Sete anos após provocar uma reviravolta sem precedentes na política e na economia do Brasil, a outrora poderosa Operação Lava Jato vive um melancólico apagar de luzes com o anúncio de que já não existe mais —ao menos da forma como ficou conhecida. O desfecho acontece após a operação entrar numa espiral de descrédito no mundo jurídico, que culminou com a exposição de diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro e o então chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol. Carla Jiménez, Regiane Oliveira e Felipe Betim analisam como o material exposto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski vai muito além do exposto nas reportagens da série Vaza Jato e pressiona a principal corte do país a julgar o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que considere Moro um juiz suspeito. Ainda nesta edição, Gil Alessi conta que a situação dos grupos da Lava Jato que atuam em São Paulo e no Rio de Janeiro também não é nada promissora. Em São Paulo, onde investiga casos de corrupção ligados a obras estaduais e ao grupo mais longevo no poder, o PSDB, a equipe da Lava Jato já é, desde setembro de 2020, um exército de uma pessoa só. No Rio, a força-tarefa acaba em abril. Em artigo, a procuradora Jerusa Viecili, que integrou a operação em Curitiba, defende o trabalho da Lava Jato que "lutou contra um sistema feito para não funcionar" e lamenta que o retrocesso da corrupção e da impunidade não seja um legado: "Nos últimos anos, não foram poucos os que levantaram a bandeira do combate à corrupção, mas foram escassas as medidas para alterar o quadro de corrupção sistêmica". Após dois anos da tragédia em Brumadinho, um acordo bilionário entre a Vale e o Governo de Minas Gerais foi finalmente firmado para que a mineradora repare os danos causados pelo rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, que matou 270 pessoas e causou um desastre ambiental. O valor acertado foi de 37,68 bilhões de reais, se tornando o maior acordo judicial de medidas de reparação já realizado na América Latina, segundo o Executivo mineiro. Após quase um ano sem receber alunos para atividades de ensino regulares, sem vacina à vista e com muitas incertezas em meio ao agravamento da pandemia de covid-19, o país começa a retomar as aulas de milhões de alunos. A colunista Eliane Brum escreve sobre o que significa educar uma criança neste contexto de prolongada crise sanitária. "Numa pandemia, tratar a escola como essencial é determinar que é um serviço essencial e, portanto, professores e funcionários devem ser colocados na frente da fila de vacinação. Até agora, os professores não foram vacinados. E, sem medidas práticas, qualquer conversa é pura demagogia. Ou pior, é escolher o corpo do outro para que seja sacrificado. Sempre o do outro, claro." E nos Estados Unidos, grupos prioritários de negros, latinos e indígenas —os mais castigados pela pandemia— estão significativamente sub-representados entre os que receberam as doses, enquanto os brancos obtêm o tratamento de forma proporcional à sua presença na população. Antonia Laborde detalha os planos da administração de Joe Biden para reverter a desigualdade do sistema, o que inclui instalar centros de vacinação em bairros de alto risco e investir em clínicas móveis que levem as doses a áreas desatendidas. | ||||||||||
|
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
Derrocada da Lava Jato expõe Moro como guia da força-tarefa
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário