quarta-feira, 3 de março de 2021

Análise de Mídia - 03/03/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: O recorde de mortes em 24 horas após mais de um ano do início da pandemia é o destaque nas capas de Folha e Estadão. O Valor Econômico aborda um reflexo do descontrole da crise sanitária e mostra que a inflação deve subir mais no próximo período. O jornal O Globo trata da investigação que será aberta pela CVM sobre a possibilidade de algum investidor com informações privilegiadas sobre as mudanças no comando da Petrobrás ter feito uma pequena fortuna ilegalmente.
A situação econômica do Brasil é motivo de preocupação nos jornais. O ministro da Economia concedeu entrevista a um podcast e fez algumas declarações polêmicas, outras contrariando o presidente e, como sempre, vendendo “terrenos na lua”. A entrevista foi relatada por todos os jornais. A “mexida” na Petrobrás pode aumentar tarifas para os clientes de bancos e ainda diminuir o crédito disponível, de acordo com O Globo e Estadão. O Estadão volta a tentar fazer uma comparação entre Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff com relação à condução da economia. Há tempos atrás a Folha o fez em seu editorial e foi duramente criticada. Agora, foi a vez do Estadão que tenta comparar “laranjas” e “maçãs” em uma equação impossível. Enquanto isso, Jair Bolsonaro está “numa boa”, segundo a Folha de S. Paulo, sem grandes preocupações com o caos enfrentado pelo país. O Filho mais velho do presidente também “dá de ombros” para as críticas e resolve adquirir uma mansão em Brasília. Os jornais informam que as parcelas representam metade dos rendimentos do senador e de sua mulher.
Ainda sobre o governo Bolsonaro, a Folha publica reportagem em que o ministro de Relações Exteriores defende o seu mandato a frente do Itamaraty. E o Estadão informa que o presidente Jair Bolsonaro pretende comparecer à cúpula do clima de Biden para cobrar recursos.
Vale mencionar ainda que o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli concedeu entrevista à Folha de S. Paulo analisando a movimentação de Jair Bolsonaro sobre a Petrobrás.

 

CAPA – Manchete principal: *”No maior salto da pandemia, país perde 1.726 em 24 horas”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Basta de boicote”*: Ocorreu o que estava havia tempos delineado, dada a irresponsabilidade atroz do governo federal e do presidente da República no manejo da maior crise sanitária em um século. O Brasil atravessará agora as semanas mais mortíferas da pandemia de coronavírus. Com vacinados em volume pífio e crescendo devagar, o país colhe o fruto envenenado da desorientação, da ignorância, do desleixo e da imprevidência de suas lideranças. Os óbitos montam a mais de 1.200 por dia, e essa cifra, infelizmente, deve continuar crescendo. No estado de São Paulo, com o sistema de saúde mais equipado do país, já há perto de 7.000 doentes de Covid-19 internados em UTIs. Eram menos de 3.000 no início de novembro. A necessidade de cuidado intensivo cresce mais de 1% ao dia, quase 50% ao mês. Não há capacidade hospitalar que resista a tamanha carga por muito tempo. Em outros estados, como na região Sul, o colapso já deixou de ser uma hipótese e se concretizou. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, demonstra mais uma vez a sua monstruosa incompetência. Prometeu, em meados de janeiro, que o Brasil seria o líder mundial em vacinas aplicadas em fevereiro. Graças à inépcia da pasta comandada pelo general da ativa, o país é apenas o 6º nessa corrida, embora seja o 2º a registrar mais mortes.
O presidente Jair Bolsonaro mostrou o caminho a seus ministros. Em plena segunda explosão dos casos, voltou a boicotar o uso de máscaras, estimulou aglomerações e ameaçou não repassar recursos a governadores que decretem restrições em seus estados. Como a vacinação ainda se arrasta e os hospitais ficam superlotados, restringir a circulação dos cidadãos é a única ferramenta que restou às autoridades para reduzir os danos dessa nova maré mortífera. Bolsonaro, mais uma vez, age deliberadamente contra a vida, o bem mais valioso dos governados. Secretários estaduais de Saúde pedem que o governo federal decrete toque de recolher noturno em todo o território nacional. Num país continental, com regiões em estágios diferentes e com capacidades de resposta diversas, talvez uma medida uniforme como essa não seja a mais recomendada. Em algumas localidades, as medidas precisarão ser mais duras que em outras. O espírito do apelo dos governos estaduais, entretanto, deveria ser atendido. O Executivo federal precisa não apenas deixar de ser um elemento perturbador das ações contra a pandemia viral. É urgente que passe a apoiar os estados e os municípios, que deixe de divulgar mentiras e diga a verdade à população sobre o que prevenirá milhares de mortes nos próximos meses: vacinas, máscaras, hábitos de higiene e distanciamento.

PAINEL - *”'Alegre', Bolsonaro promove almoço 'bem descontraído' com leitão em dia de recorde de mortes por Covid-19”*: Jair Bolsonaro foi descrito como “alegre” e “bem descontraído” nesta terça-feira (2) pelo deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), que foi convidado a preparar um leitão para almoço temático “informal” no Palácio do Planalto. Com a pandemia escalando para o seu pior momento no país, o grupo de governadores, que não se encontra com Bolsonaro há 286 dias, fez reunião com Arthur Lira (PP-AL) —oito deles presencialmente, em Brasília, e 14 à distância. Em São Paulo, João Doria (PSDB-SP) fez encontro com 618 prefeitos ou seus representantes para discutir novas medidas de controle. Ramalho diz que não houve medidas concretas deliberadas no encontro no Palácio do Planalto, mas que o presidente falou da pandemia e disse que há muitas vacinas para chegar. O deputado, coordenador da bancada mineira no Congresso, também preparou linguiça, feijão tropeiro e carne moída com quiabo para o banquete. "Ele [Bolsonaro] vai para Minas Gerais amanhã [quarta], se não me engano, e volta para lá no dia 26. Estava alegre, bem descontraído", diz Ramalho, completando que há outro almoço já marcado para abril. As fotos do repasto mostram boa parte dos participantes sem máscaras. Em uma delas, apenas o convidado Romeu Zema (Novo-MG) e seu secretário, Matheus Simões, aparecem com a proteção, ao lado de outras sete pessoas —entre elas, Bolsonaro.
Nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou pela manhã uma nota do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal contra os lockdowns para conter a pandemia e à tarde tratou do episódio em que foi flagrado pescando em área de proteção ambiental, em 2012. O Brasil registrou 1.726 mortes nesta terça-feira (2), maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia até agora. Em Porto Alegre (RS), o hospital Moinhos de Vento alugou contêineres para acomodar os corpos de vítimas da Covid-19. Os últimos dias foram de articulação por parte dos estados e municípios. Secretários de Saúde divulgaram carta pedindo toque de recolher nacional das 20h às 6h. Lira e governadores citaram R$ 14,5 bilhões a mais para combate à Covid-19 no Orçamento 2021.

PAINEL - *”Presidente da Câmara diz que situação é desesperadora e que SP deve entrar na fase vermelha”*
PAINEL - *”Romeu Zema deve decretar lockdown em quatro regiões de Minas Gerais”*
PAINEL - *”Com mais de 180 doentes na fila por UTI, Uberlândia cobra ajuda do Ministério da Saúde”*
PAINEL - *”Doria marca reunião com prefeitos para discutir endurecimento de medidas contra a Covid-19”*

PAINEL - *”Municípios de SP reclamam de inércia de Bolsonaro e dizem apoiar medidas mais duras da gestão Doria”*
PAINEL - *”Cartório comunica ao Coaf a compra de mansão de R$ 6 milhões por Flávio Bolsonaro”*

PAINEL - *”Haddad coloca Ciro como candidato da direita e fala em união da oposição somente no 2º turno de 2022”*: Apontado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o candidato do PT à Presidência da República nas eleições de 2022, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad classificou Ciro Gomes (PDT) como um candidato da direita. Ele defendeu um pacto entre partidos da oposição a Jair Bolsonaro somente no 2º turno da disputa. A fala do petista foi em entrevista à rádio Bandnews de Manaus (AM). Logo após Lula indicar o nome de Haddad, no início de fevereiro, e adiantar o xadrez eleitoral para 2022, o PT passou a ser criticado por supostamente fragmentar a esquerda e, assim, fortalecer Bolsonaro. No último final de semana, em entrevista para à Folha, o pedetista disse que seu objetivo na próxima eleição presidencial é tirar o PT do 2º turno. Ao ser questionado sobre essa suposta fragmentação causada na esquerda que Haddad falou sobre Ciro. “A direita tem o Ciro, Moro, Mandetta, Huck, Dória, qual é o problema? Isso tudo tem um ano e meio para se discutir. Não faz sentido inibir uma pessoa de se apresentar e conversar com a sociedade”, respondeu o petista. Para ele, o ideal é que sejam debatidas ideias e projetos até 2022 e os nomes “naturalmente vão surgir”. Sobre a união dos partidos que fazem oposição ao governo de Jair Bolsonaro, Haddad disse que o objetivo é construir uma aliança para o segundo turno e cutucou Ciro que, após ser derrotado no 1º turno de 2018, optou por uma viagem ao exterior e não participou da campanha petista contra Bolsonaro. “Para derrotar o Bolsonaro temos que ter um pacto de todo mundo que é oposição ao apoiar quem for para o segundo turno. Esse é o pacto que tem que ser feito. E não o que foi feito em 2018, quando cada um foi para um lado e deixou o Bolsonaro ganhar”, disse.

*”Em decisão incomum, STF rejeita denúncia que havia aceitado contra Lira e cúpula do PP em 2019”* - Em uma decisão incomum, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) reverteu resultado de julgamento realizado em junho de 2019 e arquivou denúncia contra o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Eduardo da Fonte (PP-PE). O colegiado havia tornado réus os quatro políticos, mas a troca do ministro Celso de Mello, aposentado, por Kassio Nunes Marques levou o colegiado a aceitar os recursos das defesas e a rejeitar a acusação que havia aceitado em 2019. Assim, graças a Kassio, o primeiro indicado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Supremo, a cúpula do partido que lidera o centrão e integra a base aliada do governo deixou de ser investigada nesse processo e teve o caso arquivado.
Além de Kassio, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski também votaram a favor da alegação dos advogados sobre a ausência de provas de que os quatro políticos formavam uma organização criminosa, que ficou conhecida como "quadrilhão do PP. Os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia ficaram vencidos ao defender a abertura da ação penal para investigar os parlamentares. Desta forma, a Segunda Turma deu provimento aos embargos de declaração apresentados pelos parlamentares. Em tese, esse tipo de recurso serve para esclarecer obscuridade ou contradição em relação à decisão recorrida e é incomum que o resultado do julgamento seja revertido nesse tipo de julgamento. A denúncia foi oferecida no âmbito da Lava Jato pelo Ministério Público em setembro de 2017 e descreve um esquema que teria vigorado entre 2004 e 2015. A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que os quatro usaram os mandatos para influenciar órgãos como Petrobras e Ministério das Cidades e desviar recursos de contratos públicos. Na denúncia, a Procuradoria menciona registros de entrada de Lira em um dos escritórios do doleiro Alberto Youssef em São Paulo, em 2010 e 2011.
Os dados obtidos junto à portaria do edifício onde Youssef antigamente tinha uma de suas bases, na zona sul de São Paulo, apontam que o novo presidente da Câmara tentava ser discreto. Segundo informações anexadas, ele omitia na recepção o sobrenome Lira, com o qual é conhecido. Apresentava-se como Arthur Cesar Pereira. Lira foi líder do PP na Câmara na época em que o esquema revelado na Lava Jato estava em funcionamento. Apesar da decisão em favor de Lira, permanece a dúvida sobre a possibilidade de o presidente da Câmara assumir ou não presidência da República na ausência de Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão (PRTB). O entendimento atual do Supremo não permite que réus assumam a chefia do Executivo. Em outro processo, a Primeira Turma do STF recebeu denúncia contra Lira sob acusação de que recebeu propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, que morreu em 2014. O político recorreu da decisão e existe uma divisão no Supremo sobre o momento em que o investigado se torna réu. Parte dos ministros defende que isso ocorre no recebimento da denúncia, mas outra ala sustenta que é necessária a abertura formal da ação penal, o que ainda não ocorreu.
Primeiro a votar nesta terça, Gilmar afirmou que o STF já arquivou outras acusações contra integrantes do PP e que não há provas de que os políticos formavam uma quadrilha. “No caso em questão, salta aos olhos a engenhosa artificialidade da acusação, já que não há nenhuma razão que sustente a persistência da organização até a data do protocolo da denúncia”, disse. Fachin, por sua vez, fez questão de citar o voto que Celso de Mello havia dado em 2019 e rebateu a tese de Gilmar de que o Supremo rejeitou outras acusações que tinham relação com esse caso. “Como se observa, mesmo em decorrência da filtragem das imputações encerradas, tais fatos processuais não retiram a credibilidade da imputação penal, pois coexistem aspectos relevantes para dar sustento à deflagração da ação penal”, afirmou. Kassio, porém, sustentou que “basicamente todos os fatos criminosos descritos já foram arquivados pela própria PGR ou rejeitados” pelo STF. “Essas investigações já foram arquivadas, rejeitadas ou sequer iniciadas em virtude da fragilidade dos colaboradores e das provas produzidas. Denúncia se apoia basicamente nos depoimento dos colaboradores premiados, sem indicar os indispensáveis elementos autônomos de colaboração que seriam necessários para verificação da viabilidade de acusação”, disse. Também nesta terça, por outro lado, Lira sofreu um revés em uma decisão individual de Fachin.
O ministro rejeitou o pedido da PGR para arquivar uma denúncia contra Lira. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria em junho do ano passado, mas, três meses depois, a própria PGR pediu o arquivamento do caso alegando falta de provas sobre o suposto recebimento de R$ 1,6 milhão em propina da Queiroz Galvão. Fachin afirmou que, como a acusação já estava posta, a decisão de arquivá-la ou não deverá ser tomada pelo plenário do Supremo. O ministro argumentou que o recuo da PGR não muda a situação processual do caso, uma vez que a denúncia já havia sido apresentada. “Nada obstante o posicionamento sustentado pelo ora Requerente, não depreendo que a manifestação superveniente do Órgão Ministerial [PGR] consentânea à tese defensiva e em sentido frontalmente contrário à inicial acusatória tenha a pretendida relevância a alterar a situação processual do caso em apreço, ou tampouco esteja a reclamar a atuação imediata e unipessoal por parte deste relator, no sentido de subtrair do Plenário desta Suprema Corte o exame da denúncia ofertada”, ressaltou. Por outro lado, o ministro determinou o arquivamento do inquérito em relação ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e aos deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Eduardo da Fonte (PP-PE) .

