terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Análise de Mídia - 09/02/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: Os destaques das capas dos jornais sugerem que a péssima atuação do governo federal no combate à pandemia realmente saiu do foco dos jornalões. A preocupação nesta terça-feira está voltada para o mercado financeiro. A Folha afirma que a valorização das ações se tornou um desafio para os investidores. O Estadão informa que o Congresso quer a volta do auxílio emergencial fora do teto e sem corte de gastos – possibilidade que há tempos vem sendo criticada por analistas ligados ao mercado. O Globo e Valor tratam do aumento de preços de combustíveis pela Petrobrás em função da pressão do mercado. O Valor afirma que o mercado está desconfiado da política de preços da estatal brasileira.
O noticiário político deu uma “esfriada”. A Folha volta a abordar a divisão no STF e sobre como os objetivos de Luiz Fux como presidente da Corte podem acabar comprometidos. O Estadão informa que o Partido dos Trabalhadores deseja assumir na Câmara a comissão que era presidida por Eduardo Bolsonaro. O Globo diz que a esquerda ficou dividida sobre a indicação de Fernando Haddad como nome para disputar a presidência da República pelo PT em 2022. Já o Valor Econômico acompanha os passos de Rodrigo Maia. O deputado federal estaria articulando uma fusão dos partidos Cidadania, Rede e PV. O grupo abrigaria a candidatura de Luciano Huck. Enquanto isso, João Doria segue na tentativa de levar dissidentes do DEM para o PSDB. O jornal ainda publica a última pesquisa XP/Ipespe sobre a aprovação do governo Bolsonaro. Além disso, uma repórter especial do Valor Econômico publicou artigo sobre a composição de forças no Senado. Segundo o texto, o grupo de Renan Calheiros impôs uma dura derrota para Davi Alcolumbre e pretende derrota-lo mais algumas vezes.
Ainda sobre a política, os jornais trazem uma série de artigos sobre a Lava Jato. A Folha tem três. Um deles lança um importante debate sobre o papel da imprensa na construção da narrativa lavajatista. O outro é uma resposta dos advogados do ex-presidente Lula para um texto publicado pelos advogados dos procuradores da Lava Jato que tentam impedir que as mensagens entre procuradores e entre Delta e Moro sejam analisadas pelo STF.

 

CAPA – Manchete principal: *”Valorização de ações se torna desafio a investidor”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Prioridade perversa”*: Avolumam-se as evidências de que o governo Jair Bolsonaro deturpou de modo deliberado o enfrentamento da pandemia. Não bastassem seguidas as manifestações minimizando riscos da infecção e a sabotagem da vacinação, o presidente deixou várias digitais na promoção de uma terapia inexistente contra o ataque viral. Bolsonaro seguiu perversamente Donald Trump ao adotar como prioridade a cloroquina do famigerado tratamento precoce. O republicano abandonou a panaceia antes de seu fiasco eleitoral, mas o imitador sul-americano a manteve, impávido, mesmo com estudo após estudo a negar-lhe eficácia. Acossados por investigações e questionamentos da Procuradoria-Geral da República e do Tribunal de Contas da União, o presidente e um tragicômico ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, agora se apressam a recontar a história: o governo só teria respeitado a autonomia de médicos. Não há carência de imagens do mandatário e do general posando com caixinhas do remédio, porém. Tampouco faltam registros oficiais da mobilização de ministérios, Forças Armadas e outros órgãos da máquina federal na prática de charlatanismo, como mostrou reportagem publicada pela Folha. Cinco pastas se viram convocadas para a operação diversionista: Saúde, Defesa, Economia, Relações Exteriores e Ciência e Tecnologia.
Quase 6 milhões de comprimidos da droga inócua foram enviados ao Nordeste e ao Norte, seguidos de admoestações a autoridades amazonenses por não os usarem no trágico surto em Manaus, onde o que faltava era oxigênio. O Exército se pôs a fabricar 3,2 milhões de drágeas, e a Aeronáutica, a transportá-las, a pedido da Defesa; isenções de impostos foram baixadas pela Economia; a Saúde lançou guias e aplicativos prescrevendo a cloroquina; o Itamaraty obteve 2 milhões de doses dos EUA; o Ministério da Ciência e Tecnologia patrocinou estudos. Todo esse empenho governamental para viabilizar a ficção ignorante de Bolsonaro contrasta com o desvio da obrigação de financiar, propagar e coordenar prioridades efetivas como distanciamento social, testagem em massa, rastreamento de contaminados, aquisição de vacinas e vigilância genômica (com sequenciamento dos vírus em circulação). Em vez disso temos vacinação atrasada, aglomerações em alta, milhões de testes a perder a validade, rastreamento pífio e falta de insumos para geneticistas monitorarem as variedades do vírus. É desastre que não se explica somente por incompetência, mesmo uma de dimensões incomuns.

HÉLIO SCHWARTSMAN - *”Réquiem para a Lava Jato”*: Se eu fosse um político corrupto, estaria celebrando. A sangria foi finalmente estancada. Ao não renovar o mandato da força-tarefa de Curitiba, o procurador-geral da República, Augusto Aras, oficializou a morte simbólica da Lava Jato. O defunto é um daqueles personagens complexos, cuja perda é lamentada, mas cujos podres todos comentam no velório. Aliás, os maus hábitos da vítima, notadamente a hýbris do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores de Curitiba, foram em larga medida responsáveis por seu passamento. Se o magistrado tivesse se comportado como a lei preconiza, não haveria margem para as contestações que acabaram por minar o prestígio da operação e poderão reverter algumas de suas condenações. E é assim que tem de ser. O devido processo legal, que inclui o direito de não ser julgado por um juiz documentadamente parcial, é ponto inegociável no Estado de Direito.
O que torna o ocaso da Lava Jato especialmente lastimável é o fato de que não teria sido difícil chegar a resultados muito próximos aos que ela gerou sem que o magistrado estabelecesse um relacionamento promíscuo com a acusação. Os esquemas de corrupção eram reais, e as leis da física e o mecanismo das delações premiadas teriam sido mais do que suficientes para encontrar as provas. O problema com a corrupção é que ela funciona bem. Na verdade, é a segunda melhor forma de organização da sociedade. É menos eficiente do que um sistema no qual tudo ocorra de acordo com regras impessoais, mas é superior a um regime no qual tudo fica sujeito ao capricho de autoridades ou, pior, a um no qual as "concorrências" se resolvem à bala. É por funcionar que é difícil acabar com ela. Ao deixar que a Lava Jato morra de morte melancólica, o Brasil perde mais uma oportunidade de fazer a transição do time das republiquetas para o de países um pouco mais sérios. Quem sabe tenhamos mais sorte na próxima vez.
+++ O texto é contraditório. O autor diz acreditar em todos as conclusões da operação e afirma que a promiscuidade na relação juiz e procuradores seja o fator que tenha causado a “morte” da Lava Jato. Ora, como pode um jornalista acreditar cegamente em uma narrativa que foi construída na base de factoides e na intenção deliberada de manipular a opinião pública? Não que não tenha existido casos de corrupção, mas é preciso separar o que é real do que foi fabricado e sobre isso, aparentemente, esse jornalista não pensa.

CRISTINA SERRA - *”A praga do jornalismo lava-jatista”*: Quando começou, em 2014, a Lava Jato gerou justificadas expectativas de combate à corrupção. Revelou-se, no entanto, um projeto de poder e desmoralizou-se em meio aos abusos e ilegalidades cometidas por Moro, Dallagnol e a força-tarefa. Além de afrontar o ordenamento jurídico e ajudar a corroer a democracia, a Lava Jato também corrompeu e degradou amplos setores do jornalismo; em alguns casos, com a ajuda dos próprios jornalistas, como a Vaza Jato já havia mostrado e agora é confirmado nas conversas liberadas pelo ministro do STF, Ricardo Lewandowski. Relações promíscuas entre imprensa e poder não são novidade. No caso da operação, contudo, as conversas mostram que repórteres na linha de frente da apuração engajaram-se no esquema lava-jatista e atuaram como porta-vozes da força-tarefa, acumpliciados com o espetáculo policialesco-midiático.
Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, cunhou o termo "jornalismo de acesso" para definir como jornalistas sacrificam sua independência e abandonam o senso crítico em troca do acesso a fontes, que passam a ser tratadas com simpatia e benevolência. A Lava Jato é um caso extremo de "jornalismo de acesso", no qual repórteres aceitaram muitas convicções sem as provas correspondentes. Colaboraram com o mecanismo de delações e vazamentos seletivos, renunciaram à obrigação ética de fazer suas próprias investigações e fecharam os olhos para os métodos da força-tarefa. Nas empresas, tiveram retaguarda. O jornalismo corporativo participou abertamente do projeto lava-jatista. Em março de 2016, por exemplo, Moro vazou o conteúdo do grampo que captou ilegalmente conversas entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. O grampo, que sabidamente atendia a interesses político-partidários, foi reproduzido por muitos veículos sem a necessária crítica quanto a isso. A relação pervertida entre poder e imprensa fere a dignidade da profissão. É uma praga a ser sempre evitada e combatida.
+++ Cristina Serra lança um debate fundamental: o papel da imprensa na construção de suspeitos sobre atores políticos pela operação Lava Jato.

GUILHERME BOULOS - *”Aqui jaz a Lava Jato”*: Sem choro nem vela. O encerramento silencioso da força-tarefa de Curitiba, na semana passada, marcou um final melancólico para a Lava Jato. Nem Dallagnol com seu power point nem Sergio Moro sob os holofotes: ninguém compareceu ao funeral. A história, sempre irônica, pregou mais uma de suas peças. Coube a Bolsonaro, que se elegeu graças à Lava Jato, selar o fim da operação. Com seu cinismo habitual, disse que resolveu acabar com ela porque "não tem mais corrupção no governo".
Compreendo o clamor que a Lava Jato e seus heróis produziram na alma de boa parte da população brasileira. Ver grandes empreiteiros, bilionários que sempre tripudiaram da lei, indo parar na cadeia dava a impressão de que o Brasil estava acertando as contas com o patrimonialismo. Parecia que a corrupção estrutural do nosso sistema político estava sendo enfim confrontada. Parecia... Mas logo ficaram evidentes os objetivos políticos da operação. A atuação para viabilizar o impeachment de Dilma e prender Lula já entrou na galeria dos fatos mais escandalosos da história política nacional. O projeto a princípio não era eleger Bolsonaro. Preferiam os tucanos de estimação. Mas aprenderam que soltar pitbulls é muito mais fácil do que devolvê-los ao canil. O espetáculo lava-jatista alimentou a antipolítica de tal modo que abriu caminho a uma caricatura como Bolsonaro. O mesmo caminho aberto ao grotesco Berlusconi pela operação Mãos Limpas na Itália. O saldo econômico da Lava Jato não fica atrás. Os setores de óleo e gás, a engenharia pesada e a indústria naval foram devastados no Brasil. A perda no PIB foi de R$ 187 bilhões, segundo a GO Consultoria, com efeito sobre milhões de postos de trabalho.
O jurista Walfrido Warde, no livro "O Espetáculo da Corrupção", o melhor sobre o tema, definiu a Lava Jato como instrumento de uma guerra comercial. Empresários corruptos devem pagar por seus crimes, mas o país e os trabalhadores não podem pagar junto. Sem falar no argumento "moral" para avançar na privatização da Petrobras e justificar políticas de Estado mínimo. A Lava Jato acabou, mas as feridas seguem abertas. A divulgação das mensagens dá provas suficientes para o início da cicatrização. Sergio Moro precisa responder criminalmente por suas ações. E o STF, se quiser resgatar a credibilidade perdida, tem que julgar a evidente suspeição nos casos em que Moro atuou contra Lula. Esse acerto de contas não apaga o estrago causado, mas pode ser o ponto de partida para o Brasil superar a lógica do espetáculo judicial e compreender o combate à corrupção a partir de uma profunda reforma política.

CRISTIANO ZANIN MARTINS E VALESKA T. Z. MARTINS - *”No caso Moro, suspeição já está nos fatos”*: A repercussão alcançada pela Operação Lava Jato em setores expressivos da mídia conseguiu torná-la bela aos olhos de parte da sociedade por alguns anos. Mas, por trás desse sucesso alarido, seus membros atuavam de forma a corromper regras jurídicas e garantias fundamentais para alcançar alvos preestabelecidos e aqueles que ousassem defendê-las. O combate à corrupção era o lema que impulsionava a operação. Práticas jurídicas corruptas e inescrupulosas, porém, eram a realidade cotidiana. Por isso é preciso rebater, de forma veemente, as colocações que foram veiculadas no último dia de 5 fevereiro, nesta Folha, pelos advogados de sete procuradores da República integrantes da força-tarefa (“Operação Spoofing: prova ilícita e imprestável”). Embora não substitua nem dispense a criteriosa consideração dos fatos incontroversos que já apontavam para a suspeição do ex-juiz Sergio Moro em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o material arrecadado pela Polícia Federal no bojo da Operação Spoofing, incluindo os diálogos clandestinos entre tais procuradores e também com o ex-juiz, é prova legítima para reforçar a nulidade dos processos conduzidos por tais agentes contra o ex-presidente. Os elementos se somam a tantos outros fatos que conduzem inexoravelmente a essa conclusão.
Acompanhamos a Lava Jato praticamente desde o seu início, liderando a defesa técnica do ex-presidente Lula, o principal alvo dos agentes envolvidos. Pudemos, nessa posição, ver de perto como era feito o uso estratégico do direito para fins ilegítimos —prática que denominamos, pioneiramente no país, como “lawfare”. Já em 2016 pedimos a suspeição do então juiz Sergio Moro. Essa iniciativa, assim como todas as demais que adotamos ao longo do tempo para expor as ilegalidades da Lava Jato, foi lastreada em sólida base técnica. Nesse caso específico da suspeição de Moro, tínhamos fatos já documentados para orientar essa providência, inclusive a própria interceptação do principal ramal do nosso escritório para que a estratégia da defesa fosse acompanhada em tempo real. Não bastasse, também naquela época dispúnhamos da opinião de uma das maiores especialistas dos EUA em psiquiatria forense e formação de júri sobre a parcialidade de Moro. Desde 2018 aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal o habeas corpus que pede a anulação dos processos contra Lula onde Moro atuou, pela evidente suspeição do juiz, por sua evidente parcialidade contra o réu.
Os diálogos que agora estão sendo relevados reforçam esse antigo cenário de suspeição e de ilegalidades praticadas pela Lava Jato e mostram a olhos nus como o Estado de Direito foi corrompido. Os questionamentos levantados sobre o material e sobre o seu uso devem ser de plano descartados. No tocante à origem, não recebemos nada de hackers. O material que acessamos é aquele que foi apreendido pela Polícia Federal na época em que era comandada pelo próprio Moro, durante a operação denominada Spoofing. E o acesso foi autorizado por decisão do ministro Ricardo Lewandowski. Trata-se, pois, de material que está na posse do Estado, submetido ao crivo de peritos, e cujo acesso foi franqueado pelo órgão máximo do Poder Judiciário. Não há na literatura jurídica e nos precedentes de tribunais que atuam no processo penal democrático qualquer espécie de restrição do uso de provas pela defesa nessa circunstância, ainda que sua origem possa ser ilícita. O conteúdo do material acessado é estarrecedor, e longe de atrair a incidência de qualquer proteção própria a figuras angelicais, evidencia trapaças processuais de todas as ordens e a constituição de uma verdadeira agência clandestina de perseguição contra adversários, seus advogados e até mesmo juízes. Seu uso, além de legítimo, interessa não apenas para reforçar a necessidade de serem anuladas as condenações injustas impostas a Lula, mas também para fins pedagógicos.
Estamos diante de uma oportunidade única para compreender como o “lawfare” pode levar um país à ruína, como ocorreu com o Brasil. Não podemos rejeitar os fatos, muito menos sob falsos pretextos. Devemos conhecê-los para impedir que eles se repitam. E para que o nosso sistema de Justiça possa ser reacreditado.

PAINEL - *”ACM Neto atua para que crise no DEM não afaste Huck, considerado presidenciável”*

PAINEL - *”Deputados do DEM queriam reação mais dura contra Rodrigo Maia”*: O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) deixou o grupo de WhatsApp da bancada do DEM na manhã de segunda-feira (8). Pouco depois, o líder, Efraim Filho (PB), já circulava entre os colegas o esboço da dura nota de reação do partido à entrevista de Maia ao jornal Valor Econômico. Ninguém pediu que os termos fossem amenizados. Ao contrário, deputados baianos, como Arthur Maia e Elmar Nascimento, queriam mais agressividade. Mas foram contidos pelo líder. Entre parlamentares do partido, há uma avaliação de que, mesmo que o DEM não se atrele a Bolsonaro, será inevitável uma volta às origens, com uma guinada à direita. Isso ocorreria quase que por inércia, já que o centro está congestionado e falta uma sigla estruturada no campo conservador.

