
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*”Mortes quadruplicam no Centro-Oeste”* - As mortes pelo novo coronavírus mais do que quadruplicaram em um mês na Região Centro-Oeste e o número de casos aumentou cinco vezes e meia. De 29 de maio até esta segunda-feira, os óbitos foram de 363 para 1.618 na região e o total de casos positivos, de 15.550 para 85.103. Os dados incluem o Distrito Federal. O avanço maior aconteceu em Mato Grosso, onde o número de mortes passou de 56 para 536 e o de casos, de 2.103 para 14.687. Em Goiás, os óbitos foram de 119 para 435 e o governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou em videoconferência um lockdown (isolamento completo) intermitente. O lockdown em Goiás será de 14 dias de paralisação total nas atividades econômicas e outros 14 de reabertura. A medida entrou em vigor ontem, mas depende da adesão dos prefeitos. O Estado registrou 20 mortes nas últimas 24 horas. “Há falta de medicamentos para sedar os pacientes, por isso cancelamos todas as cirurgias eletivas no Estado de Goiás”, disse Caiado. O fechamento intermitente foi decidido após estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) apontar que o número de pessoas infectadas pelo vírus triplicou em 20 dias, saindo de uma taxa de 0,7%, em 30 de maio, para um índice de 2,1% em 20 de junho. De acordo com o pesquisador Thiago Rangel, do Instituto de Ciências Biológicas, a continuar essa evolução, a cidade chegará ao fim de julho precisando de 2 mil leitos de UTI, ante os atuais 437. “A demanda vai duplicar em 15 dias e pode haver colapso ainda na primeira quinzena de julho.” O estudo considerou que, diante da inviabilidade de fechar tudo até setembro, o fechamento alternado a cada 14 dias pode causar uma redução de 61,5% nos óbitos até setembro, equivalente a poupar 10.500 vidas. O secretário estadual da Saúde, Ismael Alexandrino, reconheceu que a situação é grave. “Temos uma média de ocupação de leitos de 86,6%, que é considerada crítica. O problema é que o número de internações está superando o de altas e nosso estoque de medicamentos dá para apenas seis dias.”
MT e MS. Em Mato Grosso, após confirmar 534 novos casos em 24 horas, a taxa de ocupação de leitos de UTI atingiu 94,1% anteontem, com 224 pessoas internadas com coronavírus. “As equipes de regulação encontram grande dificuldade para a transferência dos pacientes aos leitos de terapia intensiva, pois as unidades referenciadas já chegaram à lotação, contando apenas com leitos de retaguarda”, informou a secretaria da Saúde. No domingo, um jovem de 23 anos, diagnosticado com a covid-19, morreu em casa, no bairro Bosque da Saúde em Cuiabá, à espera de ambulância para ser encaminhado à UTI. O governo estadual emitiu orientação às prefeituras para adotar medidas mais severas de distanciamento social, com base em boletins de classificação de risco emitidos duas vezes por semana pela pasta estadual da saúde. “O aumento nos casos é decorrência do baixíssimo isolamento social”, informou em nota. Já em Mato Grosso do Sul, foram registrados 49 casos e três óbitos nas últimas 24 horas. O número de mortes era de 18 há um mês e passou para 75. Já o de casos aumentou de 1.356 para 7.676. E são 171 pessoas internadas. Na segunda-feira, o governo estadual lançou um programa de segurança para orientar os municípios a endurecer as medidas de isolamento. As cidades com mais casos, proporcionalmente à população, têm de fechar as atividades comerciais. Em Rochedo, no interior, um frigorífico deu 15 dias de férias a todos os funcionários e fechou para desinfecção.
*”Paraná opta por quarentena mais restrita por duas semanas”*
*”Na quarentena, mortes pela polícia têm nova alta”* - Com mais de dois casos por dia, o número de mortos em ações da Polícia Militar subiu mais uma vez em maio, durante a quarentena contra o coronavírus em São Paulo. Na contramão de todos os indicadores de produtividade policial, em queda no período, os aumentos consecutivos da letalidade têm preocupado a gestão João Doria (PSDB) e motivado críticas até de entidades de classe. Segundos dados do governo, houve 71 mortes decorrentes de intervenção policial no mês, 6% a mais do que no mesmo período de 2019. Essa classificação deve ser usada para casos com pressuposto de legitimidade na ação policial – em um tiroteio com ladrões, por exemplo.