CONRADO HÜBNER MENDES - *”Manifesto alarmista”*
*”Bolsonaro tenta evitar que compra da mansão de Flávio afete apoio ao governo”*
*”Prestação de mansão comprada por Flávio Bolsonaro equivale a metade da renda do casal, mostra escritura”*

*”Promotora que fez campanha para Bolsonaro atuará em setor do MP-RJ que investiga Flávio”* - A promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que fez campanha nas redes sociais para o presidente Jair Bolsonaro, passará a atuar na 170ª Promotoria Eleitoral do Ministério Público do Rio de Janeiro, responsável pelo inquérito que investiga o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) sob a suspeita de falsidade ideológica eleitoral. Carvalho afirmou, via assessoria de imprensa do Ministério Público, que ainda não atuou no inquérito eleitoral contra Flávio e que "considera precipitada qualquer conclusão acerca de sua atuação". Também disse que apenas após assumir a atribuição deverá se pronunciar sobre a análise dos procedimentos que tramitam na Promotoria Eleitoral. Carvalho também disse ao jornal O Globo que abrirá mão da investigação se entender que foi correta a decisão do promotor eleitoral da 204ª Zona Eleitoral, Alexandre Themistocles, de pedir o arquivamento do caso. O MPF (Ministério Público Federal) discordou do promotor e determinou o prosseguimento do inquérito. "Se entender que há fundamentos para prosseguir, atuarei sem problemas", completou.
(...)

*”Entenda os negócios de Flávio Bolsonaro, as 20 transações imobiliárias e as suspeitas do MP-RJ”*
*”Acusações de Bolsonaro sem provas sobre fraude eleitoral são risco à democracia; entenda por quê”*

ELIO GASPARI - *”Ciro Gomes está na pista”*: Ciro Gomes sempre esteve no jogo da sucessão presidencial de 2022, mas, numa entrevista ao repórter Joelmir Tavares, mostrou sua equação: "Quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem a tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno". Assim ele encerra mais um capítulo da relação de amor e ódio que mantém com os petistas e com Lula há quase 20 anos, ao longo dos quais tentou três vezes a Presidência da República. Na fase de amor, Ciro foi ministro da Integração Nacional e elogiava "a sabedoria do presidente". Nos momentos de ódio, disse que Lula "está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República". Batizou. Na sua última campanha, Ciro esteve nos extremos do amor e do ódio. Em abril de 2018, pareceu possível que ele formasse uma chapa com o petista Fernando Haddad na vice. Fritaram a iniciativa. Um mês depois, Jair Bolsonaro assumiu a liderança nas pesquisas, com 18,3%. Nessa pesquisa Haddad conseguiu 4,4%. Um mês depois, noutra, Ciro começou a derreter, Haddad foi para 11%, enquanto Bolsonaro ia para 22%. Ciro disse que o PT tinha uma "estrutura odienta", negou-lhe apoio no segundo turno e o resto é história. (A possibilidade da chapa Ciro-Haddad foi revelada pelo repórter Mario Sergio Conti, desmentida pelo petista e confirmada pelo professor Delfim Netto em julho de 2020. Nas palavras dele: "O PT traiu Ciro Gomes e, assim, permitiu a eleição de Jair Bolsonaro". Delfim havia participado da costura.) Ciro e Lula se encontraram em setembro passado, mas não foram longe. Segundo Ciro: "Converso muito com os petistas. Lá dentro, tem um grupo que acha que o Lula, com sua loucura e caudilhismo, está passando de qualquer limite. Faz as coisas sem consultar ninguém, joga só". É possível, mas há também o grupo que em 2018 achava que na eleição devia-se lutar por Lula ou nada. Deu Bolsonaro e com seu aparecimento Ciro Gomes perdeu o cetro do destempero na política nacional.
A guinada de Ciro, com o brado de que "minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno" pode parecer exagero, mas pode ser também um aceno para um pedaço da esquerda e também para a turma da Faria Lima, avenida por onde passam os carrões dos banqueiros e também 28 linhas de ônibus com a turma do andar de baixo. Para usar uma imagem corrente que ainda não tem claro significado, ele seria um nome do centro. Essa liga não seria uma novidade. Em 2002, um pedaço da plutocracia patrocinou um grupo de economistas para trabalhar numa agenda para Ciro Gomes. Teriam sido 17, reuniram-se por dois dias no Rio e produziram um projeto. Depois que Ciro descarrilhou, as ideias do grupo foram chamadas de "Agenda Perdida" e serviram de subsídio ao comissário Antonio Palocci quando ele foi para o ministério da Fazenda de Lula. A malha urbana de São Paulo tem seus encantos. A avenida Paulista liga um cemitério ao bairro do Paraíso, e a avenida Faria Lima passa pelo Largo da Batata, ponto de partida de muitas manifestações da esquerda.

*”Em busca de maioria, relator vai propor suspensão de deputado que apalpou colega na Assembleia de SP”*

SAÍDA PELA DIREITA - *”Filho de camelôs, novo diretor do Livres quer aproximar liberalismo de questões sociais”*: Xará do criador do socialismo científico, nascido em um morro de Petrópolis (RJ) e com pais que vendiam gorros de lã para os torcedores do Maracanã, Magno Karl, 38, percorreu um caminho improvável até chegar ao comando de um dos principais movimentos liberais do país. Nesta segunda-feira (1º), Karl –que é sobrenome mesmo, e não alguma homenagem dos pais a Karl Marx–, assumiu a direção-executiva do movimento Livres, substituindo Paulo Gontijo, que foi trabalhar na Prefeitura do Rio de Janeiro.
O grupo, criado em 2016, defende pautas liberais tanto na economia quanto nos costumes. Tem cerca de 5.000 associados e 29 detentores de mandatos eletivos, espalhados por partidos como Novo, PSDB, Cidadania e Podemos. A troca de comando no Livres acontece no momento em que o liberalismo brasileiro, ainda um movimento restrito, busca se expandir. Para isso, diz Karl, é preciso ampliar os temas tratados e o apelo junto à população. “A gente não precisa falar de debate macroeconômico o tempo todo. Um movimento liberal que seja sério precisa dialogar com todos os brasileiros”, diz ele. Isso significa agregar à tradicional defesa do Estado mínimo alguns temas sociais. O Livres, afirma o novo diretor, sempre terá em pautas como privatização, abertura econômica e desregulamentação seu carro-chefe. Mas também quer tratar de assuntos como o fim do serviço militar obrigatório e a regulamentação da prostituição. Mesmo temas que são um verdadeiro vespeiro, como o direito às armas, deve ser enfrentado. Como movimento liberal, o Livres defende por princípio a possibilidade do cidadão se armar, o que inevitavelmente o aproxima dos conservadores que orbitam o governo de Jair Bolsonaro.
A diferença, afirma Karl, é que não há adesão cega a esse princípio, e é possível debater gradações e maneiras de implementá-lo. “O acesso às armas é um direito individual. Entre os nossos princípios está o direito à autodefesa. Quando se entra no debate de política pública, temos posições divergentes. Algumas pessoas no movimento acham que deve ter posse e não porte. Outras acreditam em restrição a tipos de armamento, ou o número de armas”, declara. O debate no movimento segue aberto, afirma. O Livres é crítico do governo Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, não pela agenda que ele defende, que é a mesma do movimento, mas pela falta de implementação de medidas liberalizantes. “A gente não defende a pauta liberal porque é o Paulo Guedes, defenderíamos se fosse o [Joaquim] Levy, ou o [Henrique] Meirelles. Eu nem conheço o Paulo Guedes. O nosso compromisso é com a pauta. Quem está lá não é o mais importante. A gente gostaria de falar de resultados”, afirma. E, nesse sentido, a falta de resultados é palpável. Não apenas contam-se nos dedos os resultados da agenda liberal, como há diversos recuos ordenados por Bolsonaro. O último e talvez mais simbólico, obviamente, é a intervenção na Petrobras. “O enfraquecimento simbólico da pauta liberal é muito preocupante”, declara Karl.
O Livres se orgulha de ter lugar de fala na oposição a Bolsonaro. Até o início de 2018, o movimento estava incubado no PSL, acreditando que poderia usar a legenda como um veículo para a difusão das ideias liberais. Em janeiro daquele ano, quando Bolsonaro entrou no partido por uma porta, os liberais saíram por outra. Desde então, o grupo transmutou-se num movimento suprapartidário, oferecendo uma agenda liberal para ser implementada por autoridades que comunguem de seus princípios. É por isso que, em 2022, o Livres não deverá apoiar formalmente nenhum candidato a presidente. “Provavelmente teremos associados nossos envolvidos em mais de uma campanha”, afirma Karl. Ele mesmo era filiado ao Novo, exercendo o cargo de assessor político da bancada do partido na Câmara dos Deputados, antes de se candidatar à vaga de diretor do Livres. Aprovado num processo interno de seleção, decidiu desfiliar-se para evitar conflito de interesses, apesar de isso não ser obrigatório. Seu objetivo, afirma, é consolidar o Livres como um “centro irradiador de ideias”, investindo em treinamento de novas lideranças, organização de seminários e assistência a liberais com mandatos eletivos.
Igualmente importante, diz ele, é tentar evitar ser consumido pela eterna batalha das redes sociais. “A disputa por like, essa guerra de rede social, em que tudo se dá em termos de preto ou branco, de posicionamentos muito definitivos, oferece risco. Minha visão é dar um passo para trás, falar sobre os grandes temas, as grandes ideias”. Antes de assumir a diretoria-executiva do Livres, Karl foi diretor de Políticas Públicas do movimento. Ele afirma que se descobriu liberal por volta de 2005, quando passou a frequentar eventos de entusiastas do tema. Lá, percebia o quanto era um estranho no ninho. “Eu me sentava lá nas reuniões e via que não tinha ninguém como eu. Era um movimento de gente muito rica”, afirma. Formado em ciências sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele ganhou uma bolsa e fez mestrado em políticas públicas na Alemanha. No momento, cursa doutorado em ciência política. Também estagiou no instituto Cato, um dos centros difusores do liberalismo nos EUA. Seus pais, embora não vendam mais gorrinhos na porta do Maracanã (até porque a presença de público está suspensa), seguem morando num morro de Petrópolis. Sua origem, acredita Karl, pode ajudá-lo na tarefa de expandir o apelo do liberalismo para além da Faria Lima e tratar de soluções para diminuir os níveis de pobreza no país. “Eu tenho uma trajetória de vida que me coloca perto de todos os brasileiros. Se você não faz ideia de o que é pobreza, não consegue falar de pobreza”, afirma.