PAINEL - *”Republicanos indica ao Planalto nome de deputado para assumir Ministério da Cidadania”*: O nome de João Roma (Republicanos-BA) já foi enviado para análise do Palácio do Planalto como candidato a assumir o Ministério da Cidadania. O partido quer o deputado no posto, mas ACM Neto, considerado padrinho de Roma, tenta dissuadi-lo. Bolsonaro confirmou nesta segunda-feira (8), que Onyx Lorenzoni deixará a pasta e migrará para a Secretaria-Geral da Presidência, acomodada no Planalto. Onyx entrará no lugar de Jorge Oliveira, que foi para o TCU (Tribunal de Contas da União).

PAINEL - *”Aliados do governo querem discutir critérios para pagamento de novo auxílio emergencial”*
PAINEL - *”Vice-presidente da Câmara quer bancários entre prioritários da vacina caso auxílio emergencial seja retomado”*

PAINEL - *”Presidente da Argentina participará de evento do PT em defesa de Lula”*: O presidente da Argentina, Alberto Fernández, será a principal estrela internacional das comemorações dos 41 anos do PT, em fevereiro. Ele participará no dia 22 de um debate sobre o chamado "lawfare" contra Luiz Inácio Lula da Silva. O termo designa a suposta perseguição judicial sofrida pelo ex-presidente, que acabou por lhe tirar os direitos políticos. A conferência "Lawfare: caso Lula e a luta pela recuperação de seus direitos políticos" é coordenada pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, recentemente apontado pelo próprio Lula como candidato ao Palácio do Planalto em 2022, caso o ex-presidente continue inelegível. No passado, a solidariedade de Fernández a Lula gerou críticas de Bolsonaro ao mandatário argentino. Nos últimos meses, os dois presidentes vinham ensaiando uma reaproximação. Também compõem a mesa o ex-candidato à Presidência da França Jean Luc Melenchon, do partido esquerdista França Insubmissa, e o advogado Antônio de Almeida Castro, o Kakay. O debate será pré-gravado e feito de forma virtual, e depois disponibilizado on-line.

PAINEL - *”Defesa de Lula reclama de 'tumulto processual' no caso das mensagens vazadas da Lava Jato”*: Em peça enviada ao ministro Ricardo Lewandowski (STF), os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamam da tentativa de "terceiros" de obter as mensagens da Operação Spoofing, com diálogos entre membros da Lava Jato. "A proliferação de pedidos desta ordem vem tumultuando a marcha processual", afirmam os advogados do escritório de Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins.​ Algumas destas requisições foram feitas por lideranças petistas. O ex-presidente busca usar os diálogos vazados como argumento para recobrar seus direitos políticos.

PAINEL - *”Governo de SP prevê aceleração no ritmo de vacinação em até três semanas”*
PAINEL - *”Jair Renan Bolsonaro publica vídeo participando de aglomeração durante show sertanejo em Brasília”*
PAINEL - *”RenovaBR lança novo curso de formação política para candidatos em 2022”*

*”Juiz das garantias e brigas internas travam plano de Fux contra decisões monocráticas no STF”* - As disputas internas no STF (Supremo Tribunal Federal) e o impasse em relação ao juiz das garantias travaram o plano do presidente da corte, Luiz Fux, de alterar o regimento interno para submeter liminares individuais automaticamente ao plenário. Para levar a mudança regimental a julgamento, o ministro Gilmar Mendes tem exigido a previsão de uma transição que leve a corte a julgar dentro de seis meses todas as decisões monocráticas que já estão em vigência. Com isso, Fux seria obrigado a pautar sua liminar que suspendeu a implementação do juiz das garantias. O presidente da corte, porém, resiste e tenta negociar uma saída que não vincule um tema ao outro. A reviravolta no julgamento sobre a reeleição no Congresso, que causou mal-estar entre os ministros, e a ampliação do racha interno, no entanto, têm dificultado essa negociação. Fux já disse publicamente que a remessa automática das liminares ao plenário é uma das suas bandeiras na gestão à frente do Supremo. O ministro tem afirmado que a medida representa a "reinstitucionalização" do STF, que passaria a se pronunciar sempre de maneira coletiva e não seria mais dividido em 11 ilhas. No ano passado, os ministros deram mais de 1.700 decisões monocráticas. No novo modelo, elas seriam automaticamente submetidas ao conjunto da corte.
Impedir a criação do juiz das garantias, porém, também é um tema caro ao ministro. A medida divide a responsabilidade de processos criminais em dois juízes: um autoriza diligências da investigação e o outro julga o réu. Assim, a ala mais garantista, da qual Gilmar faz parte e que defende mais respaldo ao direito da defesa em detrimento da acusação, afirma que os julgamentos serão mais isentos. Isso porque, após um magistrado participar da investigação, surgiria em um segundo momento um juiz para analisar de forma imparcial as provas colhidas ao longo do processo. A maioria dos defensores da Lava Jato, porém, entre eles Fux, diz acreditar que a medida poderá atrasar investigações, além de exigir uma estrutura que o Judiciário brasileiro não tem atualmente. O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, por exemplo, afirmou, em um parecer assinado quando era ministro da Justiça, que o instituto do juiz das garantias "dificulta ou inviabiliza a elucidação de casos complexos, como crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e delitos contra o sistema financeiro". Além disso, sustentou que 40% das comarcas do país têm só um juiz.
Na época, porém, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) divulgou levantamento que apontava que o dado era de 19% na Justiça estadual —1.908 das 10.046 varas— e de 21% na Justiça Federal —208 de 993 unidades. O juiz das garantias foi aprovado pelo Congresso na esteira da revelação de mensagens que sugerem a colaboração entre integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e Moro. Em um revés ao juiz, o Legislativo incluiu a medida no pacote anticrime que Moro havia enviado ao Congresso. Depois disso, o então ministro encaminhou um parecer ao presidente Jair Bolsonaro em que sugeria veto. No Natal de 2019, porém, o chefe do Executivo sancionou a medida. Nas redes sociais, o presidente foi alvo de duras críticas e, na época, tentou se defender. "Falam que eu traí, que não votam mais e ligam [o caso] a alguma coisa familiar. Saia fora da minha página. Se não sair, eu vou para o bloqueio", ameaçou. Bolsonaro fez referência às acusações de que o juiz das garantias teria sido sancionado para dificultar eventual condenação de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), investigado porque teria liderado um esquema para desviar parte dos salários de seus funcionários quando era deputado estadual.
Logo após o chefe do Executivo sancionar a medida, porém, o então presidente da corte, ministro Dias Toffoli, que é um defensor da medida, suspendeu sua implementação por seis meses. Ele alegou que botar em prática o juiz das garantias "demanda organização". Menos de dez dias depois, contudo, em 22 de janeiro do ano passado, Fux, então vice-presidente do STF e que respondia pelo plantão da corte na ocasião, suspendeu a implementação da medida por tempo indeterminado. Como relator das ações que questionam o instituto, o ministro decidiu convocar audiências públicas para discutir o tema antes de dar novo despacho ou levar o caso para julgamento dos 11 ministros da corte. No fim do ano passado, porém, um grupo de advogados entrou com um habeas corpus pedindo a derrubada da liminar de Fux. Relator do pedido, o ministro Alexandre de Moraes questionou o colega sobre em que pé está o caso. Fux usou a pandemia da Covid-19 e as recomendações sanitárias para justificar a suspensão das audiências públicas que estavam marcadas, o que, na prática, manteve o tema paralisado. Apesar de ter cobrado uma manifestação do colega a respeito, o que é inusual, uma vez que não cabe habeas corpus contra decisão de ministro, Moraes rejeitou o pedido dos advogados.
Se levar a cabo a ideia de manter o juiz das garantias suspenso como aceno à Lava Jato, porém, a aposta no STF é que Fux pagará o preço de não ver aprovada a pretensa bandeira contra a monocratização da corte. A ida automática das decisões individuais ao plenário tem apoio da maioria dos integrantes do STF, apesar da chance de a medida congestionar ainda mais os trabalhos do tribunal. A reviravolta no julgamento do Congresso, porém, tem dificultado a criação de um ambiente favorável para aprovar a medida. Gilmar, Toffoli e Moraes têm dito que só votaram a favor da recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara e Davi Alcolumbre (DEM-AP) na do Senado porque Fux teria sinalizado que daria um voto decisivo em favor da medida. No fim, entretanto, o presidente da corte acabou se opondo à reeleição e os colegas interpretaram o voto dele como uma traição. Assim, ao mesmo tempo que Fux teme destravar o juiz das garantias e sofrer uma derrota no plenário, os ministros que se sentiram traídos também não estão dispostos a facilitar as negociações a fim de encontrar a forma ideal de implementar o fim da monocratização da corte.

JOEL PINHEIRO DA FONSECA - *”Aumentar os impostos dos super-ricos é uma proposta liberal”*

*”Bolsonaro leva de volta ao Planalto amigo da família demitido por uso imoral de avião da FAB”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levou de volta ao Palácio do Planalto José Vicente Santini, amigo da família que foi demitido do posto de secretário-executivo da Casa Civil em janeiro do ano passado após usar um jato da FAB (Força Aérea Brasileira) para uma viagem exclusiva para a Índia. A nomeação para o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República foi publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (8). A publicação oficial não indica o novo salário de Santini. Decreto presidencial de maio do ano passado diz que a função de secretário-executivo tem salário de R$ 17.327,65. Até esta segunda-feira, Santini era assessor especial do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), cargo com salário de R$ 13.623,39​. Ele será o número dois de Onyx Lorenzoni, que deverá ser nomeado titular da pasta nos próximos dias na reforma ministerial a conta-gotas que Bolsonaro se organiza para fazer ao longo dos próximos meses.
(...)
Santini é amigo da família Bolsonaro e chegou ao governo com respaldo dos filhos do presidente, que se refere a ele como "cabeludo". Procurado pela Folha na semana passada, quando a notícia sobre seu retorno ao Planalto começou a circular, Santini disse não sabia da indicação. "Continuo colaborando com o governo como assessor do ministro Ricardo​ Salles", afirmou.​ No ano passado, então secretário-executivo da Casa Civil, Santini usou um jato da FAB com apenas três passageiros para voar da Suíça, onde participava do Fórum Econômico Mundial, para a Índia, onde Bolsonaro cumpria agenda oficial. Na ocasião, Bolsonaro chamou de inadmissível o uso do voo oficial com apenas três passageiros. "Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx [Lorenzoni]. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final", afirmou o presidente à época. Ao dizer que Santini deixaria o cargo de secretário-executivo, Bolsonaro não excluiu a possibilidade de ele ocupar outras funções no governo federal. Para o presidente, a conduta de Santini havia sido "completamente imoral". "O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de aviões lá comercial, classe econômica. Eu mesmo já viajei no passado, não era presidente, para Ásia toda de comercial, classe econômica, e não entendi. A explicação que chegou no primeiro momento: 'Ele teve de participar de reunião de ministros por isso…' Essa não, essa desculpa não vale."
Um dia depois, porém, Santini ganhou um novo cargo no Planalto, sendo nomeado assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. Diante da repercussão negativa, Bolsonaro afirmou em rede social que iria tornar sem efeito a nova contratação de Santini. Depois disso, em setembro do ano passado, Santini acabou reintegrado ao governo Bolsonaro com um cargo de assessor especial do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).
(...)

*”Acabou a mamata? Veja reações de Bolsonaro a suspeitas sobre aliados, amigos e familiares”*
*”Bolsonaro confirma que Onyx Lorenzoni assumirá Secretaria-Geral, mas nega reforma ministerial”*
*”'Impeachment se faz com milhões na rua, não com uma carreata', diz Kalil, prefeito de BH”*
*”Lira vai remover área de jornalistas na Câmara para se instalar no local”*
*”Morre aos 87 anos o senador José Maranhão, vítima de Covid-19”*

*”Doria faz ofensiva para unir PSDB, expulsar Aécio e receber parte do DEM”* - Preocupado com o racha no PSDB apresentado na eleição da Câmara dos Deputados, quando boa parte do partido apoiou o candidato de Jair Bolsonaro à presidência da Casa, o governador João Doria (SP) decidiu apresentar um ultimato à cúpula tucana. Em jantar na noite desta segunda (8) no Palácio dos Bandeirantes, Doria irá colocar na mesa a proposta de expurgar o partido do grupo de Aécio Neves (MG) e de absorver dissidentes do DEM ligados ao ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O deputado do PSDB mineiro é visto pelo entorno do governador como o motor do governismo latente no partido e principal obstáculo interno para a candidatura de Doria, hoje maior rival de Bolsonaro em cargo eletivo, à Presidência no ano que vem.
A proposta será servida de entrada no Bandeirantes, já que foi informada no convite aos comensais desta noite. Na prática, ela coloca o partido alinhado à tese da postulação de Doria em 2022, reforçando sua posição no momento em que até aqui aliado DEM rachou e assumiu ares neobolsonaristas. A alternativa, pela lógica, seria a saída de Doria do PSDB. Mas seus aliados não consideram essa hipótese provável hoje. A contrariedade com o mineiro é partilhada pela ala histórica do partido, a velha guarda liderada por Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente e outros integrantes do grupo, como o senador José Serra (SP) e o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), foram convidados para o jantar. Devem participar membros da cúpula tucana, como o presidente do partido, Bruno Araújo, e o líder do partido na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), que é próximo de Aécio. O plano de Doria havia sido delineado já na véspera da eleição no Congresso, ocorrida na segunda passada (1º), quando ficou clara a implosão do DEM. O partido de Rodrigo Maia deixou naquele domingo (31) o apoio ao candidato dele à sua sucessão, Baleia Rossi (MDB), que também era o nome de Doria na disputa com Arthur Lira (PP-AL), o rei do centrão apoiado pelo Planalto. A desistência do DEM, patrocinada pelo presidente da sigla, ACM Neto, quase levou o PSDB junto. Na noite de domingo, Bruno Araújo ligou para Doria e o informou que seria muito difícil segurar o partido no bloco de apoio a Baleia.
No começo da madrugada de segunda, os deputados Rodrigo de Castro, Carlos Sampaio (SP) e Eduardo Cury (SP) foram à casa de Lira anunciar que o partido deveria ficar independente —na prática, liberando os cerca de 15 ou 20 de 31 deputados que votariam de qualquer forma no líder do centrão. Maia entrou em ação e contatou Aécio, visto como apoiador dos deputados. O mineiro argumentou que os deputados estavam votando porque a torneira de emendas parlamentares do Planalto havia secado para eles nos dois últimos anos, mas disse que trabalharia para o PSDB se manter nominalmente no bloco de Baleia. Esse relato dá matizes à crise na segunda cedo, quando só transparecera que Doria e FHC haviam trabalhado para que o partido ficasse no bloco. Para seus interlocutores, foi uma prova de que Aécio não teria operado para Lira. Mas, na visão dos aliados do governador paulista, o gesto de Aécio foi apenas um ato de respeito prestado a Maia na despedida do cargo.
No domingo (7), Doria recebeu o ex-presidente da Câmara e o seu vice-governador, Rodrigo Garcia, que também é do DEM. Ambos foram convidados para integrar o PSDB, algo que o tucano confirmou em entrevista coletiva nesta tarde de segunda. "Ficaremos muito felizes se eles aceitarem", disse. "Fez bem o PSDB em convidar Rodrigo Maia para entrar no partido. Presidiu corretamente a Câmara e é bom quadro político. Tomara que aceite", escreveu FHC no Twitter no começo da noite. No caso de Garcia, a possibilidade é bastante grande, já que o DEM deixou de ser um partido com o qual Doria conta para 2022. O tucano tem um compromisso de deixar o cargo para que Garcia dispute a reeleição como governador. Apesar de estar no DEM/PFL desde 1994 e hoje comandar o partido no estado, sempre trabalhou com os tucanos. De quebra, se ele estiver no PSDB, são tolhidas as eventuais pretensões de Geraldo Alckmin, com quem Doria almoçou recentemente, de voltar a disputar o Bandeirantes. A aliados, contudo, o ex-governador cita que considera quem estiver na cadeira e puder concorrer é o "candidato nato". Garcia já foi sondado por Baleia para migrar para o MDB, mas esse movimento parece muito difícil. O partido já apoia o governo Doria e teve a vaga de vice da chapa vitoriosa de Bruno Covas (PSDB) na capital paulista ofertada pelo tucano em nome de um acerto em 2022.
ACM Neto ainda está tentando convencer Garcia a ficar no DEM. Ele marcou para esta terça (9) uma visita a ele e a Doria para discutir o assunto, mas as chances são baixas. Já a realidade de Maia é algo diferente. Entrar no PSDB significaria dar o controle partido no Rio, seu estado, para o deputado. Mas ele colocou como condição para tal um processo que chamou de purificação da sigla. Entre outros nomes que devem migrar para o PSDB está o de Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro da Saúde demitido por Bolsonaro devido a divergências no manejo da pandemia. O embate entre Doria e Aécio, que quase foi eleito presidente no segundo turno em 2014 e caiu em desgraça após a divulgação do áudio em que pedia dinheiro para o empresário Joesley Batista, é antigo.
O governador considera o mineiro um fardo político incontornável em termos de imagem, além de rival na política interna da sigla. O paulista buscou a expulsão do mineiro da sigla, mas foi derrotado na Executiva Nacional. Depois, viu o deputado quase emplacar um nome seu, Celso Sabino (PA), na liderança do partido na Câmara. A força de Aécio na bancada, apesar de seu ostracismo público, é grande e transcende o PSDB. Mas ele sofreu reveses recentes: Sabino está com o pedido de expulsão da sigla em análise pela Comissão de Ética do partido. Aí entra a confluência com a velha guarda do PSDB, tradicionalmente pouco afeita a Doria e que acalenta desde 2018 uma candidatura do apresentador Luciano Huck à Presidência. Com o "embaixador" de Doria em Brasília Antonio Imbassahy de mediador, os dois grupos concordam que é preciso isolar Aécio e talvez mais seis deputados —preferencialmente os expulsando do PSDB. O vácuo seria ocupado por nomes ligados a Maia e a Garcia egressos do DEM e que estão irritados com a condução de ACM Neto. A guerra ficou escancarada em uma entrevista concedida por Maia ao jornal Valor Econômico nesta segunda, na qual disse que o ex-prefeito de Salvador entregou "a cabeça do partido para Bolsonaro".
O baiano retrucou nesta tarde, dizendo à Folha que o deputado "se encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole". Doria namora o que seus aliados chamam de "DEM do bem", avessos à aproximação com o centrão e o Planalto. Há resistências contra esse movimento na bancada federal. Um aliado de Aécio afirma que pelo metade do partido na Câmara não concorda com o que chama de "exibicionismo" do tucano paulista, ainda que reconheça seu peso relativo pela cadeira que ocupa e pelo protagonismo no combate à pandemia do novo coronavírus. Esse deputado afirma, contudo, que prefere ver uma disputa interna no PSDB entre Doria e Eduardo Leite, o governador gaúcho que já foi especulado para tal missão pela velha guarda. Com o racha instalado no partido, contudo, o tempo corre para que os tucanos se decidam. Na avaliação de seus aliados, a projeção nacional dada pelo patrocínio da vacinação contra a Covd-19 deu a Doria o carimbo que faltava para suas pretensões presidenciais.

