terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Análise de Mídia 01/12

 



 

CAPA – Manchete principal: *”Doria aperta restrições de SP um dia após Covas se eleger”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Esquerda derrotada”*: O PT perdeu menos prefeituras que o PSDB e quase tantas quanto o MDB, em termos proporcionais. Entretanto o encolhimento petista se mostra o mais notável entre os partidos tradicionais, e não apenas em razão dos números. A fria estatística, de todo modo, evidencia um desempenho muito fraco para uma legenda que desde 1989 disputa os segundos turnos das disputas presidenciais. O PT não elegeu prefeito nas capitais, fato inédito desde 1985. Tanto em quantidade de municípios quanto em população governada, a sigla ocupa agora o vexatório 11º lugar no ranking nacional. Em termos simbólicos, o desempenho não foi melhor. Em São Paulo, onde costumava ocupar posição central, ficou muito longe do segundo turno. Sua candidata de maior relevo, Marília Arraes, no Recife, sempre foi tratada como corpo estranho no petismo. Na falta de novidades no partido dominado pela figura centralizadora de Luiz Inácio Lula da Silva, o eleitorado propenso a votar na esquerda parece ter decidido renovar por conta própria as lideranças nesse campo político.
Apesar da força de novos nomes como Guilherme Boulos (PSOL), de Manuela D’Ávila (PC do B), e da vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém, a esquerda em geral foi derrotada. De menos desfavorável, o PDT de Ciro Gomes perdeu poucas prefeituras e conquistou duas capitais, Aracaju e Fortaleza. Quanto ao mais, os partidos que cresceram foram os do centrão, PSD e PP em especial, e o DEM. Apesar do declínio, o PSDB manteve força considerável. Embora o centrão ora esteja em boa parte aliado a Jair Bolsonaro, o presidente também foi derrotado. Candidatos em cidades importantes fugiam da associação com a pauta ideológica bolsonarista. Tampouco houve vitória relevante de outsiders e populistas. Isso não quer dizer, necessariamente, que a antipolítica esteja morta, menos ainda a esquerda ou o presidente. Trata-se de uma eleição municipal, com questões específicas e locais, disputada no momento peculiar da pandemia. Notaram-se, entretanto, sinais de que a população parece cansado da estridência que emergiu em 2018 com Bolsonaro e nomes como Wilson Witzel, eleito governador do Rio —e farto de seus fracassos ou escândalos administrativos. Por vezes de modo significativo, parte considerável dos votantes pareceu buscar alternativas, mesmo na esquerda derrotada. Ainda assim, na dúvida e na falta de maiores novidades, o eleitor na média preferiu ser conservador.

HÉLIO SCHWARTSMAN - *”O encolhimento do PT”*: O PT é um dos partidos que saem derrotados destas eleições. Pela primeira vez em 35 anos, não comandará nenhuma capital do país. No cômputo geral, viu o total de prefeituras conquistadas reduzir-se de 254 em 2016 para 183 agora, com o incômodo detalhe de que as eleições municipais anteriores já haviam sido catastróficas para a legenda, que despencara de seu recorde de 630 prefeituras em 2012. E não é só. Em duas das capitais mais dinâmicas, São Paulo e Porto Alegre, nas quais o PT tinha quase que cadeira cativa no segundo turno, os candidatos de esquerda que chegaram à disputa final eram de outros partidos, PSOL e PCdoB. Esses são fatos objetivos que só um Trump ou um Bolsonaro ousaria negar. Apesar disso, eles não pintam um quadro muito completo da realidade. Se escarafuncharmos bem os dados, encontraremos pelo menos uma boa notícia para a sigla.
Embora tenha vencido em apenas quatro, o PT chegou ao segundo turno em 15 cidades (o maior número de participações entre todas as legendas). Em 2016, haviam sido apenas sete, dos quais saiu derrotado de todos. Acho que dá para afirmar que o eleitor dos maiores centros urbanos recolocou o partido na condição de ator importante, ainda que não o tenha contemplado com tantas vitórias. Não há nada de muito surpreendente aí. Tirando momentos de recessão democrática como o atual, o embate mais natural de uma democracia é entre forças de centro-esquerda e de centro-direita. O PT havia sido, nas últimas quatro décadas, a sigla que melhor representava a centro-esquerda. Poderá continuar a exercer esse papel, desde que interprete corretamente os recados dos eleitores e responda a eles. O mais eloquente é que o PT precisa apresentar lideranças renovadas. Não dá para as três prioridades do partido continuarem sendo o salvamento da biografia de Lula, e a quarta, a defesa de regimes como o venezuelano e o cubano.

PAINEL - *”PF deverá passar por reestruturação em 2021, com diretorias anticorrupção e antidrogas”*: A Polícia Federal deve passar por uma reestruturação no próximo ano. O órgão planeja transformar uma diretoria em três: uma de combate à corrupção, outra antidrogas e uma terceira contra crimes fazendários. A PF também deve ter um outro novo cargo, de um adjunto, que será o braço direito do diretor-geral. André Mendonça (Justiça) está à frente das tratativas com a Economia. Ele vai abrir mão de funções do ministério para a criação dos cargos. As conversas começaram no meio do ano. Ainda não há prazo nem manifestação definitiva dos técnicos da Economia, mas Mendonça determinou que o desenho do novo prédio da polícia, com inauguração prevista para fevereiro, considere os novos cargos. Atualmente, esses três temas estão dentro de uma mesma diretoria, da Dicor (Combate ao Crime Organizado), que deve deixar de existir para dar lugar às novas. A pasta é chefiada pelo delegado Igor Romário, um dos nomes mais ligados ao período mais importante da Lava Jato. Nos bastidores, é dado como certo que Romário deve sair da cúpula da PF com a reestruturação. As justificativas principais para a reestruturação são a valorização e o fortalecimento das áreas de polícia judiciária A Dicor tem atualmente quatro coordenações-gerais sob sua responsabilidade: a de corrupção e lavagem de dinheiro, de repressão a drogas, de crimes fazendários e crimes contra direitos humanos.
Também novidade, o diretor-adjunto teria três atribuições principais, segundo o escopo planejado: 1) cuidar de questões burocráticas e administrativas, 2) ser o substituto do diretor-geral, função hoje exercida pelo diretor-executivo do órgão, e 3) mediar eventuais conflitos de logística das três diretorias. Sobre o terceiro ponto, a principal preocupação é com a realização de operações, para que não ocorra duas (uma de cada área) planejadas para o mesmo dia, por exemplo. Hoje, o Dicor arbitra essas questões. A reestruturação voltou a ser tema neste ano a partir de sucessivos pedidos da coordenação-geral de drogas da PF para a criação de uma diretoria específica área. O ministro da Justiça, no entanto, decidiu ampliar as mudanças, dizendo que não havia sentido criar uma diretoria antidrogas e não criar uma de combate à corrupção.

PAINEL - *”PRF usa metodologia polêmica para divulgar resultados de operações de drogas”*: A Polícia Rodoviária Federal tem usado metodologia polêmica para divulgar operações. Além de anunciar a quantidade de drogas apreendidas, o órgão também fala em valores, dando a impressão de que o montante fora recuperado aos cofres públicos. A PRF cita apreensões que resultaram em R$ 5 bilhões neste ano. Os números anunciados são, na verdade, referentes ao prejuízo estimado ao crime organizado. Segundo a instituição, os valores levam em conta diversos itens, desde a origem da droga até o consumidor final, como custo da produção e preço pago pelo usuário. Nessa conta da PRF, o quilo da maconha é estimado em R$ 1 mil, e o da cocaína, R$ 41,7 mil. Nesta segunda-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro compartilhou uma foto celebrando os números da polícia rodoviária. “O montante é uma estimativa, para qual a PRF leva em consideração o valor gerado pelo comércio nos grandes centros e de consumo, dos produtos (drogas, veículos, armas, cigarros etc.) ao crime organizado. Desse modo, a monetização das apreensões realizadas pela PRF equivale a cerca de R$ 4,5 bilhões, receita que seria gerada aos criminosos caso os ilícitos chegassem ao consumidor final. Desse total, vale ressaltar cerca de R$ 25 milhões e US$ 2,5 mil foram retirados de circulação, ambos em espécie”, disse o órgão ao Painel.
De acordo com a PRF, mais de 600 toneladas de maconha foram apreendidas em 2020 e mais de 24 toneladas de cocaína. “Os valores estimados [das drogas] levam em consideração os custos desde a origem até o consumidor final. Isso quer dizer que no quilo de cada droga estão embutidos os custos da produção, a procedência, o grau de pureza, a logística de armazenamento e transporte, o comércio e o valor pago pelo traficante ou usuário da droga”, respondeu a assessoria de imprensa. Especialistas na área de segurança ouvidos pelo Painel dizem que a contabilidade das operações tem como principal objetivo comparação histórica, para testar a eficiência de estratégias escolhidas, sendo, portanto, mais importante saber quanto efetivamente foi recuperado. Além disso, afirmam, esses resultados servem também para medir qual é o foco que tem sido escolhido pelas polícias. A metodologia contrasta com a utilizada pela PF, que coloca na conta apenas bens existentes de fato (espécie ou patrimônio), que podem retornar à sociedade. As operações de combate a drogas, sejam da PRF ou da PF, são as mais compartilhadas pela família Bolsonaro. Apesar da preferência do clã, o valor apreendido pela Polícia Federal com corrupção ainda é bem maior do que o órgão consegue com drogas. Neste ano, são R$ 6,1 bilhões contra R$ 1 bilhão.

PAINEL - *”Novos casos de HIV em SP caem pelo terceiro ano seguido, feito inédito desde registro do vírus na cidade”*

PAINEL - *”Martinho da Vila diz ter ficado contente por ter sido retirado da lista da Fundação Palmares”*: Excluído da lista de personalidades históricas da Fundação Palmares, Martinho da Vila, 82, diz ter gostado. “Tem uma frase que é racista: negro de alma branca. No caso dele cabe perfeitamente”, diz sobre Sérgio Camargo, presidente da instituição. “Fiquei contente, porque me desvincula completamente daquela organização que não é mais minha, nossa, entendeu?”. O músico defende a criação de uma nova organização, que não tenha ingerência do poder público. Além dele, nomes como Leci Brandão, Elza Soares, Gilberto Gil e Milton Nascimento também tiveram os nomes retirados do panteão da entidade. “Esse governo não é um governo, no duro. É um desgoverno”, completa Martinho, crítico do presidente. “As pessoas não votaram no Bolsonaro, votaram contra o PT, contra tudo que estava rolando. Queriam uma saída outra. Aí caiu no colo. Ele não sabe como faz, não se comporta como presidente, não dá exemplo de presidente”.

*”Eleição muda correlação de forças nos estados e deve influenciar disputas em 2022”* - Os resultados das eleições municipais neste domingo (29) consolidaram mudanças na correlação de forças políticas nos estados com impactos nas disputas para os governos estaduais em 2022. O crescimento dos partidos nos estados, tanto em número de prefeituras quanto em número de eleitores governados nos municípios, dará impulso a líderes políticos que saíram vitoriosos nas urnas. Este será o caso, por exemplo, do DEM na Bahia e no Rio de Janeiro, do PSD no Paraná e em Minas Gerais, do PP no Piauí e em Alagoas, do PDT no Maranhão e do PSDB no Rio Grande do Norte. O PSDB de João Doria confirmou sua força no estado de São Paulo ao eleger prefeitos de 172 cidades paulistas, número levemente acima das 164 conquistadas há quatro anos. A conta inclui a capital paulista, onde Bruno Covas foi reeleito e derrotou Guilherme Boulos (PSOL). Ao mesmo tempo em que se manteve firme em São Paulo, os tucanos minguaram em estados como Goiás, Paraná, Mato Grosso e Pará, deixando de figurar entre forças políticas relevantes nestes estados.
Por outro lado, o partido cresceu no Rio Grande do Norte, saindo de 10 para 31 prefeitos, incluindo a capital. O desempenho fortalece a pretensão do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, de enfrentar a governadora Fátima Bezerra (PT) daqui a dois anos. O DEM avançou no Rio de Janeiro e na Bahia e será a sigla que mais pessoas governará nos municípios desses estados. No Rio, o partido governará cerca de 8 milhões de pessoas após sair de 2 para 10 prefeituras, incluindo a capital com o prefeito eleito Eduardo Paes. Na Bahia, o DEM governará 4,5 milhões de pessoas em 37 prefeituras: levou 9 das 30 maiores cidades do estado. O resultado deve esquentar a disputa pelo governo baiano, que deve opor Jaques Wagner (PT) e ACM Neto (DEM) em 2022. Principal adversário no estado, o PT ganhou 34 prefeituras na Bahia, mas sofreu reveses no segundo turno ao perder em Feira de Santana e Vitória da Conquista. Governará 750 mil baianos nos municípios. Colocando na balança o número de eleitores, os partidos da base do governador Rui Costa governarão nos municípios 6,7 milhões de pessoas. A oposição, por sua vez, governará 7,1 milhões. Outros 775 mil estarão em cidades governadas por PL e PDT, partidos que são base tanto de Rui Costa quanto de ACM Neto. Na correlação de forças, PSD e PP tornaram-se ainda mais importantes nas composições para a disputa do governo baiano. Liderado pelo senador Otto Alencar, o PSD terá 106 prefeitos, enquanto o PP terá 91.
O DEM também avançou em Minas Gerais: terá 84 prefeituras —mesmo número do PSDB— e será o segundo partido em número de eleitores governados. Ficará atrás apenas do PSD, que se consolidou como uma das principais forças políticas de Minas e governará 4,5 milhões de mineiros em 78 cidades. Os resultados colocam dois nomes no tabuleiro da sucessão do governador Romeu Zema (Novo), que deve disputar a reeleição: o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o senador Rodrigo Pacheco (DEM). Minas Gerais também será a principal base eleitoral do PT em número de eleitores governados nos municípios –1,8 milhão ao todo. O partido caiu de 52 para 28 prefeituras, mas comandará Contagem e Juiz de Fora, terceira e quarta maiores cidades do estado. Além de Minas, o PT terá a maior parte de seus prefeitos na Bahia, Piauí e Rio Grande do Sul. Nestes três estados, contudo, a maioria dos petistas eleitos governará cidades de pequeno ou médio porte. O DEM também avançou em Minas Gerais: terá 84 prefeituras —mesmo número do PSDB— e será o segundo partido em número de eleitores governados. Ficará atrás apenas do PSD, que se consolidou como uma das principais forças políticas de Minas e governará 4,5 milhões de mineiros em 78 cidades. Os resultados colocam dois nomes no tabuleiro da sucessão do governador Romeu Zema (Novo), que deve disputar a reeleição: o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o senador Rodrigo Pacheco (DEM). Minas Gerais também será a principal base eleitoral do PT em número de eleitores governados nos municípios –1,8 milhão ao todo. O partido caiu de 52 para 28 prefeituras, mas comandará Contagem e Juiz de Fora, terceira e quarta maiores cidades do estado. Além de Minas, o PT terá a maior parte de seus prefeitos na Bahia, Piauí e Rio Grande do Sul. Nestes três estados, contudo, a maioria dos petistas eleitos governará cidades de pequeno ou médio porte.
O partido tomou o lugar do MDB de Eunício Oliveira como principal força da oposição aos irmãos Cid e Ciro Gomes no Ceará. Líderes de partidos do centrão mostraram força no Nordeste. No Piauí, o PP saltou de 40 para 81 prefeituras, fortalecendo o senador Ciro Nogueira. O avanço acontece depois de ele ter rompido com o governador Wellington Dias (PT), pavimentando sua pretensão de disputar o governo do estado daqui a dois anos. Movimento semelhante aconteceu em Alagoas, onde o PP do deputado federal Arthur Lira saiu de 11 para 28 prefeituras. Apesar do crescimento robusto, o partido ainda está atrás do MDB do governador Renan Filho, que vai governar 37 municípios alagoanos a partir do ano que vem. Já a vitória de João Henrique Caldas (PSB), o JHC, em Maceió fortalece outro nome no tabuleiro: o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que foi um dos principais fiadores da candidatura do nome do PSB. O tucano, por outro lado, tem contra si o desempenho de seu próprio partido na eleição deste ano: o PSDB tinha 18 prefeituras em Alagoas e terá apenas duas a partir de 2021. No Maranhão, o PC do B de Flávio Dino perdeu espaço e caiu de 45 para 22 prefeitos. O campeão em prefeituras no estado será o PDT do senador Weverton Rocha, que se articula para ser candidato ao governo do estado na sucessão de Dino. O PDT, inclusive, apoiou no segundo turno em São Luís a candidatura de Eduardo Braide (Podemos), que acabou saindo vitorioso das urnas. O movimento implodiu a base aliada de Dino, que apoiou Duarte Júnior (Republicanos). Apesar de ter perdido na capital, o Republicanos do vice-governador Carlos Brandão saiu mais forte das eleições maranhenses, assim como o PL do deputado federal Josimar de Maranhãozinho.
Em estados como Paraná, Goiás, Tocantins e Paraíba, os novos governadores eleitos em 2018 funcionaram como uma espécie de imã para os candidatos a prefeito em cidades do interior. O resultado veio nas urnas. No Paraná, o PSD do governador Ratinho Júnior cresceu de 28 prefeitos eleitos em 2016 para 128 neste ano e governará uma em cada três cidades do estado. O crescimento se deu principalmente em cima do PSDB, que submergiu no Paraná. Outras legendas como Podemos e PSL também cresceram no Paraná. O PSL saiu de 4 para 24 prefeituras, tendo ali seu melhor desempenho dentre todos os estados brasileiros. Movimento semelhante aconteceu na Paraíba, onde o governador João Azevêdo trocou o PSB pelo Cidadania após romper com seu padrinho político, o ex-governador Ricardo Coutinho. O partido era nanico do estado e não havia conquistado nenhuma prefeitura na Paraíba em 2016. A partir do próximo ano, sob liderança do governador, terá 40 prefeitos no estado. O PSB de Ricardo Coutinho, por outro lado, viveu um movimento contrário: elegeu 56 prefeitos há quatro anos e terá apenas 5 a partir de 2021. Já o PV não elegeu nenhum prefeito no estado, o que dificultará as pretensões de Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, em disputar o governo.
+++ A reportagem faz uma série de associações e projeções e as apresenta como se fossem lógicas exatas. No entanto, tratam-se de projeções que não respeitam o funcionamento da política.