*”PF prende quatro juízes do TRT suspeitos de integrar esquema de Witzel”*

*”EUA acusam Rússia de envenenar Navalni e anunciam 1ª sanção do governo Biden”*

TODA MÍDIA - *”Bloomberg vê salto dos juros no Brasil; China fala em insolvência”*: Na Bloomberg, o mercado financeiro “começou a apostar na maior alta de juros em uma década” no Brasil. E “a liquidação de ativos se aprofundou em meio à crescente preocupação com as perspectivas fiscais do país”. Aposta-se num salto de 0,75 ponto pelo Banco Central, em duas semanas. Ilustra com, entre outros quadros, as intervenções do BC no câmbio, sem sucesso. Na mesma direção, o financeiro chinês Caixin destacou artigo do ex-vice-ministro He Yafei, alertando que as maiores economias “esgotaram suas ferramentas financeiras” na pandemia, mas “flexibilização ilimitada da moeda, juros negativos, estímulo em larga escala não são almoço grátis: Um preço terá que ser pago”. Deu um só exemplo: “Agora países como o Brasil estão em risco de insolvência”.
MAIS DO QUE NUNCA
No Wall Street Journal, “Fazendeiros dos EUA estão plantando mais do que nunca”, sublinhando o “aumento da demanda por soja americana na China”. Sites voltados ao setor nos EUA trazem títulos como “Todos os olhos estão voltados para as compras da China”. Mais especificamente, voltados ao segundo ano da “fase 1” do acordo comercial entre os dois, com meta de importação ainda maior, sobretudo soja. Paralelamente, sites americanos e indianos ressaltam as dificuldades por que passa a produção brasileira de soja e açúcar.
BIDEN DIZ NÃO AO MÉXICO
O presidente americano voltou a conversar com o mexicano, mas pouco antes a Casa Branca divulgou, na chamada do WSJ, que “Biden não planeja compartilhar vacinas com o México”, como o colega vinha pedindo. As vacinas já foram compradas pelo México, mas as farmacêuticas americanas seguraram a entrega. “O presidente deixou claro que o seu foco é garantir vacinas a todos os americanos”, adiantou a porta-voz da Casa Branca.
E À ÍNDIA
No alto do principal jornal indiano, Jagran, “Biden pode privar países em desenvolvimento da vacina”. Cita entidades e parlamentares americanos que pediram à Casa Branca a liberação das vacinas desenvolvidas pelos EUA, para produção por Índia e outros, sem resposta. “Sem isso, muitos só terão acesso à vacina em 2024”, diz o jornal.
O MAIOR LABORATÓRIO DO MUNDO
De Washington Post (acima, com a Estação da Luz) a CNN, passando por WSJ e muitos outros, a cobertura americana voltou a dar atenção à pandemia no Brasil, "pior do que nunca". O WP ressalta o alerta que ouviu de Miguel Nicolelis, da Universidade Duke: "Se não controlar, o Brasil será o maior laboratório aberto do mundo para a mutação do vírus."

*”Ernesto rebate críticas, nega atrito com China e diz que relação com EUA permanece sob Biden”* - O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, rebateu nesta terça-feira (2) os críticos que o acusam de conduzir uma política externa prejudicial aos interesses do Brasil e afirmou que o país mantém uma "visão estratégica" com os Estados Unidos, mesmo na gestão do democrata Joe Biden. As declarações ocorreram numa rara entrevista coletiva, em que o chanceler colocou foco em temas comerciais e deixou em segundo plano a pauta conservadora que marcou seus dois anos à frente do Itamaraty. Ernesto se queixou que exista a opinião que sua gestão "é prejudicial aos interesses nacionais", sobretudo na dimensão comercial. "Temos alguns parâmetros para mostrar que não é absolutamente assim. Nosso saldo comercial cresceu nos últimos dois anos", afirmou o ministro, lembrando que a balança comercial do país atingiu no ano passado US$ 50 bilhões (R$ 285 bilhões) —resultado impulsionado principalmente pelas vendas do agronegócio. O chanceler abordou em boa parte de sua fala a relação bilateral do Brasil com os Estados Unidos. Nos dois primeiros anos do mandato de Jair Bolsonaro, o governo apostou suas fichas numa aliança com o então presidente americano, Donald Trump.
A política de "alinhamento automático" gerou críticas de analistas, principalmente após a derrota do republicano na eleição de novembro do ano passado. Ernesto argumentou que construiu uma "estrutura de confiança" com os americanos. "Isso não foi interrompido com a mudança de governo nos EUA. Mas claro que uma relação profunda como a que estávamos construindo, num país democrático, não se transpõe às vezes automaticamente quando muda o governo, porque depende de um encaixe. Mas esse encaixe continua sendo totalmente possível", disse o ministro. "Todos os sinais são de que essa visão estratégica permanece e continuará rendendo esses resultados." Apesar do tom moderado, Ernesto atacou iniciativas da sociedade civil que, segundo ele, atuam para "criar deliberadamente uma imagem distorcida do Brasil no exterior". Ele se referiu a um seminário organizado na Universidade Harvard e a um relatório entregue a autoridades do governo Biden, elaborado por acadêmicos e ONGs, recomendando a suspensão de acordos entre os EUA e a administração Bolsonaro.
"É basicamente uma obra de ficção, muito ruim em termo de estilo. Uma obra de ficção que procurou ser vendida e apresentada como a realidade do Brasil." Ele também criticou a carta de ex-ministros do Meio Ambiente endereçada aos governos de França, Alemanha e Noruega, em que os autores denunciam a devastação causada pela Covid-19 na região amazônica. Para o chanceler, esse tipo de iniciativa "afeta nossos interesses" e prejudica a implementação do acordo comercial assinado entre o Mercosul e a União Europeia. Ernesto foi questionado em mais de uma ocasião sobre as relações do Brasil com a China e sobre os episódios em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) —filho do presidente— bateu boca nas redes sociais com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. No primeiro choque, Eduardo responsabilizou o governo da China pela disseminação do coronavírus, o que fez Yang reagir e classificar a fala do parlamentar de "insulto maléfico" contra o povo chinês. ​Meses depois, Eduardo acusou a China de querer espionar outros países através da tecnologia 5G, o que desencadeou nova resposta da missão diplomática.
Nas ocasiões, o Itamaraty repreendeu a embaixada da China no Brasil. "O que aconteceu no caso foi uma opção diferente [da embaixada], um embate nas redes sociais, contestando inclusive a liberdade de expressão que rege no Brasil. Num tom assim, em alguns casos, meio de ameaça em relação à sociedade brasileira, dizendo que quem fala mal da China vai se arrepender. Isso é completamente fora da prática diplomática. Procuramos chamar a atenção para isso", disse Ernesto. "Isso não gerou absolutamente nenhum problema com a China", complementou. Segundo ele, a "chamada de atenção" do governo Bolsonaro teve "bom resultado no sentido de uma atuação mais correta por parte da embaixada" do país asiático. Em outro momento, ele afirmou que a atuação da embaixada chinesa nos episódios com Eduardo estava "prejudicando a imagem da China no Brasil". ​ O ministro das Relações Exteriores foi questionado diretamente sobre a informação de que, em expediente sigiloso, ele chegou a pedir a Pequim a substituição do embaixador da China no Brasil. O caso foi publicado pela Folha. A China ignorou os pedidos. O ministro não respondeu à pergunta e reiterou que o relacionamento com o governo chinês é positivo.

*”Em eleição marcada por alta rejeição no Peru, líder pode ficar fora da disputa”*
*”Presidente de El Salvador conquista maioria no Parlamento e poderá mexer na Constituição”*
*”Polícia volta a atirar em manifestantes, e países vizinhos procuram soluções para crise de Mianmar”*
*”Economia em crise transforma sequestro de estudantes em 'indústria' na Nigéria”*

*”Sequestradores libertam quase 300 meninas levadas de escola da Nigéria”*
*”Ditadura da Belarus condena repórter que desmentiu versão da polícia”*
*”Processadas por cartaz de 'Nossa Senhora LGBT', polonesas são absolvidas”*
*”França volta atrás e aprova vacina de Oxford para idosos”*

*”Guedes diz que Brasil pode virar Venezuela rapidamente com erros na economia”* - Em meio a ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que foram interpretadas como intervenção em estatais, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que o Brasil pode virar uma Argentina ou uma Venezuela rapidamente caso continue aumentando seu endividamento e tome decisões erradas de política econômica. "Para virar a Argentina, seis meses; para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai rápido. Agora, quer virar Alemanha, Estados Unidos? [São necessários] dez, quinze anos na outra direção", afirmou. A declaração foi feita durante conversa gravada na sexta-feira (26) e veiculada nesta terça-feira (2) pelo podcast Primocast.
(...)
Na conversa, Guedes defendeu o controle do endividamento público, contrapartidas para o auxílio emergencial e a execução da agenda liberal –dizendo que ela abrirá um caminho de prosperidade para o país. "Você prefere juro baixo, muito investimento, emprego, renda, Bolsa subindo, todo mundo ganhando, estourando champanhe, um país da prosperidade, ou prefere ir para a Venezuela?", questionou o ministro em outro momento. Guedes voltou ao assunto para dizer que o comentário sobre virar outros países vizinhos era exagero, mas só para alterar a estimativa de tempo em que isso ocorreria (segundo ele, seriam três anos para se transformar em uma Argentina e cinco ou seis para se tornar uma Venezuela). Guedes defendeu privatizações como a da Eletrobras para, inclusive, gerar recursos para os mais carentes. Sem citar nomes, criticou o uso de estatais para benefício da classe política e financiamento de campanhas eleitorais.
Em sua visão, os lobbies de empregados também travam a tarefa. "Está cheio de gente pendurada lá com salário alto, benefício, aposentadorias muito boas, férias que pode vender para a empresa. Tem muitos privilégios", disse. Em certo momento, ao mencionar a Petrobras, o ministro chegou a criticar uma frase usada recentemente pelo próprio Bolsonaro, e que também é usada pela esquerda. "Tem uma turma que começa: 'o petróleo é nosso'. É nosso? Então dá para a gente. Vamos dar para o povo brasileiro. Vamos pegar os dividendos da Petrobras e entregar uma parte para o povo brasileiro", afirmou Guedes. "Ou paga dividendos ou vende e dá dinheiro para eles. O que não pode é ficar gerando prejuízo para eles", disse o ministro, citando a ideia de criar um fundo para receber tais recursos. Na semana passada, Bolsonaro citou a frase após anunciar a troca no comando da estatal. "O petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?", indagou o chefe do Executivo no dia 22. Guedes defendeu que o auxílio emergencial seja aprovado no Congresso com as contrapartidas de ajuste fiscal em médio e longo prazo previstas na PEC (proposta de emenda à Constituição) Emergencial. No texto, há previsão de itens como o congelamento de salários no setor público em momentos de calamidade pública e de aperto orçamentário.
(...)
+++ A entrevista mostra a existência de um “desacerto” entre Guedes e Bolsonaro, mas isso já existe desde o início do governo.

*”OCDE recomenda aprimorar regras para indicação em estatais em meio a intervenção de Bolsonaro”*
*”Designers lançam campanha 'Bolsocaro' para criticar aumento de preços”*
*”Empresário prevê evolução da pauta econômica com Lira, mas acha difícil combate a corrupção avançar”*
ANÁLISE - *”Ao expor riscos, Guedes indica que perdeu controle sobre política econômica”*

PAINEL S.A. - *”Novo programa de corte de jornada e salário divide setores”*
PAINEL S.A. - *”Comércio físico sofre maior baque em quase 20 anos, diz Serasa”*
PAINEL S.A. - *”Briga entre salões de beleza por causa da pandemia foi parar na polícia em Porto Alegre”*
PAINEL S.A. - *”Motoristas e entregadores de aplicativo planejam greve após aumento da gasolina”*
PAINEL S.A. - *”Produção de alimentos que abrange nutrição por sonda em UTI cresceu em 2020”*

*”Cliente de banco deve pagar apoio de Bolsonaro a caminhoneiros”* - Os principais bancos comerciais do país já avaliam repassar boa parte do aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para os clientes, o que deverá encarecer o crédito e até restringir a oferta de dinheiro novo. A elevação do tributo foi medida adotada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (1) para compensar a queda de receita após o corte de tributos sobre diesel e gás de cozinha. A princípio, terá validade até o final deste ano. A alta da CSLL também afeta cooperativas de crédito e corretoras de câmbio. Para tentar conter os danos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ligou por volta das 7h desta terça-feira (2) para Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Guedes disse que o momento exigia mais esforços do setor e que a medida seria temporária. Segundo interlocutores, Guedes ouviu da Febraban que o setor entende que está sendo chamado a contribuir ainda mais depois de já ter colaborado demasiadamente durante a pandemia.
(...)
Executivos de dois bancos ouvidos sob anonimato pela Folha disseram que haverá o repasse. Lembram que, atualmente, os tributos já representam quase 20% do spread bancário, item crucial para o cálculo da taxa de juro ao cliente. O setor esperava ampliar a oferta de crédito neste ano em 8%. Com a elevação da CSLL, é possível que algumas instituições optem pela redução do volume de dinheiro novo na praça. O mais provável, ainda segundo os banqueiros, é que o custo do empréstimo seja repassado diante do novo cenário. Os cálculos serão feitos nos próximos dias. Esta é a segunda vez que os bancos estão sendo chamados a abrir o cofre. A CSLL subiu, no início de 2020, de 15% para 20% para bancos após aval do Congresso em medida inserida na reforma da Previdência.
As demais instituições financeiras foram taxadas em 15% e todos os outros setores da economia passaram a pagar 9%. Estimativas do Ministério da Economia à época indicavam que um aumento de cinco pontos percentuais na cobrança da CSLL representaria um acréscimo de aproximadamente R$ 1,7 bilhão por ano ao caixa da União. A nova alíquota de 25% para os bancos entrou em vigor imediatamente. No entanto, por ter sido definida por medida provisória, precisa de aprovação na Câmara e no Senado em até 90 dias, a chamada noventena. No caso das cooperativas, empresas de seguros privados, de capitalização, corretoras de câmbio, sociedades de crédito imobiliário e administradoras de cartões de crédito, a alíquota passa de 15% para 20% até o fim do ano. Se a medida não for reeditada, as alíquotas retornam ao patamar anterior a partir de janeiro de 2022. De acordo com o governo, as diminuições nos impostos terão impacto de R$ 3,67 bilhões em 2021. Nos dois anos seguintes, a redução na tributação do gás terá impacto na arrecadação de R$ 922 milhões e de R$ 945,1 milhões, respectivamente. Esta foi uma das saídas encontradas pela equipe econômica para bancar um corte de tributos sobre o diesel e o gás de cozinha.
(...)

