CAPA – Manchete principal: *”SP terá fase vermelha, e país perde mais 1.840 em 24 horas”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”PIB à deriva”*: Em outro contexto, a divulgação da queda de 4,1% do Produto Interno Bruto em 2020 —menos profunda do que se temia há poucos meses e com dados favoráveis no quarto trimestre— poderia ser boa notícia. Entretanto os resultados já parecem hoje fazer parte de um passado remoto, abafados pelas consequências do desgoverno de Jair Bolsonaro. A pandemia sem controle volta a provocar recordes de mortes diárias, e a baderna econômica ameaça reconduzir o país à recessão e ao drama social. A lentidão em vacinar e a obstrução do Executivo a uma estratégia sanitária nacional colocam o sistema de saúde em risco de colapso. Assim torna-se inevitável o fechamento de atividades e a volta do auxílio emergencial. Como não houve planejamento no ano passado, a reinstalação do benefício agora se dá num quadro caótico, em que as necessárias contrapartidas de ajuste nas contas públicas vão sendo deixadas de lado em favor de mais despesas. Pior, o próprio Planalto ensaia abrir brechas no teto constitucional de gastos, a única referência de longo prazo para o reequilíbrio orçamentário ainda existente. A perspectiva de disparada da dívida pública contamina os juros e o câmbio, num círculo vicioso que eleva a inflação e vai solapando as expectativas de retomada. Avizinham-se altas da taxa do Banco Central e fogem os capitais. Até para objetivos que povoam o minúsculo horizonte mental de Bolsonaro, como reduzir o preço do diesel, a conduta do governo equivale a um tiro no pé. Num mundo em que o preço do petróleo sobe, a depreciação da moeda nacional configura um choque duplo. Além de acelerar a imunização contra a Covid-19 por todos os meios possíveis, a melhor ajuda que a administração poderia dar à política econômica seria sustentar a confiança geral na solvência do Estado por meio de providências duras de ajuste nas contas públicas. Se isso fosse feito, no ambiente atual de preços das commodities em alta, haveria provavelmente uma inversão na dinâmica do real. Entretanto o presidente prefere deixar que tudo corra ao sabor das conveniências políticas de seus aliados do centrão, enquanto resmunga contra a reação dos mercados às incertezas que provoca. Em tal cenário, tudo pode ser motivo de turbulência financeira —ainda mais uma declaração do ministro Paulo Guedes, da Economia, sobre o risco de o Brasil se tornar uma Argentina ou uma Venezuela se adotar políticas erradas. Exagero ou não, fato é que o país já claudicava antes da pandemia, entre ajustes incompletos e incertezas políticas, e corre o risco de jogar fora as chances de retomada em nome de um populismo que, de tão bronco, nem de eleitoreiro merece ser chamado.
MARILIZ PEREIRA JORGE - *”Impeachment ou morte”*: Bolsonaro segue seu roteiro de morte sem ser perturbado. Na terça (2), ofereceu um almoço no Palácio do Planalto a autoridades. Talvez para celebrar o recorde de óbitos em um dia pela Covid-19. "Estava alegre e descontraído", contou o deputado Fabio Ramalho (MDB-MG). Tirou foto do convescote. Só faltou soltar um "foda-se a vida", como já fez uma blogueira, e postar nas redes sociais. O prato principal foi leitão, embora saibamos que o que Bolsonaro têm servido numa bandeja diariamente é o pescoço do brasileiro. Nesta quarta, o presidente voltou a debochar da catástrofe que vivemos. Disse a apoiadores que a imprensa o considera "o vírus", que os veículos de comunicação criaram "pânico". O "pânico", eu digo a Bolsonaro, é este: vacinamos menos de 4% das pessoas, as filas nas UTIs, desastre no PIB, intervenção nas estatais, brasileiros mais pobres, ministros fantoches, 260 mil mortes, um país sequestrado por um delinquente. O Brasil definha a cada dia que Bolsonaro permanece como líder. Uma bússola quebrada que nos jogou num precipício no qual não paramos de despencar. Parlamentares batem na tecla de que não há clima para o afastamento do presidente. Quantas vidas serão perdidas até que o Congresso sinta o cheiro de mortandade que assola o país? Mudam os presidentes da Câmara e do Senado, renovam-se as notas de repúdio. Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a conduta nefasta de Bolsonaro são "exageros retóricos", "comportamentos pessoais condenáveis". Para Arthur Lira, que comanda a Câmara, nem isso. Está mais preocupado em garantir imunidade para a classe. Ou as instituições afastam Jair Bolsonaro da Presidência ou condenarão um país inteiro à morte: uma parte do país pela devastação que a Covid-19 deixará, mas uma parte ainda maior que herdará terra arrasada pela incompetência e arrogância de Jair Messias Bolsonaro.
PAINEL - *”Professor investigado pelo governo por ter criticado Bolsonaro terá que participar de curso de ética pública”*: O professor Eraldo dos Santos Pinheiro, pró-reitor de Extensão e Cultura da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas), classifica o processo instaurado pela CGU (Controladoria-Geral da União) contra ele como uma forma do governo tentar “silenciar o outro lado do diálogo”. Além dele, o ex-reitor Pedro Hallal também foi alvo do órgão. Os dois professores assinaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a CGU após a abertura de um processo disciplinar contra eles por criticarem o presidente Jair Bolsonaro em uma live. “Quando se acabam os argumentos se entra numa retórica agressiva a fim de silenciar o outro lado do diálogo. Acho que é exatamente isso que acontece”, diz Pinheiro ao Painel. Pelo acordo, os dois professores estão proibidos de fazer qualquer tipo de manifestação política dentro da universidade e terão que participar de um curso de ética no serviço público. Pinheiro diz evitar tecer comentários sobre a ação da CGU para não desrespeitar o acordo firmado, mas diz que caso não assinasse o TAC poderia ser alvo de punições mais duras. “Não sei se foi uma forma de censura explícita, porque tínhamos opção de não assinar o TAC, mas a questão é que, se não assinar, uma comissão é criada e é fácil encontrarem elementos para uma exoneração ou algo nesse sentido. A questão em si não é o TAC, mas sim o simbolismo por trás desse TAC”, afirma. Pedro Hallal, por sua vez, disse à Folha que assinou o TAC para evitar uma punição mais grave e que o processo não vai fazer cessar as críticas feitas por ele sobre a condução da pandemia pelo governo federal. A CGU abriu a apuração após denúncia do deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS). A fala que deu origem ao processo disciplinar foi durante uma live, em 7 de janeiro, em que os professores falavam sobre a nomeação da nova reitora da Ufpel. Bolsonaro nomeou Isabela Fernandes Andrade, segunda colocada na lista tríplice. Na live, eles chamaram Bolsonaro de presidente com “p” minúsculo, defensor de tortura e afirmaram que ele seria contra a vacinação contra a Covid-19. O processo foi aberto porque a CGU entendeu que como a live foi feita em canais oficiais da Ufpel os dois professores estavam no local de trabalho. “A mensagem que a gente passa é que vamos continuar lutando pela autonomia da universidade, continuamos com o trabalho aqui na nossa comunidade e os pensamentos não serão cerceados, isso eles podem ter certeza”, concluiu. +++ Este caso é surreal. Digno da manifestações de entidades de direitos humanos.
PAINEL - *”Partidos de oposição acionam PGR para investigar MEC sobre ofício que pede punição a atos políticos em universidades”*: A liderança da minoria na Câmara dos Deputados, que representa os partidos de oposição e é liderada por José Guimarães (PT-CE), enviou representação à Procuradoria-Geral da República pedindo a apuração de responsabilidades do Ministério da Educação pelo envio de ofício às universidades federais em que a pasta pede a tomada de providências para “prevenir e punir atos político-partidários nas instituições públicas federais de ensino". O documento encaminhado pelo MEC é baseado em recomendação de 2019 do procurador Ailton Benedito de Souza, que se intitula conservador e apoia o presidente Bolsonaro. Nesta quarta (3), a Folha mostrou que o governo Jair Bolsonaro abriu processos de investigação contra professores universitários que criticaram o presidente em eventos transmitidos pela internet. As investigações foram iniciadas pela CGU (Controladoria-Geral da União) porque os docentes proferiram "manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República". Na representação, a liderança da minoria pede a revogação do ofício enviado pelo MEC às universidades, fundamentando-se em decisão do STF pela inconstitucionalidade de atos que atentem contra a liberdade de expressão de alunos e professores e tentativas de impedir a propagação de ideologias ou pensamento dentro das universidades. A representação aponta desvio de finalidade e abuso de poder por parte do MEC, por possivelmente agir fora do escopo de suas atribuições e sem o interesse público em vista. Assinam também o ofício os deputados André Figueiredo (PDT-CE), Carlos Zarattini (PT-SP), Bohn Gass (PT-RS), Danilo Cabral (PSB-PE), Wolney Queiroz (PDT-PE), Renildo Calheiros (PCdoB-AL), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Joenia Wapichana (REDE-RR).