*”PT tem força de Lula questionada, admite erros na eleição, mas diz que nem tudo foi culpa do partido”* - Após uma eleição em que deixou de conquistar capitais pela primeira vez, viu seu número de prefeituras cair quase um terço e teve questionada a força do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT admite que sofreu um dos maiores reveses de sua história. Mas afirma que parte das razões para isso fugiram ao seu controle. O partido agora tenta se recompor para evitar a repetição desse cenário em 2022 e busca dissociar os resultados do último domingo (29) das chances de retomar a Presidência. “Não podemos dourar a pílula, o PT sofreu uma derrota”, diz o secretário de Comunicação da sigla e candidato derrotado a prefeito de São Paulo, Jilmar Tatto. O problema de fundo, diz ele, é que o eleitorado não enxergou no partido uma alternativa ao governo de Jair Bolsonaro. “O povo foi conservador. Em 2018, votou no Bolsonaro e sua vida piorou, em função da pandemia e do desemprego. Mas agora ficou com medo de mudança." Em termos práticos, isso significou, segundo Tatto, a opção por candidatos e partidos tradicionais. “Esse movimento do eleitorado contra Bolsonaro não veio para nós, ele foi para o centro”, diz.
Apesar disso, Tatto aponta como triunfo o fato de o PT ter contribuído para a derrota de candidatos mais ligados ao presidente. “Iniciamos a campanha para derrotar o obscurantismo e o fascismo. Isso nós conseguimos, não é pouca coisa." Mesmo tendo queda de 256 para 183 cidades administradas, ou 28,5%, o PT enxerga alguns pontos positivos numa eleição deprimente. Conseguiu estar em 15 segundos turnos e venceu em 4: Contagem e Juiz de Fora, em Minas, Diadema e Mauá, em São Paulo. Há quatro anos, esteve em 7, perdendo em todos. Especialmente festejado foi o fato de ter retornado ao poder na região do ABCD Paulista, berço do partido. No cômputo geral, o PT manteve praticamente inalterado o número de eleitores que governará, pouco mais de 6 milhões.
Além disso, desfez em parte a imagem de partido “fominha”, abrindo espaço para aliados em cidades como Porto Alegre, Florianópolis e Belém. Na capital paraense, indicou o vice do prefeito eleito, Edmilson Rodrigues (PSOL). O fato de a base de comparação ser com 2016 não serve de grande alento, no entanto, porque representou o fundo do poço para o partido, durante o auge da Lava Jato. Em um balanço publicado em seu site, o PT diz que parte do resultado negativo se deve a uma ofensiva desleal que sofreu ao longo da campanha. “O Brasil viveu neste segundo turno as eleições mais sujas de sua história, diante da conivência das autoridades e da mídia hegemônica, retrocedendo o país aos tempos da República Velha”, afirma o artigo. O senador Jaques Wagner (BA) questiona a avaliação de que o partido perdeu, e considera que o resultado ficou no “zero a zero”. “É evidente que a gente esperava que o desempenho fosse melhor. Mas seguramente não é a catástrofe que alguns querem impor."
Houve uma série de dificuldades para o partido, afirma Wagner. Uma das principais, diz, é o fato de Lula não ter podido fazer campanha pelo Brasil, como costuma acontecer em todas as eleições, por causa da pandemia. “Lula só fez gravações. Parte da nossa força é a rua, que estava interditada pela Covid”, afirma o senador baiano. Outro ponto que ele destaca como prejudicial ao PT é a liberação do auxílio emergencial pelo governo federal, que favoreceu quem buscava a reeleição. “Quem está sentado na cadeira, no momento em que o povo está doente e assustado, e com o auxílio que chegou, teve uma condição privilegiada”, diz Wagner. O senador afirma que o PT errou ao lançar muitas candidaturas pelo país, o que gerou uma grande demanda pelo fundo eleitoral. “Acabou não sendo suficiente para todos." Ex-presidente do partido, o deputado federal Rui Falcão (SP) afirma que a eleição mostrou um PT resistente, mas que precisa fazer um balanço interno. “A eleição mostrou que o PT, mesmo atacado pela direita e pelas elites dominantes, não desapareceu. Permanece vivo, embora deva passar por um balanço autocrítico e por reformas profundas." Para Falcão, é vital reorganizar o partido desde a base e desburocratizar seu funcionamento. E, sobretudo, a legenda falhou ao não investir com força na pauta nacional anti-Bolsonaro. ”Faltou na campanha um entrelaçamento maior das questões locais com os problemas nacionais. Um confronto mais nítido com Bolsonaro, seu governo e suas políticas”, diz.
O partido ainda deverá fazer um debate interno sobre a eleição, em que possivelmente a estratégia eleitoral da direção deverá ser questionada. As chances de uma mudança de comando são escassas, contudo, porque a presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), tem o apoio de Lula e ainda mais três anos de mandato. O ex-senador Aloizio Mercadante afirma que o grande derrotado da eleição foi o bolsonarismo, por não ter conseguido se firmar em um partido e não ter tido candidatos competitivos. Mas a esquerda também perdeu espaço, pondera. “O PT teve uma grande queda em 2016 e não conseguiu voltar ao que era antes disso. Fica um imenso desafio para o partido voltar a ter a presença que teve no passado”, afirma Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, centro de estudos do PT. A primeira tarefa para o partido, diz, é atrair sangue novo. “O PT precisa se abrir para trazer novas lideranças. Vai ter que se reestruturar para atrair novos talentos." Para 2022, o mais importante é não haver “canibalização da esquerda”. Até porque, diz, o resultado municipal não será definidor para o nacional. “Tínhamos sofrido uma grave derrota nas eleições municipais de 2016, o golpe [impeachment de Dilma Rousseff], a prisão do Lula e fomos para o segundo turno na eleição presidencial [em 2018]”, afirma Mercadante.

*”Em vitória para Ciro Gomes, PDT e PSB formam cinturão em capitais do Nordeste”* - A aliança entre o PDT e PSB, projetada para ser um laboratório dos partidos para a disputa presidencial de 2022, terminou as eleições formando uma espécie de cinturão em capitais de estados do Nordeste. Os dois partidos firmaram dobradinhas em sete capitais, com vitórias em três delas neste domingo (29). O PSB vai para o seu terceiro mandato consecutivo no Recife e também governará Maceió, em ambos os casos com vices do PDT. Já os pedetistas mantiveram o comando de Fortaleza com um vice pessebista e também venceu em Aracaju, mas sem o PSB na aliança. A vitória mais simbólica para o PDT e para Ciro Gomes, provável candidato do partido à Presidência da República, aconteceu na capital cearense. O deputado estadual José Sarto (PDT) superou o deputado federal Capitão Wagner (Pros) em uma disputa mais acirrada do que previam as pesquisas de intenção de voto. A vitória aconteceu após o candidato consolidar uma ampla aliança no segundo turno que incluiu desde partidos de centro-direita, como o DEM e PSDB, até legendas de esquerda, como PT e PSOL. Na comparação com 2016, o partido terá a mais a prefeitura de Aracaju. O prefeito Edvaldo Nogueira, que há quatro anos foi eleito pelo PC do B, migrou para o PDT no início deste ano e acabou sendo reeleito.
A reeleição de Edvaldo o credencia como um provável candidato ao governo de Sergipe em 2022, já que o governador Belivaldo Chagas (PSD), aliado do prefeito, não pode disputar um novo mandato No caso do PSB, vencer no Recife era questão de honra. O partido apostou todas as fichas na vitória de João Campos contra Marília Arraes (PT) e acabou prevalecendo mesmo com as altas taxas de rejeição do prefeito Geraldo Julio (PSB). O PSB ainda venceu a Prefeitura de Maceió com João Henrique Caldas, o JHC, em chapa que teve como vice o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). A dupla impôs uma derrota aos grupos políticos do prefeito Rui Palmeira (sem partido) e do governador Renan Filho (MDB). Também houve vitórias dos dois partidos em cidades médias como Niterói e Petrópolis, no Rio de Janeiro, em em Serra, que é a maior cidade do Espírito Santo. "A parceria deu certo. É embrião do futuro de uma centro-esquerda responsável que vai trabalhar para buscar um caminho para o país", avalia o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. O resultado nas urnas também marca distanciamento dos dois partidos em relação ao PT, um aliado histórico.
PDT e PT não se apoiaram mutuamente em nenhuma das 26 capitais. Já o PSB apoiou os petistas apenas em Salvador, onde a candidata Major Denice (PT) foi derrotada ainda no primeiro turno. O embate direto entre PSB e PT no segundo turno no Recife serviu para aprofundar ainda mais o fosse entre os dois grupos políticos, deixando abertas feridas difíceis de cicatrizar. O Recife já havia sido palco de uma das negociações mais delicadas entre PSB e PDT, que quase resultou em uma implosão da aliança nacionalmente, inclusive com ameaças de dissolução de acordos já firmados em outras capitais. O apoio acabou sendo consolidado, mas acabou passando por turbulências durante a campanha após o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) tomar direção contrária à do partido e apoiar Marília Arraes. A movimentação obrigou o PDT a reafirmar o seu apoio a João Campos em um ato de campanha realizado no Recife com a presença de Ciro Gomes.
Se a parceria entre PDT e PSB rendeu bons resultados no Nordeste, o mesmo não aconteceu nas capitais das demais regiões. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as candidaturas do ex-governador Márcio França (PSB) e da deputada estadual Martha Rocha (PDT) foram derrotadas ainda no primeiro turno. O mesmo aconteceu em Porto Alegre com a candidatura de Juliana Brizola (PDT) e em Goiânia com Elias Vaz (PSB), que também perderam. Já neste segundo turno, a prefeita de Rio Branco Socorro Neri (PSB), que tinha um vice do PDT, não conseguiu a reeleição e perdeu para Tião Bocalom (PP). Por outro lado, o PDT de Ciro Gomes fez algumas apostas certeiras nos demais estados do Nordeste. Em Salvador, terá Ana Paula Matos como vice do prefeito eleito Bruno Reis (DEM). O partido também terá Aila Cortez como vice-prefeita de Natal, onde o prefeito Álvaro Dias (PSDB) reelegeu-se ainda no primeiro turno. No segundo turno, o partido apoiou Eduardo Braide (Podemos) em São Luís e Cícero Lucena (PP) em João Pessoa –ambos saíram vencedores. Por outro lado, a legenda perdeu em Teresina, onde apoiou Kleber Montezuma (PSDB).

ANÁLISE - *”Meteoros vermelhos caem, esquerda se renova na derrota e centrão domina”*
*”Eleição 2020 traz poucas mudanças ideológicas nas capitais”*
JOEL PINHEIRO DA FONSECA - *”O Brasil optou pela política, mas será a velha ou a nova?”*
*”Viradas eleitorais e disputas apertadas marcam o segundo turno no país”*

*”Grupos diferentes podem ter atacado sistema do TSE, diz Barroso”*

ENTREVISTA - *”Vou atuar para que esquerda se una no Brasil não só na véspera de eleição, diz Boulos após derrota em SP”*: Isolado em casa por estar com Covid-19, Guilherme Boulos (PSOL) diz que quer trabalhar no plano nacional contra o distanciamento entre os partidos de esquerda, após sair derrotado do segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo. Em entrevista à Folha, na tarde desta segunda-feira (30), por telefone, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) afirmou que, apesar do fracasso, seu desempenho indica uma tendência de fortalecimento do chamado campo progressista. "A lição que fica é a da importância da unidade. E acho que a gente vai saber amadurecer", disse Boulos, que aglutinou em torno de sua candidatura no segundo turno PT, PC do B, PDT, PSB, Rede, PCB e UP.
- Como está sua saúde?
- Estou bem. Tive só sintomas leves até aqui. Um pouco de cansaço e dor no corpo, mas estou me recuperando bem e cumprindo a quarentena em casa.

- O médico receitou algum medicamento?
- Não, o dr. Esper [Kallás] só pediu para manter o acompanhamento. Ele pediu que, se houvesse algum sintoma mais forte, reportasse a ele.

- Levou bronca dos seus pais [que são médicos infectologistas]?
- [risos] Não. Meus pais viram também que eu, não só na campanha, mas antes, busquei tomar cuidados. Nunca deixei de andar de máscara, sempre busquei seguir os protocolos sanitários. Infelizmente, acabei contraindo o vírus.

- Uma pergunta direta: por que o sr. perdeu a eleição?
- A gente pode analisar uma série de fatores, a começar pelas condições desiguais desde o princípio. Eu tinha 17 segundos na televisão, e Bruno Covas tinha quase quatro minutos. No segundo turno, que foi o mais curto da história das eleições, as condições se igualaram do ponto de vista de TV, mas não do de recursos. As restrições colocadas pela pandemia também afetaram mais diretamente uma campanha como a minha, de mobilização muito forte, de rua.

- Do ponto de vista emocional, como encara o resultado? Alguma frustração ou raiva?
- Tenho um sentimento profundo de missão cumprida. É evidente que eu queria ganhar. Quem entra em eleição entra para ganhar. Até porque sei o quanto a periferia de São Paulo está sofrendo com abandono e com o descaso. Ao longo da campanha, conseguimos fazer uma mensagem ecoar, a de que essas pessoas, que muitas vezes são invisibilizadas e abandonadas pelo poder público, não estão sozinhas. E não foi por acaso que tivemos uma vitória importante em vários distritos da periferia. Eu e a [Luiza] Erundina [candidata a vice, também do PSOL] plantamos esperança. Uma campanha feita em condições muito desiguais, uma batalha de Davi contra Golias.

- Com a marca de R$ 19 milhões, Covas gastou e arrecadou mais do que os outros candidatos, mas o sr. também teve uma ajuda expressiva do PSOL, cerca de R$ 3,7 milhões.
- O investimento do partido foi absolutamente proporcional à dimensão da candidatura. Pela primeira vez na história do PSOL se fez uma candidatura que chegou ao segundo turno na maior cidade do Brasil.

- O que o sr. disse a Covas na ligação no domingo em que reconheceu a derrota?
- Foi uma conversa rápida e protocolar. Apenas o parabenizei pela vitória e desejei boa sorte.

- O que espera do novo governo dele?
- Espero que tenha o mínimo de humildade de entender também um recado que as urnas deram. É verdade que elas deram uma vitória para ele, mas 2 milhões de paulistanos, que votaram no nosso projeto, votaram pela mudança. Espero que ele possa olhar para esse resultado e ver a necessidade de atender mais às demandas da periferia, do povo mais pobre.

- O discurso do sr. apontou para o cenário nacional. A partir de agora, passa a ter um olhar mais para as questões nacionais ou vai se concentrar no plano local, como oposição a Covas e Doria?
- Eu moro em São Paulo, então naturalmente estou ligado às questões de São Paulo, como sempre estive. Mas também fui candidato a presidente da República. A partir do ano que vem, mesmo estando vinculado ao temas de São Paulo, ao enfrentamento da desigualdade na cidade, vou estar mais focado em temas nacionais com o desafio de ajudar a construir uma unidade no campo progressista e da esquerda.