Também foram registrados mais oito homicídios dolosos (com intenção de matar) por PMs – esses considerados crimes. Os dados são a soma de ocorrências com agentes em serviço ou de folga, e foram publicados ontem no Diário Oficial do Estado. O total de PMs mortos em confrontos também aumentou. Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), seis agentes foram assassinados em maio – dois em serviço. Em 2019, haviam sido três. Em abril, a letalidade da PM de São Paulo já havia atingido patamar recorde para os primeiros quatro meses do ano. Análise de boletins de ocorrências mostra que a maior parte dos casos de janeiro a maio foi na capital, com prevalência em bairros mais pobres. A alta ocorre em contexto de queda de crimes patrimoniais, geralmente usados pelos governos para justificar o aumento na letalidade. Para a gestão Doria, agora os casos estariam subindo porque, com ruas mais vazias, as viaturas levariam menos tempo para atender ocorrências, elevando assim o risco de confronto. Questionada, a SSP não diz o quanto esse tempo de resposta caiu. E os indicadores de produtividade policial caíram no período. Embora mais suspeitos tenham morrido, a polícia prendeu menos (-38%), recuperou menos veículos (-50,7%) e tirou menos armas ilegais das ruas (-0,5%) em maio. Em paralelo, denúncias de violência policial têm sido frequentes. Um dos episódios recentes foi o de um jovem que desmaiou após ser estrangulado em Carapicuíba, Grande São Paulo. Os agentes foram afastados das ruas.
Resposta. Pressionando pela escalada de relatos de violência, Doria anunciou semana passada que submeterá a cúpula da PM a novo treino a partir deste mês. “É para evitar 1% de maus policiais, que insistem em usar violência desnecessária.” O Estado diz já ter expulsado 220 policiais envolvidos em crimes ou falhas graves desde 2019. Em nota ontem, a SSP diz que “o compromisso das forças de segurança é com a vida” e os casos de letalidade são sempre alvo de investigação. “Não há complacência com o erro.” Segundo a pasta, policiais são posicionados em áreas com mais delitos, a partir da análise da mancha criminal em São Paulo. Sobre produtividade, diz que “o trabalho integrado das polícias” elevou o total de drogas apreendidas em maio e ao longo do ano.
*”Governo prorroga auxílio emergencial por mais dois meses, mas em mais parcelas”* - O governo confirmou ontem a prorrogação por dois meses do auxílio emergencial. O benefício de R$ 600 mensais será pago em julho e em agosto, mas o repasse deve ser feito em mais parcelas. Na tarde de ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo deve fazer o pagamento do auxílio em quatro vezes. Antes, o governo havia dito que os repasses seriam feitos em três etapas. Na prática, o valor total que será repassado nos dois meses não será alterado e somará, no fim, os R$ 1,2 mil planejados no período. Na avaliação do governo, porém, a divisão das parcelas será uma “aterrissagem inteligente”. Com essa mudança, o governo pretende passar a sensação de prolongamento do recurso para o beneficiário do auxílio emergencial. O ministro falou, ainda, que o governo está “fazendo o possível” para lidar com a crise econômica e social gerada pela covid-19, mas admitiu: “evidentemente, saímos do trilho”. “O ano de 2020 foi de despesa extraordinária, mas não há problema, os mercados compreendem”, justificou. Guedes também anunciou que a equipe econômica está desenhando “medidas de saída da crise” e que, nos próximos três meses, vai trabalhar para estimular investimentos e abertura de vagas de trabalho. “Nos próximos dois a três meses, lançaremos medidas de apoio ao emprego”, afirmou. O ministro rebateu críticas de que o governo foi omisso no combate à covid-19. “As linhas de ataque ao coronavírus que adotamos envolveram várias iniciativas, a primeira e mais importante foi o auxílio emergencial que estamos prorrogando nesse momento”, disse. Depois da divulgação, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, confirmou que o calendário de pagamentos ainda não está definido.