PAINEL - *”Deputado diz ter nojo de almoço de Bolsonaro com leitão e 'altas gargalhadas festivas' em dia de recorde de mortes”*: O deputado Fábio Trad (PSD-MS) escreveu em suas redes sociais que se enoja com o almoço organizado por Jair Bolsonaro nesta terça-feira (2), no Palácio do Planalto, com parlamentares da bancada mineira no Congresso e ministros. O presidente foi descrito como "alegre" e "bem descontraído" pelos participantes. O Brasil registrou 1.726 mortes nesta terça, maior número diário de vidas perdidas de toda a pandemia até agora. O cardápio, preparado pelo deputado Fábio Ramalho (MDB-MG), teve leitão, feijão tropeiro, linguiça e carne moída com quiabo. "Não é tanto pelo leitão, mas pela descontração festiva da mesa farta de altas gargalhadas no mesmo dia em que os cemitérios brasileiros mais receberam corpos vitimados pelo vírus. É isto que choca. É isto que afronta. É isto que enoja", escreveu Trad. "Sensação de abandono. A gente precisava de alguém pra unificar o país. Ele faz justamente o contrário, desagrega e fomenta intrigas. Defende posições anticientíficas. Não dá", completa o deputado ao Painel. No mesmo dia, com a pandemia escalando para o seu pior momento no país, o grupo de governadores, que não se encontra com Bolsonaro há 286 dias, fez reunião com Arthur Lira (PP-AL) —oito deles presencialmente, em Brasília, e 14 à distância. Em São Paulo, João Doria (PSDB-SP) fez encontro com 618 prefeitos ou seus representantes para discutir novas medidas de controle. O governador anunciou nesta quarta (3) que o estado entrará na fase vermelha a partir de sábado (6). +++ Bolsonaro é, de fato, repugnante.
PAINEL - *”Sem Bolsonaro, 649 cidades aderem ao consórcio para comprar vacinas contra a Covid-19”*
PAINEL - *”Maranhão e Bahia acionam STF para obrigar Bolsonaro a excluir postagens sobre repasses a estados”*: Os governadores do Maranhão e da Bahia protocolaram uma ação cível no STF (Supremo Tribunal Federal) em que pedem que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) remova ou corrija a postagem de 28 de fevereiro em sua conta no Twitter sobre repasses aos estados. No pedido, os representantes jurídicos dos governadores Flávio Dino (PCdoB) e Rui Costa (PT) classifcam as informações divulgadas pelo presidente como enganosas e fake news. "Deve-se ressaltar que é prática contumaz e reiterada do atual Chefe do Poder Executivo Federal promover a desinformação como meio de manipular a opinião pública", diz trecho da ação. No entendimento dos governadores, os valores repassados aos estados elencados pelo presidente estão distorcidos e a publicação desse tipo de informação pode gerar “interpretações equivocadas” e fomentar "a instabilidade política, social e institucional”. A postagem de Bolsonaro resultou em atrito entre os governadores e o governo federal. A publicação dos valores, que englobam não só àqueles relacionados ao combate à pandemia, entenderam os governadores, teria sido uma forma do presidente repassar a eles a culpa pelos erros e omissões do executivo federal. “A tentativa do governo federal de se eximir de responsabilidades no combate à pandemia da covid-19 e de transferir todos os ônus e insucessos na busca de solução dos problemas para as administrações subnacionais promove erosão da credibilidade institucional perante a população e compromete a adesão social às políticas públicas de âmbito local e regional”, diz trecho da ação. Como mostrou o Painel, para tentar conter o avanço da pandemia, os governadores sugeriram ao ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, uma medida restritiva única para o todo o país. Eles foram avisado sobre a impossibilidade de se tomar a decisão uma vez que Jair Bolsonaro é contra as medidas restritivas.
PAINEL - *”Movimentos de oposição marcam para 24 de março novo protesto contra Bolsonaro”* PAINEL - *”Médico do Corinthians recém-vacinado está no grupo de contaminados em surto de Covid-19 no clube”*
*”PGR avalia saídas para investigação dos atos antidemocráticos em meio à possível recondução de Aras”* *”Cidades têm panelaços contra Bolsonaro em dia de marca histórica de mortes por Covid”*
*”Justiça determina que YouTube libere canal bolsonarista Terça Livre”* - O canal bolsonarista Terça Livre voltou a postar vídeos nesta terça-feira (2), após ficar suspenso por quase um mês. O YouTube havia encerrado as atividades do canal, a cargo do blogueiro Allan dos Santos, em 3 de fevereiro, removendo-o da plataforma. A liberação foi determinada pela Justiça de São Paulo. Na liminar concedida pelo juiz Henrique Dada Paiva, da 8ª Vara Cível, foi considerado que a remoção das contas na plataforma YouTube "se mostra desproporcional, violando a garantia constitucional da liberdade de expressão e de informação". Além da liberação para que o Terça Livre volte a postar vídeos, o YouTube terá que pagar uma multa de R$ 10 mil por dia de atraso no cumprimento da decisão. (...)
*”Saiba como ofensiva de Bolsonaro contra a imprensa fere Constituição e democracia”* FERNANDO SCHÜLER - *”A liberdade necessária”* *”Ex-proprietário diz que Flávio Bolsonaro ainda deve R$ 1,8 milhão de mansão de R$ 6 milhões”* *”Entenda os negócios de Flávio Bolsonaro, as 20 transações imobiliárias e as suspeitas do MP-RJ”*
*”Imóvel que Flávio Bolsonaro diz ter vendido para comprar mansão sofreu cobrança de 'lei do puxadinho'”*
*”Oposição pede processo contra Flávio Bolsonaro no Conselho de Ética após compra de mansão”* - Partidos de oposição no Congresso protocolaram ofício nesta quarta-feira (3) solicitando abertura de processo contra Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Conselho de Ética do Senado. O senador, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), comprou uma mansão em Brasília no valor de R$ 5,97 milhões. A casa fica localizada no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, bairro nobre da capital. Ela tem 1.100 m² de área construída, em um terreno de 2.500 m². Flávio Bolsonaro foi denunciado sob acusação de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso das "rachadinhas". O parlamentar afirma que usou recursos da venda de um imóvel no Rio de Janeiro para comprar a mansão. O Ministério Público do Rio associou, na investigação do caso das "rachadinhas", transações imobiliárias de Flávio (foram 20 em 16 anos) a lavagem de dinheiro. O pedido foi protocolado pelo PSOL, Rede e PT e cobra que o Conselho de Ética do Senado abra processo contra Flávio Bolsonaro por quebra de decorro parlamentar. "Flávio Bolsonaro já está sendo investigado por lavagem de dinheiro através da compra e venda de imóveis e de uma loja de chocolates. Ao adquirir essa nova casa, ele dá um tapa na cara da sociedade demonstrando sua certeza de impunidade. O Senado precisa responder rápido e à altura", afirma em nota o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, que articulou essa nova representação. Esses mesmo partidos haviam ingressado em 2019 com o pedido de abertura do procedimento no conselho. A primeira representação justificou o pedido apontando a relação do atual senador com "as milícias, o esquema montado dentro do seu gabinete de deputado estadual com a contratação de funcionários fantasmas e a prática da 'rachadinha', além da suposta prática de crimes como lavagem de dinheiro e outros", afirma a nota divulgada pelos partidos. (...)
*”PT não desistiu de frente ampla, mas não vejo como prosperar com Ciro, diz Jaques Wagner”* - Uma das principais lideranças nacionais do PT, o senador Jaques Wagner (BA) afirma que o partido não desistiu de compor uma aliança eleitoral contra Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, mas que não vê como prosperar com Ciro Gomes, do PDT. Em entrevista à Folha, o petista, que assumiu a Comissão de Meio Ambiente do Senado, avalia que o grande número de militares em funções no governo revela a existência de um desvio de função e prega que o discurso ambiental é a frente ampla contra o negacionismo. - O PT insistirá em uma candidatura própria em 2022, mesmo diante do risco de uma alta rejeição favorecer Bolsonaro em um segundo turno? - Assim como a nossa aprovação, que chegou a 80% na saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é eterna, a rejeição ao PT também não é. Ela vem diminuindo por pessoas que constatam que foi um equívoco apostar em um antipetismo mesmo votando no que está acontecendo no Brasil. Naquele segundo turno, era a tentativa dessas pessoas sonharem com a matriz dessa pergunta: "É melhor apoiar o outro, porque aí a gente mata o PT e ele desaparece em 2022". Nâo funciona assim. O PT tem raízes e contribuições. E é claro que tem erros. A gente nasceu há 41 anos com pessoas que não tinham ainda experiência em governo. E ganhamos a Presidência da República quatro vezes. Eu creio, mas não tenho bola de cristal, que ganharemos a quinta.
- Em nome de uma frente ampla, o PT está disposto a abrir mão de uma cabeça de chapa? - Eu nunca digo não quando estou tentando construir uma aliança. Então, prefiro dizer: 'Vamos ver quem se apresenta'. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad teve 47 milhões de votos. Eu tenho governadores do Nordeste que têm uma pontuação muito boa, particularmente três: da Bahia [Rui Costa], do Piauí [Wellington Dias] e do Ceará [Camilo Santana]. Então, tenho quadros políticos que podem ser apresentados à sociedade. Você me diz: 'Poderia abrir mão?'. Sempre acho que poderá, vai depender da construção. Agora, se o lado de lá, particularmente um dos candidatos, critica o PT e tenta nos isolar, como depois acham que eu tenho de sair fora? Então, tudo bem, se estão isolando, mantenho a candidatura e vocês mantêm a de vocês, por isso que tem dois turnos.
- O candidato do PT será Fernando Haddad? - Eu acho que isso não está definido. O Lula até publicou um tuíte sobre isso. Ele diz que nós temos um programa de reconstrução do país e temos quadros políticos. Então, vamos mostrar o nosso patrimônio. É assim que se faz, como os outros estão fazendo. Toda hora vemos declarações de possíveis candidatos de outros partidos. Na minha opinião, não é hora de bater martelo sobre esse tema.