- O sr. cogita ou rejeita a ideia de disputar a Presidência ou o governo do estado em 2022?
- O que essa nossa campanha mostrou é que é possível uma articulação e uma união de figuras de campos de esquerda que estavam afastadas até aqui. Fazer qualquer tipo de debate de nomes, num momento como este, eu não acho que ajude no processo de unidade.

- E cargo no Legislativo? Deputado federal?
- Isso não está colocado para mim hoje.

- Ainda que uma definição dependa de acordos, pessoalmente como o sr. quer contribuir?
- Eu acabei de sair de uma eleição. Fui candidato a prefeito, tive mais de 2 milhões de votos, fui ao segundo turno. Não sou daqueles que pensam e fazem política a cada dois anos. Política para mim não é carreira, não é subir degraus. O que está na minha pauta agora não é a próxima eleição. Neste momento, estou preocupado em ajudar a organizar forças progressistas e democráticas da sociedade para enfrentar esses desafios.

- Acha possível aparar arestas que existam entre partidos que o apoiaram no segundo turno, como PT, PDT e PSB?
- As diferenças que existem hoje no campo progressista estão no varejo perto daquilo que nos separa do projeto bolsonarista, do Doria. Nós, da esquerda, tivemos uma presença forte no segundo turno, um cenário muito diferente dos de 2016 e 2018, do ponto de vista da força de um projeto progressista.

- E do ponto de vista pragmático houve derrotas nas urnas.
- Olha, nem sempre é no tempo que a gente quer, do jeito que a gente quer. A gente tem que olhar as coisas não apenas pelo resultado de uma eleição, mas pelas tendências. Esta eleição pode ser um enfraquecimento considerável de um ciclo de autoritarismo. Prefiro olhar para a frente.

- Como construir essa unidade, já que os partidos se veem no direito de lançar candidaturas próprias no primeiro turno?
- Estou falando de uma união que também não pode ser construída às vésperas da eleição. Estou falando de um "caminhar juntos" do campo progressista para tirar o Brasil desse atoleiro. Eu vou ajudar a construir, tendo saído mais forte das eleições, um processo de unidade do campo progressista, não apenas do ponto de vista eleitoral, mas também da disputa política. Não se trata de algo que se encerrou no dia de ontem [domingo]. Está começando. A nossa campanha aponta para o início de um novo ciclo.

- Quando diz que é algo que está começando, a que exatamente se refere?
- A novidade da nossa campanha foi que ela mobilizou a juventude. Fez os jovens voltarem a acreditar na política como instrumento de transformação. Isso vai muito além de uma eleição. Foi um caldo gerado, que não vai acabar aqui.

- Há uma análise de que a esquerda se desconectou do eleitor. Acha que as duas partes começam a falar a mesma língua?
- O mapa eleitoral mostra que nós tivemos o melhor resultado da esquerda na periferia desde 2012. A nossa campanha fez com que essa mensagem voltasse a chegar às periferias. É evidente que não foi suficiente, nós não ganhamos a eleição. Há um processo em amadurecimento, em construção, de reconexão da esquerda com a base popular, e também de decepção da base popular das periferias com o projeto que ganhou as eleições de 2018.

- ​O sr. assumiu um espaço que era do PT?
- O PT é um partido com forte enraizamento social no Brasil. Tem a sua capilaridade, precisa ser respeitado. E a unidade que nós pretendemos construir contra o bolsonarismo naturalmente inclui o PT.

- Falou com Lula desde o domingo?
- Não. Vou esperar estar totalmente recuperado da Covid para retomar os contatos políticos, inclusive de agradecimento àqueles que estiveram conosco.

- O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, disse que o sr. "sai credenciado como o principal nome da esquerda em São Paulo". Isso significa que qualquer aliança do campo na capital tem que passar pelo sr.?
- Eu não tenho a arrogância de achar que qualquer conquista seja pessoal. A conquista que nós tivemos foi feita a várias mãos, com um papel da militância, não só do meu partido. Com certeza, nós vamos fazer parte da mesma que discutirá a unidade do campo progressista, como temos feito até aqui.​

- Faz alguma autocrítica? Há algum erro da sua campanha de que se arrepende?
- Não existe campanha só com acerto. Certamente, nossa campanha, ao longo da trajetória, poderia ter feito coisas que não fez, [mas] não vejo que teve erro político de condução. Francamente, eu não busco bode expiatório.

- A fala sobre a Previdência [de que mais concursos públicos seriam parte da solução do déficit], que o sr. teve que explicar várias vezes, pode ser considerada um erro?
- Aquilo eu já tive a oportunidade de deixar muito claro e ficou absolutamente encerrado. Eu me expressei mal.

- Isso pode ter trazido prejuízo eleitoral?
- Não creio que isso tenho influenciado o resultado das eleições.

- Em relação ao fato de não ter declarado sua conta bancária [à Justiça Eleitoral], poderia ter havido mais transparência da sua parte?
- Acho que, se cabe alguma autocrítica naquele episódio, é da própria Folha, que, aliás, a ombudsman fez, sobre a maneira como aquilo foi noticiado, de uma forma, infelizmente, pouco esclarecedora. O fato de o meu advogado não ter colocado um saldo de R$ 579 da conta bancária e isso ter virado um assunto da campanha, francamente, esse não foi um erro da minha campanha.

- Sua campanha e as de outros candidatos tiveram eventos com aglomeração. Admite alguma responsabilidade sobre isso?
- A nossa campanha buscou seguir os protocolos sanitários em relação à pandemia. Nem sempre foi possível, isso é verdade, mas houve um esforço.

- O fato de manter agendas de campanha, mesmo reduzidas, após saber do resultado positivo da deputada Sâmia Bomfim (PSOL), gerou críticas, inclusive com a hashtag "Boulos genocida". Como o sr. responde?
- Quem subiu essa hashtag foi o gabinete do ódio. É preciso dar nome aos bois. Eu segui absolutamente todo o protocolo e orientação do Ministério da Saúde. O contato eventual com alguém que testou positivo e ambos de máscara não demandaria qualquer tipo de isolamento ou de interrupção de atividade social.

- Se tivesse ido ao debate da TV Globo e saído às ruas nos dias finais, teria conseguido virar o placar?
- É difícil dizer se teria sido suficiente para virar. Agora, certamente o fato de não ter ocorrido o debate da Rede Globo, que seria o de maior audiência, foi um prejuízo maior à nossa candidatura do que à do meu adversário.

*”Covas deve dar espaço ao vice no governo e quer mulheres e negros no 1º escalão”*
*”Doria vai ter que se nacionalizar para 2022, diz FHC”*
*”Abstenções, brancos e nulos em SP superam votos em Covas no 2º turno”*

*”PSDB mantém cinturão tucano na Baixada Santista, mas perde 4 grandes cidades de SP”* - O cenário de 2016 praticamente se repetiu: o PSDB manteve o “cinturão tucano” na Baixada Santista nas eleições e vai controlar a maioria das cidades da região de 2021 a 2024. Entre as 28 cidades com mais de 200 mil eleitores em São Paulo, porém, perdeu quatro municípios em relação à eleição anterior. Das nove cidades da região litorânea, o partido saiu vitorioso em seis, uma a menos do que há quatro anos, mas, mesmo onde foi derrotado, teve bom desempenho nas urnas. O partido, que já tinha garantido cinco cidades em 15 de novembro (Santos, Cubatão, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga), levou neste domingo (29) Praia Grande, a terceira mais populosa da região, com 330 mil habitantes. Em Santos, principal município da Baixada, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), há oito anos no cargo, fez o sucessor, Rogério Santos, ainda no primeiro turno, com 50,58% dos votos válidos, à frente de Ivan Sartori (PSD), com 18,60%. “Tenho convicção de que o Rogério vai dar continuidade a este trabalho que iniciamos juntos há oito anos”, disse o atual prefeito em suas redes sociais. Neste domingo, ele parabenizou os todos os eleitos na região e disse querer que todos trabalhem em conjunto, para cuidar e proporcionar mais qualidade de vida aos moradores da região. Dos 1,88 milhão de habitantes, o partido governará para 1,13 milhão.
Nas outras três cidades da Baixada, a eleição foi pulverizada, mas com candidatos tucanos tendo boa votação em duas delas. Em São Vicente, o eleito neste domingo foi Kayo Amado (Podemos), que derrotou Solange Freitas (PSDB), por 56,3% a 43,7% dos votos válidos. Ela havia terminado o turno inicial na liderança, com 41,47%. Já em Mongaguá, o futuro prefeito será Márcio Cabeça (Republicanos). Atual vice, foi eleito em 2016 pelo PSDB e, agora, derrotou o tucano Rodrigo Casa Branca por uma diferença de 1.706 votos. A exceção é Guarujá, onde Válter Suman (PSB) foi eleito ainda no primeiro turno com 75,68% dos votos e o candidato do PSDB, André Guerato, foi o sexto, com 1,52%. A manutenção do cenário na Baixada Santista não se refletiu em sua totalidade quando avaliados os resultados nos 28 municípios com mais de 200 mil eleitores em São Paulo —e que poderiam ter segundo turno. No estado, a sigla venceu em 10 dessas 28 cidades, 4 a menos do que há quatro anos. Apesar de ter vencido em Carapicuíba, onde o PV tinha levado a eleição em 2016, o PSDB não manteve Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Piracicaba, Taboão da Serra e Taubaté.
Em Mogi das Cruzes, depois de terminar na liderança do turno inicial com 42,29%, o tucano Marcus Melo foi derrotado por Caio Cunha (Podemos) neste domingo, quando obteve 41,61% dos votos válidos. Atual prefeito, Barjas Negri também foi derrotado em Piracicaba por Luciano Almeida (DEM), por 54,2% a 45,8%, cenário que se repetiu em Taboão da Serra, onde o tucano Engenheiro Daniel alcançou 49,37%, ante os 50,63% de Aprigio (Podemos). Em Itaquaquecetuba, o partido fez parte da coligação que elegeu o delegado Eduardo Boigues (PP). Já em Taubaté, não chegou ao segundo turno. No geral, o mapa da disputa nas principais cidades paulistas mostra o PSDB com 10 prefeituras, incluindo a capital, seguido por Podemos (4), MDB (3), PSD, Republicanos e PT (2 cada) e PSB, DEM, PL, Patriota e PP (1 cada). O PSDB, em comunicado, disse ser o partido mais votado do país e que vai governar, a partir do ano que vem, para o maior número de brasileiros. “Pelos próximos 4 anos, estaremos no comando de 520 cidades, onde vivem 36 milhões de pessoas [16,2% da população]. Elegemos ainda 417 vice-prefeitos e 4.336 vereadores em todo o Brasil.” O PSDB vai governar quatro capitais --São Paulo, Natal, Porto Velho e Palmas-- e outras 14 cidades com mais de 200 mil eleitores. Dessas, cinco são de outros estados: Caruaru (PE), Pelotas, Caxias do Sul e Santa Maria (as três no RS) e Governador Valadares (MG).

*”Primeira prefeita eleita em Bauru é jovem, negra, evangélica e conservadora”* - Primeira mulher eleita prefeita de Bauru, jovem, negra, evangélica e conservadora. Assim pode ser descrita a jornalista Suéllen Rosim (Patriota), 32, que neste domingo (29) venceu a eleição para a prefeitura da cidade localizada a 329 km de São Paulo. Numa disputa em que seu partido entrou com chapa pura e em que teve apenas 14 segundos de tempo de TV no horário eleitoral no primeiro turno, Suéllen derrotou o médico e ex-vereador Raul Gonçalves Paula (DEM), 59, que estava em sua segunda tentativa de chegar à prefeitura. A jornalista obteve 89.725 votos, 55,98% dos votos válidos, ante os 44,02% do adversário, que recebeu 70.558 votos e tinha uma coligação formada por mais três partidos —PSL, PP e MDB. No primeiro turno, Suéllen já tinha liderado, mas com placar de 36,12% a 33,28%. O atual prefeito, Clodoaldo Gazzetta (PSDB), que tentava a reeleição, obteve 8,91% e ficou fora do turno final. Evangélica, com um vice católico, o médico Orlando Dias (Patriota), 66, ela disse não ter enfrentado problemas em relação à religião, mas o mesmo não pode ser dito sobre a sua cor.
Nesta segunda-feira (30), por exemplo, Suéllen recebeu mensagens racistas publicadas em um grupo de WhatsApp e em redes sociais e afirmou que não se silenciará. Uma das mensagens dizia: “Bauru não merecia ter essa prefeita de cor com cara de favelada comandando nossa cidade. A senzala estará no poder nos próximos quatro anos”. “São coisas que sabemos que existem e nos chateiam porque isso não é algo que nos valida ou não. Combater o racismo é desgastante, mas necessário. Tomei as medidas, registrei um B.O. pedindo providências para responsabilizar os envolvidos”, disse a prefeita eleita. Foi a primeira disputa à prefeitura de Suéllen, mas não sua primeira eleição, já que em 2018 tentou ser deputada estadual. Foi a terceira mais votada na cidade, com 15.572 votos. A disputa de dois anos atrás foi decisiva para que a jornalista deixasse o emprego que tinha havia oito anos na TV Tem, afiliada da Rede Globo na cidade, onde era repórter e apresentadora e no qual estava desde que se formou na Unitoledo, em Araçatuba.
“São duas coisas que não daria para conciliar. Para manter a imparcialidade necessária, seria impossível [seguir como jornalista]. A minha vinda para a política tem a ver com a conexão da rua, já que o jornalismo aproxima muito da população. A diferença é que, para ir além da profissão, a política é uma das ferramentas para resolver os problemas. Ela deve ser vista como solução, não problema.” Problemas, aliás, é o que ela encontrará a partir de 1º de janeiro. Além dos reflexos da pandemia do novo coronavírus, que em Bauru já resultou em 17.849 casos confirmados e 268 mortes, para uma população de 379.297 habitantes, o abastecimento de água, o tratamento de esgoto e a geração de empregos são questões que devem ser prioridades, segundo Suéllen. A transição com Gazzetta deverá começar de imediato, de acordo com o atual prefeito. “Parabenizo inicialmente pela campanha limpa e desejo à prefeita eleita, jornalista Suéllen Rosim, e ao vice-prefeito, dr. Orlando Costa Dias, uma gestão de sucesso e que possam contribuir com o desenvolvimento sustentável da nossa cidade. A partir de amanhã [segunda] estou colocando toda a prefeitura à disposição para um processo de transição”, escreveu Gazzetta logo após a divulgação do resultado, na noite de domingo (29).
Outro problema será como conseguir aprovar projetos na Câmara já que, sem coligação com nenhuma outra sigla, o Patriota elegeu apenas um vereador, Marcelo Afonso. “Fizemos um só, mas foi uma característica geral, com muitos partidos elegendo poucos nomes. Houve disputa até ontem [domingo], agora a apuração já terminou. Temos de dialogar para trabalhar o bem comum, que é Bauru.” O Legislativo local tem 17 cadeiras e terá, a partir de 1º de janeiro, políticos de 13 legendas. Só PSL, DEM, MDB e Republicanos conseguiram duas vagas cada um. Dos eleitos à Câmara, apenas três são mulheres. Suéllen disse esperar que sua eleição contribua para que a “porta permaneça aberta para que outras mulheres continuem passando por ela”. Mulher, primeira prefeita, jovem, negra, evangélica e conservadora. Falta algo? “Eu acrescentaria que vou governar para todos. Ao longo da minha carreira construí uma zona de conforto entre as duas frentes [profissão e política]. Hoje tenho diálogo extremamente aberto com todos, até porque não tem como ser diferente.”