Anúncio. No anúncio da prorrogação, feito em evento no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro chegou acompanhado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Bolsonaro afirmou que a extensão do auxílio veio “em boa hora” e que será feita por meio de decreto presidencial, que não precisa de aval do Parlamento. Em seguida, o presidente ponderou que, caso tivesse que assinar uma Medida Provisória (MP), que possui vigência imediata, mas precisa da aprovação do Congresso, considera que “teria também a velocidade necessária na Câmara e no Senado brasileiro’.
A lei que criou o auxílio determina que, em caso de renovação, o governo precisa manter o pagamento mensal de R$ 600. Na segunda-feira, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, informou que a extensão do auxílio emergencial custará R$ 100 bilhões ao governo. “Todos sabem que se gastar gasolina demais, o tanque acaba mais rápido. Programas que poderiam se estender por mais tempo, acabam pressionando fiscalmente e você então tem que ceder. Ao invés de colocar R$ 600, de repente tem que colocar um número mais baixo para poder alongar mais. Se quer cobrir três ou quatro meses, precisa pagar um valor menor, senão o País estoura”, afirmou Guedes, em audiência pública por videoconferência na Comissão Mista do Congresso Nacional que monitora a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à covid-19. O ministro da Economia disse ainda que, após a prorrogação do auxílio emergencial, o governo lançará novos programas de caráter permanente. Ele citou o chamado “Renda Brasil” e a recriação do contrato de trabalho “Verde Amarelo”, cuja Medida Provisória anterior não chegou a ser votada pelo Congresso.
*”No radar do governo, emprego e falências”* - Depois da aprovação do novo marco do saneamento pelo Congresso, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, antecipou ao Estadão/Broadcast que quatro projetos devem ganhar prioridade na agenda econômica daqui para frente: o fortalecimento de programas sociais, o novo programa de incentivo ao emprego, uma nova lei de falências e projeto para melhoria do mercado de crédito, de capitais e de garantias. Na sua avaliação, essas medidas “provavelmente” vão sair na frente num ambiente em que a articulação política melhorou bastante. Sachsida disse que é possível colocar de pé no segundo semestre o fortalecimento dos programas sociais do governo, com o Renda Brasil, que estará conectado ao novo programa de emprego. “Dada a magnitude da crise, a prioridade é colocar de pé um programa robusto de assistência social para fazer frente a essa nova realidade que vai emergir no pós-pandemia”, disse. O secretário descartou, no entanto, a adoção de programa de Renda Básica universal, como vem sendo defendido por economistas de diversas correntes de pensamento. Segundo ele, dada a realidade fiscal do Brasil, é mais “prudente” focar a aplicação dos recursos nas camadas mais vulneráveis. “É um programa que coloca recursos orçamentários, retirando de programas poucos eficientes e passando para programas mais eficientes no combate à pobreza. Essa é a prioridade junto com o programa de emprego”, ressaltou. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse que a nova Carteira Verde Amarela, que reduzirá encargos sobre a folha de pagamentos, vai focar 30 milhões de trabalhadores que hoje recebem o auxílio emergencial.
O secretário cobrou uma colaboração efetiva dos pesquisadores da área social para apontar quais são os programas menos eficientes. “Os acadêmicos têm de dar sua contribuição. Está na hora de falar os programas que não funcionam. É olhar para o que está dando certo e o que não está funcionado”, disse. Sachsida argumentou que o Brasil é repleto de programas que transferem recursos para os mais ricos e que é melhor focar nesse problema para conseguir redirecionar verbas para ampliar o programa social e melhorar a eficiência do gasto. O secretário não quis dar detalhes de quais programas estão na mira da equipe. O Estadão/Broadcast mostrou na semana passada que o governo trabalha para dobrar o orçamento atual do Bolsa Família, que hoje é de R$ 32 bilhões, e já mapeou cerca de R$ 20 bilhões em programas que podem ser revistos, como abono salarial (espécie de 14.º salário pago a trabalhadores formais que ganham até dois salários mínimos), seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período em que a atividade é proibida) e farmácia popular. Outros R$ 13 bilhões em gastos estão na mira dos técnicos, mas ainda sob avaliação de viabilidade política para sua alteração, e incluem benefícios pagos a servidores públicos. Entre os alvos, estão auxílios alimentação pagos em valores elevados. Sachsida reconheceu que o número de pessoas vivendo na pobreza deve aumentar diante da crise provocada pela pandemia. Ao mesmo tempo, ele garantiu que a equipe econômica está trabalhando para que essas pessoas sejam assistidas no novo desenho da política social.