- Que perfil de candidato o senhor defende? - Se o Lula recuperar seu direito político, tenho de saber dele. Se ele estiver com vontade, acho que tem, dentro do PT ele seria natural. Se ele não recuperar, que eu espero que não aconteça, ou achar que é melhor ter outro nome, aí tem o Haddad. O Rui Costa, da Bahia, é um nome. E os governadores do Ceará e do Piauí também. Como há nomes em outros partidos. É óbvio que o nome do Flávio Dino (PC do B), como governador do Maranhão, é sempre um que circula. O Ciro Gomes (PDT), evidentemente, está colocado, mas ele está fazendo uma política de isolamento do PT, então, não vejo como prosperar.
- Um dos nomes citados como candidato da frente ampla é o apresentador Luciano Huck. - Como apresentador, eu acho até interessante o programa dele. Eu preciso conhecer as ideias dele para saber se é uma candidatura. Não está impedido, mas eu gosto muito de cada qual em seu cada qual. Um belo cantor não necessariamente será um bom político.
- Como ex-ministro da Defesa, como analisa o aumento do número de militares no governo? - Eu não tenho nenhum tipo de discriminação contra os militares, porque reconheço a sua boa formação. Mas também eles não foram formados para estarem em ministérios. Eles foram formados para integrarem as Forças Armadas e, em um país da nossa dimensão, garantirem a nossa soberania, independência e defesa. Então, não estou dizendo que este ou aquele não pode ser, mas, na minha opinião, há um desvio de função. Eles, na verdade, foram treinados porque nós entendemos que um país dessa dimensão tem de ter a segurança de fronteira, marítima e aérea. O exagero nesse crescimento causa essa disfunção. Você não manda médico ser mestre de obra. Nem mestre de obra exercer a função de padeiro ou de médico. O exemplo mais gritante é o do ministro da Saúde, que acaba enfrentando uma área que ele desconhece. Por tal, acaba tendo um desempenho ruim. Então, quem perde é o país. E, na minha opinião, perdem também as próprias Forças [Armadas], porque acaba que o mau desempenho desgasta a instituição.
- A instituição sairá com a imagem abalada depois do governo Bolsonaro? - Não necessariamente. Não sei como vai acabar o governo Bolsonaro. Não sei se virá ou não virá impeachment. Pelo caminho que ele está tomando, eu só vejo coisa ruim pela frente, não estou vendo condução correta na economia. Se isso acontecer, é óbvio que vai ter respingo, apesar de que os comandos das Forças [Armadas] hoje tendem a não querer essa entrada na política.
- Como avaliou a postura do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas quando divulgou mensagem ao STF (Supremo Tribunal Federal) às vésperas do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018? - Eu confesso que preferia não ter de comentar. Quem indicou o Villas Bôas para comandante fui eu. E quem aceitou, porque a prerrogativa é dela, foi a presidente Dilma Rousseff. Não fiz nenhum favor, me entregaram uma lista tríplice. Ele não era o primeiro e não havia uma obrigatoriedade. Mas, na lista que veio de lá, feita pelo Alto Comando, se não me engano, ele era o terceiro. Isso significa que era possível ele assumir. E tive uma ótima relação com ele. Eu não sei por que tomou essa atitude. E pior do que a atitude é a revelação, vou dizer assim, com prazer, para dizer que foram tutores da democracia brasileira. Eu acho descabida a primeira, a ação, e mais descabida ainda a propaganda dela.
- Decepcionou-se com o hoje general da reserva? - Não, no tempo que ele estava prestando serviço à presidente Dilma, sempre tive uma relação boa. Mas essas revelações realmente me mostram ou que eu me enganei ou que ele mudou.
- No depoimento, o militar diz que a Comissão da Verdade foi vista como revanchismo. - Nós somos aqueles países com dificuldade de encarar, ou alguns têm dificuldade em encarar, a história. Querer negar que houve tortura é, na minha opinião, uma burrice. Porque ela está aí com mortos e desaparecidos e esse foi um momento de um crime de Estado feito na conjuntura da Guerra Fria. A Guerra Fria acabou há mais de 30 anos e vamos continuar raciocinando como se o mundo fosse o da Guerra Fria? Querer transportar isso no tempo é um equívoco. Na minha opinião, não erramos em fazer a Comissão da Verdade.
- A intervenção na Petrobras, com a indicação de um general para o posto, é um golpe na agenda liberal do ministro Paulo Guedes? - Eu não sei qual é a combinação que o presidente tem com o Paulo Guedes. Então, tenho dificuldade em responder a essa pergunta. Só quero registrar. O acionista majoritário dessa belíssima companhia que é orgulho nacional chama-se povo brasileiro, porque ela é majoritariamente do Estado brasileiro. E, goste ou não goste, o representante dos acionistas majoritários é o presidente. Portanto, ele dizer que quer um caminho, não vejo, em si, nenhuma aberração. O que acho aberração é pegar uma empresa que é amplamente majoritária do Estado brasileiro e entender que ela não tem de respeitar nada do seu acionista majoritário. E simplemente obedecer à chamada lei de mercado. Está errado isso. Não consigo ver nenhum crime nisso [na conduta de Bolsonaro].
- A intervenção levou integrantes do mercado financeiro a comparar Bolsonaro a Dilma. - Ela é muito melhor do que ele.
- O Brasil tem hoje condições de fazer parte de uma frente mundial de desenvolvimento ambiental? - Nós saímos de líderes para párias. Nós fomos puxadores da fila em várias conferências mundiais até pelo grau de biodiversidade que nós temos no Brasil. E praticamente, de 2019 para cá, nós estamos excluídos de todas as mesas. Hoje, nós não seremos convidados a nada, mas como eu acredito também na diplomacia parlamentar, espero que consigamos reposicionar o Brasil para poder integrar esse esforço que está, inclusive, tardio.
- O discurso ambiental deve ser encampado pelo PT na próxima eleição? - Não tenho dúvida. Na minha opinião, essa é a agenda central do planeta. A defesa do meio ambiente é a verdadeira frente ampla contra o negacionismo.
*”Assembleia de SP adia votação após relator propor 6 meses de suspensão a deputado que apalpou colega”*
*”Brasil é o 2º país com mais barreiras de entrada no exterior por conta do coronavírus”* *”EUA reabrem, enquanto americanos se perguntam se pior da pandemia já passou”* LÚCIA GUIMARÃES - *”Fartura de vacinas e escassez de fatos no combate à pandemia nos EUA”* *”Com lockdown e vacina, Portugal vai do colapso a uma das mais baixas transmissões da Europa”*
*”Itamaraty anuncia mais um voo para trazer brasileiros retidos em Portugal”* *”Alemanha e França agem contra grupos de direita radical”* *”Polícia abre fogo contra manifestantes e mata 38 pessoas em Mianmar”* *”Tribunal Penal Internacional vai investigar crimes de guerra na Palestina”* *”Bomba usada pelos alemães na 2ª Guerra é detonada no sul da Inglaterra”*
*”PIB do Brasil tem maior recuo em 30 anos, com queda de 4,1% em 2020”* *”PIB do Brasil desacelera no 4º trimestre e ameaça recuperação em 'V'”* ANÁLISE - *”PIB foi até melhor do que se esperava, mas Bolsonaro estraga surpresa, escreve Vinicius Torres Freire”* ANÁLISE - *”Renda média do brasileiro regride a 2009, escreve Vinicius Torres Freire”*
*”Na pior década da história, renda dos brasileiros encolhe 5,5%”* *”Não há sinal de fim de recessão e economistas já veem 2021 como ano perdido”* PAINEL S.A. - *”Novos testes que avaliam imunidade contra Covid-19 chegam ao mercado”* PAINEL S.A. - *”Após 160 dias internado por Covid-19, empresário Meyer Nigri recebe alta”*
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*”Consumo das famílias tem queda recorde de 5,5% em 2020, e investimento recua 0,8%”*