ENTREVISTA - *”Não vou rivalizar com Bolsonaro e farei mais política, diz Eduardo Paes, prefeito eleito do Rio”*
*”Filhos de Bolsonaro serão principais pontes de Eduardo Paes com presidente”*

*”Eleição virulenta entre primos no Recife acentua feridas nacionais de PT e PSB”* - A disputa eleitoral bastante virulenta entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), com vitória do filho do ex-governador Eduardo Campos, deixou feridas profundas que podem demorar a cicatrizar. O acirramento a partir de Pernambuco contribui para afastar ainda mais o PT do bloco de esquerda para 2022 costurado por PSB e PDT, que estreitaram laços a partir de alianças estratégicas nestas eleições municipais. No âmbito estadual, o primeiro efeito prático deve ser o desembarque do PT da gestão do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). A expectativa é de que o secretário de Agricultura, Dilson Peixoto, ligado ao senador Humberto Costa (PT-PE), deixe o cargo. Até outubro, o PT ocupava o primeiro escalão da gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB). Já o PSB esteve presente nas últimas três gestões petistas no Recife, integrando a vice do ex-prefeito João da Costa (PT) entre 2009 e 2012.
Em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (30) a um canal de televisão, o prefeito eleito do Recife, João Campos, deixou claro que firmou compromisso de que o PT não vai fazer qualquer indicação política durante os quatro anos de sua gestão. Logo após o resultado das eleições, Paulo Câmara, em entrevista ao UOL, reconheceu que o embate muito duro travado entre duas candidaturas do campo progressista deve gerar reflexões sobre a aliança em nível estadual com o PT. “Nesta semana, vamos avaliar tudo que aconteceu, baixar a poeira e conversar. É um processo a se avaliar”, disse. Historicamente, o PSB de Pernambuco tem força dentro da executiva nacional para decidir os rumos da sigla. Foi assim no apoio ao candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) no segundo turno de 2014, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e na reaproximação com o PT em 2018. Foi a partir de Pernambuco que um acordo costurado entre Paulo Câmara e o ex-presidente Lula, em 2018, por exemplo, garantiu a neutralidade do PSB no primeiro turno presidencial daquele ano e isolou Ciro Gomes (PDT). Na ocasião, Marília Arraes, que pretendia disputar a eleição contra Câmara, acabou retirada da disputa.
Nos bastidores, Humberto Costa, que defendeu até o último momento que o partido deveria ter se aliado ao PSB no Recife, já se posiciona pela saída da gestão Câmara. Na avaliação que faz em reserva dentro da sigla, após os intensos ataques sofridos pelo PT ao longo do segundo turno, não há mais como ocupar cargos em um governo do PSB. A grande encruzilhada do PT, mesmo desembarcando do governo do PSB, é como lidar com a Marília Arraes que saiu das urnas. Ela sofreu uma derrota eleitoral, mas sai fortalecida politicamente após ameaçar a quebra da hegemonia do PSB em Pernambuco, que já dura 14 anos. Naturalmente, pela disputa competitiva, Marília se coloca como principal liderança condutora do processo de oposição ao PSB. Em discurso após a derrota, ela disse que o PSB estava acostumado a vencer de lavada em Pernambuco e que, agora, foi diferente. “Conseguimos rachar a muralha do PSB. Da próxima vez, a gente derruba”, afirmou. Também sinalizou que a viabilidade para tirar o PSB do poder em Pernambuco passa por uma aliança com partidos posicionados mais ao centro do espectro político.
Ao lado do prefeito reeleito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e do presidente do Podemos em Pernambuco, Ricardo Teobaldo, a candidata petista deixou claro que tem um rumo definido e que pretende liderar o processo de oposição. "Aqui começa uma nova articulação da oposição no estado de Pernambuco”, disse Marília. A cientista política Priscila Lapa avalia que as feridas reabertas são grandes, mas que o processo político recente, com rompimentos e reaproximações entre PT e PSB, mostra que elas não são incuráveis. Ela avalia que o partido agora precisa definir o que fazer com Marília. “Importante ressaltar que o PSB tentou até o fim que o PT firmasse a aliança. E aí, hoje eles têm um perfil de uma liderança política do partido que pode ser o grande calo da aliança no futuro”, diz. Na avaliação da cientista política, Marília era apenas um teste. “Ela passou pelo teste, vai para rua, mostra capacidade e tem uma votação expressiva. Não é desprezível." Lapa diz não ser improvável que, daqui a dois anos, o PT faça parte do governo municipal. “O PT consolidou um revés. Escolheu uma estratégia nacional que não funcionou. Agora, está com o pires na mão. Marília é o grande empecilho disso e ela não vai junto”, explica. Marília não tem o DNA petista. Foi forjada na escola do PSB. Durante a campanha, teve dificuldade de defender o legado do partido e vem se colocando como representante da nova geração do PT. Traçou uma linha para se diferenciar de nomes da sigla envolvidos em casos de corrupção. “Ela não é petista. Então ela não teria, por exemplo, dificuldade de procurar um partido mais de centro”, diz Priscila Lapa.
No campo da direita para 2022, o ex-ministro da Educacão Mendonça Filho (DEM), que ficou na terceira colocação na disputa pela Prefeitura do Recife, carrega o peso de nunca ter ganho uma eleição majoritária como cabeça de chapa. Ele teve dificuldade de construir a unidade entre os partidos de seu campo. A direita acabou saindo fragmentada e viu dois candidatos progressistas chegarem ao segundo turno. O deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE), que vislumbrava ser candidato a prefeito da capital neste ano, não conseguiu se viabilizar e acabou apoiando a delegada Patrícia Domingos (Podemos), que terminou em quarto lugar. Com isso, o projeto de Coelho para 2022 perde força após ele ser um dos maiores derrotados do pleito. Outros nomes que surgem com força no campo de oposição ao PSB são o da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e do prefeito reeleito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Bolsonaro no Senado. O candidato natural do PSB à sucessão do governador Câmara seria o atual prefeito do Recife, Geraldo Julio. Ele saiu bastante desgastado desta eleição, mas, ainda assim, conseguiu fazer o sucessor. Internamente, uma ala do PSB já questiona o potencial eleitoral de Geraldo para 2022.

*”Candidatas triunfam nas três disputas de segundo turno com mulheres em MG”*
*”Maguito, eleito em Goiânia que estava sedado, acorda e tem notícia da vitória, diz filho”*
*”Presidente do Ibope pede desculpas por imprecisão em Porto Alegre”*

*”Moro é contratado por consultoria que representa a Odebrecht, alvo dele na Lava Jato”* - A empresa de consultoria global de gestão de empresas Alvarez & Marsal, administradora judicial do processo de recuperação do Grupo Odebrecht, anunciou a contratação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro como sócio-diretor para atuar na área de disputas e investigações. A apresentação destaca a atuação do ex-juiz na Operação Lava Jato. Moro é apresentado pela consultoria como um especialista em liderar investigações anticorrupção complexas relacionadas a crimes de colarinho branco, lavagem de dinheiro e crime organizado. O anúncio da contratação foi feito por meio do site da empresa e, segundo a divulgação, "está alinhada com o compromisso estratégico de desenvolver soluções para as complexas questões de disputas e investigações, oferecendo aos clientes da consultoria e seus próprios consultores a expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro".
"Tanto como ministro quanto como juiz federal, Moro colaborou com autoridades de países da América Latina, América do Norte e Europa na investigação de casos criminais internacionais relacionados a suborno, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e crime organizado", diz o texto. Uma das empresas investigadas é a Odebrecht, que assinou um acordo bilionário para cooperar com as investigações a partir de 2016. Pelo Twitter, nesta segunda-feira (30), Moro destacou a contratação e disse que não há conflitos de interesse na atuação, já que não vai atuar na advocacia. “Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, escreveu.
Via assessoria, a empresa explicou que o papel de administrador judicial, como o que exerce em relação à Odebrecht, não envolve o processo ao qual a empresa foi submetida, mas a fiscalização, acompanhamento de prazo e ações, funcionando como “olho” do juiz para garantir que a recuperação judicial está sendo conduzida de forma correta. Destacou também que a empresa possui sete diferentes áreas de atuação, entre elas a de administração judicial, mas que Moro atuará especificamente nas disputas societárias e financeiras em diversos segmentos e projetos de empresas que precisam estruturar processos, sistemas e governança de forma a prevenir fraudes. O ex-ministro fará parte de uma equipe que já conta com vários outros ex-funcionários de governos, como Steve Spiegelhalter, ex-promotor do Departamento de Justiça dos EUA; Bill Waldie, agente especial aposentado do FBI, a polícia federal americana; Anita Alvarez, ex-procuradora do condado em que está localizada a cidade de Chicago, nos EUA; e Robert DeCicco, ex-funcionário civil da NSA, Agência de Segurança Nacional americana. "A experiência de Sergio como ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, somada à sua extensa bagagem anticorrupção, crime do colarinho branco e lavagem de dinheiro, contribuirá para solucionar os problemas dos clientes", disse Steve Spiegelhalter, sócio-diretor da consultoria. Enquanto juiz federal em Curitiba, em junho de 2015, Moro ordenou a prisão do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, em uma das fases da Lava Jato. Em março do ano seguinte, também condenou Marcelo a 19 anos e quatro meses de prisão por crimes como corrupção e organização criminosa.
Na sentença, Moro considerou que Marcelo repassou R$ 109 milhões e US$ 35 milhões em propina a agentes da Petrobras. “O comportamento adotado pela Odebrecht e por seu presidente Marcelo Bahia Odebrecht não é consistente com o que seria esperado da empresa e de executivo que de fato não tivessem responsabilidade pelas contas secretas no exterior e com o pagamento através delas de propinas. O comportamento esperado seria o de reconhecer a falta e identificar dentro da corporação os executivos individualmente responsáveis por comprometer o nome e a reputação da companhia”, escreveu em um trecho da sentença. Meses mais tarde, em maio de 2016, por falta de provas, o magistrado rejeitou outra denúncia contra Marcelo, acusado pelo Ministério Público Federal de pagar propina para evitar ser convocado a depor na CPI da Petrobras, no Congresso. Já em dezembro daquele ano, Marcelo Odebrecht fechou acordo de colaboração com o Procuradoria-Geral da República. Um ano depois, em dezembro de 2017, após dois anos e meio na prisão, o empresário saiu da cadeia e passou a cumprir a pena de prisão domiciliar. Em setembro do ano passado, ele foi beneficiado com a progressão de regime e, atualmente, não cumpre mais prisão domiciliar. Procurada, a assessoria da Odebrecht afirmou à Folha que não comentaria o caso.

*”Em 1ª reunião bilateral com presidente argentino, Bolsonaro lamenta morte de Maradona”* - Na primeira reunião bilateral com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, nesta segunda (30), o presidente Jair Bolsonaro iniciou a conversa com condolências pela morte de Diego Armando Maradona, no último dia 25. O líder brasileiro ainda não havia se manifestado sobre o episódio. De acordo com relatos, Bolsonaro se solidarizou com o povo argentino e disse que o ex-jogador de futebol, que era ligado a figuras históricas da esquerda, como Hugo Chávez e Fidel Castro, foi "um grande atleta" que marcou o esporte. "Todos sentimos muito pelo que ocorreu com Maradona", disse Bolsonaro. O encontro, que teve como pano de fundo a celebração do Dia da Amizade Argentino-Brasileira, foi realizado por videoconferência e durou cerca de 40 minutos. A data foi instituída em 1985, quando houve o encontro dos presidentes José Sarney e Raúl Afonsín em Foz do Iguaçu. Sarney também participou do encontro nesta segunda e desejou sucesso ao argentino. Essa foi a primeira conversa direta entre Bolsonaro e Fernández, com quem o brasileiro se recusava a falar desde outubro do ano passado, quando o peronista foi eleito para comandar o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina. À época, o líder brasileiro fez campanha para Mauricio Macri, presidente que buscava a reeleição. Após o pleito, Bolsonaro afirmou que não cumprimentaria Fernández e criticou o "retorno do kirchnerismo" ao país vizinho, o que identificou como uma guinada de rumo da Argentina "em direção à Venezuela".
Além do mais, Bolsonaro não compareceu à posse de Fernández em Buenos Aires e enviou o vice-presidente Hamilton Mourão como representante do Brasil. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do brasileiro, foi ainda mais explícito em postagens nas redes sociais nas quais criticou o governo argentino. Em setembro, afirmou que o que estava acontecendo na Argentina devido à longa quarentena imposta por Fernández era uma calamidade e que o país tinha sido "destruído por seu governo socialista em poucos meses". Em julho, Bolsonaro e Fernández participaram de uma videoconferência de líderes do Mercosul, na qual também estavam os presidentes Mario Abdo Benítez (Paraguai), Luis Lacalle Pou (Uruguai), Sebastián Piñera (Chile), Ivan Duque (Colômbia) e a ex-presidente boliviana Jeanine Añez. Apesar dos choques entre Bolsonaro e Fernández, recentemente houve uma aproximação entre os países, desde que o embaixador Daniel Scioli assumiu o cargo em Brasília. Há poucos dias, Scioli e Eduardo estiveram juntos em um jantar com outros diplomatas.
À Folha o embaixador afirmou que a conversa com o deputado brasileiro foi "informal e relaxada" e que a Argentina queria "colocar o foco nas coincidências e na agenda positiva com o Brasil". A nomeação de Scioli —ex-candidato a presidente e ex-governador de Buenos Aires— foi avaliada como um sinal de que o governo argentino considera prioritário manter relações amistosas com o Brasil, mesmo diante das diferenças ideológicas entre os dois presidentes. No encontro virtual desta segunda-feira, em que houve o auxílio de tradutores, o presidente argentino pediu que as “diferenças do passado" sejam deixadas para trás e que "o futuro seja encarado com as ferramentas que funcionam bem" para os dois países, “potencializando todos os pontos de acordo”. Fernández também pediu que Argentina e Brasil trabalhem juntos na área ambiental, "um assunto que nos preocupa muito". "Devemos fazer um acordo de preservação", disse ele, antes de acrescentar que o país tem condições de desenvolver fornecimento de gás ao Brasil. O Palácio do Planalto não fez nenhuma divulgação prévia sobre a teleconferência, que não constou na agenda oficial de Bolsonaro. O presidente, no entanto, fez uma publicação nas redes sociais sobre a conversa. No fim da tarde, o Twitter do Planalto também divulgou o encontro. “Videoconferência com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Dia da amizade, instituído pelo ex-presidente José Sarney em 1985. Comércio Brasil-Argentina em pauta”, escreveu o brasileiro.
Após as falas iniciais, de acordo com pessoas que acompanharam a reunião, os mandatários abordaram as prioridades dos respectivos governos na agenda bilateral. Fernández defendeu o aprofundamento da integração no Mercosul, enquanto Bolsonaro ressaltou a meta de reduzir a TEC (Tarifa Externa Comum) e ampliar os acordos comerciais do bloco. Esses dois temas contrapõem o governo peronista na Argentina e a administração Bolsonaro. Os argentinos resistem a baixar a TEC, sob o argumento de que essa decisão prejudicaria sua indústria nacional, e, por isso, têm colocado travas às negociações de tratados comerciais. A TEC é um imposto de importação partilhado entre os sócios do Mercosul e precisa da anuência dos quatro membros para ser reformada. Por isso, ainda que tenha chamado o bloco de "nosso pilar de integração", Bolsonaro destacou a necessidade de criar "mecanismos mais ágeis e menos burocráticos". Segundo assessores do Planalto, um fator que pesou na aproximação dos mandatários foi o recente movimento de Fernández para se afastar de sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, ícone peronista.
Ambos discordam sobre os rumos que o país deve tomar para contornar os danos causados pela pandemia de Covid-19 à economia argentina.​ Na conversa desta segunda, ambos líderes também debateram a pandemia de Covid-19 e a expectativa do lançamento de uma vacina. O argentino agradeceu ao governo brasileiro por ter permitido a exportação excepcional de midazolam, um sedativo usado no tratamento de pacientes com coronavírus. Houve convites de visitas presidenciais de ambos os lados para um futuro próximo, quando estejam dadas as condições sanitárias. Também discutiram a possibilidade de se realizar, em breve, uma cerimônia com os presidentes dos quatro sócios do Mercosul. A ideia é que essa reunião ocorra no Uruguai. A proposta, segundo debateram Bolsonaro e Fernández na videoconferência, é realizar um ato que sirva como demonstração de força do bloco comercial. Formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Mercosul vive um momento delicado diante da diferença de opiniões dos seus dois maiores sócios. Enquanto o Brasil prega uma maior abertura comercial do bloco, os argentinos adotam uma postura mais protecionista, o que gerou atritos com o governo Bolsonaro.

*”Em reunião virtual com Fernández, Biden diz querer 'relação sólida' com América Latina”*
*”Biden anuncia equipe econômica com mulheres que defendem preservar renda dos trabalhadores”*
*”Assembleia francesa diz que vai reescrever artigo que proíbe gravação de policiais”*
*”Quatro policiais são indiciados por agressão a homem negro na França”*

*”Irã diz que assassinato de cientista nuclear foi realizado remotamente e com arma feita em Israel”*
*”Documentos mostram que China escondeu casos de Covid no início da crise sanitária, diz CNN”*

*”Gasolina, energia e saúde vão pesar mais no bolso do consumidor em 2021”*
PAINEL S.A. - *”Endurecimento da quarentena alimenta pessimismo após frustração com reabertura”*
PAINEL S.A. - *”Insegurança para viajar ainda em 2020 cresce entre consumidores da América Latina”*

PAINEL S.A. - *”Consultoria que contratou Moro diz que analisará situações de conflito caso a caso”*: A consultoria internacional Alvarez & Marsal, que anunciou a contratação do ex-ministro Sergio Moro nesta segunda, diz que situações que possam gerar conflito de interesse e o impeçam de trabalhar com seus clientes serão avaliadas caso a caso. Questionada se o contrato de Moro veda seu envolvimento com empresas atingidas pela Lava Jato na época em que ele foi o juiz da operação no Paraná, a Alvarez & Marsal afirmou que essa é uma das variáveis que serão analisadas, mas indicou que não há veto a princípio. A consultoria foi nomeada administradora judicial do grupo Odebrecht e da empreiteira OAS, que foram à lona após a Lava Jato. A Justiça ainda não definiu sua remuneração no caso da Odebrecht, mas autorizou pagamento de R$ 19,8 milhões, em caráter provisório. Na OAS, a empresa receberá R$ 15 milhões.