*”Guedes admite 'efeito ruim' da ação de Bolsonaro na Petrobras, mas diz que tem que respeitar”*
*”Bolsonaro prepara pronunciamento para defender isenção de diesel e criticar lockdown”*
*”Indústria química prevê até 80 mil demissões a partir de julho com fim de regime especial”*
VINICIUS TORRES FREIRE - *”Remendo medíocre evita a explosão de fome e dívida no governo Bolsonaro”*

*”CVM detecta movimentação atípica com ações da Petrobras e pode investigar insider trading”*
*”Membros do conselho deixam cargos na Petrobras após troca no comando da estatal”*
*”Dólar se aproxima de R$ 5,70 e Bolsa cai com elevação de tributos para bancos”*

*”Intervenção na Petrobras não significa guinada na agenda liberal de Bolsonaro, diz Gabrielli”* - Presidente mais longevo da Petrobras em seus 68 anos de existência, José Sergio Gabrielli, 71, diz que a decisão de Jair Bolsonaro de interferir no comando da estatal foi uma estratégia de sobrevivência política, e não necessariamente significa um recuo na agenda liberal do governo. “O principal elemento do programa econômico de Bolsonaro é ultraneoliberal e contrário à atuação direta do Estado na economia. A resposta [ao reajuste dos combustíveis] foi muito mais política do que de mudança de trajetória para o que ele quer com a Petrobras”, diz Gabrielli, presidente da estatal durante 6 anos e meio entre 2005 e 2012, nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Hoje ligado ao Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Gabrielli concorda com a necessidade de mudar a política de preços, principal razão pela qual Bolsonaro decidiu trocar o economista liberal Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna. Também faz coro à necessidade de que a Petrobras tenha um papel social e não olhe apenas para os acionistas, como disse o próprio general logo após ser escolhido por Bolsonaro. Isolado em Salvador (BA) desde o começo da pandemia, ele ainda criticou a composição pró-mercado do atual Conselho de Administração da estatal.
- A decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras é uma reviravolta na sua política voltada para o mercado?
- O principal elemento do programa econômico de Bolsonaro é ultraneoliberal e contrário à atuação direta do Estado na economia. Toda vez que há uma pressão de custos que eleva esses preços no plano internacional, a decisão da Petrobras de repassar imediatamente ou não essas variações provoca um impacto grande na economia, com grandes efeitos políticos. A resposta de Bolsonaro foi muito mais política do que de mudança de trajetória para o que ele quer com a Petrobras.

- Só o fato de ele ter feito esse movimento não sinaliza algo novo?
- Depende se a venda de refinarias continuar, se a decisão da ANP [Agência Nacional do Petróleo] e dos órgãos reguladores continuar favorecendo a importação de derivados, se a Petrobras continuar focando na produção do pré-sal. Essas coisas indicariam que é impossível não ter preço internacionalizado de gasolina, diesel e querosene de aviação.

- A maneira como Bolsonaro anunciou a demissão causa prejuízo à imagem da empresa?
- A presidência da Petrobras não é um cargo nomeado por decreto, ou por autorização presidencial. O acionista majoritário pode mudar o presidente, mas através do conselho. O que ocorreu criou uma grande tempestade no mercado de ações, mas esse mercado tende a responder exageradamente a decisões que afetam as expectativas. Observamos em 2020 um enorme crescimento da Bolsa. Tivemos um enorme de afluxo de recursos de pessoas físicas, e grande parte delas compraram ações da Petrobras na expectativa de que iria pagar dividendos e dar prioridade aos acionistas. Na medida em que Bolsonaro sinaliza que quer controlar um pouco e afetar o preço dos combustíveis, houve uma reação dramática. Muita gente ganhou dinheiro e muitos perderam. São movimentos que não refletem os interesses de longo prazo dos próprios acionistas que compram ações olhando a valorização no longo prazo. Há acionistas e acionistas.

- Esse movimento expõe a Petrobras ao risco de ações judiciais?
- Sempre existem os fundos abutres, os escritórios especializados nesse tipo de ação. Toda vez que isso acontece por intervenção dos dirigentes a possibilidade de ações judiciais aumenta. Isso faz parte do negócio.

- As primeiras declarações do general Silva e Luna foram na linha de que a Petrobras tem que ter sensibilidade social. O sr. concorda?
- Todas as grandes empresas têm vários grupos de interesse relacionados. Evidentemente tem os acionistas, que não são um grupo homogêneo. Mas se a empresa só olhar para o acionista, não tem sobrevivência no longo prazo. Tem que olhar também para os fornecedores. Tem seus empregados. E tem de se relacionar com seus consumidores, olhar para o mercado dela. Além disso, não pode desconsiderar onde se situa. Se a empresa briga muito com a comunidade, se quer romper com o governo, não quer seguir orientações da macroeconomia, não sobrevive no longo prazo. É claro que os acionistas têm um papel importante, determinante, mas que não pode ser exclusivo. É por isso que grandes empresas não gostam de alterar os preços toda hora. É melhor uma suavização das receitas de longo prazo do que se aproveitar de todos os fluxos do ciclo do preço, de quando o preço sobe você imediatamente sobe e quando desce você imediatamente desce. Não é assim que funciona nas grandes empresas, incluindo as estatais.

- Uma mudança na política de preço não é recolocar a Petrobras no caminho da intervenção estatal, com influência política?
- A Petrobras teve os maiores lucros de sua história num momento em que não repassava imediatamente os preços para o mercado doméstico, no governo Lula. Há muita mitificação sobre os preços internacionais do petróleo. Eles são definidos não pela oferta e demanda. Para cada barril físico que troca de mãos, dez barris são transacionados. Esses nove a mais refletem essencialmente a variação dos contratos futuros. Não é somente especulação, você tem operações de segurança de risco, de diminuir margens e perdas no futuro, de estabilização. São movimentos financeiros.

- Como o sr. vê a composição do Conselho de Administração, com diversos integrantes ligados ao mercado?
- Está desequilibrado. Praticamente só tem representante do mercado financeiro, e particularmente dos fundos mais especulativos. Numa empresa de petróleo, que não está produzindo banana ou uma mercadoria qualquer, mas um produto estratégico, que leva a guerras, a orientações de segurança nacional por grandes potências, não dá para haver o olhar e a representação só do acionista que está visando o máximo de dividendos do trimestre seguinte.

- O sr. citou o governo Lula, mas foi quando a ingerência política provocou o maior escândalo de corrupção da história da empresa, o petrolão. Um retorno a um modelo de governança anterior não arrisca abrir a porta de novo para aquela realidade?
- Eu não atribuo necessariamente à indicação política a corrupção, porque se fosse assim você não teria corrupção no setor privado. E a maior parte dos processos de corrupção ocorre no setor privado. No setor de petróleo, que tem grande margem de renda entre o preço e o custo, os grandes casos de corrupção não foram só com as empresas estatais. Evidentemente, a corrupção tem de ser combatida, e você tem de estimular o aperfeiçoamento e o refinamento dos sistemas de controle para evitar que exista. Mas ela tem ser combatida punindo os corruptos e não destruindo as empresas. O que a Lava Jato fez foi essencialmente destruir empresas e não punir os corruptos.

- A blindagem da Petrobras de interferência política não está sob risco com esse movimento do Bolsonaro?
- A atitude de Bolsonaro não é sobre corrupção. O que está acontecendo na Petrobras é que o grau de transparência das decisões diminuiu a partir de 2016, com as novas regulações de governança interna. Hoje, as negociações de privatização ocorrem exclusivamente no âmbito da Petrobras, com fatos relevantes muito sucintos e poucas informações para o público.

- A interferência de Bolsonaro significa que a privatização da Petrobras está descartada?
- Não acho. A BR Distribuidora já foi privatizada. O único instrumento que a Petrobras tinha para atuar diretamente no varejo do gás de cozinha, a Liquigas, foi privatizada. A Petrobras está anunciando a venda de oito refinarias. Se vender, você vai perder qualquer possibilidade de ter influência na fixação dos preços de mercado, vai entregar metade do sétimo maior mercado mundial de derivados para outras empresas, e vai, na medida em que perde a sinergia e a eficiência do sistema integrado de refino, aumentar o custo sistêmico de produzir derivados no Brasil. A Petrobras está saindo de todas as atividades, com exceção do filé mignon do pré-sal, e virou uma grande empresa exportadora de petróleo cru. Saiu da produção em terra no Nordeste, está vendendo na Bacia de Campo, saiu de biocombustíveis, fertilizantes e petroquímica. Do ponto de vista de lógica da grande empresa, a Petrobras já não existe mais. Acho muito difícil voltar àquela empresa pujante que era.

- Em termos gerais, a decisão de Bolsonaro de mexer na Petrobras era necessária?
- Bolsonaro sentiu que o risco de uma greve de caminhoneiros era muito grande. O impacto do aumento do preço da gasolina sobre a vida das pessoas é maior do que o do diesel, mas os caminhoneiros têm uma maior visibilidade. Ele agiu politicamente, e não com base numa ideia de mudar radicalmente a política econômica --que pode vir a mudar, mas não está garantido. Bolsonaro tem várias forças que o apoiam. Não são só os caminhoneiros, não são só os segmentos que pressionam para segurar o preço, mas também os empresários, investidores da Bolsa, acionistas que querem receber no curto prazo. A política do [Paulo] Guedes é voltada principalmente para esses segmentos. Não acho que é possível ainda afirmar que a entrada do general Silva e Luna vai significar alteração significativa da política de preço.

- Não parece óbvio que a troca foi feita para mudar?
- Ele vai tentar, vai primeiro sinalizar, na expectativa de que os preços internacionais vão se estabilizar. Mas as indicações não são essas, são de que vão continuar subindo, portanto a pressão vai continuar existindo. Se você vende refinarias e continua importando derivados, não há possibilidade de não internacionalizar preços.

- Ou seja, essa guinada na mudança de Castello Branco para Silva e Luna não necessariamente acontecerá?
- Depende. Qual o sinal de que vai mudar? Só porque o general segue as ordens do presidente? É uma hipótese, não tem garantia.

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MÔNICA BERGAMO - *”Justiça absolve Haddad de 'indústria da multa'”*: A Justiça negou o pedido em que o Ministério Público de SP solicita a condenação do ex-prefeito Fernando Haddad e do ex-secretário de Transportes Gilmar Tatto por improbidade administrativa elo uso indevido de dinheiro captado com recursos de multas de trânsito. Na ação civil pública movida em 2015, a promotoria acusava os dois de criar uma "indústria de multas" na capital paulista, visando incrementar a arrecadação municipal. O documento acusava ambos de usarem essa receita ilegalmente para construir terminais de ônibus, ciclovias e ao pagamento de salários de funcionários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), além de não destiná-las ao Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT). A decisão é assinada pela juíza Carmen Cristina Fernandez Teijeiro e Oliveira, da 5ª Vara de Fazenda Pública.
"O Ministério Público não comprovou os fatos tal como descritos na inicial, notadamente a chamada 'indústria das multas', circunstância que obviamente poderia ter alterado o panorama acima delineado", afirma o despacho. "Com efeito, tivesse ele demonstrado a efetiva instalação de radares em locais ou de forma inapropriada, com finalidade exclusivamente arrecadatória, poder-se-ia, ao menos em tese, cogitar da hipótese de responsabilização, porquanto esta circunstância poderia se prestar a comprovar a existência de dolo ou culpa grave." "Nada está a demonstrar que tenham eles agido com a intenção de aplicar ilegalmente as verbas do FMDT no pagamento dos salários de funcionários da CET", segue o texto. "A configuração dos atos de improbidade administrativa não pode jamais dispensar o elemento volitivo que lhes é inerente, e deve ser reservada às hipóteses em que a violação à lei ou aos princípios da administração sejam absolutamente claros e incontestáveis ao agente público, pois admitir-se a espécie de responsabilização ora pretendida pelo autor da ação, inviabilizar-se-ia por completo a gestão administrativa da própria União, Estados e Municípios, na medida em que a interpretação hoje vigente, acaso alterada no futuro, poderia lhe ensejar as sanções respectivas", diz a juíza. O ex-prefeito é defendido pelo escritório Bottini & Tamasauskas Advogados.

MÔNICA BERGAMO - *”Agravamento da epidemia acelera busca de recursos para abrir leitos de UTI em SP”*
MÔNICA BERGAMO - *”Editora Conjur faz debate para lançar livro sobre proteção de dados pessoais”*

MÔNICA BERGAMO - *”MBL dará aula sobre PT e partidos de esquerda”*: O MBL (Movimento Brasil Livre), que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, vai oferecer uma aula sobre o PT. O conteúdo abordará a formação de agremiações de esquerda, as suas sobrevivência e clandestinidade na ditadura militar, e culminará na formação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. O material será ministrado pelo advogado Luiz Felipe Panelli. Segundo o MBL, a iniciativa abordará a história da legenda até o momento atual, “marcado pelo radicalismo”, passando pela liderança de Lula e pela “resiliência do partido aos escândalos de corrupção”. O conteúdo é parte da Academia MBL, de formação de lideranças. Uma próxima aula terá como tema o PSOL.