*”PIB mostra queda recorde de 4,5% do setor de serviços e retração de 3,5% da indústria”* - A pandemia do novo coronavírus teve efeitos desiguais em 2020 sobre os três grandes setores que compõem o PIB (Produto Interno Bruto), com retração em serviços e indústria e avanço na agropecuária. Principal motor da atividade econômica brasileira e maior empregador do país, o setor de serviços amargou queda de 4,5% em 2020. Foi o maior recuo da série histórica, iniciada em 1996, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O pior resultado anterior da série foi em 2015 (-2,7%). O setor é responsável por 75% do cálculo do PIB e seu desempenho é fundamental para a recuperação da crise. Também responde por quase 50% do emprego no país. O impacto foi maior nos segmentos que mais necessitam de atendimento presencial, como alimentação, hospedagem e lazer. O subsetor Outras atividades de serviços, onde elas se encaixam, teve queda de 12,1% –a maior do setor. De acordo com o IBGE, os serviços prestados às famílias foram os mais afetados negativamente pelas restrições de funcionamento. A segunda maior queda ocorreu nos transportes, armazenagem e correio (queda de 9,2%), principalmente o transporte de passageiros, atividade econômica também muito afetada pela pandemia. A retomada desses segmentos tem como obstáculos as restrições ao funcionamento de parte dos estabelecimentos —restaurantes com capacidade reduzida e cinemas e teatros fechados, por exemplo—, o elevado desemprego, que reduz o poder de compra da população, e o próprio temor de contaminação, que leva muitas pessoas a evitarem o risco de aglomeração. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, afirma que a queda de serviços é atípica para momentos de crise, o que reforça a particularidade da retração de 2020. "Não é comum os serviços caírem [em recessões], foi algo bem característico dessa crise", disse. Tiveram queda também no setor de serviços as atividades de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,7%) e comércio (-3,1%), além de informação e comunicação (-0,2%). Por outro lado, algumas atividades do setor cresceram e figuraram nas posições de maior avanço na economia. É o caso dos serviços financeiros (avanço de 4% contra 2019, um movimento justificado pelas maiores operações de crédito) e das atividades mobiliárias (crescimento de 2,5%). Já a indústria registrou recuou 3,5% ante 2019. Dentro do grupo, houve queda nos segmentos de construção (-7%), puxada por menor atividade em obras de infraestrutura, indústria de transformação (-4,3%), além de produção e distribuição de eletricidade, gás e água (-0,4%). Esta última é afetada pelo desempenho da própria economia. Na indústria da transformação, que tem o maior peso na indústria, houve menor atividade no segmento automotivo, bem como em outros equipamentos de transporte, metalurgia, vestuário e acessórios, e máquinas e equipamentos. Já os destaques positivos foram indústria de alimentos, industria farmacêutica, papel e celulose, produtos de fumo e material de limpeza. Palis afirma que os movimentos estão ligados ao comportamento da economia durante a crise, com menos transporte de passageiros, maior consumo de alimentos (impulsionado pelo auxílio emergencial) e maior despesa com medicamentos e materiais de limpeza decorrente das preocupações com a Covid-19. "Teve menos transporte de passageiros, e isso acaba afetando a indústria do setor. Obviamente as coisas estão relacionadas", disse. "Na indústria farmacêutica, muita gente consumiu mais medicamentos, tanto de prevenção como efetivos", afirmou. Já o agronegócio mostrou crescimento de 2% no ano, impulsionado pelas safras de soja, café e milho. Com isso, a agropecuária aumentou sua participação no PIB de 5,1% em 2019 para 6,8% em 2020. Indústria diminuiu sua fatia de 21,4% para 20,4% e serviços, de 73,5% para 72,8%. No quarto trimestre, na comparação com os três meses anteriores, os resultados dos três grandes setores foram de altas de 2,7% nos serviços e de 1,9% na indústria, e recuo de 0,5% na agropecuária. A indústria mostra sinais mistos no quarto trimestre. A construção caiu 0,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior, por exemplo, mas a indústria de transformação mostrou avanço significativo de 4,9%. "A indústria de transformação já teve um crescimento bastante expressivo no quarto trimestre. O que ainda não está crescendo é a construção e essa parte de eletricidade e a extrativa mineral, porque teve paradas para manutenção de plataformas bastante concentradas no quarto trimestre", disse Palis. São entraves para a indústria, por outro lado, a demora na entrega de insumos e a alta de preços de materiais. Isso vem obrigando empresas de diversos setores a colocar o pé no freio e conter o ritmo de produção, como mostrou a Folha, sendo que em alguns casos a estratégia visa aguardar um reequilíbrio da cadeia produtiva. O cálculo do PIB, sob a ótica da produção, considera o valor adicionado à economia por esses três setores mais os impostos sobre produtos.
OPINIÃO - *”O auxílio emergencial salvou vidas e o PIB em 2020, escreve Nelson Marconi”* ANÁLISE - *”Mercado de trabalho vai enfrentar primeiro semestre desafiador, escreve Sergio Firpo”*
*”Bolsonaro diz que 'dado positivo' é que PIB do Brasil foi um dos que menos caíram no mundo”*
*”PIB em 2021 terá de ser revisto com avanço da Covid, diz secretário de Guedes”* *”Brasil sai da lista das dez maiores economias do mundo, estima agência”* *”Em pregão volátil, dólar vai a R$ 5,77, mas fecha perto da estabilidade”* *”Conselho de administração da Petrobras sofre mais uma baixa”*
*”Bolsonaro quer deter inflação, mas interferência tende a elevar preços, dizem economistas”* VAIVÉM DAS COMMODITIES - *”Apesar do recuo no final do ano, PIB do agro é o único a crescer”* VINICIUS TORRES FREIRE - *”Bolsonarices, generais da morte e EUA causam tumulto em dólar, juros e no PIB”* *”Senado aprova em 1º turno texto-base da PEC que libera até R$ 44 bi para novo auxílio”*
*”Governo estuda valor variável para auxílio, e menor parcela pode ser de R$ 150”* *”Executivo da Caixa Seguridade ganha força para presidir Banco do Brasil”* CIDA BENTO - *”Auxílio emergencial deve ser discutido à luz da má distribuição de renda”* *”Google vai parar de vender anúncios com base em navegação de usuários”* *”ANJ cobra celeridade do Cade em inquérito sobre remuneração por conteúdo”*
*”Fase vermelha no estado de SP começa à 0h de sábado (6)”* *”Brasil bate novo recorde ao registrar 1.840 mortes por Covid-19 em 24 horas”* *”Doria mantém escolas abertas na fase vermelha para estudantes vulneráveis”*
*”'Para a mídia, o vírus sou eu', diz Bolsonaro no ápice da pandemia no Brasil”*
*”Zema decreta lockdown em duas regiões de Minas com cenário de colapso”* *”Com sobrecarga de hospitais, pacientes recorrem à Justiça por vagas de UTI Covid”* MÔNICA BERGAMO - *”Fila para UTI de Covid-19 chega a 230 pacientes na cidade de São Paulo”* SÉRGIO RODRIGUES - *”Endereçando a anglofilia”*
*”Variante P.1. já predomina entre os casos de Covid-19 de Araraquara”* *”Sem leitos vagos, saúde de Bragança Paulista entra em colapso com mais jovens na UTI”* *”Maior hospital privado gaúcho registra 142% de lotação na UTI por Covid-19”* *”Academia Nacional de Medicina premia entidades que se destacaram no enfrentamento da Covid-19”*
*”Governo federal decide comprar vacinas da Pfizer e da Janssen contra a Covid-19”* *”Próximas faixas prioritárias da vacina têm mais gente do que o total de idosos vacinados até agora”* MIRIAN GOLDENBERG - *”Os 'imbrocháveis' estão gozando com a dor dos brasileiros”*
*”Governo Bolsonaro investiga professores por manifestação 'de desapreço' a presidente”*
MÔNICA BERGAMO - *”Decisão de Doria de manter igrejas abertas foi a que mais causou contrariedade entre médicos de comitê do governo”* MÔNICA BERGAMO - *”Olivier Anquier vê retorno à fase vermelha 'como uma bomba' e 'prova de resistência”* MÔNICA BERGAMO - *”PSOL propõe lockdown de 21 dias em SP e criação de auxílio emergencial de um mês”* MÔNICA BERGAMO - *”Nome de Flávio Bolsonaro cresce 1.400% no Google após compra de mansão de R$ 6 milhões”*
MÔNICA BERGAMO - *”Professores e pesquisadores da saúde endossam pedido de impeachment de Bolsonaro”*: Professores e pesquisadores da área da saúde endossaram o pedido de impeachment protocolado em fevereiro deste ano contra o presidente Jair Bolsonaro, acusando-o da prática de crimes de responsabilidade durante o enfrentamento da epidemia de Covid-19 no Brasil. O ex-secretário de Saúde de SP José da Silva Guedes, o professor da USP Paulo Lotufo, a médica sanitarista Ana Maria Malik e pesquisadores da Fiocruz assinaram o documento, de autoria do ex-ministro José Gomes Temporão e do fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Gonzalo Vecina Neto.