PAINEL S.A. - *”Movimento negro forma grupo para ampliar pressão sobre empresas”*: Um grupo que começou a ser articulado no último final de semana por representantes de entidades e lideranças negras para elaborar uma agenda de combate à discriminação racial nas empresas planeja apresentar suas propostas a cem empresas, incluindo JBS e Google, na semana que vem. Até o momento, o grupo recebeu apoio de mais de 600 organizações, segundo Celso Athayde, fundador da Cufa (Central Única das Favelas) e membro do comitê criado pelo Carrefour para reformular suas políticas após a morte de Beto Freitas, o homem negro espancado e asfixiado por seguranças do supermercado no último dia 19. Athayde afirma que o coletivo quer que outras companhias também se comprometam a revisar formas de contratação e atuação dos serviços de segurança, adotar ações afirmativas para promover a equidade e criar comitês com integrantes apontados pelo grupo. “Esse coletivo vai dialogar com as instituições para que se criem alternativas para um problema que agora pode ser estruturado a partir da tragédia do Carrefour, mas que não se limita só a essa empresa”, diz ele. Entre os signatários do documento elaborado para o lançamento do grupo estão o evento de cultura e empreendedorismo e negro Feira Preta, o Instituto Vladmir Herzog, entidades de juristas negros, associações culturais e outros.

PAINEL S.A. - *”Programa de empreendedorismo de Jorge Paulo Lemann em Harvard foca desafios da pandemia”*

*”Propostas de Marinho e Tarcísio largam na frente de planos de Guedes no Congresso pós-eleições”* - Com o fim das eleições municipais, governo e Congresso entraram na reta final do calendário legislativo dando prioridade nas discussões a propostas originadas fora do Ministério da Economia. Enquanto isso, as reformas gestadas pela pasta continuam sem data para deliberação. O movimento mostra como a agenda do ministro Paulo Guedes (Economia) segue em compasso de espera mesmo após o término dos pleitos regionais, mencionados como um dos principais entraves para se debater a pauta econômica nos últimos meses. Duas propostas do Executivo têm previsão de votação nesta semana na Câmara. Uma delas é a proposta da Casa Verde e Amarela, programa habitacional lançado em agosto pelo ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. O texto tramita no Congresso por meio de medida provisória (MP), e tem aproximadamente um mês pela frente para ser aprovada e não perder a validade. O outro texto com votação prevista para esta semana é o da BR do Mar, que muda regras para navegação no país. Apesar de levar a assinatura de Guedes (que também o defende), o texto foi criado originalmente pelo Ministério da Infraestrutura, de Tarcísio de Freitas (sendo depois discutido com outras pastas). O projeto da BR do Mar foi alvo de pedido de urgência pelo governo. A medida tranca outros projetos caso não seja deliberado em 45 dias após a requisição. Mesmo alvo de controvérsias, o Executivo decidiu manter o regime.
Propostas mais amplas e vistas como prioritárias pela equipe econômica não têm previsão para votação. O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, citou nos últimos dias uma série de projetos considerados imprescindíveis para a situação do país. "A solução é reforma estrutural, para cuidarmos estruturalmente da economia", afirmou. A lista apresentada inclui as privatizações, a proposta do Pacto Federativo, a reforma administrativa, a reforma tributária, medidas de liberação comercial, redução de subsídios, a autonomia do Banco Central e mudanças em marcos legais setoriais (como ferrovia, óleo e gás e a própria cabotagem). O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirma que o governo ainda busca a aprovação de temas da agenda econômica na Câmara, como a autonomia do BC e a reforma tributária. "Continuamos tentando", disse à Folha. A proposta da Lei de Falências foi aprovada nos últimos dias, antes do segundo turno das eleições municipais. A equipe econômica já dá sinais de que parte relevante das propostas não deve avançar em 2020. O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse na semana passada que não seria "o fim do mundo" não aprovar neste ano as propostas que limitam gastos. "Se for aprovada, é uma sinalização excelente porque você já reduz a incerteza em relação à trajetória da despesa para além de 2022. [...] Mas a não aprovação para já não é o fim do mundo, porque o teto será cumprido até 2022 e 2023", afirmou Funchal. Antes defendida como uma prioridade, a PEC Emergencial foi elaborada com objetivo de diminuir despesas e tramita há mais de um ano no Senado.
Dependendo de sua extensão, o texto poderia abrir espaço no Orçamento para um programa social mais robusto que o atual Bolsa Família. Mas o relatório, discutido há meses pelo governo e pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC), ainda não foi apresentado. Segundo membros do Ministério da Economia, ao menos oito versões da PEC Emergencial foram elaboradas pelos técnicos da pasta, com diferentes graduações nas medidas de ajuste fiscal. No entanto, ainda não houve acordo entre os congressistas. Em reuniões de governo, Guedes segue defendendo que a proposta preveja o mecanismo da desindexação. A medida, que poderia congelar aposentadorias, já foi rejeitada por Bolsonaro e enfrenta resistência no Congresso. Também continuam indefinidos textos básicos para o funcionamento da máquina pública a partir do ano que vem, como o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) e o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual). A indefinição do governo foi criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para quem o governo deveria ter começado o dia seguinte ao das eleições municipais com uma coletiva para falar qual é a pauta em que se tem interesse para os próximos dois meses. Em entrevista ao portal UOL, Maia cobrou do governo federal uma posição mais clara sobre as pautas econômicas a serem discutidas até o fim do ano. Ele enfatizou a urgência da reforma tributária.
Maia ainda amenizou incertezas de investidores sobre o cenário fiscal após ter reafirmado que a proposta do Orçamento de guerra (que suspendeu regras orçamentárias em 2020) não vai ser prorrogada. ​Além das indefinições trazidas pelo período eleitoral, auxiliares de Guedes atribuem dificuldades na pauta à eleição da Mesa Diretora da Câmara. A avaliação é que parte da pauta do Ministério da Economia tem avançado no Senado, mas trava quando chega à Casa vizinha. Nos últimos dias, Guedes afirmou a interlocutores que a disputa entre o atual presidente da Câmara e o deputado Arthur Lira (PP-AL) está inviabilizando a agenda econômica, que pode ser destravada apenas em fevereiro, após a escolha do comando da Casa. Para o ministro, Maia quer avançar com a tramitação da reforma tributária, o que não é aceito por Lira. Ao mesmo tempo, Lira teria interesse em tocar as pautas prioritárias do governo para mostrar capacidade política de comandar a Câmara, mas Maia estaria segurando a pauta. Diante das dificuldades, auxiliares de Guedes avaliam que a conta pela paralisia nas votações acaba caindo sobre as costas do ministro, que é o autor das medidas, sem desgaste para o Congresso ou para a ala de articulação do Palácio do Planalto.

*”Maia cobra 'posição clara' do governo e cita urgência da reforma tributária”*
*”Contas públicas têm déficit acumulado de R$ 1 trilhão pela primeira vez com juros da dívida”*
*”Carteira Verde e Amarela entra na lista de MPs fracassadas que Planalto quer reeditar”*

*”Setor privado sozinho não resolverá necessidades da infraestrutura, diz Abdib”* - O Brasil precisa mais do que dobrar os investimentos médios em infraestrutura para suprir gargalos principalmente nos setores de saneamento e logística, mas os projetos de concessão hoje em curso não darão conta de cobrir a diferença. A conclusão é de estudo desenvolvido pela Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base), que defende crescimento também nos investimentos públicos, hoje limitados pela crise fiscal e pelo teto de gastos implantado por lei aprovada no governo Michel Temer. O estudo, chamado Livro Azul da Infraestrutura, traz uma compilação de todos os processos de concessão abertos pelo governo federal e pelos estados, projetando seus impactos no investimento pelos próximos cinco anos. O presidente-executivo da entidade, Venilton Tadini, diz que houve avanços em medidas para atrair o capital privado, como melhorias na regulação e na estruturação de projetos, mas defende que o aumento do investimento público é fundamental. "Um dos objetivos é mostrar quantitativamente que, por melhor que tenha sido o esforço [para atrair o investidor privado], não dá para o setor privado resolver sozinho", afirma o executivo. Em 2019, segundo o estudo, os investimentos em transportes, saneamento, energia e telecomunicações somaram R$ 123,9 bilhões, o equivalente a 1,71% do PIB (Produto Interno Bruto).
Os dois últimos setores estão bem próximos do que a Abdib considera ideal: energia deveria passar de R$ 51,4 bilhões em 2019 para uma média de R$ 55,4 bilhões por ano e telecomunicações, de R$ 33,1 bilhões para R$ 50 bilhões. Saneamento, por outro lado, precisaria quase dobrar, passando de R$ 14,4 bilhões para R$ 30 bilhões por ano. Já o setor de transporte precisaria de investimentos de R$ 149 bilhões por ano, seis vezes o verificado em 2019. As projeções consideram que o estoque em infraestrutura no país representa cerca de 36% do PIB, bem abaixo de outras grandes nações emergentes, como Índia (58%) e China (76%). "A contração do investimento público continua sendo um dos maiores entraves para a recuperação do país", diz o texto. Os autores alegam que o investimento estatal ajuda a atrair o setor privado, "viabilizando projetos estruturantes e estabelecendo planejamento de longo prazo". O levantamento feito pela Abdib com base em projetos privados licitados a partir de 2019 ou em vias de licitação indica que o setor de transportes receberá R$ 82 bilhões em investimentos até 2025, uma média de 16,4 bilhões por ano.
É uma média ainda inferior à de 2019, que representaria 0,4% do PIB —para a entidade, são necessários 2,26% do PIB. "Portanto, são necessários um maior volume de projetos colocados para a iniciativa privada, bem como investimentos públicos". No setor de saneamento, o volume de investimentos previstos para os próximos cinco anos é de R$ 31,9 bilhões, ou R$ 6,39 bilhões por ano. Olhando em um prazo mais longo, a média chegaria a R$ 18,6 bilhões por ano. O setor vive uma aceleração de projetos de concessão e parcerias público-privadas. Apenas no segundo semestre, três estados realizaram leilões nesse sentido. Para 2021, o BNDES espera outras seis concorrências. A Abdib ressalta que a aprovação do novo marco regulatório do saneamento pode representar uma mudança significativa nesse quadro. Ainda assim, diz que as projeções atuais "ainda estão muito distantes da necessidade anual mínima de R$ 30 bilhões". "A situação se torna mais grave porque nos três primeiros anos o valor dos investimentos é muito pequeno", diz Tadini. "Essa situação torna dramática a necessidade de investimentos."
A entidade propõe algumas medidas para melhorar a atratividade para o setor privado, como a definição de critérios para o reequilíbrio econômico-financeiro de contratos e a melhoria na estrutura de garantias e financiamento. Aponta também alternativas para favorecer o investimento público, como a securitização da dívida tributária renegociada, que poderia antecipar a arrecadação dos parcelamentos dos débitos. Nos últimos anos, aponta o estudo, a fatia pública no investimento em infraestrutura caiu abaixo de 40%, contra 71% em 2014, antes da crise. Em 2019, a parcela pública representou 34,1% dos R$ 123,9 bilhões investidos. Tadini defende que o setor público avançou nos últimas anos em capacidade de gestão e controle e, por isso, tem capacidade de realizar investimentos sem repetir erros do passado, como o mau gasto em obras superfaturadas. Para a Abdib, o teto de gastos é hoje um limitador ao colocar custeio e investimento sob as mesmas limitações. Como alternativa, a entidade defende maior agilidade na reforma administrativa, para liberar espaço no orçamento para investir. O presidente-executivo da Abdib reconhece a gravidade da situação fiscal, mas argumenta que o investimento em infraestrutura tem grande potencial multiplicador na arrecadação de impostos e na geração de emprego. "É preciso aumentar também o denominador [o PIB] e não só pensar no denominador [a dívida pública], senão ficamos só enxugando gelo", defende. "Se cortamos o investimento, o PIB cai e a dívida pública aumenta."
+++ A narrativa do antipetismo alimentado por Aécio Neves em 2014, que levou ao golpe de 2016 e à eleição de Jair Bolsonaro em 2018 sempre esteve conectada com mais espaço para que a iniciativa privada tomasse à frente e resolvesse os problemas do país, que o Estado era grande demais e ineficiente. Pois em 2020, a iniciativa privada afirma que precisa de investimentos do governo.

*”Petrobras prevê distribuir até US$ 35 bi em dividendos em 5 anos”*
*”Transposição do São Francisco deve ter leilão cancelado”*
*”BNDES espera resolver impasse com governo do Rio nesta semana”*
*”Atacadão terá que punir funcionário que praticar racismo, decide Justiça”*

*”Bolsa sobe 24% em novembro e fica entre as dez melhores do mundo”*
VAIVÉM DAS COMMODITIES - *”Brasil poderia reduzir em 70% a área usada e manter a mesma produção”*
NIZAN GUANAES - *”Cidades são oportunidades”*
*”Comerciantes se preocupam com nova fase amarela contra Covid em São Paulo”*

*”Quarentena recua para fase amarela em São Paulo, anuncia Doria um dia após eleição”*
*”Estados querem escolas abertas mesmo em fases mais restritivas da pandemia”*
*”Hospital da Rússia diz que começou a vacinar população local contra Covid-19”*
*”Anvisa entra em grupo internacional que pode agilizar certificação de vacinas contra Covid”*

*”Moderna aponta eficácia de 94,1% e entra com pedido de aprovação emergencial para vacina contra Covid nos EUA”*
*”Em dez anos, diagnóstico de HIV entre as gestantes do país cresce 38%”*
*”Estatal federal perde chance de gastar R$ 13,7 mi em hospitais na pandemia da Covid”*

*”Famílias de vítimas de Paraisópolis ainda esperam fim de investigações”*
VERA IACONELLI - *”Como encarar tudo de novo?”*
*”Testemunhas relatam que foram importunadas por Beto Freitas no Carrefour”*

*”Empresa de comunicação do governo veta caso Beto Freitas em mídias sociais da Agência Brasil”* - O comando da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) ordenou que as redes sociais da Agência Brasil não publiquem conteúdos sobre o assassinato de João Alberto Freitas, conhecido como Beto Freitas. O homem negro foi espancado até a morte por dois seguranças de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre. Laudo preliminar do Instituto-Geral de Perícias da capital gaúcha apontou asfixia como a causa mais provável da morte. Profissionais da empresa de comunicação pública do governo federal foram orientados a ignorar o caso nas mídias sociais da agência. A determinação foi revelada pela revista Época e confirmada pela Folha. A divulgação em redes sociais é uma forma de garantir maior visualização de um determinado conteúdo. Procurada para comentar a orientação, a EBC não se manifestou até a publicação desta reportagem. Freitas foi assassinado em 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra. As circunstâncias da morte e a repercussão geraram uma onda de comoção e protestos contra racismo em diversas cidades do país. O episódio teve amplo destaque em veículos de comunicação do país e esteve entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nos dias seguintes à morte de Freitas. No entanto, não houve menção ao caso Beto Freitas no Twitter e no Facebook da Agência Brasil. Vinculada à EBC, a agência produz conteúdos considerados de interesse público, que são distribuídos de forma gratuita.
A agência de notícias acompanhou o caso Beto Freitas e publicou em seu portal alguns textos sobre o assassinato. Além de uma reportagem sobre a morte de Beto Freitas, a agência veiculou a reação da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) lamentando a morte. Houve ainda a publicação de uma reportagem sobre investigações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo contra a empresa de segurança terceirizada que prestava serviços para o Carrefour. A agência também produziu um texto sobre pedido da alta comissária da ONU (Organização das Nações Unidas) para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para que a morte fosse apurada. Essas reportagens, no entanto, não ganharam espaço nas mídias sociais da agência. Movimentos em defesa da comunicação pública afirmam que desde 16 de novembro houve mudanças nas regras de postagens de conteúdos da Agência Brasil no Facebook e no Twitter.
Segundo a página Fica EBC, houve a diminuição no fluxo de postagens e temas de grande repercussão foram ignorados nas mídias sociais da agência. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não comentou a morte de Freitas. No entanto, no dia seguinte ao episódio, ele disse que o lugar de quem prega a discórdia é no lixo. Bolsonaro afirmou que "aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história". "Quem prega isso está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!", escreveu em redes sociais. As autoridades do governo federal que lamentaram o assassinato não o vincularam com o racismo estrutural no Brasil. O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que não existe racismo no Brasil. "Não, para mim no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar, isso não existe aqui. Eu digo para você com toda tranquilidade, não tem racismo", afirmou o vice na ocasião.