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*”Em meio a protestos, Haiti diz ter impedido golpe contra o presidente”* - O governo do Haiti anunciou no domingo (7) a prisão de mais de 20 pessoas, alegando que elas estavam envolvidas numa tentativa de golpe de Estado e num complô para assassinar o presidente Jovenel Moïse. Mas os detalhes da acusação ainda não foram apresentados. Os detidos —sob acusações que a oposição disse terem sido forjadas— incluíam um juiz da Suprema Corte e um dos inspetores gerais da polícia. O caso é mais um episódio da crise política que se arrasta há mais de um ano no Haiti e se soma a uma série de problemas: o Legislativo está fechado, o presidente comanda através de decretos, e a quantidade de protestos na rua contra o governo tem aumentado. No centro da disputa está uma discussão sobre o término do mandato de Moïse. Ele foi eleito em 2015 e deveria ter tomado posse em 7 de fevereiro de 2016 para um mandato de cinco anos.
Em meio a acusações de fraudes, porém, o pleito foi anulado e teve que ser refeito no ano seguinte. Durante esse período, o país foi comandado por um governo interino. Moïse saiu vencedor na nova votação e assumiu o comando do Haiti em 7 de fevereiro de 2017. Como o mandato presidencial no país é de cinco anos, ele alega que deve permanecer no cargo até fevereiro de 2022, portanto —uma alegação apoiada pela Organização dos Estados Americanos e pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Já a oposição considera que o período de um ano de governo interino deve ser incluído na contagem, mesmo que Moïse não fizesse parte dele. O Superior Tribunal de Justiça do Haiti também concorda com essa visão de que o mandato dele teria terminado exatamente no último domingo, 7 de fevereiro de 2021. As prisões realizadas pelo governo aconteceram logo depois que figuras importantes da oposição haitiana anunciaram um plano para substituir Moïse por um novo chefe de Estado, que seria escolhido entre os juízes da Suprema Corte. Também no domingo, milhares de pessoas foram às ruas em diversas cidades para pedir a saída do atual presidente —na capital, Porto Príncipe, houve confronto com a polícia Em um discurso de uma hora, dado no mesmo dia dos protestos e das detenções, Moïse desprezou seus detratores. “Eu não sou um ditador”, disse ele. “Meu mandato termina em 7 de fevereiro de 2022.” Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro Joseph Jouthe —que é aliado do presidente— informou que 23 pessoas haviam sido detidas no domingo, incluindo um magistrado, e que a polícia também apreendera dinheiro, armas e munições.
Ele ainda disse que essas pessoas teriam entrado em contato com funcionários da polícia no palácio presidencial para realizar a conspiração. “A missão era prender o presidente e também facilitar a posse de um novo presidente", afirmou. "O sonho dessa gente era atentar contra minha vida. Graças a Deus isso não ocorreu. O plano foi abortado", disse Moïse no aeroporto da capital, ao lado da mulher e do primeiro-ministro, antes de embarcar para a cidade balneária de Jarmel. Além da polêmica sobre o mandato, Moïse enfrenta acusações de autoritarismo. Ele governa o país através de decretos desde o ano passado, depois de suspender dois terços do Senado, toda a Câmara dos Deputados e todos os prefeitos. O Haiti atualmente tem apenas 11 funcionários eleitos no cargo, com o presidente se recusando a realizar qualquer eleição nos últimos quatro anos. A oposição nega a tentativa de derrubar o atual governo pela força. "Não se faz um golpe de Estado com duas pistolas, três ou quatro fuzis", afirmou à agência de notícias AFP o advogado André Michel, líder da coalizão contra o governo. Ele acusou Moïse de "escolher a via da repressão política".
O plano da oposição para trocar o comando do país exigia que membros da sociedade civil e líderes políticos escolhessem um novo presidente entre os juízes da Suprema Corte, em vez de esperar pelas eleições gerais marcadas para setembro. Segundo Michel, se o presidente não renunciar, a oposição fará mais protestos. "Estamos esperando que Jovenel Moïse abandone o palácio nacional para poder proceder a posse de Mécene Jean-Louis", continuou , referindo-se ao juiz Joseph Mécène Jean-Louis, membro do Tribunal de Cassação. Em uma mensagem de vídeo, Jean-Louis leu um breve discurso no qual afirmou que aceitaria "a escolha para poder servir ao país como presidente interino da transição" —o que fez aumentar as tensões. Um referendo sobre a nova Constituição está marcado para abril, e a oposição teme que o voto não seja livre e apenas encoraje tendências autoritárias de Moïse, o que o presidente nega. Neste ano deviam ser realizadas também eleições legislativas e municipais, mas elas foram adiadas. Na sexta-feira (5), os EUA apoiaram o argumento de que o mandato de Moïse termina em fevereiro de 2022 e pediram "eleições legislativas livres e justas para que o Congresso possa retomar o poder que lhe cabe". O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, enviou um aviso a Moïse sobre o adiamento das eleições e a decisão por decreto. “O povo haitiano merece a oportunidade de eleger seus líderes e restaurar as instituições democráticas do Haiti.”

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*”Governo quer que patrão ofereça curso ao contratar beneficiário do BIP, novo auxílio de R$ 200”* - No modelo em estudo para a criação do BIP (Bônus de Inclusão Produtiva), que substituiria o auxílio emergencial, o governo avalia exigir que as empresas forneçam um curso de qualificação ao contratarem beneficiários do programa. A medida seria uma forma de compensação dada pela companhia pelo fato de estar incluindo em seus quadros um funcionário com encargos trabalhistas reduzidos, dentro do sistema da Carteira Verde e Amarela. Como mostrou a Folha, o governo está preparando uma proposta que libera três parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa Família. A ideia é que o recebimento do auxílio possa ser associado ao fornecimento de um curso aos beneficiários, que, em sua maioria, têm baixo nível de qualificação. Um dos modelos desenhados pelo Ministério da Economia previa parcerias com órgãos do sistema S, que seriam responsáveis por oferecer os treinamentos. No entanto, seria necessário uma rede bem mais ampla para atender às 30 milhões de pessoas que devem ser beneficiadas pelo BIP.
Um exemplo foi a medida adotada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que buscou exigir curso de qualificação profissional a quem pedir seguro desemprego pela segunda vez em dez anos. Mas, sem uma ampla oferta de vagas, por exemplo, no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), a ideia gerou pouco efeito na liberação de seguro desemprego desde 2013. Isso porque sem oferta por entidade pública, o benefício é concedido sem a obrigatoriedade de curso técnico. O Pronatec recuou de quase R$ 4,7 bilhões em 2015 para uma previsão de R$ 100 milhões neste ano. Membros da equipe econômica estudam, portanto, um modelo que não dependa de ampliação dos recursos públicos para a oferta de cursos profissionalizantes. Por isso, afirmam que pode ser adotado um novo caminho, com treinamento oferecido pelas próprias empresas.
Nessa possibilidade em avaliação, os beneficiados pelo BIP receberiam as três parcelas de R$ 200 enquanto procuram um emprego. Eles seriam autorizados a assinar contratos sob o modelo flexível da Carteira Verde e Amarela, que permitiria o trabalho por hora e teria encargos reduzidos. Ao encontrar a vaga, essa pessoa teria de passar por um curso na empresa. O ônus do treinamento ficaria a cargo do empregador, sem custo ao funcionário. De acordo com uma fonte que participa da elaboração da medida, existe a possibilidade de que o curso seja focalizado em pessoas mais jovens, assim como a redução dos encargos na Carteira Verde e Amarela. O desenho do BIP, no entanto, prevê o pagamento das parcelas de R$ 200 para informais de todas as idades. A movimentação da equipe econômica para criar um programa vinculado a contrapartidas é uma tentativa de evitar que o Congresso aprove uma liberação direta de recursos para o auxílio emergencial. Parlamentares já sinalizaram que podem criar a assistência mesmo que não haja corte de gastos em outras áreas. A proposta do ministro Paulo Guedes (Economia) busca condicionar esse gasto extra com o benefício ao corte de despesas do governo. Para isso, vai propor a inclusão de uma cláusula de calamidade pública na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do pacto federativo, que retira amarras do Orçamento e traz gatilhos de ajuste fiscal.
O modelo de treinamento feito pela empresa também existe, por exemplo, nos casos de lay off, quando companhias fecham acordo coletivo para suspender o contrato de trabalho de funcionários por até cinco meses em momentos de crise. Nesses casos, os empregados participam de curso ou programa de qualificação profissional oferecido pela própria empresa. No ano passado, por conta da pandemia, esses treinamentos foram oferecidos na modalidade não presencial, pela internet. O mecanismo do lay off dá ao trabalhador o direito a uma bolsa de qualificação profissional, calculada de forma semelhante ao seguro-desemprego. O valor mensal tem por base os três últimos salários recebidos, não podendo ser inferior a um salário mínimo. Para o beneficiário do BIP, não haveria o pagamento dessa bolsa. Ele receberia do governo as parcelas de R$ 200. Segundo técnicos da equipe econômica, o objetivo do modelo desenhado para o BIP é estimular a qualificação profissional sem que isso represente um peso às contas públicas. Desde o início do governo, a qualificação bancada com recursos públicos vem sendo substituída por iniciativas mais baratas ao Orçamento e com ampliação da parceria com o setor privado. Com o discurso de que o formato atual do Pronatec não tem o efeito devido no mercado de trabalho, o governo começou a selecionar empresas de qualificação profissional para serem remuneradas de acordo com a efetiva empregabilidade dos alunos formados. Mas a medida ainda precisará ser expandida.
+++ O governo parece partir de um pressuposto errado. Ele acredita que as empresas vão contratar funcionários sem formação e que, após a contratação, as empresas vão formar os empregados para que possam trabalhar.

*”'Eu acho que vai ter prorrogação do auxílio emergencial', diz Bolsonaro”*
*”Ideia de condicionar auxílio a curso profissional é sádica e inoperante”*

PAINEL S.A. - *”'O diabo é que a indústria não é prioridade do governo', diz presidente de entidade ao deixar cargo”*: Depois de quase sete anos no cargo, Milton Rego deixa a presidência-executiva da Abal (associação do setor de alumínio), que reúne empresas como Alcoa, Norsk Hydro, Novelis e CBA. Ele pretende publicar um texto na internet nesta terça-feira (9) questionando a postura de associações e empresas que se recusam a falar de política e criticar governos, mas ao mesmo tempo querem ser ouvidas nas discussões setoriais. "Me parece que há uma contradição aí", diz Rego. Segundo Rego, as questões amplas, que transcendem o universo específico das empresas, como desigualdade, mudanças climáticas e defesa da democracia, exigem um posicionamento mais claro. Para ele, o setor produtivo nacional vive um ponto de inflexão. "Ou recuperamos agora a competitividade ou não haverá volta. No início de fevereiro, saíram os dados da balança comercial de 2020. A participação de bens industrializados nas exportações foi a mais baixa dos últimos 40 anos. Isso é muito preocupante. O diabo é que a indústria está longe de ser prioridade para o atual governo", diz Rego. A Abal busca um novo nome para o cargo, que deve ser divulgado nos próximos meses.

PAINEL S.A. - *”Cervejarias calculam perdas com cancelamento de festas do Carnaval”*
PAINEL S.A. - *”Com piora da pandemia, demanda por testamento segue em alta”*
PAINEL S.A. - *”Melissa muda comércio eletrônico na pandemia”*
PAINEL S.A. - *”Império de moda britânico fecha ciclo para empresário que teve o nome envolvido no MeToo”*
PAINEL S.A. - *”Agente autônomo que saiu da XP em meio a disputa em 2020 diz que captou R$ 5 bi”*
PAINEL S.A. - *”Rede de supermercados vai pagar US$ 100 para funcionário vacinado”*

*”Lira marca para terça votação de autonomia do BC para dar sinalização ao mercado”*
+++ A reportagem não apresenta nenhuma informação relevante e muito menos abre espaço para o debate. Apenas o presidente da Câmara, um ou outro parlamentar favorável ao projeto e representantes do governo e do Banco Central falam à reportagem. Não há qualquer espaço para contestação ou crítica.