MÔNICA BERGAMO - *”Entidades culturais da avenida Paulista farão reunião virtual sobre fechamento na fase vermelha”* MÔNICA BERGAMO - *”Ex-candidato à prefeitura de SP pelo Novo, Filipe Sabará reassume presidência de ONG”*
CAPA – Manchete principal: *”Com 1.840 mortes e pouca vacina, cidades fecham comércio e se esvaziam”*
MALU GASPAR - *”O fato Luiza”*: "O PSB pode ter uma candidata a presidente da República que é muito interessante, que é a Luiza Trajano’, declarou na semana passada o deputado Luiz Romanelli (PSB-PR) a um blog do site Metrópoles, de Brasília. “Nem sei se eu podia falar isso aqui”, emendou o parlamentar, queimando a largada na articulação de bastidores para convencer a fundadora e dona do Magazine Luiza a entrar na disputa eleitoral de 2022. Há alguns meses, a empresária começou a ser assediada por líderes partidários para participar de composições de chapa para disputa à Presidência. Pelo menos três legendas – PT, PSDB e PSB –, além de movimentos políticos como Agora e Acredito, já enviaram emissários para discutir o assunto com a ela. Nas conversas, por ora, Luiza tem se mantido enigmática e um tanto arredia. Quando não rejeita o convite de cara, hesita. Diz que prefere ajudar o país de outras formas e se exaspera com o fato de as constantes negativas de que vá se candidatar não encerrarem o debate público em torno de seu nome. Acontece que, na política, nem sempre é possível controlar tudo o que se diz a nosso respeito. Se as especulações não cessam, é porque não falta, tanto no meio político como no empresarial, quem esteja em busca de uma alternativa viável para escapar à reedição da disputa de 2018 entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad (ou Lula). E também porque, vez por outra, o nome de Luiza surge de forma espontânea em pesquisas de opinião encomendadas por partidos e empresas para sondar o humor dos brasileiros sobre a próxima eleição. Numa das mais recentes, que aterrissou na mesa de uma figura importante do mercado financeiro no início de fevereiro, ela era o terceiro nome mais citado quando se perguntava quem o entrevistado queria ver na Presidência do Brasil. Luiza aparecia com 10,4% das menções, superando Luciano Huck (9,3%), Fernando Haddad (5,6%), João Doria (5,5%) e Sergio Moro (5,2%). Só Lula (26%) e Bolsonaro (24,5%) foram mais lembrados pelos eleitores do que a dona do Magalu. A pesquisa assanhou o empresariado desiludido com o liberalismo cloroquina de Paulo Guedes e levou a uma nova onda de pedidos para que Luiza se candidate. Como se não bastassem esses números, pesa a favor de Luiza um diagnóstico comum entre esses interlocutores que a assediam: a empresária fala a “língua do povo” e seria mais difícil derrubá-la com discurso de ódio do que se o candidato fosse Sergio Moro, João Doria, Ciro Gomes ou Luciano Huck. Num cenário em que Bolsonaro mantém índices de popularidade estáveis, apesar de todas as barbaridades que perpetua, e em que o antipetismo ainda é forte, tal característica não é irrelevante. O brasileiro médio se considera apolítico, da mesma forma que Luiza se diz “apartidária”. Nas pesquisas de opinião, metade do eleitorado diz não querer nem Lula nem Bolsonaro. É esse o público que todos os outros partidos e pré-candidatos estão buscando conquistar. Como em toda eleição em que o presidente de turno disputa mais um mandato, a de 2022 será, antes de tudo, um plebiscito sobre a gestão Bolsonaro. Mas não só. Assumindo (e torcendo para) que tenhamos controlado pelo menos em parte a pandemia, será também uma escolha em torno de quem melhor poderá consertar o estrago econômico provocado pela forma como estamos lidando com a crise. Enquanto essas forças que vagam entre o petismo e o bolsonarismo não tiverem embarcado numa candidatura que considerem competitiva, Luiza Trajano pode até querer, mas não conseguirá parar o falatório em torno de seu nome. A insistência será tanta que periga ela até se convencer de que vale a pena disputar a eleição.
*”Mordaça na Educação – MEC quer proibir ato político em universidades; CGU processa docentes”*
*”Bia Kicis diminui resistências e deve ser confirmada na CCJ”* *”Aécio prepara volta aos holofotes ao presidir comissão”* *”Renda de Flávio é menor que o piso do BRB para financiamento”*
*”Governo ignorou alerta do Exército sobre armas”* - Uma nota produzida por técnicos do Estado-Maior do Exército apontou que uma das medidas que facilitou o acesso a armas e munições de uso restrito poderá fragilizar a segurança pública no Brasil e aumentar a disseminação desse tipo de armamento no país. Apesar disso, o governo ignorou o alerta e manteve a proposta em um dos quatro decretos assinados pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 12 de fevereiro. A nota foi produzida pela Assessoria de Apoio para Assuntos Jurídicos do Estado-Maior do Exército no mesmo dia em que Bolsonaro e os ministros da Defesa (Fernando Azevedo e Silva) e da Justiça (André Mendonça) assinaram os decretos. O documento faz uma análise sobre algumas das mudanças propostas pelo governo. Entre elas está uma alteração no decreto nº 9.847 de 2019, também assinado por Bolsonaro e que já havia flexibilizado as normas para aquisição de armas de fogo. No item 4.1.2 da nota técnica, os militares avaliam a proposta que criou um prazo de 60 dias para que o Comando do Exército analisasse processos de corporações como PMs, Polícias Civis, Corpo de Bombeiros e Guardas Municipais que queiram comprar no Brasil ou importar armas ou munições de uso restrito. A proposta previa que se o Comando do Exército não se manifestasse sobre esses processos dentro do prazo de 60 dias, as instituições que tivessem feito os requerimentos estariam “tacitamente autorizadas” a adquirir ou importar os produtos. Antes, as autorizações só poderiam ser concedidas após o aval do Comando do Exército. No documento, os militares avaliaram que ainda que a medida fosse juridicamente viável, seus impactos poderiam ser negativos. “Embora a previsão seja juridicamente viável, observa-se, apenas, que a previsão contida no §5-B proposto poderá ter como consequência uma fragilização para a segurança pública e para a política de Estado que foi inaugurada pelo Estatuto do Desarmamento, de controlar ou limitar a disseminação de armas de fogo no país”, diz um trecho do documento. Em outro trecho, os militares afirmam que a mudança poderia favorecer a disseminação de armas no país. “A aprovação tácita pretendida pelo dispositivo inserido no art. 34 do decreto 9.847/19 merecia maiores estudos sobre sua conveniência, haja vista constituir um ponto facilitador para a disseminação de armas de fogo no país”, diz a nota. O documento pontua ainda que o Comando do Exército teria dificuldade em processar todos as solicitações no prazo criado pela proposta e solicita que o Comando Logístico (Colog) do Exército seja consultado sobre o assunto. Os autores da nota destacam que o documento tem caráter “estritamente técnico” e “opinativo” destinado a “subsidiar unicamente as decisões das autoridades militares competentes”. O documento foi assinado no dia 12 de fevereiro, mas não traz indicações sobre qual o horário em que ele foi finalizado. Uma análise de metadata do arquivo ao qual O GLOBO teve acesso indica que o documento foi criado às 9h28 daquele dia. O ministro da Defesa assinou a exposição de motivos (explicações sobre o conteúdo e razões para o decreto) às 17h21. Nela, não há nenhuma menção ao alerta feito pela assessoria do Estado-Maior do Exército. Ao contrário, a exposição de motivos diz que o decreto está de acordo com a vontade da sociedade. "As inovações atendem-se ao interesse público de aprimoramento do ordenamento, manifestando os anseios da sociedade brasileira contemporânea, ávida por maior liberdade para exercício da autotutela da vida e de outros bens jurídicos caros à existência, quando ao Estado não for possível fazê-lo tempestiva e eficazmente", diz o documento. Especialista critica “atropelo” do governo Na avaliação da Diretora-Executiva da organização não-governamental Sou da Paz, Carol Ricardo, o alerta contido na nota e o fato de ele ter sido ignorado mostram que o governo vem “atropelando” áreas técnicas de órgãos de Estado quando eles se posicionam contra a política armamentista defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. — O alerta contido na nota aponta o que a gente vem dizendo sobre os riscos de flexibilizar as normas para o controle de armas e munições no Brasil. O fato de o governo ter ignorado esse alerta indica um padrão. Sempre que a área técnica de um órgão de Estado se posiciona contra essa política, o governo atropela e ignora — disse Carol. Para o coordenador do programa de Enfrentamento à Violência Institucional da Conectas Direitos Humanos, Gabriel Sampaio, a nota técnica reforça preocupações da sociedade com o controle sobre as armas de fogo no país. — A manifestação do Exército confirma as preocupações da sociedade civil em relação à desfiguração feita ao Estatuto do Desarmamento. Essa desfiguração compromete uma política de controle de armas, essencial para a proteção da população e para a interrupção do aumento de mortes violentas no Brasil, que afetam essencialmente a população jovem negra, principal vítima dessa violência — disse Sampaio. Ministério defende medida A reportagem do GLOBO enviou perguntas à Presidência da República, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Comando do Exército e Ministério da Defesa. A Presidência e o Comando do Exército informaram que as questões seriam respondidas pela pasta da Defesa. Em nota, o Ministério da Defesa afirma que a pasta e o Comando do Exército concordam com o prazo de 60 dias estipulado no decreto. “Não seria apropriado ter uma solicitação aguardando indefinidamente, sem resposta ou decisão”, diz a nota. A nota diz ainda que a mudança estaria alinhada com a Lei de Liberdade Econômica e que o Exército já estaria tomando medidas para atender os pedidos no prazo estabelecido pelo novo decreto. O Ministério da Defesa diz ainda que a nota produzida pela assessoria do Estado-Maior do Exército tinha caráter somente “opinativo”. “A nota técnica mencionada é interna, tem caráter exclusivamente opinativo […] sendo destinada tão somente a subsidiar decisões, que naturalmente levam em conta todos os demais aspectos envolvidos”, diz a pasta. Os quatro decretos assinados por Bolsonaro em fevereiro vêm sendo questionados na justiça. Partidos de oposição moveram ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação das medidas. A ministra Rosa Weber, relatora de um dos processos, pediu que o governo federal explicasse os critérios técnicos adotados pelo governo. O caso ainda está em tramitação.
