A pandemia do novo coronavírus, que segue cobrando seu preço em vidas, foi responsável também pelo maior recuo anual da economia brasileira desde 1996. Nem a alta do PIB de 3,2% no último trimestre de 2020, em comparação com o trimestre anterior, foi capaz de conter a queda de 4,1% no ano, que interrompeu a série de três anos de tímido crescimento do país. E a segunda onda de infecções da covid-19, que faz o país bater recordes de morte, pode afetar outra vez a economia neste trimestre, analisa Carla Jiménez, nesta newsletter especial sobre a situação econômica do país. Apenas o setor agropecuário registrou alta no Brasil em 2020, de 2%, enquanto a indústria encolheu 3,5%, e o setor de serviços, 4,5%. Quando se trata apenas de restaurantes, academias e hotéis, a queda vai a 12,1%. No centro histórico de São Paulo, por exemplo, a Rua do Comércio já não faz jus ao nome. Quem entra nessa ruela não se depara com vitrines chamativas, mas com portas fechadas e placas de aluguel, relata o repórter Diogo Magri. “Ali era uma sapataria que existia há 60 anos. E ali tinha um bar que a fiscalização fechou por desrespeitar as medidas sanitárias”, aponta Vitor Sapolnik, 55 anos, proprietário do Caffè Latte, um dos únicos comércios que sobreviveu na região. Em mais um esforço para tentar amenizar os impactos da crise econômica para a população mais pobre do país, o Congresso tenta encaminhar nesta quarta-feira, enfim, as novas parcelas do auxílio emergencial. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou um entendimento com o Palácio do Planalto para que a ajuda contemple três parcelas de 250 reais, mas o repórter Gil Alessi conta que entidades da sociedade civil e políticos de diversas matizes já se organizam para reivindicar o pagamento mensal de 600 reais até o fim do ano. O tamanho dessa ajuda aos mais necessitados também pode ser determinante para a saúde econômica do país, alertam analistas ouvidos por Regiane Oliveira. Sem o suporte do pacote de incentivo neste ano, os especialistas já falam em recessão no país em 2021, a terceira em 10 anos. "O Governo foi irresponsável de achar que a pandemia acabaria em 31 de dezembro de 2020”, diz José Luis Oreiro, da Universidade de Brasília. Além disso, "o Brasil é visto como um celeiro de mutações e isso reflete na economia”, diz a colunista do EL PAÍS Monica de Bolle, da Johns Hopkins University. | |||||
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