Falência. A aprovação de uma nova lei de falências é necessária, segundo o secretário, porque muitas empresas vão falir com a crise da covid-19 e será preciso realocar rapidamente o estoque de capital dessas companhias para evitar que ele fique se depreciando. “Tem de ter uma lei de falências, principalmente para as micro e pequenas empresas, além da melhoria do crédito, capitais e garantias”, afirmou. Sachsida prometeu que os próximos 18 meses da economia brasileira serão conhecidos como 18 meses de reformas.
*”País nunca teve tantos fora do mercado de trabalho”* - A pandemia do novo coronavírus provocou uma destruição massiva de postos de trabalho. No trimestre em que a crise sanitária se agravou no País, de março a maio, 7,8 milhões de pessoas perderam o emprego. E, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira em idade de trabalhar não tem nenhuma ocupação, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É muito ruim para o País, porque demonstra que o nível de atividade caiu substancialmente. Por consequência, a recuperação fica comprometida e, quando vier a se iniciar, ela virá de maneira lenta. No médio e longo prazos, isso vai requerer das pessoas que comecem a desenvolver atividades de maneira cooperativa, cooperativas de trabalho”, resumiu Silvio Paixão, professor de Macroeconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à USP, que espera uma retração de pelo menos 10% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Atualmente, há mais gente fora do mercado de trabalho e desempregada – um total de 87,7 milhões de brasileiros – do que trabalhando. Nessa conta, além dos que procuram vagas e não encontram, entram todos os maiores de 14 anos que podiam estar trabalhando, desde os desalentados a estudantes ou donas de casa. Já a população ocupada desceu a 85,9 milhões de pessoas, a menor da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. “É o pior momento em termos de pessoas fora do mercado de trabalho”, disse Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. As demissões no trimestre foram recordes em oito dos dez grupos de atividades econômicas, superando a barreira do milhão na indústria, construção, serviços domésticos e alojamento e alimentação. No comércio, foram dispensados quase 2 milhões de trabalhadores.
Informalidade. Em apenas um trimestre, mais de 2,5 milhões de vagas com carteira assinada foram extintas, mas os mais afetados foram os trabalhadores que atuam na informalidade, quase 5,8 milhões de pessoas que atuavam nessa condição perderam sua ocupação em meio à pandemia. Como consequência, quase R$ 11 bilhões em remunerações de trabalhadores deixaram de circular na economia entre os meses de março e maio. Para que o retorno ao mercado de trabalho do enorme contingente que foi empurrado para fora não ocorra através da informalidade, o governo precisa começar uma segunda fase de políticas públicas, mais focadas em setores e na qualificação de trabalhadores, avalia o analista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada. “É preciso pensar em medidas que facilitem a contratação formal, não só relativas ao custo, como desoneração da folha, mas também de qualificação do trabalhador, porque é isso que vai influenciar o crescimento de médio prazo e PIB potencial”, afirmou Xavier.
A taxa de desemprego no País subiu de 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro – período anterior à chegada da pandemia – para 12,9% no trimestre terminado em maio, quando os três primeiros meses da crise sanitária derrubaram também a economia. O resultado da taxa só não foi ainda mais elevado porque quem foi demitido não buscou emprego, desestimulado pelas medidas de isolamento social, pelo receio de contrair o vírus e pela própria percepção de falta de oferta de vagas no mercado de trabalho, segundo pesquisadores do IBGE. Mais de 9 milhões de pessoas deixaram a força de trabalho em apenas um trimestre, e a população inativa, que inclui quem não estava trabalhando nem procurando trabalho, subiu a um recorde de quase 75 milhões. “Não está tendo no horizonte reação de absorção de mão de obra, muito pelo contrário. A gente tem visto empresas e comerciantes apontando expectativa de redução de vendas e demanda”, observou Adriana, do IBGE. O número de desalentados – que não buscam trabalho por acharem simplesmente que não vão conseguir uma vaga – alcançou o auge de 5,411 milhões. O resultado significa 718 mil desalentados a mais em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, um salto de 15,3% durante os três primeiros meses de pandemia. “O que a gente percebe é o efeito desalento tem favorecido uma taxa menor de desemprego, mas não quer dizer que o mercado de trabalho não esteja em franca deterioração”, lembrou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
*”Motoboys prometem hoje adesão de 50% em greve”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Ministro por cinco dias, Decotelli deixa o MEC”*
*”Transparência na internet – Senado aprova projeto de lei para coibir fake news; proposta vai para Câmara”*
*”Câmara deve votar adiamento das eleições hoje”*
*”Bolsonaro volta a acenar a Maia e Alcolumbre”*
+++ A reportagem diz que durante uma cerimônia, Jair Bolsonaro disse que era uma satisfação ter a presença dos presidentes das duas casas do Legislativo.