*”Sem auxílio, aprovação de Bolsonaro fica abaixo de 30%”* - No pior momento da pandemia e ainda sem a retomada do pagamento do auxílio emergencial, a aprovação do presidente Jair Bolsonaro aparece abaixo do patamar de 30% da população, segundo pesquisa do IPEC (Inteligência, Pesquisa e Consultoria). O levantamento, realizado entre 18 e 23 de fevereiro, aponta que 28% dos entrevistados consideram a gestão Bolsonaro ótima ou boa, enquanto 39% avaliam como ruim ou péssima. Segundo os dados do IPEC, o eleitorado evangélico é a principal base de apoio a Bolsonaro, que tem avaliação positiva de 38% neste segmento. A margem de erro é de dois pontos. Em levantamentos de institutos como Datafolha e Ibope em 2020, o nível de aprovação geral do governo Bolsonaro quase sempre ultrapassava um terço da população. Em dezembro, apesar do aumento de mortes em decorrência da Covid-19 após as eleições municipais, o presidente manteve 37% de aprovação. Já no fim de janeiro, primeiro mês após o fim do pagamento das parcelas de R$ 300 do auxílio emergencial, o Datafolha apontou queda nas avaliações positivas, com 31% considerando o governo ótimo ou bom, e rejeição na casa de 40%. A retomada do auxílio, agora em quatro parcelas de R$ 250 cada, faz parte da PEC Emergencial no Senado. O IPEC, instituto formado por executivos que deixaram o Ibope após o encerramento das atividades com pesquisas de opinião pública, aponta ainda neste levantamento que, para 87% dos brasileiros, há alguma expectativa de pagamento do auxílio emergencial “até a situação econômica voltar ao normal” — o que pressupõe um prazo maior do que os quatro meses do planejamento do governo federal. Segundo a pesquisa, 72% concordam totalmente com esta visão; 15% concordam em parte. 91% do nordeste O maior clamor por uma disponibilização prolongada do auxílio vem do Nordeste, onde 91% concordam total ou parcialmente que o benefício deve ser pago até que o cenário econômico esteja em normalidade. As regiões Norte/Centro-Oeste e Sudeste aparecem com 87% de concordância parcial ou total neste item, enquanto o Sul tem 80%. No recorte por renda, 93% dos que têm renda mensal de até um salário mínimo — parcela da população à qual o benefício é majoritariamente destinado — concordam, ao menos de forma parcial, que o auxílio deve durar até uma normalidade econômica. Ontem, a divulgação do PIB de 2020 pelo IBGE apontou que o país não se recuperou do impacto da pandemia da Covid-19, fechando o ano com um rombo de 4,1%. Na última semana, Bolsonaro afirmou que o benefício “custa caro” e representa “um endividamento enorme”, ao justificar que a União não poderia pagar o auxílio indefinidamente. Para a cientista política Luciana Veiga, professora da Unirio, o cenário atual de baixa aprovação, na medida em que traz preocupações para Bolsonaro em seu projeto de reeleição em 2022, pode estimular o presidente a tentar um prolongamento do benefício, contrariando suas próprias declarações e as projeções da área econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes. A especialista observa que, segundo a pesquisa do IPEC, nos estratos de menor remuneração e no Nordeste a avaliação do governo como regular fica acima da média nacional. — O que Bolsonaro faz com o auxílio não é conquistar eleitores que não gostam dele, mas sim trazer o que está nesse bloco do regular. É um eleitor muito prático, menos apegado a questões ideológicas, e que pode oscilar a depender do impacto do governo federal em sua vida. É aí que entra o auxílio. Por outro lado, este eleitor também é mais pressionado pelo cenário da Saúde, já que depende da rede pública — avaliou Veiga. A CEO do IPEC, Márcia Cavalari, afirma que a análise dos resultados deve levar em consideração o contexto à época da realização das pesquisas. O levantamento do IPEC, que ouviu 2.002 pessoas presencialmente em 143 municípios, ocorreu nos dias que se seguiram à primeira ameaça de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras por insatisfação com aumentos nos preços de combustíveis, o que gerou reação negativa do mercado, com forte queda no valor das ações da empresa. O anúncio da demissão de Roberto Castelo Branco da presidência da petroleira ocorreu no dia 19, durante a realização da pesquisa. — Esta é uma das possíveis hipóteses para que a rejeição ao governo seja mais alta entre os eleitores com maior remuneração do que entre os mais pobres. Para o segmento de menor renda, a troca pode não ter soado tão ruim, por conta do discurso de baratear o combustível — afirmou Márcia. Entre os eleitores que declaram renda mensal superior a cinco salários mínimos, 47% disseram considerar o governo ruim ou péssimo, enquanto 24% consideram ótimo ou bom. Entre os mais pobres, com renda de até um salário mínimo, o nível de aprovação é semelhante (26%), mas o percentual dos que rejeitam o governo é bem menor: 38%. Acenos conservadores A parcela evangélica do eleitorado apresenta, na pesquisa do IPEC, um desenho inverso em relação à avaliação geral do governo. Neste segmento, é o percentual de avaliações como ótimo ou bom que se aproxima da faixa de 40% dos entrevistados — e não a rejeição, como ocorre no recorte mais amplo da pesquisa. Entre os evangélicos, 27% consideram o governo ruim ou péssimo. É a menor taxa de rejeição registrada em todo o levantamento. Para a cientista política Luciana Veiga, a situação se explica pelo fato de Bolsonaro se manter “sem inconsistências” na defesa da chamada pauta de costumes ao longo do mandato — o que difere, segundo a especialista, do comportamento oscilante em outras bandeiras, como a agenda econômica liberal e a pauta anticorrupção. Nos dois primeiros anos de governo, Bolsonaro procurou fazer acenos recorrentes a lideranças evangélicas que atuam em igrejas espalhadas pelo país, e que já o haviam apoiado durante as eleições de 2018. O presidente tem prometido que indicará um evangélico para a próxima vaga que se abrirá no Supremo Tribunal Federal (STF), em julho, com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.
*”Alesp: deputado acusado de assédio pode receber suspensão”* *”Luta contra o vírus – Brasil registra novo recorde de mortes por Covid-19, e estados se fecham”* *”Pazuello diz que ainda negocia com Pfizer”*
*”PIB recua 4,1% em 2020 – País tem 3º pior resultado desde 1981, e previsão é de queda no 1º tri deste ano”*
*”Nova ‘década perdida’ vem após crescimento errático”* *”Brasil deixa o grupo das dez maiores economias após retração em 2020”* ENTREVISTA: ARMÍNIO FRAGA, economista - *”Não é só uma crise fiscal, há crise política e institucional”*
CAPA – Manchete principal: *”PIB cai 4,1% em 2020; País deixa grupo de dez maiores economias”*
EDITORIAL DO ESTADÃO - *”No Brasil, a crise precedeu a Covid”*: Osocorro aos pobres funcionou, a ajuda às empresas diminuiu o choque e a economia brasileira, no resumo final, encolheu 4,1% em 2020. Foi o pior desempenho anual na série histórica iniciada em 1996. Mas a perda teria sido bem maior sem os gastos federais para o enfrentamento da crise. Bem mais feio, pelo menos à primeira vista, é o balanço de boa parte do mundo rico. Na zona do euro, onde se encontram potências como Alemanha, França e Itália, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu 6,7%. No Reino Unido o tombo foi de 9,9%. No Japão, a terceira maior economia do mundo, a perda foi de 4,8%. Mas é preciso ser cauteloso e evitar a imodéstia nas comparações. O Brasil fica em posição nada invejável quando se consideram o desemprego, o potencial de crescimento a partir de 2021, o miserável desempenho da economia nos últimos dez anos, o ritmo da vacinação e a ameaça ainda presente da pandemia. A covid-19 é uma variável muito importante em toda projeção econômica, mas o governo federal, rejeitando o exemplo da maior parte do mundo, ainda menospreza o risco do contágio e das mortes. Mas a experiência brasileira tem outras singularidades. O inventário de 2020 revela bem mais, no caso do Brasil, que os danos ocasionados pela covid-19 e os benefícios das ações anticrise, iniciadas pelo Banco Central com medidas de estímulo ao crédito. Uma primeira diferença logo se destaca: o PIB no primeiro trimestre foi 2,1% menor que nos três meses finais de 2019. O País já estava em crise, portanto, antes dos primeiros sinais da pandemia. A situação era especialmente grave na indústria. O mau desempenho do setor, perceptível há vários anos, agravouse a partir de 2019, quando o novo governo deu mais importância ao armamento de civis do que aos dados econômicos imediatos. O balanço do ano passado confirma também a condição singular da agropecuária e, mais amplamente, do agronegócio. Este segmento, o mais competitivo da economia brasileira, é o principal suporte das contas externas. A agropecuária atravessou a crise com mais firmeza que outros setores e fechou o ano com expansão de 2%. Em contraste, a produção da indústria foi 3,5% menor que em 2019 e a dos serviços encolheu 4,5%. Com a pandemia, o trabalho em casa tornou-se rotineiro para milhões de pessoas. O recolhimento das famílias afetou os padrões e o volume dos gastos do dia a dia. O desemprego e a redução da renda também produziram efeitos. Por todos esses fatores, a despesa de consumo familiar foi 5,5% menor que em 2019. O grande baque ocorreu em março e abril. A recuperação, iniciada em maio, foi insuficiente para o retorno ao nível do ano anterior. O Brasil, é preciso lembrar, já estava em crise antes da pandemia. A redução do consumo privado afetou principalmente a indústria de transformação e devastou o setor de serviços. A queda do investimento produtivo também produziu impacto imediato. Combinados todos esses fatores, os efeitos mais negativos ocorreram na construção (-7%), na produção de veículos e de outros equipamentos de transportes, na fabricação de roupas e acessórios e no segmento de máquinas e equipamentos. Pelo menos prosperaram as indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos e material de limpeza. O investimento produtivo, medido como formação bruta de capital fixo, diminuiu 0,8%, mas a relação entre o valor investido e o PIB aumentou de 15,3% para 16,4%, porque a queda do divisor, isto é, do PIB, foi maior. Mas a taxa de 16,4% é muito inferior àquela encontrada em outros países emergentes, igual ou superior a 24%. Investindo pouco, o Brasil limita seu potencial de crescimento. O setor privado pode investir em máquinas, equipamentos e instalações, mas o resultado desse esforço é diminuído pela pobreza das estradas e de outros componentes da infraestrutura. Privatizações e concessões poderiam ajudar, mas também nisso o governo tem falhado. Empenhado na reeleição, o presidente valoriza inaugurações, mas para inaugurar também convém construir – um detalhe trabalhoso e um tanto complicado.