VAIVÉM DAS COMMODITIES - *”Brasil importa trigo, arroz e até soja, e agro dos EUA se recupera em 2020”*

*”Defasagem no preço do diesel aumenta após ajuste na política de preços da Petrobras”* - A defasagem do preço interno do diesel em relação às cotações internacionais aumentou a partir do segundo semestre de 2020, depois que a estatal promoveu um ajuste em sua política de preços estendendo o prazo para avaliação da paridade de importação dos produtos. Nesta segunda (8), a Petrobras anunciou aumentos nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, mas ainda assim suas ações tiveram forte desvalorização nas bolsas, diante de dúvidas a respeito de interferências em sua política comercial. Na Bolsa de São Paulo, as ações preferenciais, mais negociadas, fecharam em queda de 3,14%, puxando para baixo o principal índice do pregão paulista. Dados compilados pelo Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) a pedido da Folha indicam que a estatal iniciou 2020 acompanhando de perto o mercado internacional, principalmente nos meses de queda abrupta após o início da pandemia.
Quando os preços internacionais começaram a subir, já como reflexo do relaxamento das medidas de isolamento social ao redor do mundo, a resposta da estatal ocorreu de forma mais lenta e com menor intensidade, mostra o levantamento. A análise considera os preços de paridade de importação divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) com base em informações da consultoria S&P Platts, que começaram a ser publicados em 2019 como uma referência oficial para acompanhamento do mercado. Foi feita com os preços praticados em quatro importantes mercados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná. Na última semana de janeiro, o litro do diesel era vendido nas refinarias da Petrobras por cerca de R$ 0,20 a menos do que o preço de paridade calculado pela ANP. Em junho, a Petrobras estendeu de três meses para um ano o prazo para avaliação da paridade internacional dos preços dos combustíveis, o que significa que pode passar mais tempo vendendo abaixo das cotações internacionais, desde que recupere as perdas depois. A empresa nega que a medida seja um sinal de interferência do governo e diz que "a simples modificação do período da aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional, promovida há oito meses, não se constitui em rompimento com nosso inarredável compromisso com o alinhamento de nossos preços no Brasil aos preços internacionais".
Nesta segunda, em meio a dúvidas sobre a independência de sua política comercial, a Petrobras anunciou alta de 8,1% na gasolina, 5,1% no diesel e 5,05% no gás de botijão, com vigência a partir de 0h desta terça (8). Será o terceiro reajuste da gasolina e o segundo do diesel em 2021. Nas bombas, os dois produtos acumulam alta de 5,5% e 3,5%, respectivamente, no ano. Na semana passada, a gasolina custava, em média, R$ 4,769 por litro, enquanto o diesel saía a R$ 3,762 por litro. Para a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), os aumentos ainda não são suficientes para cobrir a defasagem em relação aos preços internacionais, que ficariam em R$ 0,17 por litro no caso da gasolina e R$ 0,12 por litro, no caso do diesel. "Apesar da Petrobras controlar a decisão por ajustes no preço do diesel, a situação dos caminhoneiros nos leva a acreditar que o timing para essa decisão pode não estar em linha com as expectativas dos acionistas", disse o Bradesco BBI, em relatório divulgado no domingo (7) no qual rebaixa o preço-alvo das ações da estatal. Para os analistas do Bradesco, o cenário pode ter impacto também sobre o processo de venda de refinarias e, em consequência, na distribuição de dividendos no futuro.
Diante da repercussão negativa do caso e de crescentes cobranças sobre o aumento de preços, o presidente Jair Bolsonaro disse a eleitores na manhã desta segunda que não tem ingerência sobre a Petrobras e que não pretende se tornar um ditador para extrapolar os limites que a legislação impõe ao presidente da República. ​"Não é novidade para ninguém: está previsto um novo reajuste de combustível para os próximos dias, está previsto. Vai ser uma chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobras? Não", disse Bolsonaro. "Daí o cara fala 'você é presidente do quê?' Ô, cara. Vocês votaram em mim e tem um monte de lei aí. Ou cumpre a lei ou vou ser ditador. E para ser ditador vira uma bagunça o negócio e ninguém quer ser ditador e... isso não passa pela cabeça da gente", afirmou o presidente.
Bolsonaro já havia reunido a equipe econômica na sexta-feira (5), mas terminou o encontro sem uma medida concreta para reduzir o preço dos combustíveis. Ele propôs um projeto de lei que fixasse a aliquota do ICMS em cada Unidade da Federação ou que garantisse que o imposto estadual fosse cobrado na refinaria, mas foi contestado pelos estados. ​A cota de sacrifício da União se daria pela redução do PIS/Cofins, mas o governo não chegou a apresentar uma solução para compensar a medida. ​​Em um recado aos governadores, o presidente voltou a cobrá-los pela redução do ICMS. "Os governadores falam que não podem perder receita, que estão no limite. Entendo isso aí. O governo federal também está no limite. É verdade. Agora, quem está com a corda mais no pescoço do que nós, presidente da República e governadores, é a população consumidora." Defensor da proposta de respeitar prazos mais longos para acompanhar a paridade internacional, o Ineep diz que esse modelo é comum em países com grande produção de petróleo e evitam trazer a volatilidade internacional para o mercado interno. Para o instituto, as propostas feitas até agora "revelam total falta de estratégia". "Claramente, o governo e a Petrobras não dialogam. Não há entendimento de ambos sobre o papel dos preços dos combustíveis no Brasil e sequer sobre soluções para esse problema", diz o coordenador técnico do instituto, Rodrigo Leão.

*”Petrobras recebe proposta de US$ 1,65 bilhão por refinaria da Bahia”*
MICHAEL FRANÇA - *”De pai para filho, a meritocracia hereditária”*

*”Jorge Paulo Lemann diz a Temer que tem 'saudades do seu governo'”* - Homem mais rico do Brasil, segundo a revista Forbes, o empresário Jorge Paulo Lemann, do 3G Capital, declarou que sente saudades do governo do ex-presidente Michael Temer. O comentário foi feito durante uma live do grupo Parlatório, organizada pelo empresário do setor da construção civil Cláudio Carvalho. Lemann participou virtualmente de sua casa na Suíça, onde mora. “O zoom tem sido maravilhoso. Antigamente eu viajava 700 horas por ano, um mês dentro do avião. Agora, estou há um ano sem viajar. A pandemia trouxe muitos problemas, mas trouxe alguns benefícios”, disse o empresário. Durante uma hora e 40 minutos, no domingo (7), Lemann respondeu perguntas feitas por 11 participantes do encontro, como o presidente do conselho de administração do banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o empresário Jorge Gerdau, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, os também ex-ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Indústria e Comércio) e o ex-presidente Michel Temer. Na conversa, Temer elogiou atuação do empresário e Lemann retribuiu ao ex-presidente. “Saudades do seu governo. As coisas realmente funcionavam naquela época.”
Ele disse também que acha o Brasil cheio de oportunidades, mas não está numa boa fase. “Tudo o que você olha dá para melhorar, fazer melhor. E tem muita liquidez no mundo. As economias estão andando mal, mas a bolsa não para de subir. O pessoal não sabe onde investir, mas o Brasil não tem performado bem.” Segundo Lemann, é possível mudar a visão dos investidores estrangeiros. “É só consertar um pouquinho, ser mais ortodoxo, tratar bem os estrangeiros que tem muito, muito dinheiro.” No entanto, ele afirmou que acha difícil que o país tenha tempo para aprovar as reformas necessárias até as eleições de 2022. “Temos um Congresso que não se sabe direito para que lado vai. Acho difícil fazer as coisas que precisam ser feitas.” O bilionário brasileiro, que tem 80 anos, também contou que foi vacinado na semana passada na Suíça. Em sua fala inicial, Lemann fez uma mea culpa pela desvalorização da AB-Inbev que, segundo ele, teve o seu valor de mercado reduzido de R$ 200 bilhões para R$ 140 bilhões em seis anos. “Tivemos dificuldade porque o nosso ótimo pessoal tinha sido treinado por nós e não eram pessoas acostumadas a acompanhar o que o consumidor quer. Demos para trás nos últimos seis anos porque ficamos confortáveis na posição que estávamos [de líderes do mercado]. Não tínhamos pessoas certas e não demos atenção ao mundo novo onde o consumidor tem mais opção de escolha.”
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, questionou os programas educacionais que contam com apoio financeiro do empresário, bem como o fato de muitos dos bolsistas acabarem migrando para a política. “Já demos 1.500 bolsas. Antes mais para economistas, mas ultimamente para pessoas que querem se voltar para o setor público. Cerca de 500 pessoas já se formaram em governança pública. Dessas, umas 70 estão empregadas em setores governamentais, como secretarias de educação. Outros foram para política. Temos seis deputados federais, e nós não escolhemos a pessoa conforme sua preferência política. Escolhemos pessoas que nós achamos que são boas”. Lemann contou que isso gera uma confusão entre seu viés ideológico e ele acaba sendo alvo da atual polarização política nacional. “A Tabata Amaral [deputada federal], que estudou com bolsa nossa, é mais de esquerda do que eu, e a turma bolsonarista acha que eu sou de esquerda também. Tem uma moça que nós apoiamos que estava no programa de saúde e ficou conhecida como a miss cloroquina, aí a turma mais de esquerda já acha que eu estou apoiando alguém que recomenda a cloroquina.” Trabuco fez duas perguntas mais políticas. A primeira sobre a situação nos Estados Unidos. Lemann disse que o atual presidente, Joe Biden, tem um "problemaço". “Ele tem que administrar um país que teve 70 milhões de pessoas votando contra ele”, afirmou.
O empresário também chamou de “briga boba” a disputa do país norte-americano com a China. “Um depende do outro. A China sem o mercado americano não funciona, e os EUA precisam de outro lugar para fabricar suas coisas. No final, terão que se entender, espero que com mais conversa, e que encontrem soluções pragmáticas para a briga.” A segunda pergunta do executivo do Bradesco foi sobre a política nacional, mas Lemann se esquivou. “Me prometeram que a conversa não seria política. É difícil falar sem mencionar pessoas. Eu espero que haja mais diálogo. Tem gente que não é dessa linha. Acha que só consegue fazer as coisas batendo, espalhando fake news.” Lemann também falou sobre meio ambiente e um projeto que tem sido tocado pela sua mulher, Susanna. “Minha mulher está em um projeto no Pantanal. Várias pessoas se juntaram e compraram uma área muito grande, várias fazendas e vão financiar com ecoturismo e protegendo.” Segundo ele, várias pessoas procuraram o projeto para comprar créditos de carbono em troca de apoio financeiro. “Alguma coisa pode acontecer por aí e não estamos entregando a Amazônia ou nossas florestas para os estrangeiros. São fazendeiros e pessoas locais financiando o projeto ecológico com dinheiro que vem de fora com créditos de carbono.”

*”Luiza Trajano lança movimento para vacinar todos os brasileiros até setembro”*
*”EUA apoiam nigeriana, que deve se tornar 1ª mulher a dirigir OMC”*

*”810 escolas estaduais de SP não abriram por falta de autorização e 67 estão em obras”*
*”Primeiro dia de greve de professor em SP tem baixa adesão”*
*”Entenda como serão as aulas presenciais nas escolas de São Paulo”*
*”Volta às aulas em SP tem distanciamento, menos alunos na escola e álcool em gel”*
*”Em 24 dias, 37 pacientes transferidos de Manaus morreram”*

*”Doria ameaça ir ao Supremo se governo federal não der prazo para habilitar leitos de Covid no estado”* - O governador João Doria (PSDB) afirmou que pretende recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) se o Ministério da Saúde não informar até o fim desta segunda-feira (8) o prazo para habilitar os leitos de internação para Covid-19 no estado que deixaram de ser custeados pelo governo federal. No último dia 3, o secretário estadual da saúde, Jean Gorinechteyn, havia informado que dos cerca de 5.000 leitos custeados pelo governo federal no estado de São Paulo até o fim de 2020, somente 564 estavam habilitados este ano. A habilitação prevê repasse de verba para custos com profissionais, equipamentos e insumos para manutenção do funcionamentos dessas vagas de internação no SUS (Sistema Único de Saúde). Doria afirmou que a Procuradoria-Geral do Estado já foi autorizada a conduzir a questão na Justiça, caso a resposta não venha nesta segunda. O anúncio foi feito em coletiva na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste de SP). Segundo Gorinechteyn, o estado já enviou "reiterados ofícios" ao Ministério da Saúde solicitando posicionamento do governo federal a cerca da habilitação desses leitos, mas não obteve resposta. "Não podemos esperar. A pandemia é devastadora", disse. O secretário ainda afirmou que outros estados também tiveram a mesma redução na disponibilidade de vagas custeadas pelo governo federal e o Conass (Conselho Nacional dos Secretários da Saúde) vai reiterar ao ministério que se posicione de "forma definitiva e clara" a respeito da habilitação desses leitos.
O Ministério da Saude foi questionado a respeito da habilitação dos leitos pela Folha e respondeu por meio de uma nota (leia na íntegra).
"O governo de São Paulo recebeu recursos emergenciais para leitos Covid ao longo do ano passado numa ação que o estado e as demais unidades da federação haviam pactuado com o governo federal ser temporária. Além disso, o Ministério da Saúde repassou recursos suficientes durante 2020 que permitiriam ao estado abrir mais de 8 mil vagas em nível UTI. O Ministério da Saúde informa que não houve nem há nenhum ato administrativo de desabilitação de leitos de UTI para Covid-19, pois os atos normativos do Ministério da Saúde são pactuados de forma tripartite com o CONASS e o CONASEMS e são publicados por meio de portaria em Diário Oficial da União, garantindo os princípios do SUS de gestão participativa e descentralizada.
Em virtude do término do Estado de Calamidade Pública, conforme o decreto legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, que reconhecia a ocorrência do estado de calamidade pública, com efeitos até 31 de dezembro de 2020, os recursos de créditos extraordinários destinados pelo Governo Federal para enfrentamento à pandemia (cerca de R$ 41,7 bi) foram destinados a estados e municípios e aplicados pelo Ministério da Saúde até 31 de dezembro de 2020. A fim de concluir os repasses aos Estados e ao Distrito Federal, o Ministério da Saúde publicou em DOU a portaria nº 3.896, de 30 de dezembro de 2020, que transferiu R$ 864.000.000,00 (oitocentos e sessenta e quatro milhões de reais), para continuar o enfrentamento das demandas assistenciais geradas pela emergência de saúde pública de importância internacional causada pelo novo Coronavírus, sendo R$ 126.522.037,23 destinados ao Estado de São Paulo, dos quais 22,35% (R$ 27.834.843,14) eram destinados a leitos de UTI previstos no Plano de Contingência Estadual.
Esse montante seria o suficiente para o Estado de São Paulo manter 580 leitos durante 30 dias, com a diária dobrada aplicada em 2020, ou 1.160 leitos com a diária preconizada pelo SUS de R$ 800,00. Além disso, pelas portarias anteriores de habilitação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 (o que não fecha nenhum leito nem impede que os demais leitos sejam empregados para os pacientes de Covid-19), deixariam de estar disponíveis exclusivamente para Covid-19 apenas 180 leitos de UTI no mês de janeiro 2021. Na última reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), ocorrida em 28 de janeiro de 2021, e na assembleia do CONASS que a antecedeu, o Ministério da Saúde apresentou a possibilidade de que esses recursos fossem empregados além dos percentuais previstos na portaria 3.896, na manutenção dos leitos de UTI. Ressalta-se que, em 31 de dezembro de 2020, o saldo remanescente em conta dos fundos municipais e estaduais de saúde oriundo de repasses federais feitos pelo Ministério da Saúde era de R$ 24 bilhões, sendo R$ 9,5 bilhões na esfera estadual e R$ 14,5 bilhões na esfera municipal. Recursos estes para serem empregados no enfrentamento à pandemia pelos entes federados.
De um saldo total de R$ 4.262.946.040,44 (Estado de São Paulo e seus municípios), estavam R$ 1.415.545.710,65 na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e a soma dos saldos das secretarias de saúde dos municípios de São Paulo era de R$ 2.847.400.329,79 (com 10% desse saldo seria possível manter 8.881 leitos de UTI por um período de 30 dias, com uma diária de R$ 1.600,00, o que pode ocorrer conforme a discricionaridade do gestor local em aplicar os recursos disponíveis, de acordo as necessidades da rede de atenção à saúde). Já no mês de janeiro de 2021, foram repassados mais R$ 732.897.176,96 ao Estado de São Paulo e R$ 1.273.073.136,56 aos seus municípios. Além disso, foram destinados R$ 22,5 bi para a aquisição de vacinas que estão reabertos para aplicação no corrente ano. Já foram disponibilizados aos entes federados, até a presente data, 8.900.000 doses de vacinas aprovadas pela Anvisa, das quais 2.074.548 doses para o Estado de São Paulo. Desta forma, o governador do Estado de São Paulo mente ou tem total desconhecimento do ato. Como o ônus da prova cabe àquele que acusa, resta ao governador comprovar o que chamou de crime e de quebra de acordo federativo. Esse tipo de desinformação é um desserviço ao povo brasileiro."
QUEDA NO NÚMERO DE CASOS
Dados apresentados na coletiva mostram queda nos casos de Covid-19 em São Paulo nesta semana. A média móvel de casos teve redução de 8% em relação a semana anterior. No entanto, o patamar ainda é considerado alto, com 10.295 novos registros da doença por dia no estado. Já a média móvel de internações teve queda de 2%, chegando a 1.513 notificações diárias nesta semana em comparação com a anterior. O estado está atualmente com 66,9% dos leitos de UTI para tratamento de Covid-19 ocupados. Essa taxa chega a 65,7% na Grande São Paulo. Os números de mortes, no entanto, tiveram alta de 4% na média móvel por dia—subindo de 219 para 227. Segundo o secretário Gorinechteyn, essa alta pode ser explicada pelo represamentos de alguns registros de óbitos

VERA IACONELLI - *”Lancellotti, Varella, Suplicy e outros”*
*”Estudo que embasou decisão de suspender vacinação na África do Sul tem limitações”*
ANÁLISE - *”Variantes do coronavírus não são o fim das vacinas”*
*”Governo de SP vai imunizar toda a população vacinável de cidade do interior para avaliar efeito sobre Covid”*

*”Fila de carros se forma no Pacaembu para drive-thru da vacina em SP”*
*”Você já teve Covid? Nesse caso, sugere estudo, talvez só precise de uma dose da vacina”*
*”Médicos residentes do Hospital São Paulo denunciam falta de remédios e anunciam greve”*
*”Lewandowski manda governo federal definir ordem de grupos prioritários na vacinação contra a Covid-19”*

*”Infectados por Covid relatam queda de cabelo, cansaço e problemas de pele meses após doença”*
*”Médicos recomendam check-up pós-Covid para detectar e tratar sequelas”*
*”Justiça dá aval para plantação de maconha por associação com habeas corpus coletivo”*
*”Fechamento de instituição de assistência traz incertezas a famílias da periferia de SP”*

MÔNICA BERGAMO - *”TSE julga duas ações pedindo cassação de Bolsonaro e de Mourão por disparo de fake news”*: O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgará nesta terça (9) duas ações que pedem a cassação de Jair Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão por disparos em massa de fake news nas eleições de 2018. Os magistrados vão decidir se elas são improcedentes ou se terão continuidade. O relator é o ministro Luis Felipe Salomão. A corte deve analisar também pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal do empresário bolsonarista Luciano Hang, da Havan, que teria financiado os disparos de mensagens pelo WhatsApp. A PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral) pediu também a quebra dos sigilos de quatro empresas que teriam efetuado o serviço. Nas alegações, a PGE afirma que o próprio WhatsApp informou ter detectado “comportamento anormal”, indicativo de envio de mensagens em massa, por parte das empresas. As duas ações, da coligação Brasil Soberano (PDT e Avante), foram ajuizadas a partir de reportagens publicadas pela Folha. Além delas, há outras duas, da coligação O Povo Feliz (PT, PC do B e PROS) que não entraram na pauta. A defesa de Hang afirma que há confusão entre o impulsionamento de mensagens nas páginas pessoais do empresário em redes sociais com condutas que lhe são “falsamente imputadas”, de financiar disparos em massa de fake news. Bolsonaro também sempre negou qualquer envolvimento com os fatos. Com a vitória de aliados do presidente para comandar a Câmara dos Deputados e o Senado, a possibilidade de impeachment está, pelo menos por enquanto, descartada. E o TSE passou a ser a única instituição que pode dar dor de cabeça a ele —se as ações forem julgadas procedentes, Bolsonaro pode ser afastado do cargo.