MÔNICA BERGAMO - *”São Paulo Companhia de Dança recebe 147 inscrições de bailarinas para seu corpo artístico”*
MÔNICA BERGAMO - *”Toquinho faz show virtual ao vivo no sábado”*

CAPA – Manchete principal: *”CVM investigará operações suspeitas com ações da Petrobrás”*

*”Para o arquivo – Com voto de indicado de Bolsonaro, Arthur Lira se livre de denúncia no STF”*

*”MP vê ligação de ‘rachadinha’ com imóvel de Flávio Bolsonaro”* - Salários de ex-funcionários do antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) podem ter sido utilizados, através do esquema de “rachadinha”, na aquisição de um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital fluminense, que o parlamentar diz ter vendido para dar entrada na compra de sua nova casa, uma mansão de R$ 6 milhões no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. As suspeitas referentes à aquisição do imóvel no Rio, em 2014, foram levantadas pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) na denúncia contra Flávio e outras 15 pessoas, oferecida em outubro do ano passado à Justiça. Foram dois anos de investigação sobre supostos desvios da remuneração da equipe de Flávio em prol dele próprio e da mulher, a dentista Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, e outros envolvidos. Para o MP-RJ, Flávio e Fernanda podem ter utilizado recursos ilícitos desviados da Alerj para pagar o “sinal” de R$ 50 mil do apartamento na Barra, localizado no condomínio Altântico Sul, bem como parcelas de um financiamento bancário utilizado para quitá-lo. A promotoria indica que o casal pode ter operado da mesma maneira ao efetuar pagamentos de impostos referentes à propriedade, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
O MP-RJ identificou que, cerca de duas semanas antes do pagamento, em maio de 2014, Fernanda não tinha saldo para arcar com o cheque de R$ 50 mil referente ao “sinal” para a compra do apartamento. A situação mudou em um único dia, no fim de abril, quando a conta dela recebeu depósitos fracionados de R$ 20 mil, em dinheiro vivo, “a fim de ocultar a origem dos recursos”, conforme afirma a promotoria na denúncia. Além disso, a apuração mostrou que Flávio passou a receber depósitos fracionados em sua conta, a partir de junho de 2014, em datas próximas aos pagamentos das parcelas do financiamento imobiliário contraído para pagar o imóvel. O MP-RJ lista depósitos até agosto de 2018. Em março daquele ano, por exemplo, Flávio recebeu R$ 9 mil em depósitos uma semana antes de pagar uma parcela de R$ 8,5 mil do financiamento, segundo o Ministério Público do Rio. No caso do IPTU, o MP-RJ analisou pagamentos feitos pelo casal Bolsonaro em 2016 e 2017, totalizando cerca de R$ 17,4 mil, e registrou na denúncia que apenas uma parcela, de R$ 924,30, foi debitada da conta do parlamentar. O restante, diz a promotoria, foi pago com dinheiro em espécie, “sem deixar rastros no sistema financeiro nacional sobre a origem dos recursos utilizados para quitar os tributos”. Esses valores, assim como outros envolvidos na denúncia, podem ter sido arrecadados via “rachadinha”, indicam as conclusões do MP. Elas só foram possíveis devido à quebra de sigilo fiscal e bancária de Flávio, Fernanda e outros envolvidos, anulada na semana passada, por falta de fundamentação, pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a pedido dos advogados do parlamentar.
Outro lado
Flávio emitiu ontem uma nota e divulgou um vídeo, nas redes sociais, para explicar a compra da mansão de 2.400 m² na área batizada de “Setor de Mansões Dom Bosco”. A aquisição da casa foi divulgada anteontem, pelo site “O Antagonista”, e confirmada pelo GLOBO. O filho do presidente Jair Bolsonaro reclamou do destaque dado pela imprensa à compra, classificada como “exploração de uma informação simples”, e explicou de onde teria tirado o dinheiro para o investimento:
— Vendi o imóvel que eu tinha no Rio de Janeiro, vendi uma franquia que eu possuía, também no Rio de Janeiro. Dei uma entrada numa casa aqui em Brasília e a maior parte dessa casa tá sendo financiada no banco, numa taxa que foi aprovada conforme o meu rendimento familiar, como qualquer pessoa pode fazer no Brasil — afirmou Flávio.
O imóvel ao qual o parlamentar se referia era o apartamento da Barra da Tijuca, que constava na declaração de bens entregue por ele em 2018 à Justiça Eleitoral, quando disputou o Senado. O apartamento, cujo repasse a um novo proprietário ainda não foi oficializado em escritura pública, foi declarado com o valor de avaliação do mercado imobiliário (R$ 917 mil), e não com o valor de compra (R$ 2,5 milhões), o que é permitido por lei. Ainda foi incluída no documento a franquia da loja de chocolates Kopenhagen, também na Barra, repassada no mês passado ao Grupo CRM, dono da marca. O MP-RJ viu indícios de lavagem de dinheiro na loja. Procurada pelo GLOBO, a defesa de Flávio não retornou.

*”Parcela de financiamento é mais da metade do salário do senador”* - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) terá que gastar mais da metade do seu salário de parlamentar com o pagamento das parcelas do financiamento da mansão de R$ 6 milhões que ele acaba de comprar no bairro do Lago Sul, zona nobre de Brasília, apontam simulações de crédito feitas junto ao Banco de Brasília (BRB). Além disso, para conseguir o financiamento que o senador obteve, seria necessário ter um rendimento mensal bem superior ao seu salário parlamentar, de R$ 33 mil brutos. De acordo com a escritura de compra do imóvel, Flávio Bolsonaro financiou R$ 3,1 milhões junto ao BRB, para quitação em 360 meses, com taxas de juros entre 3,65% e 4,85%. Sua mulher, Fernanda, que é dentista, também consta como compradora. Extrato do contrato de compra e venda obtido pelo GLOBO mostram que a prestação mensal do financiamento será de R$ 18.040,27. O senador declarou renda de R$ 28.307,68, enquanto sua mulher informou rendimentos de R$ 8.650,00. O GLOBO executou simulações de financiamento em parâmetros semelhantes junto ao sistema do BRB. O resultado mostra que a primeira parcela do financiamento seria mesmo no valor aproximado de R$ 18 mil. Essa parcela representa mais da metade do valor bruto do salário de Flávio. Com os descontos de impostos, a remuneração líquida do parlamentar fica na faixa dos R$ 25 mil. A exigência apresentada pelo BRB para autorizar esse financiamento também diverge da vida financeira de Flávio Bolsonaro. As simulações apontam que a renda mínima exigida para obter esse financiamento é de aproximadamente R$ 45 mil, acima do salário do senador. As taxas de juros apresentadas nas simulações ficam em parâmetros semelhantes aos que constam no registro do negócio de Flávio Bolsonaro. A reportagem questionou a assessoria do senador sobre quais os valores do rendimento mensal da sua família e se Flávio possui outras fontes de renda além do salário de parlamentar, mas ainda não houve resposta. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Flávio afirmou que a compra foi dentro da legalidade.
— Eu vendi um imóvel que eu tinha no Rio de Janeiro, vendi uma franquia que eu possuía também no Rio de Janeiro, e dei entrada numa casa aqui em Brasília, e a maior parte do valor dessa parte tá sendo financiada no banco, numa taxa que foi aprovada conforme meu rendimento familiar, como qualquer pessoa no Brasil pode fazer -- afirmou o senador.
Procurado na noite de ontem, o BRB informou que não comenta casos específicos de concessão de financiamento devido ao sigilo bancário. "O BRB também disponibiliza financiamento imobiliário indexado ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O produto é destinado aos clientes pessoa física, e oferece taxas a partir de 3,40 % a.a. + IPCA. O percentual de financiamento corresponde a até 80% do valor total do imóvel. Nessa modalidade, o prazo de financiamento é de até 360 meses, no caso de imóveis residenciais, e de até 180 meses para os comerciais", afirmou o banco.

*”PF: Silveira recebeu celulares de assessores”*

*”Reformar eleitoral pode gerar retrocessos, dizem analistas”*
*”O Globo é o jornal mais lido do país em 2020”*
*”Corrida pela vacina – Em vácuo deixado pelo governo federal, Legislativo e estados buscam garantir doses”*
*”Saúde na região Sul mostra sinais de colapso”*

*”Na mira da CVM – Comissão prepara investigação por uso de informação privilegiada com papéis da Petrobrás”*
*”Representante de minoritários pede punição exemplar”*
*”Bolsa Família: Senado estuda tirar programa do teto de gastos”*

 

CAPA – Manchete principal: *”País tem recorde de mortes e SP deve entrar em fase vermelha”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”O alto custo da baixa política”*: Emperrado por um governo inepto e irresponsável e agora ameaçado também pelo fisiologismo triunfante no Congresso, o Brasil continua perdendo espaço na economia internacional, enquanto a pandemia se agrava e a mortandade supera os piores momentos do ano passado. Perdido o primeiro trimestre, é preciso muito otimismo para ainda apostar num crescimento, embora pífio, na faixa de 3% a 3,5%. É a glória do bolsonarismo – do negacionismo, do atraso na compra de vacinas, da exaltação da morte e do desvario administrativo, comprovado mais uma vez na decisão de subordinar a Petrobrás, a maior estatal brasileira, aos interesses de uma categoria profissional, a dos caminhoneiros. O carnaval passou, a Semana Santa começará no fim do mês e o ministro da Economia, Paulo Guedes, continua à espera de verbas para um novo auxílio emergencial. Enquanto isso, parlamentares tentam cavar mais R$ 18,4 bilhões para suas emendas. Se conseguirem, o total chegará a R$ 34,7 bilhões, soma igual, talvez pouco superior, àquela necessária para socorrer as famílias mais desamparadas, mais uma vez, e dar algum impulso ao consumo.
Se passar, a expansão das emendas será mais um desarranjo num Orçamento ainda nem aprovado e muito atrasado. Ficará mais difícil arrumar as contas federais, já muito esburacadas, controlar a dívida pública e ao mesmo tempo reanimar os negócios e a criação de empregos. Mesmo em condições políticas mais favoráveis seria difícil combinar estímulo econômico e ajuste das finanças oficiais. Enquanto o presidente cuida de interesses pessoais e familiares, sempre os mais destacados em sua agenda, o governo segue sem rumo e o País mal consegue manter a recuperação iniciada em maio do ano passado e já enfraquecida. Esses dados bastariam para compor um quadro preocupante. Mas a isso é preciso adicionar inegáveis pressões inflacionárias, claramente perceptíveis nos preços por atacado. No varejo os consumidores encontram, como no segundo semestre de 2020, alimentos caros e ainda sujeitos a novas altas. O câmbio instável é um poderoso combustível para o aumento de preços. Nos últimos dias o dólar voltou a atingir – e até a superar – a cotação de R$ 5,60. O dólar tem oscilado em níveis elevados, no Brasil, principalmente por causa da insegurança ocasionada pelo quadro político de Brasília, marcado pelo voluntarismo do presidente Jair Bolsonaro, por sua insistência em conflitos desnecessários e por suas decisões erráticas e fora de quaisquer padrões compatíveis com a racionalidade administrativa. A incompetência gerencial do presidente ficou clara desde os primeiros dias de seu mandato.
Essa incompetência se manifesta, com frequência, em ordens absurdas, porque ele tende a confundir a função presidencial com o mero exercício do poder de mando, concretizado sem respaldo técnico, sem atenção a detalhes legais e com base em opiniões estritamente particulares e infundadas. Essa tendência o levou, em 2019, a intervir na publicidade veiculada pelo Banco do Brasil, numa desastrada interferência na gestão de uma empresa de capital aberto. A política econômica, apesar da expectativa otimista manifestada por analistas e investidores, seguiu o padrão de qualidade bolsonariano. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu menos em 2019 que em 2018 e encolheu no primeiro trimestre de 2020, antes do choque da pandemia. O crescimento projetado para 2021 será insuficiente para a retomada do nível précrise. Além disso, o País já crescia menos que outros emergentes antes de 2020, e continuará em desvantagem na recuperação. Fraquezas econômicas acumuladas em vários anos e agravadas a partir de 2019 são parte do problema. Mas o Brasil ainda carrega desvantagens associadas à pandemia. Com maior contágio, mais mortes, vacinação lenta, sem coordenação federal das ações de saúde e com o presidente estimulando o risco da contaminação, a retomada econômica será mais difícil e insegura. Investidores nacionais e estrangeiros sabem disso, mas o presidente insiste em viver num mundo próprio.