*”Aras perde maioria em conselho do MPF”*
*”Operação da PF mira governador do Amazonas”*
*”Desistência de Datena embola disputa eleitoral em São Paulo”*
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*”Paes mantém discurso sem ataques a Bolsonaro”*
*”Salles vai lançar programas para captar recursos para Amazônia”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Ajuda emergencial atenua impacto da recessão no NE”*
*”Destino de fábrica estatal de chips causou disputa entre a ala econômica e a científica”* - A opção do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) de propor não a privatização, mas a liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Avançada (Ceitec), opôs as alas econômica e científica do governo, conforme documentos aos quais o Valor teve acesso. Além disso, provocou reações institucionais externas. O Ministério Público do Trabalho (MPT) notificou o governo -na pessoa do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto - a se manifestar sobre a iminência de demissões em massa; o governo do Rio Grande do Sul fez um apelo ao ministro Paulo Guedes para manter o capital intelectual e material da empresa. A fábrica de chips, criada em 2008 para colocar o Brasil no mapa global da microeletrônica, teve a sua dissolução societária aprovada pelo CPPI em 10 de junho. Considerou-se o histórico deficitário das finanças da estatal, que precisa de 94% de verbas da União para se manter, e uma suposta falta de interesse do mercado em adquiri-la. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ainda vai convocar assembleia para confirmar a decisão. Enquanto isso, associações da área de pesquisa se mobilizam por uma alternativa menos gravosa. A principal preocupação é com o desperdício de um corpo técnico altamente especializado - 107 dos 192 funcionários são pós-graduados - e de uma série de patentes e produtos certificados conforme padrões internacionais de segurança. Recentemente, por exemplo, foram homologados protótipos de sensores de detecção da covid-19.
O destino dessas tecnologias foi o ponto de discordância entre os ministérios da Economia e o da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que chegaram a conclusões distintas após as reuniões. Para o MCTI, que na época das negociações ainda abrigava a área de Comunicações, a liquidação da Ceitec era uma “alternativa secundária”. Primeiro era preciso tentar alienar a parte dedicada à fabricação e à comercialização de circuitos em larga escala, mantendo as áreas de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico como uma organização social (OS). A posição, segundo nota técnica, derivou de pesquisas de mercado, “em que algumas empresas demonstraram interesse em adquirir a estatal”. A Economia queria a extinção. Logo na segunda reunião, em novembro, o diretor da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados José Luiz Ferreira Neto “se posicionou claramente pela liquidação da empresa, de tal maneira que seriam desnecessários estudos adicionais”, segundo consta da ata. Por fim, prevaleceu um meio termo: proceder com a dissolução, transferindo a uma OS as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Se o presidente Jair Bolsonaro aprovar a proposta, os servidores terão seus contratos rescindidos em 90 dias. A liquidação é prevista para fevereiro. O PPI diz que a sugestão é amparada por sete meses de pesquisas, mas seus termos não foram tornados públicos. Consta em ata que, para participar dos encontros, o presidente do Conselho de Administração da Ceitec, Ronald Krummenauer, teve de assinar um termo de sigilo.
