Pela primeira vez em 15 anos, quatro ministros do STF decidiram abrir mão das próprias férias. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Alexandre Moraes avisaram que continuarão despachando normalmente, de forma remota, durante o recesso judiciário, que começou ontem. Na prática, isso tira poderes do presidente da Corte, Luís Fux. Num recesso normal, Fux e sua vice Rosa Weber se alternariam na concessão de liminares e decisões de casos apresentados à Corte. Com outros quatro ministros — três dos quais da ala garantista, antagônica a Fux — em atividade, a relatoria das ações será decidida por sorteio. O movimento ainda é um reflexo da profunda divisão no Supremo deixada pela decisão contrária à reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
E no apagar das luzes antes do recesso, o ministro Nunes Marques deu um presente aos enquadrados na Lei da Ficha Limpa, em ação impetrada pelo PDT. No sábado, em decisão monocrática, Marques suprimiu a determinação de que uma pessoa condenada na Justiça estava impedida de se candidatar por oito anos após o cumprimento da pena, e estipulou que a inelegibilidade é contada a partir da sentença. Na prática, estabeleceu oito anos como prazo máximo, independentemente da natureza do crime ou do tamanho da pena.
Sob a alegação de que “os presídios do Rio estão superlotados”, Gilmar Mendes mandou soltar no mesmo dia da prisão Chaaya Moghrabi, considerado um dos maiores doleiros do país, investigado pela Lava-Jato.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer que, a exemplo de ministros do STF, os deputados abram mão do recesso, alegando que a pandemia exige “um esforço maior”. Candidato do Centrão e do Planalto ao cargo de Maia, Artur Lira (PP-AP) disse que a ideia é uma manobra do presidente para fortalecer um eventual candidato de seu grupo, que recebeu reforço dos partidos de oposição. Cresce na Câmara o temor de que, com Lira na presidência, Jair Bolsonaro volte a forçar pautas conservadoras, até mesmo reenviando temas já rejeitados no Congresso.
Devido ao apagão que deixou o Amapá às escuras em novembro, aconteceu ontem o segundo turno da eleição para prefeito em Macapá. Segundo colocado na primeira rodada e nas pesquisas, Dr. Furlan (Cidadania) virou o jogo e venceu com 55,67% dos votos válidos. Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, obteve 44,33%.
Painel: “O prestígio de Alcolumbre com Bolsonaro será posto à prova após a derrota do irmão, Josiel, em Macapá neste domingo, apostam parlamentares. Atendendo a Alcolumbre, o presidente gravou um vídeo pedindo votos no candidato, o que selou um novo fracasso de Bolsonaro nas urnas.” (Folha)
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