*”STF rejeita processo contra Lira por ‘quadrilhão do PP’”*

*”PGR quer manter condenação de Lira”* - A Procuradoria-geral da República (PGR) enviou parecer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no mês passado, defendendo a manutenção de uma condenação do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), em ação de improbidade administrativa, por enriquecimento ilícito e dano ao erário, que pode levar à perda do mandato. Lira já foi condenado em duas instâncias na Justiça alagoana neste caso, por irregularidades no uso de verbas da Assembleia Legislativa de Alagoas quando era deputado estadual. À época, Lira teve empréstimos pessoais no Banco Rural quitados total ou parcialmente com verba de gabinete. A prática é ilegal, pois essa verba só deve ser usada no exercício das atividades parlamentares. Os fatos foram apurados na Operação Taturana, que apontou desvio de R$ 250 milhões da Assembleia quando Lira era gestor financeiro da Casa. A condenação também atingiu outros deputados estaduais de Alagoas no período de 2003 a 2006. “Com expressiva e assombrosa riqueza de detalhes os documentos colacionados no caderno processual apontam para a prática de atos de improbidade administrativa praticados pelo réu Arthur César Pereira de Lira. A soma da quantia relativa a verba de gabinete, comprovada nos autos, utilizada indevidamente para pagamento dos empréstimos realizados junto ao Banco Rural, totaliza R$ 182.830,22”, afirmaram os magistrados na sentença. A sentença impõe a Lira a “perda do cargo, emprego ou função pública presentemente exercido ou daquele que porventura venha a ser por ele titularizado”, a suspensão dos direitos políticos por dez anos, o ressarcimento dos R$ 182 mil e multa civil no mesmo valor. O deputado pode, porém, ser beneficiado por mudanças na Lei de Improbidade Administrativa, em discussão na Câmara, com apoio do Palácio do Planalto.
Os advogados do deputado apresentaram recurso especial, que tem como relator o ministro do STJ Og Fernandes. Alegam que houve erro de procedimento na intimação e pedem a anulação do caso. O parecer do subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios refuta o argumento e diz que o recurso é protelatório. A Lei da Ficha Limpa prevê que condenados em segunda instância em ação de improbidade por dano aos cofres públicos e enriquecimento ilícito não podem concorrer a eleições por oito anos. Condenado em segunda instância justamente por improbidade, desde 2016, Lira não poderia sequer ter participado da disputa para renovar seu mandato na Câmara, em 2018, não fosse uma liminar concedida pelo então vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Celyrio Adamastor. A medida suspendeu os efeitos da sentença até a análise do STJ. Adamastor é o mesmo magistrado que deu o único voto favorável aos réus na decisão do Tribunal de Justiça que, por 4 a 1, confirmou a condenação em segunda instância. O caso só chegou ao STJ em dezembro de 2020. O parecer da PGR foi solicitado pelo relator. O documento entrou no tribunal em 2 de fevereiro, um dia após Lira ter sido eleito para comandar a Câmara. A defesa de Lira afirmou que o deputado nunca foi citado para se manifestar. “Trata-se de procedimentos nulos desde a origem”, disse o advogado Fabio Ferrario.
Saída. Na teoria, se o processo chegar ao fim até 2022, com manutenção da condenação, o deputado perderá o mandato. Mas as propostas em discussão na Câmara para alteração da Lei de Improbidade têm potencial para livrá-lo dessa punição. Lira pode ser beneficiado por dois pontos que constam no projeto hoje em discussão. O primeiro é o que propõe prazo de prescrição das ações de improbidade para cinco anos. O segundo estabelece que a autoridade só perderá o cargo se for o mesmo que ocupava quando cometeu o ato irregular.

*”Assessores deram celular a Silveira, diz relatório da PF”*
*”PF prende quatro desembargadores do Rio ligados a Witzel”*

ROSÂNGELA BITTAR - *”O teorema Lula”*: Desafio à esfinge: o que houve de determinante, em tão curto espaço de tempo, que levou o ex-presidente Lula a assumir sua candidatura à Presidência da República? Num dia ele lançou Fernando Haddad, despachando-o para liderar caravanas. Quinze dias depois, sem revogar a primeira ordem, declarou de viva-voz o que todos entenderam como um alto lá. Será ele mesmo o candidato. No primeiro movimento, o ex-presidente pretendeu tranquilizar o Supremo Tribunal Federal quanto à sua submissão à Lei da Ficha Limpa. Não seria candidato mesmo se lhe fosse favorável o julgamento, esta semana, relativo à suspeição do juiz Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá. Duas semanas se passaram e eis que o ministro Ricardo Lewandowski permitiu acesso da defesa aos diálogos entre os promotores da força-tarefa e o juiz da Lava Jato. São 10% as transcrições do grampo que se referem a Lula, agora em exame pelo ministro Gilmar Mendes, o relator do processo. Os advogados puderam constatar a extensão do comprometimento não apenas de Sérgio Moro, como do coordenador Deltan Dallagnol e até do então procurador-geral Rodrigo Janot. Verificaram que a Justiça teria dados suficientes para considerar Lula vítima de perseguição. Constataram que os que o prenderam admitiam não ter provas ou certezas.
Ampliaram-se, então, as expectativas, até aí limitadas ao triplex. Agora seria possível rever também o caso do sítio de Atibaia. Anuladas as sentenças, recuperados os direitos políticos, Lula poderia ser candidato. Aí se precipitou, surpreendendo até quem esperava estabelecer com o PT uma aliança mais ampla ao centro e à esquerda. O que fará a seguir ainda está em análise. Poderá pedir a extensão dos argumentos do triplex para o sítio. Se não for possível, a defesa ingressará com novo pedido de habeas corpus específico. Desde que saiu da prisão, o ex-presidente só se manifestava para louvar a preservação da sua potência sexual, anunciava planos de casamento com Janja e sugeria uma vida reclusa em paradisíaca praia da Bahia. De repente, uma mudança e tanto. Lula virou político de novo e restabeleceu o que parecia superado: a polarização. O presidente Jair Bolsonaro exultou. Vinha projetando o fantasma do ex-presidente como adversário, agora o tinha na realidade. E a Lula sempre interessou o confronto com Bolsonaro. Ambos querem uma disputa de recíproca rejeição acreditando, cada um, que o outro tem pior conceito na praça.
Este cenário é responsável pela ressurreição, nestes recentes episódios nada espontâneos, do aviso do general Villas Bôas ao STF sobre a inconveniência de restaurar os direitos eleitorais de Lula. Um episódio de dois anos atrás, subitamente atualizado pela edição do livro de memórias do ex-comandante, com novas revelações. Entre elas a de que o Alto Comando do Exército referendou a pressão que exerceu sobre a Suprema Corte. Desta vez, com um agravante: a explosão do apoio aos militares do núcleo de extremistas que sustentam Bolsonaro. Até como pretexto para mais uma vez agredirem o Supremo, o saco de pancadas do grupo. Uma frente que expõe a geleia geral de obscurantismo, negacionismo, diversionismo, golpismo e provocação. Como se o tempo tivesse dado uma meia-volta, volver. Tal enredo ainda não está consolidado. Nada impede que o STF contorne polêmicas e adote uma solução híbrida. Reconheceria a suspeição do juiz Sérgio Moro, mas não restabeleceria os direitos políticos de Lula, que permaneceria inelegível. E já houve precedente desta combinação: a decisão de Lewandowski, agora com sinais trocados, no impeachment da ex-presidente Dilma. Foi deposta, mas sem perder seus direitos políticos. Estará permeando este julgamento a animosidade jamais superada dos militares com a esquerda. Perfeitamente correspondida.

*”Flávio afirma que comprou casa com ‘recursos próprios’”*
*”Cotado para 2022, Mandetta faz as pazes com o DEM”*

*”Bolsonaro planeja ir à cúpula climática de Biden e cobrar recursos, diz chanceler”* - O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, disse ontem que o presidente Jair Bolsonaro pretende participar do encontro climático de 22 de abril com chefes de Estado e de governo organizado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington. Araújo afirmou ainda que, na reunião, Bolsonaro deve cobrar financiamento por parte de países desenvolvidos de ações de proteção e recuperação ambiental no Brasil. Como o Estadão já havia revelado, autoridades do governo americano pressionam para que Bolsonaro participe da Cúpula da Terra e já o haviam convidado em reuniões reservadas. Ontem, o chanceler brasileiro confirmou, durante entrevista, que o presidente planeja comparecer ao evento. Segundo Araújo, o Brasil já foi convidado durante contatos de alto nível político e diplomático, embora não tenha sido enviado ainda um convite formal. Araújo relatou que o enviado especial dos EUA para o Clima, John Kerry, expressou, durante reunião virtual, a expectativa de Biden de que Bolsonaro vá ao evento. “O presidente pretende fazer parte desse esforço”, disse Araújo.
Ontem, o chanceler brasileiro disse que o Palácio do Planalto vai apresentar na reunião de abril sua contribuição determinada no Acordo de Paris, metas ambientais que o País se comprometeu a alcançar, e usará sua presença no fórum para cobrar financiamento por parte de países desenvolvidos de ações de proteção e recuperação ambiental no Brasil. “Isso é aquilo que até hoje está faltando”, disse Araújo, sobre o Acordo de Paris. “O acordo é extremamente ambicioso, mas continua não havendo cumprimento de compromissos na contraparte financeira, isso certamente será uma de nossas prioridades.” Durante a campanha eleitoral, Biden ameaçou impor sanções econômicas ao Brasil, caso Bolsonaro não agisse para conter desmatamento e incêndios na Amazônia. O então candidato democrata afirmou à época que reuniria outros países do mundo para pressionar o governo brasileiro e ofereceria em troca uma quantia de U$ 20 bilhões. As declarações irritaram o presidente brasileiro, que declarou que o País não aceitaria “subornos”. “Assistimos há pouco aí um grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil”, disse. “E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona.”
Durante a campanha eleitoral americana, Bolsonaro apostou suas fichas em Donald Trump, fazendo campanha publicamente pelo republicano, apesar dos alertas de que poderia ficar isolado caso Biden vencesse – o que aconteceu. Em novembro, os democratas saíram das urnas mais enfraquecidos na Câmara. Antes, o partido tinha uma maioria folgada de 233 dos 435 deputados. Depois das eleições de novembro, a margem de manobra diminuiu para 221 ante 211 republicanos. Com isso, sem poder perder votos no plenário, havia o temor de que a ala mais radical do Partido Democrata pudesse influenciar a nova política externa americana. Desde a eleição de Bolsonaro, em 2018, o presidente brasileiro vem sendo alvo de críticas de deputados democratas. Os questionamentos à política ambiental e de direitos humanos de Bolsonaro são feitos em cartas, resoluções e propostas de emenda que circulam no Congresso americano. A preocupação aumentou quando Biden indicou a deputada Deb Haaland, integrante da ala crítica ao governo brasileiro, para o cargo de secretária do Interior.
No entanto, assim que se consolidou na cadeira, o presidente americano foi aos poucos enviando sinais de que buscaria evitar atritos na relação com o Brasil. Em fevereiro, em entrevista ao Estadão, Kristina Rosales, uma das porta-vozes do Departamento de Estado americano, disse que Biden continua a ver o Brasil como um aliado, apesar de divergências com Bolsonaro. “Não é simplesmente porque os dois líderes têm forma diferente de pensar que as coisas estejam mudando para pior”, afirmou a diplomata. Biden é considerado um conhecedor do Brasil e da América Latina. Como senador democrata, ele ficou conhecido como um político conciliador e dedicado ao relacionamento internacional – foi presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado por 12 anos. Em 2013, o democrata atuou diretamente na relação com o Brasil. Em visita a Brasília, Biden ajudou a abrir caminho para uma visita de Estado que Dilma Rousseff faria aos EUA – a viagem acabou cancelada em razão da revelação de que comunicações da presidente e da Petrobrás haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA), dos EUA.
Reaproximação. Coube a Biden, que era vice-presidente de Barack Obama, voltar ao Brasil, durante a Copa do Mundo de 2014, para aparar as arestas. Ele já havia conversado com Dilma em Santiago, meses antes, na posse de Michelle Bachelet como presidente do Chile. Na ocasião, Biden voou para Natal, com o pretexto de assistir ao jogo em que os EUA venceram Gana por 2 a 1. Na ocasião, Biden trouxe um presente para Dilma: um lote de documentos até então secretos dos arquivos dos EUA sobre violações na ditadura militar. Os papéis reforçariam a coleta de provas da Comissão Nacional da Verdade. Os dois acabaram tendo uma boa relação – o que pode se repetir com Bolsonaro.

