quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Uma nova bomba de desconfiança sobre a Lava Jato

 



A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a lançar uma bomba de desconfiança sobre a força-tarefa da Operação Lava Jato. Em uma manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados do petista denunciam que os procuradores da Lava Jato tinham ciência de que a delegada Érika Marena, da Polícia Federal e uma peça-chave na operação, havia forjado ao menos um depoimento, o de um delator implicado no caso contra o ex-ministro José Dirceu. No trecho da conversa vazada, os procuradores não parecem surpresos com o fato de uma delegada supostamente admitir que lavrou um depoimento, “com escrivão e tudo”, sem ter ouvido o réu. Os procuradores negam qualquer irregularidade e não reconhecem a veracidade das mensagens, mas a nova revelação, conta a repórter Regiane Oliveira, joga mais combustível nas alegações de que a Lava Jato violou o devido processo legal enquanto outros condenados buscam usar as mensagens para anular suas penas.

A terça-feira foi também dia de vitória estratégica para o senador Flávio Bolsonaro. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu anular a quebra de seu sigilo bancário e fiscal nas investigações do caso das "rachadinhas", argumentando que o pedido para acessar os dados não foi bem fundamentado. A movimentação financeira é parte crucial na denúncia contra o filho 01 do presidente, que é acusado de participar do esquema de corrupção e de ter movimentado pelo menos 2,7 milhões de reais. Agora, Flávio espera que o STJ julgue mais dois recursos de sua defesa que, se acatados, podem fazer com que um processo já lento volte à estaca zero.

Enquanto isso, a pandemia do novo coronavírus segue avançando no Brasil. A Anvisa concedeu o registro definitivo à vacina da Pfizer —a primeira autorização desse tipo no Brasil para um imunizante contra a covid-19, já que até o momento a agência havia concedido apenas autorizações para uso emergencial. No entanto, o impasse entre o Governo Bolsonaro e a farmacêutica atrasam a compra das doses, o que pode fazer que a nova vacina chegue aos brasileiros por meio de Estados e municípios. O STF autorizou que governadores e prefeitos comprem doses dos imunizantes. Sem pode contar com a celeridade de seus representantes, os brasileiros vão se virando para enfrentar o vírus. Felipe Betim conta a história de um grupo de mulheres que sai de porta em porta para distribuir máscaras, kits de higiene, alimentos e informações sobre a prevenção da doença em um bairro da periferia de São Paulo. São as guardiãs do Jardim Lapena. O repórter conta que o grupo lida com demandas estruturais que vão além das informações corretas sobre a pandemia. “A minha vizinha da frente tem 17 filhos. Como esta mulher desempregada, sem marido, pagando aluguel, água e luz compra máscara para todo mundo?”, questiona uma das voluntárias.

Já em Cuba, um grupo de música provoca a ira do Governo ao confrontar o lema castrista Pátria ou Morte com a canção de rap Patria y vida. Com uma clara alusão ao movimento San Isidro —que em novembro levou centenas de jovens às ruas para exigir liberdade de expressão na ilha, após a prisão do rapper Daniel Solís—  a canção teve mais de um milhão e meio de visualizações em menos de uma semana. Camila Osorio escreve que o esforço do Governo da ilha para silenciar os rappers reforçou a música ao invés de censurá-la. “Esta situação reflete a fragilidade ou o estado de medo que tem o Governo cubano, que pode sentir que uma canção composta por seis ou sete músicos põe em perigo sua estabilidade política”, disse o escritor cubano Carlos Manuel Álvarez ao EL PAÍS.


Diálogo que supõe depoimento forjado por delegada da PF expõe Lava Jato
Diálogo que supõe depoimento forjado por delegada da PF expõe Lava Jato
Defesa de Lula afirma que Erika Marena, delegada-chave na operação, teria fingido ouvir um colaborador, com a conivência do MPF

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