*”Investidor do boulevard na região da Paulista ameaça desistir de obra por demora na Justiça”*
*”Condephaat rejeita tombar complexo esportivo do Ibirapuera”*
*”Beco do Batman, em SP, é repintado com luto por assassinato do artista NegoVila”*

*”Desmatamento na Amazônia volta a bater recorde e cresce 9,5% de 2019 a 2020”*
ANA CAROLINA AMARAL - *”Salles é preservado enquanto desmate acelera em direção ao ponto de não retorno”*

MÔNICA BERGAMO - *”Justiça determina que Atacadão adote medidas antirracistas após denúncia de funcionária”*
MÔNICA BERGAMO - *”Política não é tema para o primeiro encontro, avaliam usuários de app de namoro”*
MÔNICA BERGAMO - *”Estudo identifica 18 editoras e selos estabelecidos em bairros periféricos em SP”*
MÔNICA BERGAMO - *”Moradores de Paraisópolis farão ato em memória dos mortos em ação policial em baile funk há um ano”*
MÔNICA BERGAMO - *”João Carlos Martins realiza sua 24ª live deste ano”*
MÔNICA BERGAMO - *”Bienal do Livro de SP espera fechar R$ 2,1 mi em negócios entre editoras brasileiras e estrangeiras”*
MÔNICA BERGAMO - *”Estudo mostra que 82% das empresas estão atrasadas com adaptações à Lei Geral de Proteção de Dados”*

CAPA – Manchete principal: *”Cientistas alertam para o risco de colapso na saúde”*

*”Finanças dão tom da transição – Paes escala equipe contra crise fiscal”*
*”Partido de Crivella não vai fazer oposição na Câmara”*

*”Só 17% se elegeram – Congressistas têm pior resultado nas eleições”* - Dos 68 deputados e senadores concorrendo às eleições, apenas 12 (17,4%) foram eleitos. É o pior desempenho de congressistas em uma eleição municipal desde 1992, quando o levantamento começou a ser feito, segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). No primeiro turno, foram eleitos quatro deputados federais. Como prefeitos, Roberto Pessoa (PSDB) em Maracanaú (CE) e Alexandre Serfiotis (PSD) em Porto Real (RJ). Outros dois, como vice-prefeitos: Paulo Marinho Jr. (PL), em Caxias (MA), e Juninho do Pneu (DEM), em Nova Iguaçu (RJ). Já neste segundo turno, foram eleitos sete prefeitos: Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém; JHC (PSB), em Maceió; Eduardo Braide (Podemos), em São Luís; João Campos (PSB), em Recife; Wladimir Garotinho (PSD), em Campos dos Goytacazes (RJ); Margarida Salomão (PT), em Juiz de Fora (MG) e Sérgio Vidigal (PDT), em Serra (ES). Foi eleito vice-prefeito apenas o deputado federal Deuzinho Filho (Republicanos), vice de Vitor Valim (PROS) em Caucaia (CE). A participação dos deputados e senadores nestas eleições municipais também foi a menor desde 1992. Participaram 67 deputados e 2 senadores. A média era de 94 congressistas nos pleitos anteriores. O ano com maior participação foi 1996, com 117 deputados e 4 senadores candidatos.
— Como foi um ano de eleição atípica, os parlamentares tiveram cuidado em relação à candidatura. Havia uma insegurança em relação à pandemia e muitos preferiram não disputar — diz Neuriberg Dias, analista do Diap. — Houve uma renovação muito grande na Câmara (em 2018) e muitos desses novos parlamentares prefeririam se dedicar ao mandato parlamentar.
Sobre o resultado ruim dos congressistas, Dias aponta que muitos partidos procuraram candidaturas de deputados para ter presença nas capitais, embora os nomes não tivessem viabilidade. A deputada Joice Hasselmann (PSL), por exemplo, teve menos de 2% dos votos no primeiro turno.
O senador Vanderlan Cardoso (PSD), que concorria para a prefeitura de Goiânia (GO), perdeu para Maguito Vilela (MDB). Vilela está internado com Covid-19 em um hospital em São Paulo, em estado grave. Também participa das eleições a deputada Patrícia Ferraz (Podemos). Ela é candidata à Prefeitura de Macapá. As eleições foram adiadas para 6 de dezembro devido ao apagão que houve no estado no início do mês. Se for eleita, ela pode elevar o número de congressistas eleitos para 13 – o que não muda o fato de ser a pior eleição para parlamentares desde 1992. A eleição vai interferir pouco na composição das bancadas na Câmara. O PSB, que hoje tem 31 deputados eleitos, perde uma cadeira com a saída de JHC para assumir a prefeitura de Maceió. No lugar, assume Pedro Torres Brandão Vilela, do PSDB, que sobe de 31 para 32 deputados. Já a vitória de João Campos no Recife não influencia no tamanho da bancada já que o primeiro suplente a assumir é Milton Coelho da Silva Neto, da mesma legenda. O PROS e o Patriota, que tem 10 e 6 deputados ganham um deputado cada, enquanto Republicanos e PT perderão uma cadeira.

ENTREVISTA: ACM NETO, presidente do DEM - *”Bolsonaro dos extremos não tem apoio do DEM em 2022”*

*”O dia seguinte do PT – Comando da sigla é pressionado a admitir derrota eleitoral e promover renovação”* - O resultado da eleição do último domingo intensificou articulações de grupos petistas para encurtar o mandato da presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Pela primeira vez em sua história, a sigla não elegeu nenhum prefeito em capitais. O descontentamento fez com que gente do partido defendesse até que o ex-presidente Lula saia de cena e permita a renovação dos quadros. A defesa da troca da direção está sendo liderada pelas correntes minoritárias Novos Rumos e Articulação de Esquerda. Há uma tentativa de atrair quadros da CNB, o grupo majoritário, para a causa.
— Diante dos resultados que foram muito abaixo das nossas expectativas, é importante que a gente antecipe o congresso do PT para 2021. Em função dos problemas que o partido enfrentou na eleição, temos que fazer um balanço, debater a nossa tática e renovar a direção — afirma o deputado estadual José Américo, do Novos Rumos.
Reeleita no ano passado, Gleisi tem mandato na presidência do PT até 2023. Para antecipar o congresso e mudar a direção, seria necessário a aprovação do diretório nacional, que é controlado pela CNB, a corrente da atual presidente.
Gleisi fez uma avaliação positiva do resultado da eleição. O argumento principal é que o partido manteve o mesmo número de eleitores sob o seu comando, apesar no número total de cidades, de 254, foi para 183.
Crítica interna
“Não se pode converter derrota em vitória. Derrota é derrota. O papel do dirigente político é o de buscar as causas das derrotas. Fora disso, é o autoengano, teimosia, obtusidade. O PT precisa voltar a ser o partido do futuro. Passado é passado”, contestou Alberto Cantalice, membro do diretório nacional e integrante da CNB, no Twitter. Ao GLOBO, Cantalice disse que o partido deveria renovar suas lideranças e se apresentar assim ao eleitor em 2022. Ele acrescentou que não defende necessariamente a realização de um congresso partidário. Para Cantalice, Lula, por ser a principal figura da sigla, tem relação direta com o resultado e, por isso, deveria sair de cena.
— O PT tem várias lideranças: (o ex-prefeito Fernando) Haddad, (governador) Camilo (Santanta), (o senador Jaques) Wagner, (os governadores) Rui Costa, Wellington Dias e Fátima Bezerra. Vários senadores. O Lula já deu muito para o partido. É hora de abrir espaço.
Seguindo tática defendida por Lula após deixar a cadeia em novembro do ano passado, o PT decidiu lançar candidatos no maior número possível de cidades que possuem retransmissoras de televisão. A ideia era usar o horário eleitoral para propagar o legado da sigla. Apesar da orientação, foram feitas alianças em que a legenda abriu mão da cabeça da chapa, como em Belém, com o apoio a Edmilson Rodrigues (PSOL), que saiu vencedor, e Porto Alegre, com composição com Manuela D’Ávila (PCdoB). Em reunião na manhã de ontem com Lula, Haddad, governadores e líderes na Câmara e no Senado, Gleisi defendeu que a tática adotada foi acertada porque o partido cresceu nas grandes cidades. Em 2016, a sigla havia disputado sete segundos turnos e agora foram 15. O PT venceu em quatro disputas no último domingo. Houve também aumento da votação em capitais, apesar de não ter sido obtida nenhuma vitória. Há quatro anos, o partido tinha conquistado apenas Rio Branco, no Acre. Mesmo pessoas próximas a Gleisi reconhecem, porém, que o resultado foi pior do que o projetado. A expectativa era se recuperar de parte do fiasco de 2016, quando o partido perdeu 60% das prefeituras que tinha vencido quatro anos antes.
Em uma reunião de avaliação do primeiro turno, Lula havia mostrado preocupação com as derrotas do PT em São Bernardo do Campo, cidade onde vive, e Osasco, município da região metropolitana de São Paulo. Na cidade do ABC, Luiz Marinho, que já foi prefeito por duas vezes, perdeu no primeiro turno para o atual prefeito Orlando Morando. Em Osasco, cidade em que o PT já venceu três vezes, Emídio de Souza ficou apenas em terceiro lugar.
+++ A reportagem ignora completamente o processo que o país viveu desde 2013 colocando o PT sob críticas e fake news.

*”FH: Doria não está pronto para disputar presidência”*

*”Presidente do PSB ironiza PT após eleição: ‘Feliz sem aliança’”* - Presidente do PSB, Carlos Siqueira diz, em entrevista ao GLOBO, que o resultado das urnas foi claro. Os "derrotados" foram a "extrema-direita" e o "isolacionismo" do PT. No segundo turno, os socialistas travaram uma batalha contra os petistas no Recife. Na disputa de primos, João Campos (PSB) derrotou Marília Arrraes (PT). As consequências vão além do racha de família, dificultando uma reaproximação em 2022. Segundo Siqueira, o PSB está hoje "muito feliz" sem o PT. A seguir, leia os trechos da entrevista:
- PSB e PDT estiveram juntos em oito capitais. É um sinal para 2022?
- Nós não tratamos ainda de 2022. Cada momento vai exigir um novo diálogo para que possamos chegar a uma conclusão. Temos tempo mais do que suficiente para isso. Mas a nossa avaliação e também do PDT é que essa parceria foi bastante produtiva. Claro, essa parceria poderá ser ampliada. Mas vamos conversar e discutir o futuro do país, procurando pontos de convergência, mas também soluções para o país. Não podemos só falar de eleições. Temos que falar de projetos, ideias e visões. O país está cheio de problemas, tanto econômicos quanto sociais.

- Qual é o saldo da eleição no Recife e como fica a relação do PSB com o PT?
- A disputa do Recife foi muito acirrada, naturalmente. Uma disputa que não considero de família, mas sim de dois partidos que têm visões diferentes. Teve a nossa visão e a do PT, que praticou, mais uma vez, o exclusivismo e o autoritarismo. O PT sempre quis, e o Lula anunciou isso quando saiu da prisão, que queria uma candidatura para 2022. Portanto, quem fala isso não quer construir alianças. Foi quando nós tratamos de procurar o PDT, a Rede e o Cidadania em alguns casos. Fizemos coligações com o PDT em oito capitais. E foi bastante exitosa essa aliança porque, das oito capitais, vencemos em quatro delas. Temos muito mais proximidade com o PDT do que com o PT. Do ponto de vista programático e de visão do país.

- A relação com o PT pode mudar até 2022?
- O PT deixou claro que não queria essa parceria e não tivemos em lugar nenhum. E estamos muito felizes com isso. Não sei se pode mudar. Depende muito mais do PT do que de nós. Mas eu não sou muito otimista de que vá mudar de visão, porque o partido sempre agiu assim a vida inteira, sempre esteve na contramão da História. Desde 1985 já votou contra o colégio eleitoral, decidiram ser contra a Constituição de 1988. Fez oposição ao Plano Real. Todos nós estávamos em outra posição. Em 2018, impôs uma candidatura sabendo que ia ser derrotado. Deu em Jair Bolsonaro. Então, nós não somos obrigados a seguir o PT. Ele tem o direito de errar, errou muito a vida inteira, mas nós não somos obrigados a seguir.

- Quais foram os recados das urnas?
- Os recados foram muito claros. O país derrotou a extrema-direita e a visão isolacionista e exclusivista do PT. As duas coisas. Isso é muito positivo porque é uma lição. Se quiser aprender, aprenda. Se não quiser, continue a dar murro em ponta de faca. O bolsonarismo se deu mal. Seus candidatos, em geral, foram derrotados, principalmente no Rio e em São Paulo. O centro, principalmente DEM e PSDB, que se mostram muito unidos, deverão ter uma candidatura única à Presidência da República. O eleitor percebeu o erro que cometeu em 2018 elegendo Bolsonaro. Tinha seus motivos, mas viu que a improvisação não funciona. E o brasileiro não é extremista. Em média, tende ao centro.

- E a esquerda?
- Não era um ambiente bom para a esquerda, inclusive pelos erros do PT cometidos no governo da senhora Dilma Rousseff, que levou o país a uma recessão monumental. Por outro lado, na esquerda, se viu algo diferente do PT. Houve essa aliança PSB e PDT, e o destaque para o PSOL, que superou o PT em São Paulo. Então, a esquerda também deu um sinal: "Estou aqui, estou viva". Não está falida. Agora, o resultado para o PT é desastroso. Com a importância que tem, não ganhar sequer uma capital, com o menor número de prefeituras, por exemplo, do que PSB e PDT, é muito ruim.

- Como vê a participação de João Campos no Recife? Qual é o futuro dele no partido?
- Ele recebeu uma missão do partido para que fosse candidato e cumpriu muito bem. Com a idade dele, muitos duvidavam que ele pudesse ter equilíbrio e enfrentar essa campanha. Uma campanha duríssima, muito mais do que as enfrentadas pelo seu pai ou bisavô. No entanto, enfrentou com serenidade e competência. Foi acirrada, como todos sabem, mas no final foi demonstrada a força do partido. Tem uma carreira política muito promissora. Já fizemos e vamos continuar a apostar nele como uma nova liderança. É muito bom para o Recife, Pernambuco e o país.

- No segundo turno do Rio, Eduardo Paes ganhou o voto da esquerda para derrotar o bolsonarismo. É possível ter frente tão ampla em 2022?
- Não achei nada interessante o que aconteceu no Rio de Janeiro. Poderia ter sido evitado. Se o PT tivesse a visão de unidade da esquerda, seria diferente. Se somássemos a votação de PSOL, PDT e PT, quem estaria no segundo turno, com chances contra Eduardo Paes, seria a esquerda. Não aconteceu por essa visão exclusivista do PT. E deveria ter acontecido em outras cidades. No Rio não foi nada interessante ter que votar na direita. Ainda que nós façamos uma diferenciação muito grande entre a extrema-direita bolsonarista e a centro-direita que ganhou as eleições e estão no campo democrático.