*”Fujimori é julgado por ‘esterilizações forçadas’ no Peru”*
*”EUA e UE impõem sanções à Rússia”*
*”Merck fabricará vacina da rival Johnson&Johnson”*

*”Governo deve colocar Estado de SP na fase vermelha, mas manter escola aberta”*
*”UTIs de particulares batem nos 100% de ocupação com covid-19”*
*”Em novo recorde, País registra 1.726 mortes em 24h”*
*”Em SC, 16 morrem à espera de vaga em UTI e fila aumenta”*
*”RS: Hospital de referência usa contêiner como necrotério”*

*”Efeito Bolsonaro nos mercados faz risco país disparar e pressiona dólar”* - A relação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o mercado financeiro, que ajudou a elegê-lo em 2018, parece ter azedado de vez desde que o mandatário interveio na Petrobrás, na tentativa de conter a alta de preços de combustíveis e acenar positivamente para os caminhoneiros, parte importante da sua base eleitoral. Analistas ouvidos pelo Estadão ainda tentam mensurar os efeitos no mercado das intervenções recentes do presidente, e estudam até que ponto o “efeito Bolsonaro” pesará no mercado. Nos dias que antecederam a canetada do presidente no comando da Petrobrás, a Bolsa brasileira estava acima dos 119 mil pontos. Apesar de uma alta de 1,09% ontem, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, lutou para se manter no patamar atual de 111 mil pontos. Antes da intervenção, o dólar estava em R$ 5,44. Ontem, a moeda fechou a R$ 5,67, após dois leilões do Banco Central. Em fevereiro, estrangeiros retiraram R$ 6,783 bilhões da B3, o primeiro mês desde setembro de 2020 com fuga de capital. Desde a mudança forçada do presidente da Petrobrás até agora, o risco país medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos subiu 22,3%. Enquanto isso, a curva de juros futuros de cinco anos subiu quase um ponto porcentual desde janeiro, para a casa dos 8% ao ano. Para Alexandre Schwartsman, consultor e ex-diretor do Banco Central, o mercado até agora parecia acreditar em “poderes mágicos” do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Essas pessoas não são ingênuas, mas havia uma crença de que Bolsonaro não teria alternativa. Só que já havia um conflito potencial entre as agendas dos dois e a pandemia acirrou isso. A intervenção na Petrobrás foi um tapa na cara do mercado.”
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, é difícil que os investidores recuperem a confiança que tinham depositado no presidente em 2018, muito por causa da escolha de Paulo Guedes para o Ministério da Economia. “A desconfiança não se dá só pelo que o presidente fez na Petrobrás, mas pelo que vem pela frente: novas altas de combustíveis, pressão na energia elétrica.” Vale ressalta que esse cenário tende a fazer com que o presidente continue impaciente e disposto a intervir. “A popularidade dele ainda está baixa, a pandemia continua forte. Ele ficará tentado buscar soluções mágicas – e não vai achá-las.” “O governo está em uma encruzilhada”, resume o economista-chefe da Necton, Andre Perfeito. Ele explica que, ao mesmo tempo que Guedes propõe ajustes de longo prazo, Bolsonaro diz que os problemas no curto prazo estão mordendo o calcanhar do governo. “Várias coisas acontecem no curto prazo: preço dos combustíveis, o novo auxílio emergencial. E talvez não haja mais tempo para ajustes antes de 2022.” O economista avalia que o governo tem dado tantos sinais trocados de mudança de rota, com medidas que o aproximam do populismo, que os efeitos são sentidos no aumento da desconfiança. “Há um mal-estar na Bolsa. O nível de tensão está alto.”

ENTREVISTA: ISAAC SIDNEY, presidente de Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) - *”Alta de taxa é por 6 meses, disse Guedes”*

*”Bolsonaro repete Dilma na economia”* - O presidente Jair Bolsonaro repete passos da ex-presidente Dilma Rousseff na economia, principalmente na intervenção nas empresas estatais, e vem gerando a sensação de uma volta ao passado de políticas econômicas. As recentes intervenções provocaram queda na Bolsa e alta do dólar e inundaram a internet de memes misturando os dois numa referência a “Bolsodilma”. Diferentes na política, um se diz de direita e defende o regime militar; a outra, de esquerda, foi presa pela ditadura, Bolsonaro e Dilma se aproximam na tentativa de responder a problemas econômicos. Bolsonaro trocou o comando da Petrobrás e já ameaçou demitir o presidente do Banco do Brasil, que colocou o cargo à disposição. Ainda prometeu “meter o dedo” na energia elétrica, mas não explicou como, e zerou esta semana os impostos sobre diesel e gás de cozinha. Dilma cortou a conta de luz na canetada – o que acabou provocando desequilíbrio no mercado, que resultou num tarifaço depois –, e decidiu desonerar de uma única tacada todos os produtos da cesta básica, medida que acabou beneficiando também produtos de luxo.
Com Bolsonaro, o governo voltou a criar uma estatal, a Nav (de navegação aérea), o que não acontecia desde o governo Dilma. E o governo tem adotado medidas que caminham na direção contrária à agenda de privatização defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Eleito por uma aliança que incluiu evangélicos, militares, colecionadores de armas, caminhoneiros e apoiadores de uma economia liberal, o presidente se equilibra entre demandas que dividem a própria base. Paradoxalmente, em algumas dessas disputas, o resultado final acabou se aproximando de políticas do PT. O episódio da Petrobrás, que gerou perdas no mercado e colocou em xeque de forma mais contundente a política liberal de Guedes, acabou levando à pergunta: afinal, Bolsonaro repete os passos da antecessora?
Para a oposição, no campo democrático qualquer comparação é definida como uma afronta. A única aproximação possível de se apontar é que ambos mantêm preocupações de que nem tudo seja como o mercado financeiro quer. Não por acaso, o presidente deu a sua resposta ao mercado e escolheu entre várias opções à mesa apresentadas pela equipe econômica elevar a tributação dos bancos para compensar a desoneração do diesel e do gás de cozinha. Uma medida que deverá ter impacto direto no custo do crédito neste momento de busca da retomada econômica. “O presidente é um animal político e sabe que isso atrai dividendos. Saiu uma pesquisa da XP indicando que até mesmo quem não é apoiador do presidente concorda que o governo deve intervir para controlar os preços”, diz Bruno Carazza, professor do Ibmec e da Fundação Dom Cabral. Para Carazza, ainda está muito arraigada no País a defesa do papel do Estado em promover o desenvolvimento. Dessa forma, temas como privatização e políticas de preços, ainda mais quando eles sobem, continuam sendo um tabu. O economista do Ibmec avalia que Bolsonaro e Dilma se aproximam no perfil “voluntarista” de querer fazer as coisas. Antes do diesel, Bolsonaro já se incomodou com o dólar alto, preço do arroz e de outros produtos e reduziu a taxação na importação de bicicletas e de armas, com perda de arrecadação. Tentou também favorecer a tributação das igrejas para agradar a apoiadores e fazer a desoneração dos combustíveis sem compensação, uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal.
No episódio da Petrobrás, até um ex-membro importante do governo Bolsonaro viu semelhança com as práticas petistas. Para Paulo Uebel, ex-secretário de Desburocratização da equipe de Guedes, as críticas à política de preços da estatal e a mudança do comando vão na direção oposta ao discurso de campanha. “Isso é uma mudança que vai contra o que foi aprovado nas urnas e aproxima Bolsonaro de práticas que o PT fazia”, disse, em entrevista recente ao Estadão. Ex-secretário do Tesouro Nacional no governo Lula, o economista Carlos Kawall diz que a interferência na Petrobrás guarda semelhança com episódios de Dilma e presidentes anteriores, mas ele ainda não vê a política de Guedes comprometida. “Onde não houve uma ‘dilmização’ foi na questão fiscal”, afirma Kawall, que defende a aprovação dos gatilhos na PEC que autoriza a retomada do auxílio. Segundo ele, após a intervenção desastrosa na Petrobrás, o governo fez a “mea culpa” enviando ao Congresso a MP de capitalização da Eletrobrás e depois o projeto que abre caminho para a privatização dos Correios.
Problemas estruturais. Para o presidente do banco Fator, Gabriel Galípolo, é preciso neste momento resistir a fazer um concurso de análise de personalidades, porque essa sensação de volta ao passado demonstra que há problemas estruturais da sociedade que demandam soluções, independentemente da personalidade de plantão. Na avaliação dele, existe uma tensão hoje observada entre aquilo que é a agenda que a equipe econômica defende e o histórico do presidente. “O mercado financeiro tenta apresentar a narrativa de que existe uma maneira certa e outra errada. Mas a verdade é que existem dois lados nessa história.”
“Ambos os governos não se aproximam e não são comparáveis. O governo Bolsonaro não se compara a nenhum governo desde 1995, pois é um governo sem nenhuma agenda”, critica o professor da Universidade Federal do ABC Fabio Terra. Em postagem no Twitter, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, defende a política adotada nos governos petistas e diz que a Petrobrás nunca teve prejuízo com a política de preços adotada por Lula e Dilma, que garantiam combustíveis baratos.
Ajuste no setor elétrico. No setor elétrico, o governo Bolsonaro tenta desfazer uma política criada na gestão Dilma. Em 2012, ela reduziu as contas de luz em 20% com a Medida Provisória 579, por meio da qual as concessões de geração e transmissão foram renovadas de forma antecipada em troca de receitas mais baixas. A proposta atingiu fortemente os ganhos da Eletrobrás. A MP mudou o regime de contrato da energia de suas usinas, antes por preços livres, para o modelo de cotas, que cobrem apenas custos de operação e manutenção. Como nem todas as empresas aceitaram essas condições, para manter a promessa, a União teve de fazer aportes bilionários para manter as tarifas baixas nos anos seguintes. Em 2015, no entanto, esses repasses foram encerrados. Esse fator, com uma seca severa que reduziu a geração das hidrelétricas por vários anos, gerou um tarifaço de 50%. Agora, com a MP de privatização da Eletrobrás, o governo quer justamente “descotizar” essa energia e retomar a prática de preços livres, uma forma de atrair investidores para capitalizar a companhia.

*”Guedes diz que vai embora se fizer algo errado”*
*”CVM pode investigar insider na Petrobrás”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Dólar alto pressiona custos de empresas e gera inflação”*

*”Pandemia se agrava em todo o país, diz Fiocruz, e mortes batem recorde”* - Média móvel de mortes bate sucessivos recordes há uma semana

*”Fiscalização nas saídas de Manaus é quase inexistente”* - Nem temperatura dos passageiros nos aeroportos, rodoviária ou portos da cidade é acompanhada

*”Doria deve ampliar restrições no Estado, mas com escola aberta”* - Em conversa com prefeitos, governador ouve apelo por mais restrições, porém não toma medida nova

*”Variante não põe vacina em xeque, dizem pesquisadores”* - Medidas de proteção continuarão necessárias mesmo depois da vacinação, defende pesquisadora

*”Erros comprometem imunização, afirma cientista”* - Campanha poderia ter resultado mais favorável se houvesse um bom planejamento logístico, diz Ethel Maciel

*”Guedes quer usar parte de lucro da Petrobras em fundo para mais pobres”* - Após a interferência direta do presidente Jair Bolsonaro no comando da Petrobras, o ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou que o governo pretende criar um programa de transferência de renda para distribuir dividendos da gigante estatal aos mais pobres. Ele, porém, não deu maiores detalhes sobre o possível benefício. “Vamos pegar os dividendos da Petrobras e entregar uma parte para o povo brasileiro. A parte que nós temos, vamos entregar então. Temos uma ideia de fazer algo parecido um pouco à frente”, disse ontem em entrevista gravada ao podcast Primocast. A ideia, explicou, é “criar um ‘fundo Brasil’, botar os ativos lá e falar: se [o petróleo] é nosso, dá para a gente, principalmente para os mais fracos, os mais frágeis”. “Vamos fazer um programa de transferência de riqueza, na veia. Pega os 20%, 30% mais pobres da população e fala: o petróleo é nosso? É. Então toma aqui sua parte. Pega os mais pobres e vamos dar um pedaço para eles”, afirmou. “Que aí a empresa ou paga dividendo para eles ou vende e dá o dinheiro para eles. O que não pode é ficar dando prejuízo para eles.”
Apesar da petroleira ter perdido 25% de seu valor de mercado após Bolsonaro ter indicado o general Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco, a empresa teve lucro líquido de R$ 59,9 bilhões no último trimestre de 2020 e, com isso, pagaria dividendos de R$ 10,3 bilhões aos acionistas.
Mais tarde, em entrevista à Jovem Pan, o ministro voltou a falar sobre a petroleira e disse que a decisão do presidente de trocar o comando da estatal é “totalmente compreensível” do ponto de vista político. Ele afirmou que “todo mundo sabe” o que ele pensa sobre as estatais, mas que respeita as decisões do presidente, que é quem tem a palavra final. Guedes lembrou ainda que os caminhoneiros são parte importante da base de Bolsonaro. O ministro também respondeu sobre os desgastes à frente do cargo, afirmando que é "demíssivel em 30 segundos" e citando dois motivos que o fariam abandonar o Ministério da Economia: a “perda da confiança” de Bolsonaro e “ir para o caminho errado”. “Se eu tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado, prefiro não empurrar, prefiro sair", afirmou. Isso, de acordo com o ministro, não aconteceu até agora. Ele relatou que tem recebido apoio tanto do presidente quanto do Congresso “para ir na direção certa”. “De vez em quando tem uma pedra no caminho, mas o saldo é vastamente positivo até agora", afirmou. "Se alguém me mostrar que estou fazendo algo muito errado e atrapalhando, eu vou embora.”
Já as ofensas dos críticos não são suficientes para abandonar o cargo, segundo ele. “O medo, o combate, o vento, a chuva, isso não me tira daqui”, disse. “Se tiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas que acredito, devo continuar.” Guedes se disse com a “consciência muito tranquila”, mas reconheceu que enfrenta “muitas pressões ao mesmo tempo” e que vem aprendendo com o cargo. No podcast, Guedes também aproveitou para reforçar o apoio à PEC Emergencial, como parte de contrapartidas fiscais necessárias para que as contas públicas não sofram um baque ainda maior diante de medidas tomadas pelo governo de combate à pandemia, como o auxílio emergencial que voltará a ser pago no país. Nesse sentido, promover nova rodada do auxílio, a R$ 250 mensais, sem contrapartidas fiscais seria, segundo ele, “caótico para o Brasil”. A ideia do governo federal a respeito do auxílio emergencial, reforçou o ministro, é que a medida seja temporária. “Enquanto durar a doença tem o auxílio”, afirmou. “Acabou a doença, acabou o auxílio.” Depois, a ideia é introduzir um novo programa social, o Renda Brasil, feito dentro das regras fiscais. A defesa da PEC Emergencial pelo ministro incluiu até a insistência na desvinculação das verbas com saúde e educação do orçamento, mesmo após o relator da proposta no Senado, Marcio Bittar (MDB-AC), ter retirado o ponto de seu parecer depois de fortes resistências.
“Tem um pessoal tentando sabotar essa reforma [PEC Emergencial], dizendo que querem tirar o dinheiro da educação e da saúde”, afirmou. “Quando você fala em descarimbar, não quer dizer que vai dar menos [reajuste menor] do que a inflação.” O ministro elegeu também outras duas prioridades para o curto prazo. “De hoje para daqui a seis meses [é necessário] vacina, vacina, vacina”, afirmou. “Por outro lado, vamos acelerar e aprofundar as reformas, senão a economia capota.” Por fim, numa crítica ao andamento das privatizações, que, junto com a reforma tributária, estariam “muito atrasadas”, Guedes também afirmou que “daqui a dez, 15 anos nós vamos ter uma apagão” se a Eletrobras não for privatizada. Segundo ele, a empresa perdeu a sua capacidade de investimento.