A pouca transparência traz incerteza aos servidores da Ceitec e à cadeia produtiva do entorno. As atas só citam por alto que o BNDES apresentou um rol de possíveis empresas parceiras e explicou o método da escolha, mas não entra em detalhes. A estatal também levou uma relação de companhias que haviam visitado a sede com interesse na desestatização. A lista foi modificada até haver consenso. Após a decisão pela liquidação, o secretário de Desestatização, Salim Mattar, comemorou no Twitter: “Menos uma estatal que só onerava o cidadão pagador de impostos”. O Ministério da Economia disse que “nas conversas com o setor, nunca foi manifestada qualquer intenção da aquisição da empresa, apenas em partes e condicionada a ações do setor público”, como aporte de valores e garantia de demanda. O governo não concordou. Servidores da empresa dizem que Mattar quer usá-la como um marco da primeira extinção no âmbito do decreto que facilitou a liquidação de estatais em 2018. Como estatal dependente da União, a empresa custou cerca de R$ 71 milhões no ano passado. “Para isso, submete o Brasil, que tem tecnologia própria, à dependência da Ásia, em vez de apostar na soberania nacional, evitando problemas com vigilância estrangeira”, diz o porta-voz da Associação de Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Júlio Leão. Segundo ele, o desempenho deficitário da Ceitec é fruto de sucessivas omissões dos governos federais, que demandaram produtos da empresa, mas jamais os compraram. “Diversos projetos de interesse nacional foram foco da empresa e nunca se efetivaram por não terem sido implementados pelo governo como previsto”, frisou em reunião a Controladoria-Geral da União.
O exemplo mais proeminente é o dos chips dos passaportes. A Casa da Moeda do Brasil (CMB) tinha convênio com a estatal com “garantia que a solução seria integralmente utilizada”, o que nunca ocorreu. A CMB diz que a empresa Fedrigoni, de quem adquire os passaportes sem licitação, é a única a cumprir os requisitos da Polícia Federal. “O uso do poder de compra do Estado geraria aquecimento de mercado para que a empresa atingisse, no curto prazo, o ponto de equilíbrio”, disse ao Valor o presidente da Ceitec, Paulo Luna. Atualmente, o ano do break even da estatal, é estimado entre 2023 e 2027. Em resposta ao MPT, que apontou falta de previsão para negociações coletivas com sindicatos, a secretária do PPI, Martha Seillier, diz que “não se vislumbra o desligamento em massa”, já que uma OS deve incorporar parte da empresa. Ela negou discordâncias entre MCTI e Economia, dizendo tratar-se de “evolução de posicionamento” entre as partes.
*”Brasil está perto das 60 mil mortes por covid-19”*
*”País nega realidade do vírus, afirma Bachelet”* - A alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, foi incisiva ontem, apontando os governos do Brasil, EUA e outros poucos países de negar os reais riscos da pandemia de covid-19, que já matou milhares de pessoas. Em apresentação de relatório, Bachelet declarou: “Em Belarus, Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e EUA, entre outros, estou preocupada com o fato de que declarações que negam a realidade do contágio viral e o aumento da polarização em questões-chave possam intensificar a gravidade da pandemia, minando esforços para conter sua disseminação e fortalecer os sistemas de saúde”. Em contraste, a comissária da ONU declarou-se encorajada pela abordagem “aberta e comunicativa” da Coreia do Sul, que segundo ela não deixou ninguém sem resposta. Destacou que o governo sul-coreano reconheceu cedo a necessidade de amplas políticas para atingir o mais vulneráveis, incluindo idosos, sem-teto, gays e migrantes sem documentos. Ela notou que, seis meses após os primeiros casos terem sido dectectados, “é claro que essa pandemia ameaça a paz e o desenvolvimento e isso exige mais direitos civis, políticos, econômicos e sociais, e não menos”. Ao seu ver, a pandemia deveria impulsionar pela adoção de medidas fortes e transformadoras. E pediu urgentemente liderança fundamentada em “clareza, evidência e princípio para proteger os membros mais vulneráveis da sociedade e abordar as profundas desigualdades que estão acelerando a incidência e o impacto da pandemia”.