*”1/3 de comissão de comissão se beneficia com revisão de improbidade”* - ete dos atuais 24 integrantes da comissão especial criada na Câmara para discutir mudanças na Lei de Improbidade Administrativa podem ser diretamente beneficiados pela nova legislação. Os deputados respondem a processos com base nas regras atuais e as alterações propostas têm potencial para livrálos de eventuais punições. Na prática, os parlamentares terão a oportunidade de legislar em causa própria. Levantamento feito pela ONG Transparência Brasil, a pedido do Estadão, mostra um total de 66 ações de improbidade contra os deputados do colegiado, criado em 2019. Os casos vão de irregularidades em licitações a nomeações em cargos públicos sem concurso. Todos os processos são relativos a funções anteriores ocupadas pelos deputados, como as de prefeito, governador ou ministro. Este é justamente um dos fatores que pode levá-los a ser beneficiados pela mudança na lei. Pela regra atual, uma das punições possíveis para quem for condenado por improbidade é a perda do cargo. Mas, de acordo com a última versão do projeto, apresentada no fim do ano passado pelo relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), isso só poderá ocorrer se o gestor ocupar a mesma função de quando o ilícito foi cometido. Ou seja, um deputado condenado em um processo relacionado a um mandato anterior de prefeito não correria o risco de perder o cargo atual. Outro ponto previsto no texto que, caso aprovado, poderia beneficiar os deputados é o que prevê a prescrição dos processos em cinco anos. Assim, uma ação por improbidade não poderá durar mais do que esse período. No caso dos deputados da comissão, 60% dos processos foram apresentados antes de 2016, o que abre margem para que sejam arquivados sem sequer irem a julgamento. Segundo Zarattini, porém, a prescrição em cinco anos só valerá para os novos processos, não atingindo os casos anteriores. “Não estamos promovendo nenhuma anistia”, disse. O entendimento de tribunais superiores, no entanto, é o de que alterações em leis podem ser aplicadas quando beneficiam o réu. “É uma norma de direito material e uma norma de direito administrativo”, afirmou o advogado Fábio Medina Osório, ex-ministro da Advocacia-geral da União no governo Michel Temer, em debate promovido ontem pelo Estadão. Uma terceira mudança na lei que poderá ser usada pela defesa de parlamentares com pendências na Justiça é a que exclui a possibilidade de o gestor ser punido por violar os princípios da administração pública. Pelo texto em discussão, apenas caberá condenação por improbidade quando for comprovado algum prejuízo aos cofres públicos ou enriquecimento ilícito. No entendimento dos defensores da medida, a alteração é necessária para evitar excessos de promotores e procuradores, como pedir a cassação ou a perda de direito político de um prefeito até mesmo pelo fato de prestar contas fora do prazo. “Estamos vivendo um momento em que muitas pessoas deixam de participar da política com receio de sofrerem processos de improbidade, que muitas vezes os promotores iniciam com base em recortes de jornal, sem nenhuma comprovação”, disse Zarattini. O levantamento mostra ainda que dos 24 líderes da Câmara, cinco são alvo de ações de improbidade. Na Mesa Diretora, órgão de comando da Casa, dois deputados também respondem com base na lei atual, entre eles o presidente, Arthur Lira (Progressistas-al). 'Cuidado ético'. Para Roberto de Lucena (Podemos-sp), autor do projeto, deputados que respondem a processos por improbidade não devem participar da comissão especial formada para discutir seu projeto. “Por se tratar de um tema como esse, o próprio parlamentar, por uma questão de cuidado ético, poderia declarar-se impedido”, afirmou. Alvo de sete ações por improbidade, o deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) discorda do colega. Para ele, não há contradição em ser investigado e participar da comissão. “Todos os deputados federais, independentemente de sua origem profissional, ideologia partidária ou vida política pretérita, não estão impedidos de participar de comissões da Câmara”, disse. Também integrante do colegiado, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistaspr), afirmou que as alterações na lei “são no sentido de exigir dolo e dano ao erário para caracterizar improbidade”. “Assim, acusações de improbidade sem fundamento diminuirão.” Ao Estadão, no mês passado, Barros defendeu o nepotismo, hoje punido com base na Lei de Improbidade.
*”Fachin age para reduzir danos à Lava Jato no STF”* - O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, tenta reduzir danos diante de derrotas iminentes que colocam em risco o legado da operação. Com a chegada de Kassio Nunes Marques e tentativas de desconstrução da imagem pública da operação, Fachin não tem hoje situação confortável nem na Segunda Turma nem no plenário. A derrota mais recente ocorreu na terça-feira, quando a Segunda Turma arquivou a denúncia de organização criminosa apresentada pela Procuradoria-geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al) e outros três parlamentares no caso do “Quadrilhão do PP”. Agora, Fachin levará amanhã para julgamento, no plenário virtual da Segunda Turma, dois recursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pedem a suspeição dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), no caso do sítio de Atibaia. A análise do processo deve se desenrolar por uma semana na plataforma online, na qual os ministros apenas depositam os seus votos, sem debates e longe das transmissões ao vivo da TV Justiça. O objetivo de Fachin, segundo apurou o Estadão, é apontar que não há suspeição dos desembargadores na ação do sítio de Atibaia. Com isso, a ideia é esvaziar a discussão sobre outro caso: a suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá. Esse segundo processo deve ter o julgamento concluído pela Segunda Turma ainda neste semestre. A estratégia do ministro busca preservar o legado da operação e evitar que a polêmica sobre a atuação de Moro no caso do triplex contamine os demais processos da investigação envolvendo um esquema bilionário de desvios na Petrobrás. Fachin tem demonstrado, em conversas reservadas, preocupação com o futuro da operação Lava Jato, que, na sua avaliação, não se limita ao trabalho feito em Curitiba. A manobra, porém, desagradou à ala garantista do Supremo, que ameaça pedir destaque e interromper a discussão no plenário virtual. Uma consequência do pedido de destaque é suspender o julgamento e transferir o caso para o plenário “físico”, nas sessões que agora ocorrem por videoconferência, em virtude da pandemia. Sinais. No caso do triplex, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski sinalizaram que vão votar pela suspeição de Moro e intensificaram as críticas ao modus operandi da Lava Jato, após a divulgação da troca de mensagens atribuídas ao ex-juiz e procuradores de Curitiba. Por outro lado, Fachin e Cármen Lúcia já votaram contra as pretensões de Lula quando o julgamento foi iniciado, em 2018. Segundo o Estadão apurou, o ministro Nunes Marques, que deve dar o voto decisivo sobre Moro, indicou a possibilidade de declará-lo suspeito. Desde que chegou ao tribunal, em novembro do ano passado, Nunes Marques tem se alinhado a Gilmar e a Lewandowski para impor derrotas à Lava Jato. Integrantes da Corte apontam, no entanto, que uma decisão de processo penal só vale para o caso específico. Assim, se for declarada a suspeição de Moro, os efeitos do veredicto se limitariam ao julgamento do triplex do Guarujá. +++ Essa manchete é um absurdo.