Análise: *”Proposta de Guedes cria nova despesa que precisa entrar no teto de gastos”* - Fundo com dividendos da Petrobras resultará na abertura de “rombo” no Orçamento

*”Governo estuda redução de jornada e salário por 4 meses”* - Ideia é repetir o programa BEm do ano passado para conter o desemprego, mas com prazo superior

*”Campos Neto prega ‘calma’ na política monetária”* - Presidente do Banco Central procura esvaziar apostas num minichoque de juros

*”Dólar alto amplia custo de empresas, e inflação maior já é esperada”* - A contínua alta do dólar, que potencializa a valorização de commodities no mercado externo, originou uma “segunda onda” de aumentos de custos nas empresas que, para economistas, ainda vai chegar ao consumidor. Além do repasse cambial sobre preços livres, outra importante fonte de pressão inflacionária são os combustíveis, diretamente afetados pela moeda americana. Neste quadro, projeções acima de 4% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 estão ganhando espaço, e a percepção é que a inflação pode ser ainda maior se não houver alívio do câmbio. A meta para o ano é 3,75%. ©O dólar comercial terminou o pregão de ontem cotado a R$ 5,66, mas chegou a bater R$ 5,72 ao longo do dia. No ano, a divisa americana acumula alta de 9,2% ante o real. A nova rodada de desvalorização cambial, em conjunto com o aumento de matérias-primas, colocou em xeque a perspectiva que muitos economistas tinham até o fim de 2020, de que aumentos de custos no atacado perderiam fôlego neste início de ano. Não foi este o cenário mostrado pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de fevereiro. Os preços ao produtor de bens intermediários avançaram 4,67% no mês, acima dos 2,54% de janeiro, com aceleração de 1,98% para 4,16% na parte de material e componentes para manufatura. Neste subgrupo, estão boa parte dos insumos industriais sensíveis ao câmbio, como celulose, químicos, petroquímicos, siderurgia, borracha, plásticos e resinas.
“Todas as matérias-primas básicas do setor industrial tiveram forte elevação, e nós nunca achamos que fosse algo provisório”, diz Joseph Couri, presidente do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi-SP). No indicador de atividade do setor do mês passado, 72% dos empresários consultados relataram aumento significativo nos custos de produção - maior resultado da série histórica do levantamento, que começou em março de 2013. Segundo a pesquisa, encomendada pelo Simpi-SP ao Datafolha, a principal causa para a elevação nos custos, apontada por 66% dos industriais, é o encarecimento de matérias-primas e insumos. “E não vislumbramos mudança deste quadro no curto prazo. Pelo contrário”, afirma Couri, destacando a variação cambial ocorrida neste ano como fator que agravou a situação. Para 91% dos industriais ouvidos, a alta destes preços é o maior entrave à produção enfrentado nos últimos 15 dias. A falta de insumos e matérias-primas nos fornecedores e atraso nas entregas desses bens também são problemas graves, mencionados por 65% e 58% dos entrevistados, respectivamente. “Isso será repassado para os preços em algum momento por aqueles que conseguirem. Quem não conseguir vai quebrar”, alerta o presidente do Simpi-SP. O aumento de preços dos insumos provocou alta de 8% a 10%, em média, no produto final dos calçadistas, estima Mafaldo Gois Junior, diretor financeiro da Usaflex, fabricante de calçados femininos com 2,5 mil empregados. Por enquanto, diz ele, a empresa trabalha com estoques reguladores para as vendas atuais, que ainda fecham contratos para o Dia das Mães. As vendas estão abaixo do esperado e não há margem para repasse total de custo aos varejistas. Por isso, a calçadista vem absorvendo uma parte do impacto de preços.
O diretor avalia que o custo será repassado de forma mais intensa no decorrer do segundo semestre. A elevação de matérias-primas intensificou-se, lembra Gois Junior, desde o fim do ano passado, quando começou o desabastecimento de alguns insumos, como resultado de uma demanda maior que a esperada pela indústria local e também por dificuldades logísticas de fornecedores externos, como os chineses, com a expectativa de retomada da economia mundial. A essa pressão, junta-se o câmbio, explica o diretor, que tem efeito no preço do insumo e também na dinâmica de mercado. Em tese, o elevado nível de capacidade ociosa na economia enfraqueceria o repasse cambial para a inflação no varejo, aponta Tomás Goulart, economista-chefe da Novus Capital. “Mas quando há uma desconfiança em relação à política econômica como um todo, o repasse cambial aumenta e faz com que o hiato do produto perca importância para explicar a inflação”, diz Goulart. Devido principalmente ao impacto da depreciação cambial sobre os preços de bens comercializáveis e combustíveis, a Novus estima alta de 4,6% para o IPCA em 2021, mas Goulart destaca que o índice pode acelerar mais a depender do dólar. “Se colocarmos o câmbio atual de R$ 5,70 nessa projeção, a inflação ficaria próxima de 5%”, calcula o economista, que trabalha com câmbio médio de R$ 5,40 para o ano.
“O câmbio é o que vai explicar a variação da inflação deste ano, ao lado da pressão de commodities, que segue intensa”, aponta o economista-chefe da gestora. Segundo ele, os bens industriais e alimentos comercializáveis (que podem ser importados ou exportados) serão os preços mais impactados pelo repasse cambial, com alta de 4,5% e 7,3% no acumulado do ano, pela ordem. O banco Fibra revisou a projeção para a taxa de câmbio média anual de R$ 5,02 para R$ 5,40 e a previsão para o fim do ano de R$ 4,80 para R$ 5,20. Com a mudança, a estimativa para a alta do IPCA em 2021 passou de 4% para 4,2%. Cristiano Oliveira, economista-chefe da instituição, pondera que, por ora, não há sensação de descontrole inflacionário e que o novo número incluiu também revisões para baixo em alguns setores, como o de serviços. O balanço de riscos para os preços, no entanto, continua pendendo para cima, principalmente no curto prazo, diz Oliveira. “É um cenário preocupante e, se houver algum alívio, será mais para o segundo semestre”, apontou. Além do câmbio e da nova fonte de pressão no atacado mostrada pelos IGPs, o economista cita a dinâmica das tarifas administradas como outra fonte de preocupação inflacionária. Em seus cálculos, os preços administrados vão subir 5,4% neste ano, com aumento de 14% da gasolina. Neste caso, não só o dólar afeta os preços domésticos, mas também a cotação do barril de petróleo, acrescenta Oliveira. “No meu cenário, temos a curva do petróleo se estabilizando em US$ 65 o barril, mas já há bancos internacionais esperando US$ 75. Se esse quadro se confirmar, as nossas projeções para o preço da gasolina teriam que aumentar, e bastante.”

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*”Senado articula exclusão do Bolsa Família de gatilhos”* - O Senado vai incluir na PEC Emergencial um dispositivo que deixa de fora da contenção de gastos imposta pelos gatilhos os benefícios utilizados no combate à pobreza. Na prática, a medida permitirá um aumento do Bolsa Família ou a criação de um novo mecanismo de distribuição de renda, mesmo diante de um cenário de emergência fiscal. A decisão foi tomada na reunião de líderes realizada na tarde de ontem. A emenda será apresentada em plenário e aprovada por unanimidade. A princípio, houve uma confusão conceitual, propagada pelos próprios senadores, de que se estaria deixando o Bolsa Família de fora da regra que limita o crescimento de despesas à inflação do ano anterior - a lei do teto de gastos. Segundo técnicos ligados ao senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que foi o autor da proposta e está com covid-19, isso não procede. A ideia é que os gatilhos não afetem o Bolsa Família e programas de atendimento à população mais vulnerável. A confusão chegou a colocar em alerta a equipe econômica do governo. O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse ao Valor que o Ministério da Economia é contra flexibilizar o teto de gastos, “pois isso vai na contramão de tudo o que o governo vem defendendo”. Funchal recebeu um telefonema de Vieira, explicando que sua proposta não é retirar a despesa com o Bolsa Família do teto de gastos, mas excluir o programa da relação das despesas que não poderão aumentar acima da inflação quando os gatilhos com as medidas de ajuste fiscal forem acionados.
“Essa proposta do senador precisa ser discutida”, disse Funchal, ressaltando que ainda não há uma opinião fechada sobre ela no Ministério da Economia. “O senador Vieira deixou claro que a despesa com o Bolsa Família será mantida no teto”, observou o secretário. Assim, se a despesa com o Bolsa Família subir acima da inflação, o aumento adicional terá que ser compensado com o corte de outra despesa para que o teto seja respeitado. Segundo Vieira, há uma controvérsia em relação à despesa do Bolsa Família ser ou não despesa obrigatória. Se ela não for considerada obrigatória, estaria livre das vedações. “Mas se for considerada obrigatória, seria afetada pela PEC emergencial, prejudicando o combate à miséria de forma decisiva em nosso país”, explicou em mensagem ao relator, Márcio Bittar (MDB-AC) e ao líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O Bolsa Família difere dos benefícios da Previdência, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e até do Benefício de Prestação Continuada (BPC) porque o governo não é obrigado a pagar os benefícios a todos que têm direito. Neste sentido, o programa não seria obrigatório, já que sua própria Lei prevê que o Poder Executivo deverá compatibilizar a quantidade de beneficiários e de benefícios financeiros específicos do Programa Bolsa Família com as dotações orçamentárias existentes.
A sugestão recebeu boa acolhida, inclusive da representação do governo no Senado. “A emenda é extremamente importante para milhões da famílias mais pobres do país, uma vez que durante e após a crise aumentará a quantidade de pessoas que necessitarão da proteção social proporcionada por um programa de transferência de renda”. O Orçamento para este ano ainda não foi votado e prevê R$ 34,9 bilhões para o programa Bolsa Família. O relator tanto da PEC emergencial quanto do Orçamento é o mesmo, o senador Márcio Bittar. Pelo acordo entre Senado e o governo, após a aprovação da PEC emergencial, o governo encaminhará uma medida provisória (MP) prevendo a retomada do pagamento do auxílio emergencial. Funchal afirmou que, na situação atual da pandemia, há necessidade do auxílio emergencial, mas disse que ele precisa ser concedido de forma sustentável. “Conceder o auxílio sem as medidas compensatórias vai gerar incerteza e não dará previsibilidade para as trajetórias da dívida pública e da despesa”, ponderou.

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*”Lira obtém apoio dos partidos para votar proposta direto no plenário”* - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), recebeu ontem o aval da maioria dos partidos à estratégia de votar diretamente no plenário, sem passar pelas comissões, a proposta de emenda constitucional (PEC) emergencial. Os partidos de oposição e o Novo, contudo, são contra o rito sumário e prometeram trabalhar contra. O rito normal seria o texto passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pela comissão especial antes do plenário, um processo bem mais demorado e com muito mais debate. O pagamento de uma nova rodada de auxílio emergencial sem corte de despesas ou necessidade de encontrar fontes de receita, porém, dependerá da aprovação dessa PEC, que autoriza o governo a descumprir as regras fiscais para esse tipo de pagamento. Por outro lado, a PEC emergencial tem contrapartidas de congelamento de gastos caso seja acionada uma cláusula de “calamidade pública” e prevê o corte gradual em subsídios e incentivos fiscais. A maioria das medidas de corte de gastos, porém, foram retiradas do texto.
Apesar das mudanças, a oposição se disse contra o rito sumário. “Não demos acordo. Queremos que o regimento seja cumprido para isso não virar regra”, disse o líder do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS). “Não queremos vincular o pagamento do auxílio emergencial por quatro meses, e num valor menor do que os R$ 600 que defendemos, a um texto que sequer sabemos qual será”, reforçou. O Partido Novo também criticou a falta de debate nas comissões e a decisão de pautar a PEC esta semana sem saber qual o texto que será aprovado no Senado - a análise está prevista para hoje. “É necessário falar de auxílio, mas não podemos perder o objeto principal nem retirar do texto as medidas que vão garantir a redução de gastos”, disse o líder do Novo, Vinícius Poit (SP).
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*”Bolsonaro veta e Congresso insiste no prazo para vacina”* - Proposta aprovada autoriza compra pelo setor privado

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