terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Briga pela vacina antecipa corrida pelo Planalto

  


Desorganizada e num toque de cada um por si, começou a corrida pela vacinação no Brasil. Enquanto uma senhora de 90 era a primeira a calmamente se vacinar no sistema público de saúde inglês, celebrando que passará com os netos as festas de final de ano, governadores brasileiros passaram o dia correndo por fora atrás de imunizantes para suas populações. “Tenho mantido conversas com o governo de SP”, escreveu o cearense Camilo Santana, do PT, no Twitter. É o mesmo caminho de João Azevêdo (Cidadania), da Paraíba. O governo baiano está em negociações avançadas para adquirir freezers capazes de sustentar os -70°C da vacina da Pfizer, caminho também explorado pelo Mato Grosso. O motivo é simples. Embora ainda sem o aval definitivo da Anvisa, o governador João Doria já anunciou que espera ter a documentação e começar a vacinação com a Coronavac, que o Instituto Butantan paulista está fabricando, em 25 de janeiro. Alguns estados — casos de Rio, Pernambuco e Tocantins — esperam o posicionamento do governo federal. Mas a vacina na qual Brasília aposta, aquela da Universidade de Oxford fabricada pela Fiocruz do Rio, teve problemas nos testes e vai atrasar. O nível de desorganização é tal que, desde agosto, o ministério da Saúde não se encontra com fabricantes de seringas. As três fabricantes no país ainda não receberam encomenda para produção de uma leva grande. Precisariam de três a cinco meses. (Estadão)

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi chamado por ser especialista em logística. (EBC)

Então... O tucano João Doria anunciou que não vai cobrar comprovante de residência no estado para vacinação. “Nós fazemos parte do Brasil”, disse. “E aqui vacinaremos todos que precisarem ser vacinados.” Continuam valendo os critérios de prioridade para maiores de 60 anos e profissionais de saúde. O plano é iniciar a vacinação tão logo a Anvisa libere a vacina, desenvolvida pela chinesa SinoVac. (Globo)

Pois é... O presidente Jair Bolsonaro disse nas redes que o governo federal vai oferecer vacinação “gratuita e não obrigatória” para toda a população tão logo um imunizante seja aprovado, acrescentando que o Ministério da Economia fornecerá os recursos. Bolsonaro vê Doria como seu principal adversário para a reeleição em 2022. (Poder 360)

Daí que... A Anvisa informa que ainda faltam “vários passos” para a liberação da CoronaVac. A agência disse que o Butantan ainda não enviou todos os dados da fase três de testes e que o relatório da inspeção na fábrica da SinoVac pode ficar para depois de 11 de janeiro. (Folha)

Embora tenha base técnica, a posição da Anvisa faz crescer o temor de que Bolsonaro esteja aparelhando a agência com a nomeação de militares e aliados. Tramita no Senado a indicação de Jorge Luiz Kormann para a diretoria responsável pela liberação de imunizantes. Tenente-coronel reformado do Exército, ele tem em seu currículo bacharelado, dois mestrados e duas pós-graduações, nenhuma ligada a qualquer assunto relativo à área que possivelmente vai comandar. Será o terceiro de cinco diretores da agência nomeados pelo presidente. Kormann hoje é secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde. (Reuters)

Correndo por fora, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse que o Legislativo definirá o plano de vacinação contra a Covid-19, caso o Executivo demore muito. Segundo ele, a sociedade “entrará em pânico” se não houver planejamento definido.

Como acontece após os fins de semana, a média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil voltou a subir e ficar acima de 600. Ontem foram registrados 426 óbitos e 25.123 novos casos da doença. Apresentaram alta o Distrito Federal e 17 estados: PR, RS, SC, SP, DF, MS, MT, AC, AP, RO, RR, TO, CE, PB, PE, PI, RN e SE.

Um dos mortos no Brasil foi o ator Eduardo Galvão, que estava internado havia uma semana num hospital do Rio. Ele tinha 58 anos.




O bloco de partidos que sustentava na presidência da Câmara Rodrigo Maia se fragmentou em vista da luta pela sucessão. Marcos Pereira, do Republicanos, conversa com Podemos e PT. Luciano Bivar, do PSL, diz estar fechado com Pros e PTB. Enquanto, de acordo com o Painel, Elmar Nascimendo do DEM, e Baleia Rossi do MDB, disputam o conjunto DEM, MDB e PSDB. Mas é a partir desta semana que a disputa pelo comando de Câmara e Senado vai se organizar. Estava em suspenso, esperando o STF decidir se a reeleição seria ou não possível. (Folha)

Meio em vídeo. Daí que sabe a decisão do Supremo que por pouco quebrou a Constituição? Aquela que permitiria Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre se reelegerem presidentes da Câmara e Senado? É fruto do encontro de três crises. A da democracia, do neoliberalismo e do nacional-desenvolvimentismo. Todas culminam numa sequência de forçadas de barra jurídicas e políticas que estão ocorrendo desde 2013. Têm nome: jogo duro constitucional. Quer entender? Assista ao Ponto de Partida desta semana.




Há mil dias era assassinada no Rio a vereadora Marielle Franco (PSOL) numa ação que matou também seu motorista, Anderson Gomes. Embora os supostos executores do crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, estejam presos aguardando julgamento, até hoje a polícia não chegou aos mandantes do assassinato nem à real motivação. “Dentro de mim eu espero que a gente não tenha que esperar mais mil dias por uma resposta”, diz Anielle Franco, irmã da vereadora. Uma das barreiras à investigação é a recusa do Google em fornecer dados de geolocalização que poderiam traçar a rota seguida pelos matadores.

A família de Marielle quer criar uma escola para jovens negras em homenagem à vereadora. (Globo)





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