MÔNICA BERGAMO - *”PSOL lança gabinete paralelo nas redes para monitorar políticas públicas de Bruno Covas”*
MÔNICA BERGAMO - *”Estudo mostra que tratamentos menos invasivos contra tumor renal têm mesmo resultado que cirurgias”*
MÔNICA BERGAMO - *”Organização pede que Conare mantenha entrevistas em processos de pedidos de refúgio”*
MÔNICA BERGAMO - *”Ancine aprova proposta de regimento interno para comitê gestor de fundo do audiovisual”*

CAPA – Manchete principal: *”Petrobrás reajusta de novo preços de combustíveis, com pressão do mercado”*

MERVAL PEREIRA - *”A fila anda”*: A desintegração partidária exposta pelas traições em série na recente eleição para a presidência da Câmara provocou uma rebordosa que pode ter consequências profundas na corrida presidencial do próximo ano. Mostrando a resiliência da ressonância nacional da política do Rio, apesar dos pesares, o centro das negociações gira em torno de políticos daqui, como o próprio presidente Bolsonaro, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, o ex-deputado federal Miro Teixeira, o presidenciável Luciano Huck, entre outros. A decisão de Rodrigo Maia de sair do DEM, sedimentada na entrevista que deu ontem ao jornal “Valor Econômico”, em consequência da vitória dos governistas para a presidência da Câmara e do Senado com dissidências de vários partidos que o apoiavam formalmente, mas não na prática, sobretudo o DEM, teve o condão de destravar uma série de negociações. Maia deve anunciar hoje oficialmente sua saída, mas não seu próximo destino, que pode ser o PSL renovado, livre dos bolsonaristas, ou o PSDB. O governador João Doria jantou com Maia em São Paulo no domingo e o convidou formalmente para ir para o partido que preside, juntamente com o vice-governador Rodrigo Garcia. Ontem à noite, dando sequência a uma série de ações com que pretende assumir o controle de partido, Doria reuniu as principais lideranças no Palácio dos Bandeirantes para obter a expulsão do deputado federal Aécio Neves — que já tentou uma vez e não conseguiu —, forçando uma definição de maioria que é decisiva para sua campanha presidencial.
A garantia de que Doria realmente controla o partido é fundamental para que Maia possa tomar uma decisão. Doria sabe disso e disse a seus correligionários que somente sem ambiguidades o PSDB será um partido atraente, inclusive para Rodrigo Maia. Outra opção dele é o PSL, partido pelo qual o presidente Bolsonaro se elegeu e do qual saiu litigiosamente, em disputa dos fundos partidário e eleitoral. O PSL elegeu a segunda maior bancada da Câmara em 2018, por isso tem direito à maior parte da divisão dos fundos, só sendo superado pelo PT. Mesmo perdendo vários integrantes nesses dois anos, especialmente com a saída do grupo de Bolsonaro, o PSL continuará tendo uma fonte de financiamento poderosa para 2022. Esse atrativo permitiria a formação de um novo partido, renomeado (quem sabe “Livres”), sem a presença de remanescentes do bolsonarismo, que poderia ser a base, eventualmente, de uma candidatura de Luciano Huck. Maia não fala sobre seu futuro, mas o projeto do PSL remodelado, ligado aos movimentos de renovação política dos quais Huck participa, seria um projeto que o agradaria. Mas o fundo partidário também atrai os bolsonaristas, que veem na antiga sigla uma boa plataforma para enfrentar a campanha da reeleição com bala na agulha.
Tudo indica que agradaria mais a Luciano Bivar, que controla o partido, ter Maia como parceiro do que o ex-correligionário presidente. Mas a força de atração do poder eleitoral do presidente ainda pesa em decisões desse tipo. Huck teria a alternativa de filiar-se ao Cidadania, presidido por Roberto Freire, e a possibilidade de uma coligação com partidos como o Verde e o Rede. Será uma questão de balizar sua candidatura mais à direita ou mais à esquerda. Huck, no entanto, não pretende se envolver nessa disputa partidária. Ele continua interessado em debater ideias, defendendo que, no momento, é inócuo discutir legendas. No campo da esquerda, quem atua com desenvoltura é Ciro Gomes, que ganhou esta semana o retorno do ex-deputado federal Miro Teixeira ao PDT, partido que liderou na Câmara por dez anos. Os dois foram ministros de Lula e estão empenhados em montar um programa que reflita um projeto de desenvolvimento para o país. Miro sugere que o título do livro de Gomes — “O dever da esperança” — poderia até mesmo ser o slogan da campanha, que foi convidado a coordenar pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, ressaltando que a coordenação da campanha sempre é do candidato. Parece que a oposição está entendendo que, contra políticos personalistas e populistas como Lula e Bolsonaro, só um projeto de futuro pode mobilizar o eleitorado para sair do marasmo em que nos encontramos, depois uma longa enfermidade.
+++ Mau caráter e sórdido, Merval Pereira iguala Lula a Jair Bolsonaro. Quem sabe as mensagens da Lava Jato possam atingir a credibilidade desde velho jornalista que não se cansa de ser péssimo analista.

*”Guerra aberta no DEM – Alas do partido se atacam; PSDB convida Maia”*
ENTREVISTA: ACM NETO, presidente do DEM - *”Rodrigo procura culpado para seus erros”*
*”Agricultura entra na mira do Centrão para reforma ministerial”*
*”Após aglomerações, Câmara registra 19 casos de Covid”*
*”Lira ‘despeja’ comitê de imprensa para instalar gabinete”*

*”Esquerda se divide sobre indicação de Haddad”* - A indicação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que Fernando Haddad assuma o posto de pré-candidato do PT à Presidência da República em 2022 provocou reações entre os demais partidos de esquerda. Políticos dessas siglas avaliam que o gesto dificulta a formação de uma frente para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro, que pretende disputar a reeleição, e cobram dos petistas a apresentação de um programa de governo. Até dentro do PT houve reações. O governador da Bahia, Rui Costa, que almeja concorrer ao Palácio do Planalto, não fez críticas diretas à indicação de Haddad, mas afirmou que “nada está definido” e que os projetos não devem ser individuais.
— Sou uma pessoa de projeto coletivo, não acho que a gente vá transformar o Brasil com projetos individuais. Tenho repetido há mais de um ano que é urgente e necessário que a gente possa fazer um debate sobre o que fazer do Brasil, para construir um programa de governo que seja o mais amplo possível e forme uma frente capaz de vencer as eleições — disse o governador petista, em entrevista à Rádio Salvador FM.
Em agosto do ano passado, Costa havia defendido, em entrevista ao GLOBO, que o PT deveria fazer aliança até com DEM e PSDB para vencer Bolsonaro na disputa pelo Planalto. Ontem, o governador disse que se o objetivo é ganhar a eleição, o programa de governo deve representar um segmento mais amplo do que o do partido. Costa ainda evita dar como certa a candidatura de Haddad a presidente.
— O que entendi é que o presidente Lula sinalizou que precisa iniciar a caminhada de debate sobre 2022, de montar programa de governo, isso precisa estar personificado em alguém. O Haddad tem toda a legitimidade, mas acho que não tem nada definido. O próprio Lula, se tiver condições, vai avaliar a sua candidatura — disse o governador, se referindo ao fato de o ex-presidente estar com os seus direitos políticos suspensos por causa de condenações na Lava-Jato.
Já lideranças do PDT, do PSOL e do PCdoB reconheceram a legitimidade da atitude de Lula ao lançar Haddad, mas cobraram a construção de um projeto e a busca por alianças.
— Falta o Haddad apresentar um projeto. Ele quer ser presidente para quê? Nós estamos apresentando o projeto nacional-desenvolvimentista do Ciro (Gomes) desde a campanha presidencial passada — afirmou Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.
“Visão hegemonista”
O dirigente pedetista acredita que os petistas correm o risco de disputar a eleição numa chapa sem o apoio de outras legendas.
— Até agora não vejo o PT tentar nenhuma aliança. Vejo eles fazerem uma política muito isolada.
Aliado de Ciro, o deputado André Mendonça (PDT-CE) falou que o exemplo de Cristina Kirchner, que aceitou ser vice de Alberto Fernandez, eleito presidente da Argentina em 2019, nunca servirá para Lula e criticou a “visão hegemonista” dos petistas. Governador do Maranhão e citado como possível presidenciável, Flávio Dino (PCdoB) seguiu na mesma linha de Lupi. “Indiscutível o direito de qualquer partido lançar candidato a presidente da República. Questões são outras: qual o programa e quais as alianças para derrotar Bolsonaro? Pois se há uma coisa que não temos ‘direito’ é de perder novamente para ele e prolongar tantas tragédias”, escreveu Dino no Twitter. Segundo colocado na eleição para a Prefeitura de São Paulo e possível presidenciável do PSOL, Guilherme Boulos postou, logo após a divulgação da notícia sobre a escolha de Haddad, que defende que “a esquerda busque unidade para enfrentar Bolsonaro e, para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir projeto”. Horas depois, diante da reação dos petistas, Boulos, em uma nova postagem, tentou amenizar o tom e elogiou o pré-candidato do partido: “O PT tem o direito de lançar nomes para 2022. E eu tenho o direito de defender que o melhor caminho para a esquerda é construir um programa unitário e depois definir nomes. No mais, Haddad é meu amigo e um grande quadro. O resto é intriga de quem vive da pequena política.”

*”STF julga liminar que deu a Lula diálogos entre Moro e Lava-Jato”*
*”Desafio à imunização – Nova cepa preocupa, mas campanha não deve ser interrompida”*
*”Vacina faz Covid-19 regredir bruscamente em Israel”*
*”Respiro em hospitais – Internação por Covid-19 cai 44% no Rio, e rede privada também sente o freio”*

*”Novo reajuste – Para analistas, Petrobrás quer acalmar mercado sobre sua política”*
*”Luiza Trajano lança movimento para vacinar população até setembro”*
*”Bolsonaro sobre auxílio: ‘acho que vai ter prorrogação’”*
*”BC pode não ter recursos para pagar salários em março”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Congresso quer auxílio fora do teto e sem corte de gastos”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”O teto não é o vilão”*: Não há dúvida de que o poder público deve se mobilizar para encontrar espaço no Orçamento para atender os milhões de brasileiros que perderam renda em razão da pandemia de covid-19. Junto com a vacinação em massa, a retomada do auxílio emergencial deve estar no topo das prioridades dos políticos e das autoridades em todas as esferas administrativas. Não foi por outra razão, aliás, que os novos comandantes do Congresso manifestaram que a imunização e o socorro financeiro são suas únicas preocupações no momento. Já o governo de Jair Bolsonaro expressou reticências sobre uma nova rodada de auxílio emergencial, mas é questão de tempo até que suas reservas sejam superadas pela perspectiva de potenciais ganhos eleitorais, única motivação do presidente. Assim, a volta do auxílio emergencial é apenas uma questão de tempo – e depende, sobretudo, da formulação de uma arquitetura financeira que não agrave a periclitante situação fiscal do País. Nesse aspecto, a suposta dificuldade de encontrar recursos em razão das limitações constitucionais, em especial o teto de gastos públicos, tem alimentado um discurso irresponsável que justifica a ruptura desse teto como um imperativo moral, ante a inegável necessidade de amparar milhões de cidadãos sob ameaça de fome.
Não é à toa que muitos dos que advogam essa ruptura são os mesmos que tudo fizeram e fazem – há tempos, desde antes da pandemia – para desacreditar o teto de gastos, atribuindo a essa restrição todos os males sociais do País. Trata-se de uma questão absolutamente falsa. É perfeitamente possível encontrar recursos, respeitando-se o teto, para atender os brasileiros ora necessitados. O presidente do Centro de Liderança Pública, Luiz Felipe D’ávila, disse ao site Poder360 que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 147/2019, que elimina os chamados “penduricalhos” agregados aos vencimentos de funcionários públicos, por exemplo, já seria suficiente para implementar um auxílio de até R$ 250. “Temos que aprovar a PEC dos Penduricalhos, que é o fim de privilégios absurdos da elite do funcionalismo público. Isso tem um custo absurdo para a Nação. Com esse superávit, podemos financiar o programa de auxílio emergencial”, disse D’ávila. Essa seria apenas uma das várias maneiras possíveis de manejar o Orçamento para o socorro aos necessitados sem desrespeitar o teto de gastos. O economista Marcos Mendes, em artigo no site Brazil Journal, apresentou nada menos que oito propostas. Uma delas seria direcionar parte das emendas parlamentares excepcionalmente para o pagamento do auxílio. Soluções como essas, contudo, exigem habilidade e vontade política, pois seria necessário enfrentar a poderosa corporação do funcionalismo e também convencer os parlamentares a mudar a destinação de parte das bilionárias verbas a que têm direito para investir em seus redutos eleitorais. Como se vê, o obstáculo não é o teto de gastos, mas a acomodação da elite política em seus feudos de poder.
É preciso lembrar, sempre, que a responsabilidade fiscal é a garantia da preservação da maior conquista econômica brasileira desde a redemocratização: o controle da inflação, cuja manutenção em patamares civilizados estimula investimentos de longo prazo, mantém o poder de compra da moeda, permite a redução dos juros e, assim, ajuda a conservar o endividamento público em nível administrável – o que, por sua vez, mantém os preços comportados, num círculo virtuoso. Sem o teto de gastos, tudo isso desmorona. Ademais, o teto de gastos é fundamental para o debate democrático sobre as prioridades do País. Ao estabelecer um limite para a despesa pública, o instrumento obriga os brasileiros a discutirem, por meio de seus representantes políticos, qual deve ser a destinação dos impostos arrecadados, com a consciência de que os recursos são finitos. Aqueles que não gostam de controle, que preferem manter os privilégios de quem se julga dono do Orçamento e que estão somente preocupados com o atendimento de seus interesses paroquiais imediatos continuarão a vilanizar o teto de gastos. Para esses, na prática, o teto só se aplica aos pobres.

*”PSDB busca filiar Maia e virar frente de oposição”*

*”’Quer tirar a mim e botar quem?’, afirma Bolsonaro”* - Alvo de mais de 60 pedidos de impeachment protocolados na Câmara, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que um eventual impedimento do chefe do Executivo não resolveria nada. “Agora vem os outros: ‘impeachment’. Vai resolver o quê? Quer tirar a mim, quer botar quem no lugar? Quer botar quem no lugar?”, afirmou Bolsonaro durante conversa com apoiadores, em frenta ao Palácio da Alvorada. “Eu tenho humildade para acolher qualquer sugestão, qualquer uma, seja qual for, a gente estuda”, declarou. A atuação do governo federal durante a pandemia da covid-19 está entre os principais motivos citados nos pedidos de impeachment. Ontem, mais um pedido foi protocolado, o 69.º desde o início do governo – do total, cinco já foram descartados. Desta vez, um grupo de médicos e cientistas assinam o documento. “O denunciado abusou dos poderes constitucionais e políticos inerentes a seu cargo para obter vantagens políticas, prejudicando a saúde dos brasileiros, minando relações federativas e achincalhando a dignidade e a honra do cargo de presidente da República”, registra o documento.
Câmara. Ontem, Bolsonaro ainda disse que, “graças a Deus, mudou o comando da Câmara”, com a eleição de Arthur Lira (PP-AL). “Esse cara que saiu da Câmara diz que vai encarnar a verdadeira oposição ao meu governo. Ele não tem que ser oposição, tem que ser favorável ao Brasil, porque, quando se faz política barata, o povo sofre”, afirmou em referência ao ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ).

