domingo, 14 de fevereiro de 2021

“Aperto no peito" e adrenalina contida neste Carnaval

 


A pandemia de covid-19 privou o Brasil de sua festa mais tradicional e mudou a vida de quem faz Carnaval o ano todo, não só em fevereiro. Na escola de samba Vai-Vai o aperto no peito é maior: a mais antiga agremiação de São Paulo voltaria ao grupo especial em 2021, depois de levar o título no ano passado com um enredo em homenagem aos seus 90 anos de história. A repórter Joana Oliveira conta que, à angústia da comunidade, soma-se o luto das famílias e o desafio de sobreviver sem o emprego na escola. A escola Vai-Vai perdeu 30 pessoas para a covid-19, entre diretores, baianas, velha guarda e demais componentes. “De agosto a novembro, morriam dois ou três por mês. É impossível brincar em fevereiro diante de uma situação dessas”, diz Fernando Penteado, diretor cultural do grupo“Há 20 anos na escola minha função é organizar e garantir que a criação do carnavalesco vai sair do papel. Quando perdi isso, consegui pagar os boletos, mas foi como se tivessem tirado um órgão do meu corpo", diz Luciana Mazola, que trabalha nos adereços do desfile do próximo Carnaval, quando ele vier.

Mas o sofrimento não está apenas nos barracões vazios. O Brasil encara seu primeiro fevereiro sem Carnaval em um século à espera do aniversário da chamada nova normalidade. Um ano de renúncia à vida de antes, onde a incerteza se transformou em uma emoção cada vez mais comum, levando muitos a sofrerem da fadiga pelo confinamento e isolamento social. “É preciso se permitir sentir as emoções negativas e normalizá-las pelo contexto que estamos vivendo”, diz a psicóloga Lidia G. Asensi. O outro lado da moeda pode estar nas crianças. Para várias delas, o período —aproveitado ao lado dos pais — foi de desenvolvimento neurocognitivo. Em Madri, a repórter Carolina García conversou com especialistas e explica os benefícios que os momentos lúdicos ao lado dos pais podem proporcionar aos pequenos. "Os pais passaram dias e dias em casa, ficando 24 horas por dia com seus filhos e, sem perceber, atuando como terapeutas. Não precisaram fazer nada especial, só brincar, conversar, interagir com eles. Em suma, ser pais, algo que em nossa sociedade está cada vez mais complicado”, diz o neuropediatra Manuel Antonio Fernández.

Também nesta edição, uma análise do ministro Eduardo Pazuello no Senado nesta semana. Pressionado por uma investigação da Polícia Federal, o general se valeu de uma ginástica retórica para defender a pasta sob sua responsabilidade da acusação de ter cometido omissões ou mesmo crimes no combate à pandemia. Em audiência no Senado na quinta, Pazuello negou que o Ministério da Saúde tenha indicado a cloroquina e que tenha havido atrasos na corrida pela vacina contra a covid-19 ― afirmações facilmente contrastáveis com os fatos dos últimos meses, como conta a repórter Beatriz Jucá. A tarefa de Pazuello é não só defender a si mesmo como também proteger Jair Bolsonaro das pressões para que seja responsabilizado pela gestão na pandemia. Questionado sobre a compra de doses pelos senadores e pelas falhas na vacinação, o ministro prometeu a imunização em massa da população ainda este ano. “Nós vamos vacinar o país em 2021, 50% até junho e 50% até dezembro”, lançou.



Pazuello faz ginástica retórica e nega acusações contra Ministério da Saúde
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Sob a mira da PF e ameaça de CPI, ministro testa defesa no Senado e nega ações controversas da pasta durante a pandemia

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