A Argentina fez história nesta madrugada e se tornou o primeiro grande país da América Latina a legalizar o aborto. Em uma sessão emocionante no Senado, acompanhada por uma maré verde feminista e grupos religiosos contrários do lado de fora, os legisladores deram o sinal verde que faltava para autorizar a interrupção legal e segura da gravidez até a décima quarta semana de gestação. Foi um triunfo de um movimento de mulheres que cresceu e se capilarizou nos últimos anos na sociedade argentina e foi capaz de conquistar parlamentares até então contrários ao procedimento. Desta vez, diferente de dois anos atrás quando a pauta foi a votação, mas fracassou, a Casa Rosada de Alberto Fernández pôs seu peso a favor do projeto apesar da proximidade do mandatário com o papa Franscisco. É o que contam, de Buenos Aires, Mar Centenera e Federico Rivas Molina. “Quando eu nasci, as mulheres não votavam, não herdávamos, não podíamos ir à universidade. Não podíamos nos divorciar, as donas de casa não tínhamos aposentadoria. Sinto emoção pela luta de todas as mulheres que estão lá fora agora. Por todos elas, que seja lei”, declarou a senadora Silvia Sapag durante o debate, em uma síntese do tom dos discursos verdes, a cor símbolo do movimento feminista no país. Também nesta edição, a diretora do EL PAÍS no Brasil, Carla Jiménez, põe a lupa nas declarações de Jair Bolsonaro, que voltou a zombar da tortura sofrida na ditadura pela ex-presidenta Dilma Rousseff: "Decrépito torturador de almas, Bolsonaro não cabe no cargo de presidente e sua monstruosidade se destaca no mundo em que vivemos. Quando a Argentina avança no debate sobre aborto, jovens vão às ruas no Peru, chilenos reescrevem sua Constituição, o presidente brasileiro vai se tornando um corpo estranho". Já Gil Alessi conversa com duas expoentes do combate ao feminicídio no Brasil, a promotora Gabriela Mansur e Cristiana Bento, subsecretária de Políticas para Mulheres do Estado do Rio de Janeiro, sobre a série de assassinatos recentes no feriado de fim de ano e a reação do Judiciário. Para fechar o ano com otimismo, o especialista em dados do EL PAÍS Kiko Llaneras analisa 42 boas notícias de 2020 e reflete sobre o ano da peste: "A vacina mais rápida da história salvará milhões com uma tecnologia impensável quando você estava no ensino médio. O vírus vai sendo contido por décadas de progresso. Mais quantas mortes esta epidemia teria provocado em 1970?". Obrigado por mais um ano juntos, feliz ano novo e cuide-se! Nossa newsletter entra em pausa e volta na primeira segunda-feira de 2021. Até lá! | |||||||||
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