*”São Gonçalo – Prefeito eleito foi citado na CPI das Milícias”*
*”Moro vai para consultoria que presta serviços para Odebrecht”*
*”Recuo estratégico – Contra o vírus, cientistas pedem reversão de medidas de abertura”*

*”Petrobrás abre espaço – Empresas médias que assumiram áreas da estatal na Bacia de Campos investem R$ 10,6 bilhões”*

 

CAPA – Manchete principal: *”SP restringe atividades; 15 de 22 regiões têm contágio acelerado”

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Um novo e positivo cenário”*: Oresultado das eleições de 2020 sinaliza uma mudança significativa do eleitorado em relação às escolhas feitas em 2018. Ao rechaçar extremismos ideológicos e optar por candidaturas de centro, o eleitor deu uma eloquente manifestação de confiança na política. Naturalmente, é ainda muito cedo para traçar prognósticos para o cenário eleitoral de 2022 ou para listar os principais candidatos da próxima disputa presidencial. A importância do pleito de 2020 não reside em suas eventuais consequências sobre as eleições de 2022. Tanto no primeiro turno como no segundo, o que se destacou – e é extremamente positivo para a democracia – foi a maturidade do eleitor. O resultado das eleições de 2020 revela, de forma contundente, um eleitor capaz de repensar escolhas políticas feitas em um passado recente, em especial, as propostas do bolsonarismo e as do lulopetismo. O eleitorado mostrou-se inclinado a superar a visão da política como terra arrasada pela corrupção, que, de tão difundida por integrantes da Lava Jato, chegou a ganhar nome correspondente: o lavajatismo. Aos que anunciaram, depois das eleições de 2018, a morte da chamada política tradicional, o pleito deste ano mostrou que velhos partidos políticos podem ainda ter especial força e representação. Quando são capazes de apresentar candidatos e propostas consistentes, legendas há muito conhecidas continuam tendo apelo entre os eleitores. Basta ver que os cinco maiores partidos, em porcentual do eleitorado governado por seus prefeitos, foram PSDB, MDB, DEM, PSD e Progressistas (ex-pp).
O PSDB elegeu 533 prefeitos, que governarão cerca de 17% do eleitorado a partir de 2021. Em seguida está o MDB, cujos prefeitos eleitos governarão cerca de 13% da população. Além de ser campeã em número de prefeituras conquistadas (803 ao todo), a legenda conquistou neste ano cinco capitais: Porto Alegre, Goiânia, Teresina, Boa Vista e Cuiabá. Outro destaque das eleições de 2020 foi o DEM, partido com maior crescimento em número de prefeitos eleitos. Em 2016, conquistou 277 prefeituras. Agora, foram 476, a representar cerca de 12% do eleitorado. A principal vitória do antigo PFL ocorreu na cidade do Rio de Janeiro. No segundo turno, o ex-prefeito Eduardo Paes ganhou do prefeito Marcelo Crivella, que tentava a reeleição com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. O DEM ganhou ainda as prefeituras de Salvador, Curitiba e Florianópolis. O PSD e Progressistas também cresceram nas eleições deste ano. Junto ao DEM, os três partidos devem governar quase um terço do eleitorado (32%). Em 2016, as prefeituras conquistadas pelas três legendas representavam cerca de 17% do eleitorado.
Esses resultados contrastam com os números do bolsonarismo e do lulopetismo. Ao longo da campanha eleitoral, o presidente Bolsonaro pediu voto para 16 candidatos a prefeito. Apenas quatro se elegeram – Tião Bocalom em Rio Branco (AC), Roberto Naves em Anápolis (GO), Gustavo Nunes em Ipatinga (MG) e Mão Santa em Parnaíba (PI). O PSL elegeu 92 prefeitos (1,3% do eleitorado). Além da rejeição ao bolsonarismo, houve também o inédito sumiço do PT na gestão das capitais. A partir do ano que vem, nenhuma das 27 capitais do País será governada por um prefeito petista, fato que nunca tinha ocorrido desde a redemocratização. Nos próximos quatro anos, os prefeitos eleitos do PT deverão governar cerca de 3% do eleitorado. Trata-se de uma situação muito diferente da que se viu anos atrás. Nas eleições de 2012, por exemplo, o partido de Lula foi o campeão no ranking de prefeitos por porcentual de eleitorado, com mais de 19%. As eleições de 2020 confirmam, assim, que para superar um extremismo ideológico não é preciso inventar outro extremo. Não é necessário o bolsonarismo para vencer o lulopetismo ou vice-versa. A política pode e deve oferecer outras soluções, mais viáveis e mais responsáveis. E, como se viu nos resultados dos dois turnos, o eleitor está atento a essas outras opções. Há amplo espaço para a política.

*”Fragmentação partidária aumenta nos municípios”* - Não foi desta vez que o quadro partidário brasileiro ficou menos fragmentado. Pelo contrário: o resultado da eleição municipal de 2020 mantém a tendência de dispersão do poder por um número cada vez maior de legendas. Neste ano, os cinco maiores partidos elegeram 57% dos prefeitos. Parece muito, mas é o índice mais baixo das últimas cinco eleições municipais. Em 2004, os cinco maiores conquistaram 67% das prefeituras. De lá para cá, essa taxa só caiu: 65% em 2008, 60% em 2012, 59% em 2016, e o resultado de agora. Em cada eleição municipal, a fragmentação do poder dos partidos é um prenúncio do que acontece dois anos depois, quando são eleitos os deputados – muitos deles graças ao apoio de um ou mais prefeitos. Se a Câmara dos Deputados fica muito fragmentada, é mais difícil para o presidente formar coalizões que lhe garantam maioria, e em geral ele (ou ela) é obrigado a fazer concessões em nome da governabilidade. Desde 2014 o Brasil já tinha o Legislativo mais fragmentado do mundo, segundo o critério dos chamados partidos efetivos (os que têm tamanho suficiente para exercer influência na aprovação de leis). Na eleição atípica de 2018, quando o então nanico PSL conquistou a segunda maior bancada, o quadro se agravou ainda mais. Nas democracias consolidadas, não existe essa profusão de partidos, e eles costumam se organizar segundo linhas ideológicas mais ou menos claras. No Brasil, são poucas as legendas com características programáticas.
Mecanismo. O sistema se retroalimenta: quanto mais fragmentado o Congresso Nacional, mais difícil é aprovar reformas que promovam o enxugamento do quadro partidário. Em 2017, deputados e senadores aprovaram uma reforma política com uma cláusula de barreira para reduzir a influência dos chamados partidos nanicos. Mas a iniciativa foi tão tímida que não chegou a afetar a maioria das legendas. A cláusula de barreira restringiu o acesso ao fundo eleitoral e ao horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Mas escaparam dessas restrições os partidos que obtiveram mais de 1,5% do total de votos válidos para a Câmara em 2018, distribuídos em nove Estados ou mais. Além disso, cada partido tinha de obter, no mínimo, 1% dos votos válidos em cada um dos nove Estados ou eleger nove deputados distribuídos em, no mínimo, nove Estados. Dos 35 partidos políticos registrados atualmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 21 não foram atingidos pela mudança na legislação. A fragmentação do poder municipal pode ser observada no País como um todo, nos Estados e no chamado “clube do segundo turno”, formado pelas 95 cidades onde atualmente há mais de 200 mil eleitores. Em 2004, apenas 13 partidos elegeram prefeitos nesse conjunto de cidades. Neste ano, foram 19 – um aumento de 46%. Cinco dessas 19 legendas nunca haviam antes vencido nesse universo dos maiores municípios.

*”DEM se divide entre projetos de Doria e Huck”* - Está avançada a divisão interna dos principais líderes do DEM, partido que cresceu nas eleições de 2020, entre o apoio ao projeto presidencial do apresentador de TV Luciano Huck e o do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em 2022. Não são poucos os interesses em jogo, e cada lado tem apoiadores de peso para seu projeto, além de argumentos sólidos e que envolvem a geopolítica estadual em sua ponderação. Neste momento, e diante do avanço das duas opções, o “namoro” com Ciro Gomes (PDT) é a hipótese menos avançada, embora tanto o presidente nacional da sigla, ACM Neto, quanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mantenham uma ponte estendida rumo ao pedetista. Avançou muito nos últimos meses a aproximação de Huck com o DEM. O partido passou a ser o destino mais provável do apresentador de TV caso ele decida se lançar num projeto presidencial. Neste caso, ele faria isso como candidato do DEM, e não do Cidadania, como chegou-se a ventilar. O partido de Roberto Freire, embora tenha em sua órbita os chamados movimentos de renovação, plataforma do projeto de Huck, vem perdendo fôlego eleitoral, ao passo que o DEM vem crescendo. Maia, ACM Neto e o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes, compõem a tríade que conversa com Huck, e espera uma resposta dele até março do ano que vem.
As conversas começaram no meio do ano, e já evoluíram muito. O convite para filiação foi feito sem rodeios, e está subentendido que Huck já está convencido de que, se for mesmo candidato, terá de ser por um partido estruturado como o DEM. A hesitação do apresentador ainda é de se apresentar como um candidato de centro-direita, quando prefere ser classificado como progressista. Mas os aliados têm alertado que esse campo já está congestionado e que, nele, Huck tem poucas chances. Para tê-lo no time, o DEM aceita fazer uma revisão programática que contemple a defesa de um liberalismo nas duas pontas: na economia e também na pauta de costumes, o que o afastaria do reacionarismo bolsonarista e daria discurso a Huck. O namoro cada vez mais sério acendeu o alerta na seção paulista do DEM e no PSDB. O vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), fechou aliança com Doria de que, caso o tucano concorresse à Presidência em 2022, ele seria o candidato ao governo, numa inédita cessão de lugar do PSDB no Estado que governa desde 1995.
Acontece que a cúpula do DEM fora de São Paulo não acredita que o PSDB vá abrir mão de ter candidato em São Paulo, ainda mais depois de uma eleição municipal em que encolheu no resto do Brasil e cresceu no Estado. Além disso, o DEM do Nordeste teme repetir 2018, quando, mesmo dividido, saiu em aliança com o PSDB pela sétima vez e Geraldo Alckmin sequer foi para o segundo turno. Dirigentes do DEM argumentam que Doria tem perfil muito “arrumadinho”, difícil de emplacar fora de São Paulo, ainda mais diante de uma disputa que vai ter Jair Bolsonaro e o PT. Mas o apresentador do Caldeirão não é igualmente janota, além de ser ingênuo e pouco versado nas artes da política? A essa pergunta os partidários de sua filiação ao DEM respondem que ele tem inserção nacional que precede a política, e, graças ao seu programa na TV, é identificado com preocupações sociais.
O que mais seduz o DEM, para além dessas questões de imagem, é a possibilidade de ter candidatura própria pela primeira vez desde 1989, quando se chamava PFL e concorreu com Aureliano Chaves. Garcia, sempre cauteloso na articulação política, tem se mostrado internamente disposto a bancar a briga, mesmo se tiver de ficar em lado oposto de seus aliados Neto e Maia. Se, ainda assim, for derrotado, tem dito que se filiará a outro partido para apoiar Doria e disputar o governo. O destino pode ser o próprio PSDB, o que não interessa tanto a Doria, pois deixa de somar tempo de TV, o PSD do antigo aliado Gilberto Kassab (com quem rompeu há alguns anos, e voltou a ter boa relação) ou o MDB, que se aproximou do Palácio dos Bandeirantes na sucessão paulistana. E a opção Ciro? Deixou de ser tão sedutora aos olhos do DEM. Isso porque o mapa do Brasil após as eleições se mostrou ainda inclinado à centro-direita, com os partidos da política tradicional voltando a mostrar força. A avaliação interna do DEM é que o caminho para vencer Bolsonaro é por aí, e não pela centro-esquerda.

*”Republicanos ganha espaço entre partidos da direita”*

*”Sob Bolsonaro, País fica sem tropa em forças de paz”* - Amanhã, quando o mestre da fragata Independência executar os toques de apito para o comandante da embarcação, em Beirute, no Líbano, a cerimônia de bordo da Marinha vai marcar o fim de uma era da diplomacia brasileira e de sua Defesa: pela primeira vez em 21 anos, o Brasil ficará sem contingentes em missões de paz das Nações Unidas. Desde 2011 o Brasil fazia parte da Unifil, única força de paz marítima da ONU, responsável pelo patrulhamento das águas territoriais libanesas. A Marinha exercia o comando da missão, que, agora, deve passar para a Alemanha. A Independência foi a última fragata enviada ao Oriente Médio. Havia partido, em 8 de março, do Rio para o Líbano, levando helicóptero, um grupo de mergulhadores de combate e um destacamento de fuzileiros navais. Era a nau capitânia da Unifil, quando escapou por pouco da explosão do depósito de nitrato de amônia que devastou a capital libanesa em agosto.
A fragata, cuja missão era impedir a entrada de materiais ilegais no Líbano, deve chegar ao Brasil no dia 28. Em 1.º de janeiro, o contra-almirante Sergio Renato Salgueirinho passará o comando da força. Isso não significa uma saída do Brasil do sistema ONU, pois restarão como capacetes azuis os militares em missões individuais que trabalham como observadores, instrutores ou no Estado-maior. Foi nos anos 1990 que aconteceu a volta das tropas do País em forças de paz. Em 1994, 200 paraquedistas estiveram na Onumoz, a força da ONU em Moçambique. Seu comandante, o general Franklimbergue Freitas lembra que a tropa abriu o caminho na ONU para que a presença brasileira fosse requisitada outras vezes. A missão seguinte foi em Angola, durou quase três anos e mobilizou 4.485 homens. Em 1997, o Brasil ficaria pela última vez sem contingente em missão de paz. O atual período de 21 anos de missões começou em 1999, quando o então major Fernando do Carmo Fernandes chegou ao Timor Leste, como oficial de ligação do contingente brasileiro com as tropas australianas. A ação na ilha devia estabilizar o país. Dias depois, 51 homens da Polícia do Exército desembarcaram.
Projeção. Depois do Timor, o País mandou tropas para o Haiti e para o Líbano. Ao todo, 38,2 mil brasileiros participaram dessas operações. A presença nas missões era considerada uma forma de projeção do poder nacional no momento em que o Itamaraty buscava abrir novos espaços para o Brasil nos organismos internacionais, com reivindicações como a reforma do Conselho de Segurança da ONU a fim de nele obter uma cadeira. “Havia da parte dos diplomatas e dos militares essa consciência de que essas operações eram complemento indispensável à ação de um país como o nosso, que não tem propriamente poder militar”, disse o embaixador Rubens Ricupero. Diplomatas e militares concordam que a ausência de tropa nas forças de paz pode trazer consequências. Na área da Defesa, pode afetar a sua modernização por meio da aquisição de experiência e doutrina para o emprego de tropas – exemplo disso foi a mudança da logística do Exército em operações no exterior após a ação no Haiti. Para Ricupero, a presença do País no mundo e sua relevância serão diminuídas. “A força no Líbano era a única presença significativa brasileira em uma área estratégica importante.” O general Adhemar da Costa Machado Filho, um dos comandantes brasileiros em Angola, escreveu monografia na Escola de Comando e Estado-maior do Exército na qual dizia que a participação do País nas forças de paz proporcionava a “oportunidade de projetar a expressão militar do poder nacional no exterior, o que, em última análise, representa um acréscimo da influência do poder nacional no contexto internacional”. Passados 21 anos, o general mantém a opinião. “O Brasil tem um perfil que se ajusta a essas missões.”
O economista Carlos Lopes, ex-diretor político do secretário-geral Kofi Anan e ex-representante da ONU no Brasil, lembrou que desde o governo de Dilma Rousseff há uma retração dessas políticas e da presença do Brasil no cenário internacional. “Não começou com (Jair) Bolsonaro nem com (Michel) Temer. Estamos assistindo a uma contração da presença brasileira nos fóruns multilaterais, que agora atingiu o clímax com o presidente Bolsonaro”, disse. “Há desinteresse generalizado pelas questões de manutenção de paz. O Brasil se retirou de tudo isso.” O desejo de manter tropas no exterior esbarrou nos gastos. Entre 2004 e 2017, a tropa no Haiti custou R$ 2,6 bilhões aos cofres públicos. De 2011 a 2018, o governo pôs R$ 483,5 milhões na Unifil, no Líbano. Ao anunciar sua retirada da força da ONU em 2019, a Marinha se justificou afirmando ter decidido priorizar as ações no Atlântico Sul. “A presença do Brasil nessas forças é uma modalidade original de soft power por meio de um poder hard sem os inconvenientes do hard power, da imposição da força, pois ela tem um contexto jurídico, dentro da carta das Nações Unidas”, disse Ricupero. Para ele, a saída da Unifil ocorre quando o Brasil aumenta seu isolamento, por meio da política do chanceler Ernesto Araújo, que disse se comprazer em ser um pária diplomático. “É o sinal dos tempos nos retirarmos do último domínio (as forças de paz) em que tínhamos uma presença multilateral.”

*”Moro nega haver conflito de interesses em novo emprego”*

*”Apoiadora de Bolsonaro vai julgar Flávio”* - A desembargadora Marília de Castro Neves foi eleita para compor o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável por analisar a denúncia do Ministério Público contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-rj), acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro no caso das “rachadinhas”. A magistrada ficou conhecida por acusar falsamente a ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) de ter vínculos com facções criminosas, e já manifestou apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Na terça-feira, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou processo disciplinar para investigar esta e outras publicações feitas nas redes sociais, incluindo uma em que ela defendeu a criação de um “paredão profilático” contra o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL). O processo administrativo, porém, não interferiu na eleição da desembargadora, que se lançou pelo quinto constitucional como candidata única.
Marília já manifestou apoio a Bolsonaro durante as eleições de 2018. Em agosto daquele ano, após o então candidato participar do programa Roda Viva, da TV Cultura, a magistrada escreveu: “Go Bolsonaro Go!!! Let’s make Brazil great again!!! (Vai, Bolsonaro, vai! Vamos fazer o Brasil grande de novo, em inglês)”, parafraseando o slogan de campanha do presidente americano Donaldo Trump. Composto por 25 desembargadores, o Órgão Especial do TJ-RJ é o responsável por julgar a denúncia do Ministério Público contra Flávio Bolsonaro no esquema das rachadinhas – a apropriação de parte dos salários dos servidores. O filho do presidente foi acusado de comandar uma organização criminosa que desviou R$ 6 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa do Rio. Ele nega.