ELIANE CATANHÊDE - *”Sócios no atraso”*: Em baixa nas pesquisas e na sociedade, mas em alta na política e no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro promove alianças tácitas com praticamente todo o leque partidário, desde o PT e o centro até a extrema direita e os aproveitadores de sempre. Resultado: é incrível como tudo parece andar para trás, de marcha à ré. A Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro se transformam nos grandes vilões do Brasil. Em simbiose com o Centrão, o bolsonarismo raiz se infiltra em vistosos cargos do Congresso. A pauta conservadora, de armas e excludente de ilicitude, domina o debate nacional. Até as discussões sobre auxílio emergencial deixaram de ser movidas pela tragédia social e a preocupação econômica para atender interesses políticos. Esse processo rumo ao atraso não é novidade, mas teve grande impulso com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado e vive seu melhor momento com a súbita perda de relevância de Rodrigo Maia, a implosão humilhante do DEM, a estridente decadência do MDB e a falta de rumo e de juízo do PSDB, um partido sem líderes.
Bolsonaro tem todos os defeitos que nós sabemos e só não vê quem não quer, mas ele não é fraco, não. O capitão, que subjugou os generais e cooptou os escalões inferiores das Forças Armadas, também desarticulou a oposição política e a resistência institucional. O caminho está livre para tocar o projeto de Jair, Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro, sob inspiração do tal guru. Governos, parlamentos e entidades estrangeiras, fundos de investimentos internacionais, ex-ministros, ex-chanceleres, ex-presidentes do Banco Central, centenas de padres católicos e pastores batistas, anglicanos, presbiterianos indignam-se com o que ocorre no Brasil, mas a realidade anda para um lado e a política vai na direção oposta. Quem vai botar o pé na porta quando Bolsonaro atacar a democracia e as instituições? Arthur Lira, o presidente da Câmara que é líder do Centrão e cheio de problemas no Supremo? DEM, PSDB e MDB, que venderam a alma ao diabo e os votos por verbas, cargos e promessas de ministérios? E quem vai garantir maioria pró-lava Jato, já oscilante, no Supremo? O presidente Luiz Fux faz a parte dele, mas até quando um Alexandre de Moraes terá respaldo para segurar as investidas golpistas que vêm do outro lado da Praça dos Três Poderes?
O cenário é preocupante e DEM, PSDB e MDB têm grande responsabilidade nisso. Para além dos ataques estéreis entre Rodrigo Maia e ACM Neto, vamos aos fatos: DEM levou longos anos construindo uma imagem, renovando suas lideranças, equilibrando o liberalismo econômico com foco social e, assim, conquistou força e destaque na política nacional. Na hora decisiva para o País, porém, demoliu tudo num estalar de dedos. DEM e PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab surgiram do racha do PFL, que tantos serviços prestou à redemocratização. Agora, tantos anos depois, eles voltam a se encontrar na mesma raia, que não é pragmática, só oportunista. Se Bolsonaro está forte politicamente e leiloando cargos, estão com ele. Se mais adiante tropeçar e despencar nas pesquisas, pulam fora. ACM Neto tem pedigree, não é amador e não erraria de forma tão primária. Logo, é um risco calculado que não faz jus, digam o que quiserem, à história do PFL nem ao legado de Jorge Bornhausen, Marco Maciel e Guilherme Palmeira. E o mais triste é que os novos dissidentes não têm saída. PSDB? MDB? É trocar seis por meia dúzia. Tudo sempre pode mudar, mas, neste momento, o tal candidato de centro é quase uma piada e Bolsonaro dá risadas ao se preparar para enfrentar o PT em 2022. Ou melhor, para enfrentar o próprio Lula. O caminho já poderá ser aplainado, hoje, pela Segunda Turma do Supremo.

*”PT quer assumiu comissão de Eduardo”* - Com a maior bancada na Câmara, o PT pretende usar sua preferência nas escolhas de comissões para fazer um contraponto à política externa de Jair Bolsonaro. O partido vai reivindicar a Comissão de Relações Exteriores, até este ano comandada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSLSP), filho do presidente. O indicado da legenda de oposição será Arlindo Chinaglia (PT-SP), que comandou a Casa entre 2007 e 2009. A comissão é estratégica para a oposição, pois poderá servir para contestar medidas adotadas pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que é ligado à ala ideológica do governo. O colegiado é responsável por analisar a maioria dos tratados internacionais firmados pelo País e por aprovar projetos que tratam do assunto. Foi na gestão de Eduardo, por exemplo, que a comissão deu aval para utilização comercial do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão. A presidência de cada uma das 25 comissões permanentes da Câmara não está definida. A divisão depende da regra da proporcionalidade, baseada no tamanho de cada partido ou bloco partidário, e também de acordos firmados entre os líderes. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já estabeleceu que o principal colegiado da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), será do PSL. O partido indicou o nome de Bia Kicis (DF) para a vaga. Procurado, Lira não confirmou se o PT ficará com a de Relações Exteriores e disse que ainda vai ouvir outras bancadas para decidir. A intenção dele é retomar os trabalhos das comissões logo depois do carnaval. Os colegiados estão sem funcionar há mais de um ano, desde antes do início da pandemia.
O líder do PT, Enio Verri (PT), afirmou que, além da Comissão de Relações Exteriores, o partido vai tentar presidir outros dois colegiados. Até o ano passado, a sigla tinha três: Cultura, Legislação Participativa e Direitos Humanos. Chinaglia também aguarda a definição do partido e das divisões, mas disse que a indicação do seu nome para a presidência seria algo natural, já que ele participa do colegiado. “As posições do ministro (Ernesto Araújo) vão contra os interesses nacionais”, afirmou Chinaglia. “Agora, não se pode imaginar que uma comissão tem o mesmo poder que um ministério, isso seria uma bobagem.” Em 2019, Eduardo foi um “eco” do chefe do Itamaraty no Congresso. Os dois fizeram coro em críticas à China e ao alinhamento aos Estados Unidos. No período, a comissão aprovou uma moção de repúdio ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, por defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado pelo Estadão, Eduardo declarou que não vai tentar a presidência de nenhuma comissão neste ano, mas pretende integrar algumas como membro. “Se a de Relações Exteriores for para o PT, estarei lá fazendo oposição.”
Governistas. A indicação de Bia Kicis para a CCJ não é o único avanço de governistas sobre postos-chave da Câmara, consolidado a partir da vitória de Lira para o comando da Casa. Fiel escudeira de Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PSLSP) assumirá a Secretaria de Comunicação. Além disso, dos sete principais assentos da Mesa Diretora, apenas Luciano Bivar (PSLPE), na Primeira-secretaria, e Marília Arraes (PT-PE), na Segunda-secretaria, não são aliados do Palácio do Planalto. Investigada no inquérito das fake news, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Carla Zambelli tem o aval de Lira para assumira Secretaria de Comunicação. Entre as atribuições do cargo estão gerenciar e definir a linha editorial da TV, Rádio e Agência Câmara. “Carla é um fenômeno na área da comunicação e tenho certeza de que vai fazer um bom trabalho”, disse o líder do PSL, deputado Major Vitor Hugo (GO). A parlamentar também é investigada em inquérito no Supremo que apura a organização de atos antidemocráticos, com pautas a favor do fechamento do Congresso e da Suprema Corte. Procurada, a deputada não se manifestou.

*”Bolsonaro afirma que Onyx vai para a Secretaria-Geral”*
*”Demitido após usar avião da FAB ganha novo cargo”*

*”Supremo decide hoje sobre acesso de Lula a mensagens de Moro”* - A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga hoje se mantém ou revoga a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que autorizou a defesa do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva a ter acesso ao material apreendido pela operação Spoofing. A investigação mira um grupo de hackers que invadiu celulares e copiou conversas de autoridades – entre elas o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato. Ontem, a defesa de Lula enviou ao STF o laudo preliminar de uma nova perícia feita nas mensagens. No documento que acompanha a perícia, a defesa do ex-presidente observa que as mensagens encaminhadas ontem foram selecionadas em razão de sua “relevância”. “Esse novo conjunto de mensagens encontradas reforça que o então juiz Sérgio Moro orientava e era consultado rotineiramente para a prática dos atos de persecução, notadamente em relação ao Reclamante”, diz o documento. A defesa pretende usar as conversas para reforçar as acusações de que Moro agiu com parcialidade e encarou o ex-presidente como “inimigo” ao condená-lo a 9 anos e meio de prisão no caso do triplex do Guarujá. Na outra ponta, ex-juiz e procuradores insistem que o material não foi periciado oficialmente e que a prova não tem validade jurídica por ter sido “obtida por via criminosa”.
Na véspera do julgamento, a defesa rebateu os argumentos dos procuradores. Os advogados Cristiano Zanin, Valesca Martins, Maria de Lourdes Lopes e Eliakin Santos argumentam que elementos de prova para comprovar ou reforçar teses defensivas independem da origem. “De fundo, lícito ou ilícito, o que de fato importa ao Reclamante é que o Estado detém sob sua custódia relevantes elementos de prova que informam as canhestras acusações forjadas perante o juízo universal de Curitiba”, diz trecho da manifestação de 15 páginas. O tema foi pautado pelo presidente da Segunda Turma, ministro Gilmar Mendes, a pedido do próprio Lewandowski, relator. Além dos dois ministros, participam do julgamento os colegas Edson Fachin, Cármen Lúcia e Nunes Marques. Argumento. A decisão de Lewandowski não deu acesso a Lula a todo o material apreendido na Operação Spoofing – apenas aos trechos que pudessem ter relação com os processos aos quais o petista responde na Lava Jato. Os fundamentos usados por Lewandowski para atender o pedido foram atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa.

*”Democratas rejeitam tese de Trump e mantêm impeachment no Senado”*
*’’Relação com Brasil continua forte’, diz diplomata dos EUA”*
*”No Equador, aliado de Correa aguarda rival do 2º turno”*
*”Governo do Haiti diz ter ‘evitado golpe de Estado’”*
*”Militares proíbem atos e impõem toque de recolher em Mianmar”*
*”Países europeus expulsam diplomatas da Rússia”*

*”Após registra redução de 76% de leitos com verba federal, SP planeja ir à Justiça”*
*”Hospital São Paulo tem greve de residentes”*
*”Governo de SP diz que abriu 85% de escolas, 7 fecham por infecção”*
*”Variante faz OMS debater adoção de vacina de Oxford”*

*”Cientistas falam em 3ª onda em Manaus”* - A mesma equipe de cientistas que previu, em artigo publicado em agosto na Nature, o segundo colapso na saúde em Manaus por causa da covid19, aponta agora para uma terceira onda do coronavírus na região. Segundo os pesquisadores, o Estado do Amazonas corre o risco de espalhar a crise sanitária para todo o território nacional, caso autoridades não imponham lockdown com pelo menos 90% da população isolada e vacinação em massa mais acelerada do que no restante do País. “Sem o isolamento social adequado, Manaus deve enfrentar uma terceira onda ainda em 2021. É necessária uma fiscalização forte da polícia para garantir o fechamento de Manaus. Além disso, é impensável a volta às aulas presenciais para qualquer local do Brasil neste momento, justamente para impedirmos o espalhamento da variante que surgiu no Amazonas. Recomendamos o fechamento também das fábricas e do Distrito Industrial em Manaus, que podem parar sem quebrar e sem deixar de pagar o salário de seus funcionários”, destacou Lucas Ferrante, biólogo e doutorando do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o primeiro autor do artigo na revista científica. “Não existe lockdown em Manaus hoje, apenas um isolamento parcial que já sofre pressões para a reabertura da cidade. Uma reabertura, mesmo que gradual, propiciaria um cenário de manutenção da pandemia, e um ritmo de casos e mortes alto durante todo o ano e entrando em 2022”, frisou Ferrante.
O grupo, que deve publicar um novo artigo nas próximas semanas com as projeções para 2021, é formado por profissionais de diversas áreas, como Medicina, Biologia e Matemática. Além de Lucas, fazem parte do estudo os doutores Philip Fearnside do INPA, Luiz Henrique Duczmal, professor do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas (ICEX) da UFMG, Unaí Tupinambás, docente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da universidade mineira, Wilhelm Alexander Steinmetz e Jeremias Leão, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Alexandre Celestino Leite Almeida, da Universidade Federal de São João delrei (UFSJ), e Ruth Camargo Vassão, pesquisadora aposentada do Instituto Butantan. De acordo com o cientista, a taxa de transmissão e mortalidade por covid deve se manter a mesma durante todo o ano se não forem aplicadas medidas drásticas de isolamento, facilitando o surgimento de cepas. “Isso deverá propiciar novas mutações, o que pode culminar em uma nova variante resistente às vacinas já produzidas.” O cientista frisa que a atual segunda onda não é fruto da nova cepa, notoriamente mais transmissível e responsável por mais mortes em Manaus e interior, e que possui similaridades com as encontradas na África do Sul e no Reino Unido. “Essa segunda onda é fruto da negligência de governador e do prefeito da capital, de não terem decretado um lockdown severo por algumas semanas no ano passado”, diz.
Resistência ao isolamento. Ferrante se reuniu com o atual prefeito, David Almeida, em 21 de janeiro. Segundo ele, embora tenha se mostrado receptivo, o prefeito não tomou ainda nenhuma das providências solicitadas pelo grupo. “Sugerimos o lockdown e que a prefeitura estabeleça um diálogo direto com o Ministério da Saúde e governo do Estado para a compra de mais vacinas, a exemplo do governo de São Paulo, para impedir que a doença se propague e que o vírus sofra novas mutações e fique mais resistente”, defendeu o cientista. A assessoria do prefeito confirmou o encontro, mas não comentou o teor. No ano passado, os pesquisadores também tentaram se reunir com o então prefeito Artur Neto, sugerindo lockdown antes do Natal, mas a reunião foi desmarcada em cima da hora por um assessor. A assessoria do ex-prefeito confirma que sua agenda não permitiu o encontro. Ferrante também coordenou um estudo em maio do ano passado, a pedido do Ministério Público Estadual, apresentado em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado. Os dados apresentados foram alvo de desconfiança de deputados governistas e da então diretora da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, Rosemary Costa. Segundo ela, os dados de que a FVS dispunha não apontavam para aumento de casos nos próximos meses. “Nós somos vigilância ativa, temos dados em tempo real e baseados em sistemas oficiais. Nós não admitimos que a FVS seja tratada como um órgão menor e nossos dados sejam questionados”, disse a diretora na audiência pública, que pode ser assistida no Youtube. Ela morreu no dia 22 de janeiro, aos 61 anos, por covid-19, durante a segunda onda que Manaus atravessa.

