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As ruas de Buenos Aires foram tomadas por uma maré verde de manifestantes celebrando a aprovação pela Câmara dos Deputados argentina do projeto de lei que autoriza a interrupção legal da gravidez até a 14ª semana de gestação. A proposta, que tem apoio do presidente Alberto Fernández, ainda precisa passar pelo Senado, mas o avanço no legislativo repercutiu em toda a América Latina e certamente causará profundos impactos regionais. "O que a Argentina nos demonstrou hoje é que falar dos direitos das mulheres na região faz muito sentido. O movimento feminista demonstrou que há uma geração de mulheres jovens conscientes de seus direitos, aos quais não estão dispostas a renunciar”, disse Martha Tagle, deputada da Câmara nacional pelo partido Movimento Cidadão no México, na reportagem elaborada pela rede de correspondentes do EL PAÍS na Argentina, México, Chile e Peru. No Brasil, que viveu uma primavera feminista ainda antes da Argentina —mas cuja defesa de algumas bandeiras, como a legalização do aborto, foi freada pela posterior onda conservadora que elegeu Jair Bolsonaro presidente—, a decisão não foi bem recebida pela família presidencial, que se apressou a critica-la. O presidente, por sua vez, não consegue desvencilhar-se da sombra das suspeitas que pairam sobre ele e a sua família. Em São Paulo, um coletivo artístico que anda pelas ruas da cidade despertou interesse das redes sociais ao trafegar comercializando ovos enquanto, ao microfone, levantam perguntas sobre o Governo Bolsonaro, a condução política do Brasil e a pandemia. “Funciona como um recall de consciência e flerta com o desconforto deste lugar de testemunha que nós, como sociedade, nos colocamos”, explica o grupo ao repórter Diogo Magri. | ||||||||||
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