*”Dívida bruta bate recorde e vai a 81,9% do PIB”* - Indicador supera 80% do PIB pela primeira vez; déficit primário em 12 meses sobe para 3,91% do PIB
*”Endividamento só deverá recuar em 2030, estima Ipea”*
*”Auxílio atenua recessão no NE e deve dar mais gás à retomada”* - Peso do benefício de R$ 600 na economia da região tem impacto expressivo e deve contribuir para a atividade ganhar fôlego
*”Ajuda de R$ 600 vai durar mais 2 meses, mas dúvidas persistem”*
*”Empréstimo para microempresas via maquininha ganha força no governo”*
*”Previsão de queda do PIB de 9% parece exagero, diz Guedes”*
*”Pela 1ª vez, menos de 50% estão ocupados”*
*”País tem redução de 20% nas horas trabalhadas, diz OIT”*
*”Bolsonaro não participará nem de modo virtual de cúpula global da entidade”*
*”Senado aprova projeto das ‘fake news’, que vai à Câmara”*
*”Câmara vota hoje adiamento das eleições”*
*”Câmara aprova medidas do Banco Central contra covid”*
*”Datena desiste de candidatura e MDB vai apoiar Covas em SP”*
*”Decotelli deixa MEC cinco dias após nomeação”*
*”Eleição no Conselho do MPF é desfavorável a Aras”*
*”STF só deve decidir foro de Flávio depois do recesso do Judiciário”*
*”Polícia prende integrantes do Escritório do Crime”*
*”Empresas nos EUA processam seguradoras por epidemia”* - Centenas de donos de restaurantes, varejistas e outros prejudicados pela crise provocada pela pandemia nos EUA estão processando as seguradoras para que paguem a cobertura de “cessação de lucros”. Mas as seguradoras têm se recusado a pagar essa indenização, alegando a exigência padrão de danos físicos
*”EUA podem chegar a 100 mil casos por dia”*
*”Plano democrata prevê tornar economia dos EUA neutra em carbono até 2050”*
 - O plano climático dos deputados democratas se alinha à ambição do candidato à Presidência do partido, Joe Biden, de tornar os EUA neutro em emissões de carbono até 2050
*”Com sistema de saúde sólido e resposta rápida, Uruguai controla covid-19”*
*”Caso Rússia coloca Trump sob pressão”* 
- Segundo o “The New York Times”, Casa Branca teria informações da recompensa dada pela Rússia a membros do Taleban que matassem soldados americanos desde o início de 2019
*”Retomada na China continua fraca 3 meses após reabertura”* - O índice oficial de atividade dos gerentes de compras ficou em 50,9 em junho, comparado aos 50,6 de maio. Mas pedidos de exportação continuaram em queda
*”União argentina contra doença contrasta com a de Brasil e Colômbia”* - Aproximação de inimigos políticos, porém, não significa que relações sejam totalmente amigáveis
*”Ação federal é necessária para conter desinformação, indica pesquisa”*
*”Paralisação de entregadores aquece debate sobre direitos trabalhistas”* - Os entregadores de aplicativos como iFood, Rappi e Uber Eats programaram para hoje, dia 1 de julho, uma paralisação de suas atividades. O #BrequeDosApps, como tem sido chamado nas redes sociais, tem como objetivo pedir melhores condições de trabalho às plataformas. O movimento, que não tem uma organização central de sindicatos ou partidos políticos, reivindica melhor pagamento por entrega, fim dos bloqueios de atuação nos aplicativos considerados indevidos e distribuição de material de proteção individual em meio à pandemia, entre outros pedidos. A convocação para a paralisação é nacional. A cidade com mais movimentação nas redes sociais é São Paulo, onde os aplicativos têm mais relevância. Estão previstas concentrações em diferentes regiões da capital paulista durante todo o dia. Os aplicativos de entrega têm cerca de 145 mil entregadores no país. Além de buscar mobilizar os entregadores, as postagens nas redes sociais pedem que os consumidores não façam pedidos, em apoio ao movimento. A discussão sobre a relação de trabalho entre aplicativos e entregadores tem ganhado força à medida que as plataformas se tornam mais relevantes como opção de compra entre os consumidores e de ocupação para quem precisa de emprego. Com o aumento na demanda por conta da pandemia, as dificuldades dessa relação ficaram ainda mais em evidência. A Justiça Trabalhista no Brasil já tomou decisões favoráveis e contrárias ao reconhecimento do vínculo empregatício no país. Globalmente, a questão continua em discussão com medidas de governos tentando dar mais direitos a quem presta serviços por meio dos aplicativos. Na avaliação de um executivo do setor, que preferiu não se identificar, o ato de reivindicar é justo, mas boa parte dos pontos pedidos já têm sido abordados pelos aplicativos em diferentes graus. Na avaliação desse executivo, a expectativa é que o movimento tenha baixo impacto operacional. A questão principal, afirma, é o efeito negativo que a paralisação pode ter para a imagem das empresas.

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