*”País pode enviar ao Haiti mais testes que os entregues a 24 Estados”* - O governo Jair Bolsonaro pode enviar ao Haiti mais testes para detecção da covid-19 do que o governo federal entregou a 24 das 27 unidades da federação do Brasil. Somente São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná receberam volume superior. Como revelou o Estadão,o Ministério da Saúde negocia a entrega de 1 milhão de exames do tipo RT-PCR, o mais adequado ao diagnóstico, para o país caribenho. Tratada como ato humanitário em documentos oficiais, a doação pode reduzir o estoque de 5 milhões de unidades que vencem a partir de abril, mas jogar sobre o Haiti a responsabilidade de usar o produto com validade curta. Com praticamente o dobro da população do Haiti, Minas Gerais só recebeu 747 mil exames. Já o Rio Grande do Sul, que tem população similar à do país caribenho (cerca de 11 milhões de habitantes), ficou com 571 mil testes. Como o Estadão revelou em novembro, o ministério guardava 7,1 milhões de exames e a maior parte (96%) teria de ir ao lixo entre dezembro e janeiro, pois perderiam a validade. Após a reportagem, o governo recorreu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aceitou um pedido da fabricante para estender o prazo de vencimento por mais quatro meses. Depois disso, 2,1 milhões de exames foram entregues, mas a gestão de Pazuello continua com dificuldade para consumir todo o estoque.
No total, o Ministério da Saúde entregou 14 milhões de exames RT-PCR aos Estados na pandemia. Cerca de 10,2 milhões foram realizados até agora. A meta do governo era ter feito 24 milhões de exames desse tipo até o fim de 2020. Com a maior população, São Paulo foi o Estado que mais recebeu exames do governo federal (2,4 milhões). Na outra ponta, Roraima levou 102,3 mil. Mesmo as unidades já entregues não foram totalmente utilizadas pelos Estados. Há dificuldades para processar as amostras pela falta de máquinas adequadas e insumos como reagentes de extração, cotonetes “swab” e tubos coletores. O exame hoje encalhado, fabricado pela coreana Seegene, também não é compatível com toda a rede de análise do Sistema Único de Saúde (SUS). Como revelou o Estadão, a área técnica da Saúde alertou a gestão de Pazuello, ainda em maio de 2020, sobre o risco de os exames perderem a validade. Quase um ano após a pandemia chegar ao Brasil, a pasta ainda negocia a compra de reagentes de extração de RNA. Além disso, o governo deve importar 12 milhões de testes de antígeno, produto de qualidade similar ao RT-PCR, mas de execução mais simples e rápida.
Pedido. O Itamaraty e o Ministério da Saúde afirmam que o governo haitiano pediu a doação dos testes. Não está claro se a quantidade ofertada foi proposta pelo Brasil ou pelo país caribenho. O governo brasileiro não doará outros insumos usados durante as análises das amostras. “Se os haitianos não tiverem como fazer essas análises ou como realizar coletas, não será possível ao Brasil dar início a alguma eventual doação”, afirma nota do Ministério da Saúde, que só se posicionou após duas semanas de cobranças da reportagem. Auxiliares de Pazuello, reservadamente, negam que a ideia é empurrar ao Haiti os exames que estão prestes a vencer.
O Brasil já doou cerca de 130 mil testes ao Paraguai e ao Peru. Também recebeu, recentemente, 72 mil unidades do governo da Coreia do Sul, além de outras 600 mil unidades da Petrobrás, no começo da pandemia. O Ministério da Saúde ainda pretende doar exames RT-PCR prestes a vencer para hospitais filantrópicos brasileiros. Mas, diante da oferta da equipe de Pazuello, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) alertou as entidades sobre o risco de os estoques terminarem no lixo. “São testes com prazo de validade até abril de 2021”, destacou ofício da confederação obtido pela reportagem. “Dessa forma, recomendamos às instituições que pleitearem a doação dos mesmos que o façam com responsabilidade, para que não passemos a concentrar em nós e nas nossas instituições a responsabilidade pelo vencimento dos testes.” Em nota, a CMB confirma que muitos hospitais devem rejeitar a proposta. “Os testes são necessários e bem-vindos, mas infelizmente nem todos os hospitais possuem equipamentos compatíveis para atender as especificações técnicas de análise do material coletado e leitura dos resultados do teste PCR.”

*”Congresso quer auxílio emergencial fora do teto e sem corte de despesas”* - O comando do Congresso sinalizou ontem que quer uma via expressa para a retomada do auxílio emergencial. Os gastos com o benefício devem ficar de fora do limite do teto de gastos, a regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. Além disso, ao contrário do que defende o ministro da Economia, Paulo Guedes, a nova rodada do auxílio não deve prever contrapartidas, como a aprovação de medidas de controle de gastos. Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acenou com a possibilidade de o Congresso abrir uma “excepcionalização temporária” do Orçamento para garantir o pagamento de novas parcelas do auxílio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), foi além. Disse que não é possível condicionar a concessão do benefício a medidas de ajuste fiscal, com o argumento de que a emergência e a urgência da situação não podem esperar. Em entrevista à Globonews, Pacheco disse que o cenário pode ser diferente em três ou quatro meses, com o aumento da imunização, mas agora ele é urgente. “Só temos duas saídas: ou votamos rapidamente o Orçamento ou o governo federal vai procurar alguma forma de o Congresso excepcionalizar temporariamente (o pagamento), até que tenhamos Orçamento para votar um projeto de novo de inclusão mais acessível para a população e que traga as pessoas que estão numa situação muito difícil”, disse Lira em entrevista em Alagoas.
Na prática, as falas dos presidentes da Câmara e do Senado sinalizam que o governo e o Congresso negociam uma forma de incluir as despesas da nova rodada do auxílio no que os economistas chamam de “extrateto de gastos”. Ou seja, fora da contabilização do limite do teto. Essa “excepcionalização” poderia ser feita por meio da edição de um crédito extraordinário do Orçamento. Esse tipo de crédito só o governo pode editar. A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Há dúvidas, porém, se os gastos com o agravamento da covid-19, como os de agora, podem ser incluídos na categoria de imprevisíveis. Outra possibilidade é abrir uma exceção na emenda do teto de gastos, como foi feito na distribuição dos recursos obtidos no leilão da exploração do pré-sal para Estados e municípios. Nesse caso, o caminho de tramitação exige uma mudança na Constituição. Se adotada a via expressa , o novo auxílio poderá ser concedido antes da aprovação do Orçamento, que deve prever um novo programa social. Uma definição sobre o socorro financeiro do governo aos mais vulneráveis se arrasta há meses mesmo diante da piora da pandemia.
Meta fiscal. Lira e Pacheco não deram detalhes de como essa brecha orçamentária se daria, mas as discussões avançam na área técnica do Ministério da Economia depois que Guedes aceitou a nova rodada de auxílio com valor em torno de R$ 200 e por mais três meses, segundo apurou o Estadão. Bolsonaro, que publicamente negava a necessidade do auxílio, ontem disse que a discussão para uma nova rodada do benefício é para “ontem” (mais informações nesta página). O impasse está no teto de gastos, mas a necessidade de cumprimento da meta fiscal de 2021 é outro obstáculo a ser superado para a concessão do auxílio. Mesmo que as despesas para o seu pagamento fiquem de fora do limite do teto de gasto – o cenário hoje mais provável devido à urgência da pandemia – o governo teria de compensar o gasto extra por meio de aumento da arrecadação ou mudar a meta fiscal, que prevê um rombo de R$ 247,1 bilhões.
Pela legislação brasileira, a despesa entra no cálculo do resultado primário (as receitas com a arrecadação de impostos menos as despesas, antes do pagamento de juros). Em 2020, com o chamado orçamento de guerra, as regras fiscais foram suspensas e o governo não precisou cumprir a meta fiscal e pode ampliar os gastos. A edição de um crédito extraordinário é considerada a saída mais pragmática, mas tem ainda pontos de dúvidas em relação à exigência de imprevisibilidade para esse tipo de crédito ser aberto pelo governo. A dúvida a ser esclarecida é: a prorrogação do auxílio era ou não previsível? Guedes tem defendido atrelar o auxílio a medidas de corte de despesas e também à aprovação de uma cláusula de calamidade que permitiria que as regras fiscais fossem suspensas enquanto ela estiver em vigor. Para o coordenador do Observatório Fiscal da Fundação Getúlio Vargas, Manoel Pires, é possível fazer o auxílio por crédito extraordinário. “Algumas pessoas entendem o mecanismo de forma mais restritiva, mas deve prevalecer o entendimento mais flexível. A questão da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) é que o programa tem de obedecer à meta fiscal. A compensação se daria por acréscimo de receita ou corte de despesa.”

*”Volta do benefício é para ‘ontem’, afirma Bolsonaro”*
ENTREVISTA: ROBERTO ROCHA, presidente da comissão mista de reforma tributária - *”Por auxílio, CPMF pode voltar com duração limitada”
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*”Petrobrás reajusta preços dos combustíveis”*

*”Pleno emprego é mantido como meta do BC”* - O parecer prévio do deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos-pe) sobre a proposta de autonomia do Banco Central, protocolado na Câmara dos Deputados, mantém como meta secundária do órgão fomentar o pleno emprego. O objetivo principal continua sendo o controle da inflação. O texto já foi chancelado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto. Segundo o deputado, a versão final do texto será apresentada em uma reunião de líderes hoje e, se o acordo se mantiver, o tema vai à votação em plenário até amanhã. A autonomia do Banco Central já foi aprovada no Senado.
Em pronunciamento após reunião com Costa Filho, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), o presidente do BC e o ministro Paulo Guedes elogiaram o relatório e defenderam a aprovação do projeto. Segundo eles, a autonomia do BC é decisiva para garantir a estabilidade no controle dos preços no País. “É a garantia de que aumentos setoriais e temporários de preço, como que ocorreu com materiais de construção e alimentos, não devem se transformar em aumentos permanentes e generalizados de preços, que é a espiral inflacionária”, afirmou o ministro. “Ele é decisivo para garantir a estabilidade monetária do País, poder de compra da moeda, poder de compra dos salários, das aposentadorias e a própria execução orçamentária pode ser estável se tivermos essa garantia.” No parecer, Costa Filho lembrou a crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus e se declarou favorável à aprovação da autonomia do BC. Segundo ele, a autonomia vai favorecer o combate à inflação no Brasil, a busca do pleno emprego, a queda de juros e adequar o País a padrões internacionais. “O Banco Central do Brasil defenderá a estabilidade de preços de maneira autônoma”, citou Sílvio Costa Filho em seu parecer, ao listar os benefícios da autonomia. “É precisamente em defesa dos cidadãos mais pobres e desfavorecidos que uma política severa de combate à inflação se faz necessária. Nesse sentido, um banco central autônomo é seguramente mais eficiente na busca de baixa inflação”, registrou.
Metas. Outro benefício da proposta, conforme o deputado, é que o BC buscará o pleno emprego. “Esta é, sem dúvida, mais uma grande conquista para as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros, que se verão protegidos por um órgão governamental autônomo e que, doravante, terá por objetivo zelar pela adequada oferta de empregos na economia”, disse o deputado. Hoje, o Banco Central tem como única meta o controle da inflação. Para isso, ele calibra a taxa básica de juros, a Selic. No parecer, Costa Filho também defende que a autonomia do BC permitirá a redução dos juros no Brasil. Além disso, conforme o deputado, será possível adequar o País a padrões internacionais. “Somos um dos poucos países do mundo desenvolvido a não termos um banco central autônomo, o que distorce a nossa imagem de economia madura e preparada para receber investimentos que possam gerar mais emprego e mais renda à população.”
O texto aprovado no começo de novembro pelo Senado mantinha a estabilidade de preços como objetivo central do Banco Central. A proposta incluiu ainda duas novas metas acessórias, sem prejuízo à principal: suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego no País. Na época, o governo concordou com a redação da proposta, apesar de o BC ser historicamente contrário a ampliar o escopo da atuação. O projeto ainda prevê mandato de quatro anos para os dirigentes da instituição, quarentena para ex-diretores e novas metas acessórias à autoridade monetária. O texto estabelece mandato de quatro anos para o presidente e oito diretores do Banco Central, incorporando o modelo adotado em outros países, como nos Estados Unidos. Se a proposta for aprovada também pela Câmara e sancionada por Bolsonaro, cada mandato começará em um determinado momento, sendo permitida uma recondução. A intenção é que os dirigentes da autoridade monetária não estejam suscetíveis às políticas do governo da ocasião.

*”Administrativa vai hoje à CCJ, afirma Lira”*
*”Trabalhador que recusar vacina pode ser demitido por justa causa, diz MPT”*
*”Dona do Magalu cria movimento por vacina”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Mercado volta a questionar a autonomia da Petrobras”*

*”Debate de ICMS que não vale ver de novo”* - É infrutífero querer discutir mudança no imposto sempre que houver aumento de preço dos combustíveis

*”Compra de terra por estrangeiros deve “empacar” no Congresso”* - Até integrantes da bancar ruralista, antes favoráveis, acreditam que tema não tem mais apelo para ser aprovado agora

*”Investimentos de múltis recuam US$ 400 milhões”* - O fluxo de investimentos de multinacionais brasileiras no exterior recuou US$ 400 milhões no ano passado, o pior desempenho entre 15 países relevantes analisados em estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A falta de mecanismos governamentais de apoio faz da internacionalização das empresas brasileiras um “elo perdido” nas políticas públicas, segundo avalia a entidade. O Brasil é o único entre o Brics que não conta com um seguro para cobrir eventuais perdas das empresas que investirem em outros países e forem afetadas por eventos políticos - expropriações, por exemplo. Dos países analisados (África do Sul, Alemanha, Bélgica, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Índia, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia) só Brasil e Espanha não oferecem esse tipo de proteção. Os espanhóis, porém, cobrem o risco político da instituição financeira que apoia a internacionalização, coisa que não ocorre aqui. O país está, assim, na contramão dos demais países, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi. Na saída da pandemia, acrescenta ele, será ainda mais importante o Brasil apoiar a internacionalização de suas empresas.
Empresas que atuam no exterior exportam mais, inovam mais e são mais produtivas, diz o gerente de Negociações Internacionais da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini. “Mas esse é um elo perdido nas políticas públicas no Brasil”, afirma. O país tem menos instrumentos que seus concorrentes para apoiar empresas. O custo tributário foi apontado como o principal problema numa pesquisa da CNI que ouviu 75 multinacionais que atuam no país e faturam de R$ 200 milhões a R$ 10 bilhões ao ano. O Ministério da Economia informa que estuda criar um produto específico de seguro de investimento, mas que ainda depende de espaço no Orçamento.

*”Bolsonaro fala em ‘linha de corte’ para volta de auxílio”* - Presidente diz que governo trabalha para retomar ajuda, mas que é preciso responsabilidade

*”Especialistas consideram cedo para analisar eficácia menor de vacina da AstraZeneca”* - África do Sul suspendeu uso após ensaio clínico mostrar proteção limitada em casos leves e moderados contra a mutação do vírus detectada no país

*”SP lança pacote de R$ 100 milhões em crédito para socorro às empresas”* - Estudo inédito na cidade de Serrana vai avaliar impacto da vacinação em massa na redução da transmissão do coronavírus

*”Campanha quer imunizar todo o país via SUS até setembro”* - Liderado por Luiza Trajano, grupo quer resolver questões técnicas e logísticas

*”Entrevista por telefone traz risco de distorção na Pnad, alertam técnicos”* - Depois de dez meses de coleta de dados por telefone para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, devido à pandemia, o total de entrevistas realizadas vem se mantendo em cerca de 60% dos domicílios que participam da amostra da pesquisa, bem abaixo da média em torno de 90% de períodos anteriores. Diante da menor parcela de entrevistas, pesquisadores que usam os dados alertam que alguns deles mostram tendências diferentes das que vinham sendo observadas antes da pandemia - como no caso da parcela de homens e de brancos no total da população - e também recomendam cautela para o uso de recortes específicos da pesquisa, os chamados microdados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca que a precisão estatística da pesquisa está mantida, embora reconheça que alguns recortes específicos podem ser comprometidos e por isso deixaram de ser publicados, nos casos em que isso ocorreu. Diante da preocupação com a pesquisa, o IBGE tem reforçado a mobilização de pesquisadores e da população sobre a importância da participação na Pnad Contínua. A partir de março, quase toda a amostra da pesquisa será de domicílios novos, tornando a coleta por telefone ainda mais complexa.
Os microdados são bancos de dados com o maior detalhamento possível das informações coletadas de uma pesquisa, ou seja, o nível mais desagregado. O IBGE divulga esses dados e a partir daí os pesquisadores podem criar novos cruzamentos e seus próprios indicadores. “Temos feito um esforço enorme, um trabalho fantástico dos pesquisadores, e conseguido manter o aproveitamento da amostra, que é a parcela dos domicílios que respondem a pesquisa, em 60%”, afirma o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. “É um trabalho difícil. À medida que se afasta de 17 de março do ano passado, aumenta a parcela de domicílios novos na amostra. Em um ano, a partir de 17 de março de 2020, a amostra da pesquisa vai ser quase inteiramente nova.” O economista Cosmo Donato, da LCA Consultores, cita que percebeu mudança no comportamento de alguns indicadores demográficos, como a queda na proporção de homens e o aumento na de brancos e também na escolaridade média de adultos. “Essas mudanças ocorrem exatamente no período da coleta por telefone. É difícil identificar até que ponto é mudança no mercado ou alteração por causa da coleta. É preciso acompanhar. De maneira geral, acredito que a qualidade dos grandes números está garantida, mas podemos ver algumas discrepâncias”, diz ele.
Na avaliação de Donato, as atuais dificuldades para a coleta dos dados podem ter trazido algum impacto e alguns movimentos do mercado de trabalho mostraram intensidade mais forte do que seria de se esperar. Apesar disso, ele reforça que a Pnad Contínua é o melhor indicador para entender o mercado de trabalho e continua trazendo resultados satisfatórios para este acompanhamento. Economista da consultoria IDados, Bruno Ottoni também acredita na qualidade dos dados, até pelo rigor do IBGE. Ele aponta que os números indicam mudanças enormes, mas o atual momento do mercado também é muito diferente, o que pode efetivamente trazer alterações. Ainda assim, diz que é preciso acompanhar com atenção as próximas divulgações. “O IBGE é muito rigoroso na divulgação dos dados, que devem refletir o brasileiro médio. De qualquer forma, nós pesquisadores precisamos ficar mais cuidadosos no uso de recortes específicos e também atentos às próximas divulgações”, afirma o economista.
Um dos sinais das dificuldades enfrentadas pelo IBGE é o próprio atraso nas divulgações dos indicadores do mercado de trabalho. A divulgação da Pnad Contínua ocorria sempre no mês seguinte ao do calendário e agora se dá dois meses depois, para ampliar o período de coleta dos dados. O ajuste no prazo de divulgação foi decidido exatamente em razão do rigor com os dados, para permitir mais tempo para a coleta, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira. A cada mês, 70 mil domicílios são selecionados pelo IBGE para fazer parte da pesquisa. Quanto menor o percentual de respostas da amostra prevista, mais imprecisa e menos representativa uma pesquisa pode ficar. A maior dificuldade do IBGE está em obter os telefones dos novos domicílios que passam a fazer parte da amostra mensalmente, seja fixo, seja celular. Em abril, o governo federal editou uma medida provisória que previa o compartilhamento de cadastros de operadoras de telefone, mas a MP foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a considerou violação ao direito de privacidade. Com isso, o IBGE precisa recorrer a cartas e telegramas para conseguir contato com moradores desses domicílios. Cimar Azeredo afirma que, apesar da queda no aproveitamento da amostra, a precisão estatística da pesquisa está mantida. Ele reforça que momentos de crise trazem grandes transformações no mercado de trabalho, que podem explicar algumas mudanças de tendências.
“Os indicadores principais têm toda a garantia de precisão, mesmo com uma amostra reduzida. Normalmente, a amostra da pesquisa já tem alguma perda, isso já é previsto. Há um trabalho grande para garantir o espalhamento da cobertura mesmo com o novo formato de coleta. E há uma vigília enorme do IBGE com os dados”, diz ele.

