quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Bolsonaro quer segurar ministérios para testar Centrão

 O presidente Jair Bolsonaro elegeu seus candidatos para as presidências da Câmara e do Senado mas está sendo aconselhado por aliados a parcelar a fatura, fazendo uma reforma ministerial a conta-gotas. O objetivo é testar (ou garantir) a fidelidade do Centrão, que, como sempre, quer mais espaço na Esplanada dos Ministérios. As pastas da Cidadania e do Desenvolvimento Regional e seus polpudos orçamentos seriam entregues agora. Conforme pautas do governo andassem no Congresso, mais cargos seriam abertos para o grupo. (Folha)

Depois de inaugurar seu mandato como presidente da Câmara atropelando os adversários ao anular o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP), Arthur Lira (PP-AL) pisou no freio. Ele costurou um acordo com a oposição, entregando dois dos seis cargos da Mesa Diretora ao PT e ao PSDB, que devem escolher hoje os nomes. PDT e PSB devem ficar com duas das quatro suplências. (Poder 360)

Na reorganização de forças da Câmara, a mudança que mais chamou a atenção foi a entrega da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, a Bia Kicis (PSL-DF). Bolsonarista radical, ela é investigada no Supremo no inquérito das fake News e notória negacionista do isolamento social contra a Covid-19. (Globo)

Aliás... Kicis já defendeu da tribuna da Câmara intervenção militar no país. Assista. (Twitter)

Por falar em STF, a Corte teme um impasse com a eleição de Lira, que o tornou o segundo na linha de sucessão presidencial. Uma decisão de 2016 proíbe que réus em ações penais assumam a presidência da República. Há duas ações desse tipo contra Lira na Corte, decorrentes da Lava Jato. Ambas foram aceitas, decisão que o deputado contesta. (Folha)

Já apelidada de “covidfest” por conta do desrespeito a todas as regras de isolamento social, a festa em comemoração à vitória de Lira ganhou mais uma polêmica. O empresário Marcelo Perboni, anfitrião do evento, é réu num processo por fraude tributária. (Estadão)

E a ressaca eleitoral já se faz sentir nos partidos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que o PSDB demonstrou hesitação na eleição da Câmara e precisa “tomar um rumo” para ser uma alternativa do governo Bolsonaro. (Estadão)




O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, disse ontem que o ex-presidente Lula é “digno de um julgamento justo” sem ter em vista “fazê-lo inelegível”. A turma da qual o ministro faz parte no STF vai julgar o pedido de suspeição do então juiz Sérgio Moro no processo que condenou Lula pelo tríplex no Guarujá. Gilmar também comentou as conversas de Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato, dizendo que os diálogos “não são de anjo”.

Lula não contou com a mesma simpatia no Superior Tribunal de Justiça, que ontem negou novo recurso contra a condenação pelo tríplex.

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Meio em vídeo. Por mais venal que seja a eleição do Centrão, ela também representa o fato de que Jair Bolsonaro foi obrigado a jogar política como sempre se jogou na Nova República. Ele não conseguiu o rompimento institucional que desejava — mas o que isso quer dizer para nossa democracia? Para refletir sobre o momento, o Conversas com o Meio desta semana ouviu o cientista político Carlos Pereira. Confira no YouTube.

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