*”Lewandowski dá acesso ao TCU a mensagens hackeadas”* *”MEC ameaça punir universidades por declaração política”* *”Governo põe em sigilo licitação de lançador de satélites”*
*”Militares abrem fogo e matam 38 que protestavam contra regime de Mianmar”* *”Grupos de extrema direita nos EUA se fragmentam”*
*”País tem 1.840 mortes e ministério vai adquirir as vacinas de Pfizer e Jansen”* *”Covaxin tem 81% de eficácia, diz fabricante”* *”Estado de SP terá fase vermelha até dia 19”*
*”PIB cai 4,1% e piora da pandemia põe em xeque capacidade de retomada”* *”País deixa grupo das dez maiores economias”*
CAPA – Manchete principal: *”País bate recorde de mortes e governos ampliam restrições”*
*”Diretor-geral da ANP diz não haver “mágica” para baratear combustível”* - Rodolfo Saboia afirma que agência reguladora não vai se envolver na questão, a não ser com subsídios para o debate
*”MPF já sugeriu a 7 Estados ações de combate à covid”* - Governadores têm resistido a adotar parte das sugestões do Ministério Público Federal
*”Covid avança e indica colapso generalizado pelo Brasil”* - Especialistas veem cenário de colapso se aproximar e pregam medidas restritivas em âmbito nacional para frear alta de casos e de mortes por covid
*”Casos e mortes aceleram e batem novo recorde”* - Média movel de óbitos é a maior da história pelo quinto dia desde sábado
*”SP endurece restrições, mas alívio em UTIs pode demorar”* - SP entra em fase mais restritiva, com restrições à circulação valendo a partir de sábado das 20h às 5h
*”Pazuello autoriza compra de vacina de Pfizer e Janssen”* - Decisão ocorre em meio a uma forte pressão sobre o governo devido à escalada das mortes por covid-19
*”PIB recua 4,1% e vê onda otimista ceder”* - Alta no 4º tri é robusta, mas piora da pandemia e vacinação lenta são entraves para acelerar retomada
*”PIB per capita cai 4,8%, maior queda desde 1981, diz Ibre”* - Resultado é o pior da série histórica do IBGE iniciada em 1996
*”Organização e recuperação, desorganização e recessão”* - Cenário econômico pode melhorar com manutenção do regime fiscal e vacinação em massa
*”Sem plataformas, investimento teria queda três vezes maior”* - No cenário mais pessimista, recuo seria de 8%, e não de 0,8%
*”Volta do isolamento aumenta incerteza, avalia Waldery”* - Para o secretário Waldery Rodrigues, queda de 4,1% no PIB de 2020, merece “comemoração conservadora”
*”Em ano de tombos históricos, Brasil tem 31º pior resultado entre 56 países”* - Só China, Turquia e Taiwan fecharam 2020 com PIB em alta
*”Ação de Lira freia articulação no Senado para tirar Bolsa Família do teto de gastos”* - Novo texto de PEC estabelece limite de até R$ 44 bilhões para gastos com auxílio emergencial
*”Valor do novo auxílio pode variar de R$ 150 a R$ 375”* - A ideia é atender cerca de 45 milhões de pessoas
*”Câmara ignora governo e aprova ajuda a empresas”* - Setor de eventos mobiliza-se por agravamento da covid-19
*”Deputados votam mudanças no sistema eleitoral”* = Parte dos aliados do presidente da Câmara quer instituir o distritão
*”Governadores discutem ação conjunta em reação a Bolsonaro”* - O agravamento da pandemia está levando governadores a darem um passo além no jogo de pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro. Discute-se esquemas para um “lockdown” interestadual e até um apelo à Organização Mundial da Saúde (OMS) para que fornecedores internacionais da vacina atendam o Brasil. O anúncio de que o governo federal irá adquirir vacinas da Pfizer e da Janssen não tranquilizou o grupo. É patente ainda entre os governadores a pouca disposição do grupo em se perfilar com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) em uma espécie de frente a favor da vacina e anti-Bolsonaro. Pesa o cálculo eleitoral: Doria pretende concorrer à Presidência de 2022, mas o governador do Rio Grande do Sul, o também tucano Eduardo Leite tem aspirações próprias para a eleição presidencial e conta com apoio de parte da executiva nacional de seu partido. Na esquerda, os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e da Bahia, Rui Costa (PT) também procuram protagonismo nacional. Doria tentou reunir governadores em São Paulo essa semana, sem sucesso. Durante uma conversa em grupo de WhatsApp de governadores, Leite defendeu, ontem de manhã, que os líderes dos estados se empenhassem em “um esforço diplomático para o Brasil conseguir vacinas emergenciais com outros países”. Segundo o gaúcho, a comunidade internacional poderia se comover com um apelo diante do fato de que a variante brasileira do coronavírus pode se converter em uma ameaça global no combate à pandemia. “Podemos tentar um movimento para cobrar do Planalto-Itamaraty uma articulação para doses emergenciais, talvez com apoio da OMS?”, indagou o governador do Rio Grande do Sul no grupo de mensagens. Concordaram de imediato com a iniciativa os governadores do Ceará, Camilo Santana (PT), Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Outros demonstraram ceticismo. “Acreditaria mais numa intervenção do Congresso ou do Supremo em uma situação se deteriorando mais ainda. É mais fácil Bolsonaro ter que cumprir uma decisão do Supremo do que da OMS. Da OMS ele vai dizer que é coisa do comunismo interplanetário. No Supremo ele é obrigado a cumprir”, disse Flávio Dino ao Valor. Dino disse que governadores reconhecem a necessidade de um “lockdown” nacional devido à piora da pandemia, mas não têm meios de fazer cumprir a medida, pela falta de um auxílio emergencial federal. Ele defende que, se o quadro sanitário continuar a se deteriorar, os governadores se reúnam na próxima semana para firmar um pacto nacional e discutir a convocação de um “lockdown” no país todo com coordenação dos governadores. “É uma espécie de diálogo horizontal dos governadores. Pode evoluir para isso. Não descarto. Podemos chegar a isso numa coordenação nacional bancada pelos governadores”, disse, para em seguida ponderar: “Alguns colegas têm assinalado a importância de um regime mais rigoroso, de chegar a um ‘lockdown’ nacional, mas não é uma posição que tenha ainda adesão da maioria”, afirmou. “Há um empecilho objetivo, que é a ausência do auxílio emergencial. A gente tem um choque entre convicções científicas e o desafio do gestor, que é fazer algo factível. Não adianta você assinar um papel que seja inexequível”, afirmou o maranhense. Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) comentou que os elementos para a união do grupo de governadores são maiores que os da divisão. “A união é mais forte agora. Os governadores estão unidos porque é importante e por necessidade. A estratégia de Bolsonaro, em toda a pandemia, é o conflito permanente”, disse ao Valor. O novo estremecimento, afirma Casagrande, requereu uma resposta mais forte, mesmo de governadores alinhados ao bolsonarismo ou daqueles que não pretendem decretar “lockdown”, como é o seu caso no Espírito Santo, onde a ocupação de leitos de UTI é de 73%. No domingo, em suas redes sociais, Bolsonaro divulgou números inflados sobre o total de repasses do governo federal aos Estados para o combate à pandemia, ao incluir recursos constitucionais obrigatórios e até pagamento do auxílio emergencial a pessoas físicas. Um dos objetivos do Planalto é jogar a culpa pela piora da pandemia sobre os governadores, que estudam tomar medidas mais duras de isolamento social, como o “lockdown”, o que prejudicaria os planos de retomada da economia e da reeleição de Bolsonaro. Segundo aliados, o presidente estaria disposto a esticar a corda e haveria um movimento de ministros para contê-lo. Casagrande foi um dos 19 signatários da carta em que os chefes estaduais contestaram Bolsonaro e disseram que os recursos são “obrigação constitucional”. Entre eles estão governadores que apoiam o presidente, como Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Cláudio Castro (PSC), do Rio de Janeiro. Para Casagrande, eles se alinharam agora, de maneira pontual, aos demais governadores por causa do tema e da necessidade. “Uma informação equivocada no Estado cria uma necessidade de o governador ficar se explicando”, diz. No Espírito Santo, o governo estadual recebeu R$ 1,5 bilhão e Bolsonaro divulgou que teriam sido R$ 16,1 bilhões, ou seja, dez vezes mais do que foi efetivamente entregue. Flávio Dino e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), Ingressamos no STF, contra a divulgação dos repasses feita pelo governo federal. “Queremos debater judicialmente se é compatível com a Constituição e o Estado de Direito o uso doloso e reiterado de mentiras como ferramenta política”, afirmou Dino no Twitter. O governador capixaba afirma que a informação falsa gera tensionamento e cobranças por parte de apoiadores de Bolsonaro nos Estados, que reproduzem o argumento do presidente pelas redes sociais. Casagrande diz que a adoção de um “lockdown” nacional, não tem consenso entre seus pares. “É lógico que ele pode até falar isso para poder alimentar seus fiéis escudeiros, porque isso é próprio da estratégia do presidente: fazer um confronto de quem é a favor ou contra a economia. Mas não tem nenhuma decisão tomada em direção a isso”, afirma. “Você não pode defender o ‘lockdown’ num Estado que está estabilizado comparado com outro que já entrou em colapso. O que está perto do colapso tem todas as justificativas para tomar medidas mais duras. Quando se tem leito para ofertar você não tem argumento político para isso”, diz. O governador propõe que o limiar para se decretar um toque de recolher ou “lockdown” seja acima de 90% de leitos de UTI ocupados. A disposição do governo federal em agilizar a vacinação foi expressa ontem em uma reunião de integrantes do Fórum de Governadores com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O ministro afirmou que vai comprar "a vacina que tiver", disse um participante do encontro. Segundo relatos, os governadores saíram com a impressão de que dificilmente seus planos de formar consórcios para adquirir as vacinas sairá do papel antes do segundo semestre. Na conversa com os governadores, Pazuello queixou-se da falta de disponibilidade de vacinas. Citou o caso da Sputnik V, que tem o compromisso de entregar 10 milhões de doses ao ministério até 31 de maio. As conversas com representantes da empresa, no entanto, têm deixado dúvidas quanto à capacidade de entrega do produto. Anteontem, governadores reuniram-se com executivos da União Química, que comercializa no Brasil a vacina russa Sputnik V. A impressão deixada não foi das mais animadoras mesmo entre administradores estaduais bolsonaristas, como é o caso de Antonio Denarium (sem partido), de Roraima. “O fato é que hoje não existe vacina à venda. O que existe é muita especulação. E, se cada governador sai comprando vacina, o preço vai subir”, disse. De acordo com Denarium, há movimentações dos governadores do Consórcio da Amazônia Legal (Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Roraima e Rondônia) para fazer as aquisições. Nesse caso, os custos seriam rateados entre os governos estaduais e as vacinas seriam distribuídas também de acordo com a população de cada unidade. A percepção do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também é alinhado ao bolsonarismo e estava na visita ao fabricante da Sputnik, foi mais otimista que a de Denarium. Zema considerou que o país já “atravessou um oceano” e agora está a 500 metros da praia, com ondas fortes. “Vamos ter que enfrentar essas ondas até chegar à praia. A praia é a vacina. Até termos a vacina fazendo o efeito desejado vamos ter que dar conta desse recado”, disse.
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