O tom do Governo Bolsonaro sobre o plano de vacinação nacional contra o coronavírus começa a mudar. Em uma semana marcada pela pressão de governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, passou a considerar como “provável” que a vacinação contra a covid-19 comece “entre janeiro e fevereiro”, como contam Beatriz Jucá e Felipe Betim. O esboço do plano, divulgado pela pasta nesta quarta, apresenta objetivos gerais e, de maneira controversa, retira a população carcerária dos grupos com prioridade para receber a vacina no país. O plano final de vacinação será apresentado pelo ministério na próxima semana. Enquanto o Brasil segue com a indefinição em torno de sua estratégia, os países da América Latina se preparam de maneiras distintas para a imunização de suas populações. Correspondentes do EL PAÍS pela região contam os planos de cada país, que vão desde a compra antecipada de doses da vacina a apostas em um consórcio para baratear os preços —a Covax, impulsionada pela OMS. Do outro lado do Atlântico, o Reino Unido, que começou sua campanha de vacinação em massa na terça, recomendou que pacientes com histórico relevante de reações alérgicas evitem a aplicação das doses da Pfizer e BioNTech. O apelo veio depois que dois membros da equipe de saúde que receberam a imunização registrarem quadros alérgicos adversos. Se o mundo se volta para a vacina, no Rio de Janeiro a epidemia da violência policial tem um grupo de risco específico: as crianças. Só em 2020, 12 crianças morreram baleadas na capital carioca. O repórter Felipe Betim conversou com especialistas que apontam que a política de segurança e a lentidão na tramitação das investigações favorecem o ciclo de impunidade em operações policiais. “É uma continuidade de mortes, de destruição que você não pode chamar de outro nome a não ser de projeto genocida, uma política de morte”, analisa a educadora Monica Cunha, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ainda nesta edição, um pouco sobre o ensaio biográfico Jards Macalé - Eu só faço o que quero, de Fred Coelho, que será lançado nesta sexta-feira. A obra, que carrega um misto de humor, provocação, sinceridade e fabulação, conta a trajetória, nem heróica nem trágica, de Macalé, um compositor fundamental na formação da cultura brasileira; alguém, nas palavras de Coelho, “demasiado humano, sensível a tudo que o cercava, sobretudo à situação do Brasil”.
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