*”União cobre R$ 336,7 mi em garantia de dívidas”* - Minas Gerais e Rio de Janeiro são os principais devedores que não honraram os compromissos em janeiro

*”Petrobras segue com defasagem após reajuste”* - Para analistas, preços estão abaixo da paridade internacional

*”Barril supera US$ 60 pela primeira vez em um ano”* - Aumento é fruto de combinação de fatores que apontam para a recuperação da economia após a crise sanitária

*”Clima é de revolta em grupos de caminhoneiros”* - Dúvida entre eles é sobre os próximos passos a tomar em relação ao aumento dos combustíveis

*”Bolsonaro insiste que Estados alterem o ICMS”* - Equipe econômica não encontrou fonte alternativa de recursos para zerar PIS/Cofins, como deseja o presidente

*”Maia estuda trabalhar por fusão partidária”* - Com a saída do DEM anunciada, mas ainda sem um destino certo, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou a aliados que uma das opções na mesa é trabalhar pela fusão de partidos para criar uma estrutura forte para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na eleição de 2022, já que sua antiga legenda estaria mais alinhada a endossar o governo. A união poderia envolver Cidadania, PV e Rede, partidos que já chegaram a conversar no passado sobre essa possibilidade, que até agora não avançou. Outros partidos como o PSL e o Solidariedade também poderiam entrar na composição, não necessariamente se fundindo às três siglas. O apresentador Luciano Huck é um potencial nome para se candidatar pelo bloco. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, afirmou ao Valor que a possibilidade de fusão está na mesa, mas que não é a prioridade para a campanha. “Se for por estrutura, então vai para PT, PSDB. Por favor. Essa campanha de 2022 precisa pensar o Brasil do futuro e isso não pode ser com velhas estruturas, inclusive partidárias”, disse. “Pode ter fusões e tudo isso, ninguém vai deixar de fazer, mas o importante é a sociedade. É ter projeto que o país se encante”, emendou.
Freire disse que conversou com Maia após a eleição da Câmara, em que o sucessor escolhido por ele saiu derrotado para o candidato do Palácio, Arthur Lira (PP-AL), e que deixou as portas abertas para filiação. “Convidei ele implicitamente, quando disse que estávamos abertos e dispostos a conversar a qualquer hora. Estou aguardando o tempo dele”, comentou. No PV, as conversas de fusão estão em modo lento, mas há defensores de uma união com o Cidadania, como o ex-candidato à Presidência Eduardo Jorge. A cúpula do partido tem buscado construir uma candidatura forte para ter votos suficientes e não ser afetada pela cláusula de desempenho em 2022, que deixará a sigla sem acesso ao fundo partidário e tempo de propaganda na TV caso não ultrapassada. No Rede Sustentabilidade, a proposta de fusão é descartada pelo porta-voz do partido, Pedro Ivo, que disse que isso foi tratado ano passado e rejeitado, mas ganhou um importante aliado: o senador Randolfe Rodrigues (AP), antes contrário, agora disse ao Valor ter se tornado “um entusiasta” dessa eventual fusão de com o PV e com o Cidadania. Ivo disse que o Rede elegerá sua nova direção partidária em 21 de março e que esse grupo organizará o processo eleitoral de 2022 e que está em avaliação a possibilidade de candidatura própria ou de alianças, mas sem fusão. “Quando essa discussão foi feita, ano passado, a Marina Silva [ex-presidenciável e principal figura pública da legenda] foi a primeira a se colocar contra. Ela nunca defendeu”, disse.
Maia tem conversado ao longo dos últimos meses com Huck e com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como possíveis nomes de centro-direita para disputar com Bolsonaro. O tucano fui um dos principais apoiadores da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) para presidente da Câmara e o convidou Maia para se filiar ao PSDB após a briga com o DEM. Nas conversas que manteve com aliados após a eleição, Maia se manteve em cima do muro sobre qual das duas candidaturas encampará, mas defendeu que os dois não tem chance de vitória ao mesmo tempo e que o Cidadania - provável destino de Huck após o racha no DEM - precisa fortalecer sua estrutura para dar suporte a uma campanha presidencial competitiva. A aliança com os partidos do Centrão, se durar até 2022, dará a Bolsonaro uma estrutura partidária forte, com farto número de prefeitos e governadores, tempo de propaganda na TV e dinheiro dos fundos públicos para campanha. Isso tudo se somaria à exposição natural do cargo e a rede de militantes nas redes sociais que já o elegeram em 2018.
O PSL está dividido entre os bolsonaristas, que devem deixar o partido, e um grupo pequeno de parlamentares que é contra o apoio ao governo. O ex-presidente da Câmara se aproximou da cúpula do partido, que tem o maior tempo de propaganda da TV e fundo partidário da eleição, e já foi convidado a se filiar. Ele marcou conversa com a sigla para esta semana para discutir os cenários e têm argumentado que o PSL precisa adotar uma postura mais clara, sem ficar dividido entre o governismo e a independência, para ter força em 2022. A fusão de partidos criaria um fato positivo a favor de uma candidatura alternativa e permitiria atrair mais quadros, na avaliação de Maia. Ele espera que aliados como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), o acompanhem nesse projeto, mas apenas num segundo momento, para não parecer uma posição de confronto contra o governo federal.

*”’Será honra para o PSDB ter os dois Rodrigos’”* - FHC usou rede social para manifestar apoio a convite feito ao ex-presidente da Câmara

*”Maia mente e não reconhece erros, diz ACM Neto”* - Presidente do DEM diz que possibilidade de pedir mandato de volta deve ser tratada por direção da sigla

*”Para Caiado, ex-presidente da Câmara está ‘colocando seu nome a leilão’”* - Para governador, ex-aliado estaria desequilibrado pelo fim do poder

*”42% consideram Bolsonaro ruim ou péssimo, diz XP/Ipespe”* - A avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro cresce consecutivamente desde outubro e atingiu 42%, mostra pesquisa encomendada pela XP Investimentos ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). Os dados, divulgados ontem, mostram que Bolsonaro tinha 31% de ruim ou péssimo há quatro meses, passou para 34%, 35%, 40% e agora 42%. O salto de cinco pontos percentuais na avaliação negativa, de dezembro para janeiro, coincide com a segunda onda da pandemia. Houve colapso no Amazonas e pacientes com covid-19 morreram por falta de oxigênio hospitalar. Enquanto a avaliação negativa cresce, diminuem os percentuais de quem considera o governo regular (25%) e ótimo ou bom (30%). O presidente tinha 38% de ótimo ou bom em dezembro e caiu para 32% em janeiro. O levantamento indica que a popularidade do presidente piorou especialmente entre quem tem renda de até dois salários mínimos. Nesse grupo, o ruim ou péssimo passou de 39% para 45% de janeiro para fevereiro. O movimento acontece com força no Norte-Centro-Oeste (de 32% para 40%) e Nordeste (de 43% para 48%). As expectativas para o restante do mandato do presidente também se deterioraram. O governo será ruim ou péssimo na opinião de 42% dos entrevistados. O índice era de 33% há apenas dois meses.
Dados da XP/Ipespe indicam correlação entre a popularidade do presidente e a forma como ele lida com a covid-19, que, no Brasil, matou 231 mil pessoas desde março de 2020. Mais da metade (53%) dos brasileiros avaliam como ruim ou péssima a atuação de Bolsonaro diante da pandemia. Essa percepção negativa piora continuamente desde outubro, quando estava em 47%. O índice não alcançou, no entanto, o pior patamar, 58%, de maio de 2020. Hoje, 53% veem a ação do presidente como ruim ou péssima, 22% como regular e 22% como ótima ou boa. Já os governadores são considerados ótimos ou bons pela maioria (39%), regulares por 35% e ruins ou péssimos por 23%. A avaliação positiva dos governadores aumentou de 36% para 39% de janeiro para fevereiro. Nesse período, começaram, sob a liderança do governador João Doria (PSDB), de São Paulo, as campanhas de vacinação contra a covid-19. Até então, Bolsonaro falava e agia contra a imunização. O índice de quem pretende se vacinar avançou de 69% em janeiro para 77%. Nove por cento dizem que não irão se vacinar. A pesquisa mapeou o sentimento dos brasileiros em relação à pandemia. Para 44%, o pior já passou, ante 36% em janeiro. No mês passado, 56% dizia que o pior estava por vir, índice que caiu a 47%. Sobre o auxílio emergencial, 53% acha que o governo deveria recriar o benefício e 17%, que deveria ampliar o Bolsa Família. Quase metade da população (49%), porém, diz que o governo não fará nem uma coisa nem outra.
Apesar das constatações negativas a seu respeito, Bolsonaro ainda é o político mais lembrado para as eleições presidenciais de 2022. Tem 21% de intenção espontânea de voto, quando os entrevistadores perguntam em quem a pessoa votaria, sem dar opções de resposta. O patamar mantém-se há um ano. Quase metade (49%) dos entrevistados disseram que não sabem em quem votar e 12% disseram que votariam em branco ou anulariam. O segundo nome mais citado de forma espontânea foi o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 5%. Na pesquisa estimulada, Bolsonaro fica com 28%, seguido por Fernando Haddad (PT) e Sergio Moro (sem partido), cada um com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 11%. O apresentador Luciano Huck fica com 7%, Guilherme Boulos (Psol) com 6% e João Doria (PSDB) com 4%. A XP/Ipespe ouviu 1 mil pessoas em todo o país, por telefone, entre 2 e 4 de fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.

*”Em política, fundo do poço tem mola”* - As velhas raposas do Congresso ensinam que se pode cobrar quase tudo de um político no cemitério: que conforte a viúva, segure uma das alças do caixão, encomende a coroa de flores. Só não se pode exigir desse político que pule no buraco e se aconchegue do lado do morto. Político tem instinto de sobrevivência como os animais. Um decano do Congresso ilustra, por exemplo, um erro de articulação de amador cometido pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao tentar atrair deputados para o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) no papel de franco atirador contra o presidente Jair Bolsonaro. Este político veterano lembra que os deputados no segundo biênio do mandato estão focados na reeleição. Por isso, não querem confronto com o governo - qualquer governo. Ao contrário, procuram afinar a relação com o Executivo para assegurar emendas para sua base eleitoral, fidelizar prefeitos, e assim, pavimentar o caminho para o sucesso nas urnas. Convencer um parlamentar a brigar com o governo a dois anos de sua reeleição é o mesmo que convidá-lo para saltar no buraco e se aconchegar ao morto dentro do caixão. Na vida real, discurso de independência na relação com o Executivo é conversa para boi dormir.
Um dos políticos mais experientes da cena política, o ex-senador Heráclito Fortes, do DEM do Piauí - um quadro que conviveu com figuras como Ulysses Guimarães e Eduardo Campos - costuma lembrar que, em política, fundo de poço - ou de buraco - tem mola. Seu partido agonizou na era Lula, e emergiu como uma das principais forças políticas do último pleito. Independente do embate público entre Rodrigo Maia e ACM Neto, o DEM voltou com protagonismo ao palco político. A metáfora do poço com mola no fundo vale para o MDB de Renan Calheiros (AL) no Senado. O observador distraído dirá que a bancada perdeu pela segunda vez a luta contra Davi Alcolumbre (DEM-AP) pela presidência da Casa. Mas um observador atento alertará que Renan ganhou a revanche contra Alcolumbre no fundo do palco. O grupo de Renan derrotou um importante aliado de Alcolumbre na eleição para a primeira vice-presidência, o segundo cargo na hierarquia do Senado. Num segundo “round”, o grupo liderado por Renan mira mais dois cargos estratégicos, com poder de fogo para elevar a pressão contra o governo: a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cobiçada por Alcolumbre; e a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. Nas articulações pelo apoio à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um astuto Alcolumbre prometeu a primeira vice-presidência ao PSD e também ao MDB. Os emedebistas dobraram a aposta e levaram a disputa para o voto. Ao fim, Veneziano do Rêgo (MDB-PB) derrotou o aliado de Alcolumbre, o senador Lucas Barreto (PSD-AP), por 40 votos contra 33.
A vitória de Veneziano simboliza a revanche do MDB contra Alcolumbre, ainda que num palco menor, porque o senador da Paraíba representa o grupo autêntico de Renan e José Sarney. Apesar da passagem pelo PSB, Veneziano é um emedebista-raiz, irmão do ex-senador Vital do Rêgo, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e aliado de berço de Renan. Vital foi alçado ao TCU pelo voto de 63 senadores em 2014, e mantém até hoje vínculos com a Casa. Vital encabeçou ao lado de Renan a articulação do jantar de reconciliação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o então presidente Rodrigo Maia no começou de outubro. Nos próximos “rounds”, o grupo de Renan quer nocautear Alcolumbre na disputa pela presidência da CCJ. E senadores ouvidos pela coluna não descartam que Renan assuma um cargo na CPI da Saúde: a presidência ou a relatoria. Outro candidato a cargo de direção da CPI é o líder do MDB, Eduardo Braga, senador do Amazonas, e aliado de Renan, que tem demonstrado profunda indignação com o descontrole da pandemia em sua base eleitoral. Com o MDB com fôlego renovado, Rodrigo Pacheco terá de demonstrar a mesma destreza que utilizou para atrair o PT para sua candidatura. Completando uma semana no cargo, vai sofrer dupla pressão nos próximos dias. A pressão de 31 senadores - inclusive Renan e Braga - pela leitura do requerimento de criação da CPI da Saúde, que abre caminho para a instalação do colegiado.
Autor do requerimento da CPI da Saúde, o líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), receia que Pacheco tentará adiar a leitura do requerimento até a realização da audiência para ouvir o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na esperança de que a temperatura baixe até lá. O governo ainda pode agir para retirar assinaturas da CPI até meia-noite do dia da leitura, mas Randolfe não acredita em recuo dos senadores que apoiaram a investigação dos erros e responsabilidades das autoridades no enfrentamento da pandemia, em especial no Amazonas. “Quem retirar a assinatura vai pagar um preço além do comum junto à sociedade”, diz Randolfe. Em outro foco de pressão sobre Pacheco, Bolsonaro tem de decidir até o fim do mês sobre o pedido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de veto ao artigo que fixou prazo de cinco dias para que a agência se manifeste sobre uso emergencial das vacinas, e possa chancelá-las, caso tenham sido autorizadas por uma das nove autoridades sanitárias estrangeiras relacionadas na lei. Se o veto se consumar, o Congresso já está armado para derrubá-lo, em sessão que será presidida por Pacheco. Se há controvérsia em torno da eleição da deputada Bia Kicis (PSL-DF) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), está praticamente certa a nomeação do deputado Darci de Matos (PSD-SC) para relatar a PEC da reforma administrativa no colegiado. O presidente Arthur Lira (PP-AL) já elencou a proposta entre os itens prioritários da agenda econômica. Mudando regras apenas para os futuros servidores, lideranças da Casa acreditam que a matéria pode avançar.

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