*”Por videoconferência, Bolsonaro e Fernández conversam pela primeira vez”*
*”Diálogo ocorreu após intensa negociação diplomática”*
*”China minimizou surto, diz documento”*

*”Um dia após eleição, Doria restringe funcionamento de lojas e restaurantes”*
*”Transmissão avança em 15 das 22 regiões de SP”*

*”Governo busca brecha na lei para limitar atuação dos chineses no 5G”* - O governo Jair Bolsonaro está procurando alternativas, dentro da lei, para limitar a participação da fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei na implementação das redes de 5G no País, conforme apurou o Estadão/broadcast. A ideia é estabelecer uma barreira com base em requisitos técnicos ou de segurança, sem citar o nome da Huawei, que, na prática, impeça a empresa de participar do mercado 5G, de acordo com fontes ligadas ao assunto. Embora haja inclinação para concretizar a iniciativa, a avaliação é que o governo precisará fazer um “contorcionismo jurídico” para achar uma justificativa para limitar o livre mercado, pois faltam dispositivos legais que apoiem um veto antecipado a qualquer empresa. O que está em estudo, segundo as fontes, é a regulamentação da Instrução Normativa 4, publicada em março deste ano pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que dá as diretrizes de segurança cibernética para a construção das redes.
Uma ala do governo vê a chance de explorar o artigo dez, que determina que as operadoras devem contratar fornecedores distintos em cada região, de modo que cada local tenha diversidade no sistema, ajudando a diluir os riscos em caso de problemas eventuais nas redes. Haveria ali espaço para estabelecer medidas mais rígidas e que funcionem como barreiras para o avanço da companhia chinesa, que tem a maior participação do mercado em muitas localidades. O grupo que trata do assunto envolve a Presidência da República, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e os ministérios de Relações Exteriores, Casa Civil, Economia e Comunicações. O assunto ganhou corpo nos bastidores do governo nos últimos dias e foi justamente isso que levou associações empresariais a publicarem comunicados na sexta-feira passada, se posicionando contra o impedimento de qualquer fornecedor no mercado brasileiro. O temor das empresas é que sobrem apenas dois grandes fornecedores de equipamentos – a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia – por aqui, o que poderia acarretar aumentos nos custos de instalação de antenas.
As manifestações contrárias partiram do Conexis Brasil Digital (que representa as operadoras Vivo, Claro, TIM e Oi) e da Federação Nacional de Infraestrutura de Redes e Telecomunicações (Feninfra). As empresas já argumentaram que a limitação à Huawei pode encarecer muito a implantação do 5G no Brasil, uma vez que boa parte da infraestrutura usada pelas empresas já é fornecida pelo grupo chinês. Novos equipamentos, fornecidos por outras companhias, não “conversariam” com as redes já implantadas. Ainda que a medida em estudo pelo governo evolua, a possível brecha na instrução normativa é apontada como questionável e frágil, por fontes do mercado. O Estadão/broadcast apurou que os representantes das empresas já estão mobilizando advogados para questionar na Justiça qualquer decreto ou medida provisória que venha a ser publicada pelo governo federal.
Procurado, o Ministério das Comunicações afirmou que a decisão sobre os fornecedores de equipamentos de telecomunicações é um tema de Estado e que envolve segurança de dados. “A decisão sobre os fornecedores de equipamentos de telecomunicações perpassa diversos órgãos de governo para além do Ministério das Comunicações, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o Ministério da Defesa, o Ministério da Economia e o Ministério das Relações Exteriores. Por se tratar de segurança nacional, envolve também todos os presidentes da República dos países envolvidos com esse tema. Ressalta-se ainda que o presidente (Bolsonaro) está a par do processo decisório envolvendo a licitação 5G e ciente de que as discussões sobre o tema transcorrem dentro do horizonte temporal esperado”, disse em nota. A Huawei e os outros ministérios foram procurados pela reportagem, mas não se pronunciaram. O governo já deu apoio aos Estados Unidos na guerra comercial travada entre americanos e chineses. Os EUA vêm pressionando aliados ao redor do mundo a restringir a atuação da Huawei, o que já deu certo em países como Canadá e Reino Unido.

*”Em meio a disputa, exportações do Brasil dependem de país asiático”*
*”Governo vai propor nova meta fiscal como quer TCU”*
*”Maia diz que tributária já tem votos para passar na Câmara”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Corrente do bem contra a covid-19 atinge R$ 6,4 bi”*

*”Repique da covid leva governo de São Paulo a retomar restrição parcial”* - Não há perspectiva de “lockdown”, mas festividades de fim de ano com aglomerações estão vetadas

*”Inspeção da Anvisa no Sinovac termina sexta-feira”* - Segundo a agência, todos os laboratórios com pesquisa de vacinas em andamento no Brasil já iniciaram o envio de dados

*”Total de mortos no país pela doença supera 173 mil”* - Média de mortes dos últimos sete dias segue superior à de igual período anterior

*”É o ‘emprego, emprego, emprego’, diz Covas”* - Incerteza é sobre a capacidade dos municípios de sustentar suas receitas

*”Reação de ramos da indústria de média tecnologia é mais fraca”* - Retomada da produção industrial é desigual, puxada pelos extremos de intensidade tecnológica

*”Indicador de incerteza da FGV volta a subir, depois de registrar seis quedas”* - Economista destaca cenário de indefinição quanto à aplicação de vacina para 2021

*”Falta de bons projetos é maior gargalo à expansão do saneamento, diz Montezano”* - Presidente do BNDES criticou ainda políticas de subsídios adotadas por gestões anteriores do banco

*”Déficit público em 12 meses supera marca de R$ 1 tri”* - Resultado nominal, que inclui gastos com juros ultrapassa valor pela primeira vez

*”Operação da Fazenda de São Paulo mira R$ 360 milhões”* - Iniciativa busca cobrar débitos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços na modalidade de Substituição Tributária

*”Benefícios tributários vão somar neste ano R$ 471,7 bi, diz entidade de auditores”* - Cálculo da Unafisco, porém, é polêmico por incluir inexistência de imposto sobre as grandes fortunas

*”Amazônia tem maior desmatamento em 12 anos”* - Área atingida cresce 9,5% em 12 meses e deve elevar ainda mais pressão internacional sobre o governo

*”Investimento em infraestrutura é menos da metade do necessário, aponta Abdid”* - Maior hiato está em transportes, que recebeu 17% do necessário para reduzir gargalos em uma década

*”Bolsonaro faz ‘encontro virtual’ com Fernández”* - Primeira reunião bilateral entre mandatários acontece quase um ano após argentino assumir o cargo

*”Equipe econômica vê sucessão na Câmara travando reformas”* - Nesse cenário, prioridade é resolver problemas de curto prazo, como LDO

*”Com bandeira vermelha, conta de luz fica mais cara neste mês”* - Por decisão da Aneel, os consumidores pagarão em dezembro o adicional de R$ 6,243 para cada 100 kWh consumidos

*”Bolsonaro redobra a aposta em Lira para presidência da Câmara”* - O governo vê poucas chances de se viabilizar uma candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra caminho nesta semana para que ele possa concorrer à reeleição em fevereiro. A orientação do presidente Jair Bolsonaro é seguir trabalhando pela candidatura de Arthur Lira (PP-AL), deputado do centrão que se tornou um antagonista de Maia na Casa. Dois auxiliares diretos de Bolsonaro, ouvidos sob a condição de anonimato, dizem acreditar que não haverá “condições políticas” para que Maia concorra em fevereiro, ainda não mais haja empecilhos jurídicos. Na próxima sexta-feira, o STF se reúne em plenário virtual para decidir se a possibilidade de reeleição em uma mesma legislatura pode ser aberta por meio de mudança do regimento das Casas ou se precisa ser tratado por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Se a primeira hipótese prosperar no julgamento, abre-se caminho para as reconduções de Maia, na Câmara, e de Davi Alcolumbre (DEM-AP), no Senado.
Dentro do governo, acredita-se que Maia deseja concorrer e que, se de fato houver a liberação do STF, ele avaliará se tem ou não condições políticas para tal. A avaliação do entorno de Bolsonaro, porém, é que o clima na Câmara não é muito favorável a uma nova candidatura do deputado fluminense. Membros da ala política do governo avaliam ser mais provável que o presidente da Câmara patrocine a candidatura de algum aliado. O nome a ser escolhido dependerá de diversos fatores, sobretudo a aceitação de parte do grupo de Maia e de setores da Câmara com os quais ele dialoga, como os partidos de esquerda. Para esses membros do governo, Maia tem algumas cartas na manga, como Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Marcelo Ramos (PL-BA) e Fábio Trad (PSD-MS). Baleia Rossi (MDB-SP), tido como um dos preferidos de Maia, é rejeitado por boa parte do centrão. Luciano Bivar (PSL-PE), com quem Bolsonaro rompeu em 2019, também é citado como opção, mas com bem menos chances do que os demais. Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) defende abertamente que o Planalto se mantenha neutro na disputa. Em sua opinião, todos os principais postulantes à sucessão de Maia são de partidos que apoiam Bolsonaro ou, na pior das hipóteses, estão afinados com boa parte das pautas de seu governo.
Já Arthur Lira tem tentado manter ao menos a aparência de não ser o candidato do presidente, uma vez que sem os votos da oposição dificilmente conseguirá a cadeira hoje ocupada por Maia. Bolsonaro, porém, está decidido a ajudar Lira, que recentemente se envolveu em uma disputa com Maia pela formação da Comissão Mista do Orçamento (CMO). O impasse paralisou as discussões do Orçamento 2021. Desatar esse nó e viabilizar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) antes da virada do ano tornou-se “prioridade zero” do governo. O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo (Segov), vem conversando diretamente com Lira sobre o tema. Ramos, porém, tem evitado contatos com Maia neste momento, para não enviar um “sinal errado” sobre um suposto apoio à reeleição do atual presidente da Câmara. A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deputada pelo partido de Maia, tem atuado nessa interlocução. O presidente deseja evitar a reeleição de Maia ou de alguém apoiado por ele. Bolsonaro vê o atual presidente da Câmara como um obstáculo sobretudo a suas pautas de costume. Também tem na memória a relação conturmbada de Maia com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que acabou travando por diversas vezes a pauta econômica do governo. O governo, no entanto, vê com simpatia a recondução de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no comando do Senado. Alcolumbre é visto dentro do Palácio do Planalto como um aliado.

*”Maia quer aliança entre PSDB e PDT”* - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que trabalha para unir PDT e PSB numa candidatura de centro em 2022 e que o nome preferencial para essa aliança, pelo cargo que ocupa, é o do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mas que essa definição começará apenas em abril, após os movimentos do presidente Jair Bolsonaro. Maia viajou a Fortaleza, logo após o primeiro turno, para se encontrar com o vice-presidente do PDT, Ciro Gomes, e depois foi a São Paulo encontrar Doria. Ciro era o candidato de preferência do deputado do DEM em 2018, mas ele acabou vencido e o partido apoiou Geraldo Alckmin (PSDB), que recebeu apenas 4% dos votos válidos. A construção de candidatura de “centro” para a Presidência é de novo o objetivo, afirmou Maia, e foi fortalecida pelo recado das urnas na eleição municipal, com o crescimento dos partidos de centro-direita e a vitória de Bruno Covas (PSDB) na capital paulista. “Em 2000, a Marta [Suplicy] ganhou a eleição [para prefeita de São Paulo] e isso deu uma mensagem de que o Lula vinha forte em 2002. Para o governo, o resultado desta eleição mandou a mensagem de que o centro virá forte em 2022”, disse.
Em entrevista ao portal “UOL”, Maia destacou que o primeiro passo dessa “frente de centro” será a eleição para a presidência da Câmara. Ele disse que tenta construir a candidatura de alguém do grupo “independente” e que não tenha presidido a Casa. Seis nomes despontam: os presidentes do MDB, Baleia Rossi (SP), do PSL, Luciano Bivar (PE), e do Republicanos, Marcos Pereira (SP), e os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcelo Ramos (PL-AM) e Elmar Nascimento (DEM-BA). Horas antes, o ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu que, “por equiparação ao Executivo”, Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), poderiam disputar a reeleição. A Constituição Federal proíbe isso, mas uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser julgada até 11 de dezembro e pode liberar essa candidatura. “Uma coisa é poder e outra é querer. A interpretação do presidente Michel Temer tende a estar correta, do meu ponto de vista, mas isso não significa que eu vá disputar a eleição”, respondeu Maia.
O presidente da Câmara disse que vê PP, PL e PSD na candidatura do governo - no caso da Câmara, a do líder do PP, Arthur Lira (AL) -, mas que a frente de centro reuniria DEM, PSDB, MDB e Cidadania a PDT e PSB, atualmente na oposição. Haveria convergência na pauta de costumes, “menos conservadora que a do atual governo”, mas muitas divergências na economia. Maia citou como possíveis candidatos da frente Ciro, o apresentador de TV Luciano Huck e o presidente do DEM, ACM Neto, mas deu destaque para Doria. “O governador de São Paulo é sempre uma força preferencial, o que não quer dizer que o Luciano não possa tentar construir nesse campo construir, o Ciro também”, disse. Se Doria concorrer, o vice dele, do DEM, assumiria o governo. Para Maia, os primeiros movimentos para a eleição devem partir de Bolsonaro, que mostrará se quer intensificar o movimento para a centro-direita ou a pauta ideológica. Ele prevê que isso ocorrerá até março e a partir de abril a frente começará a discutir quem será o candidato.

*”Ciro e Recife viram obstáculos para diálogo da esquerda”* - Embalado pelas vitórias conjuntas de seu partido, o PDT, e o PSB nas eleições municipais, o ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a Presidência em 2018, não se demonstra aberto a iniciar um a amplo diálogo com a esquerda para a construção de alternativas nacionais em 2022. Ciro pende mais ao diálogo com o centro e reforçou o isolamento do PT. Ao mesmo tempo, ao analisar o resultado do pleito, lideranças da esquerda passaram a enfatizar que é urgente começar a aparar desde já as diferenças na centro-esquerda se quiserem ter competitividade eleitoral. Além da postura de Ciro, o resultado do pleito no Recife é outra enorme pedra no sapato para a centro-esquerda tentar uma unidade que possa ter resultados mais concretos na disputa eleitoral de 2022. As pontes de diálogo entre o PSB e o PT, ao menos temporariamente, estão minadas. O PSB conseguiu manter o poder na capital pernambucana, com a derrota que João Campos impôs à petista Marília Arraes, mas como definiu um integrante do PT, “ali a disputa não foi bonita”.
Na visão de Ciro, o eleitor, no domingo, deu dois recados: “Mandou brigar lá fora o lulopetismo e o bolsonarismo boçal. Foi um grande voto ao centro. Centro-esquerda, centro-direita”, afirmou, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na “Rádio Bandeirantes”. O ex-candidato à Presidência enfatizou que a vitória de José Sarto (PDT) em Fortaleza, derrotando o bolsonarista Capitão Wagner (Pros), foi um “levante da sociedade civil”. Ainda assim, o levante cearense, que reuniu o PT e figuras tucanas tradicionais no Estado, como o ex-governador Tasso Jereissati, venceu com margem apertada: 51,69% a 48,31%. Ainda que avalie que a disputa local é pautada por questões cotidianas e respostas eficazes de gestão, Ciro admitiu que os brasileiros, nas cidades maiores, tinham uma segunda razão para o voto - essa, aí sim, relacionada ao “alinhamento ideológico, pra cá ou acolá”. Ciro Gomes fez questão de pontuar que em São Paulo o candidato do PT terminou em sexto lugar na disputa, no Rio em quarto, e em Belo Horizonte um resultado medíocre inferior a 2%. O PDT, lembrou, fez aliança com o vitorioso Alexandre Kalil (PSD) em Minas, e com o candidato de ACM Neto (DEM), Bruno Reis, em Salvador.
O cearense criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB). Sobre o tucano, disse que quem ganhou em São Paulo foi Bruno Covas, que tirou Doria da campanha. Em relação ao comunista, afirmou que lhe falta “noção da real” ao aparecer no domingo para votar com uma camiseta com os dizeres “Lula Livre”. Ciro Gomes se mostra disposto a liderar um projeto de aliança “do centro à esquerda”, mas avisa: “sem essa conversa mole do esquerdismo infantil e sem essa picaretagem de lacrar na internet e deixar o Brasil ir para o brejo”. A aliança que o Brasil precisa fazer, definiu, seria com o “centro respeitável” sem “a direita podre”. “Temos que tirar essa gente, fazer uma limpeza na vida política brasileira com gente experiente, com capacidade de dialogar.” Atacado por Ciro, o governador Flavio Dino disse em post no Twitter que não o responderia, pois quer dar uma contribuição para que o “campo nacional popular caminhe unido”. “Não me cabe acirrar conflitos desnecessários”, disse Dino. A visão do maranhense sobre o pleito é bastante ácida. Dino reconhece que a força do bolsonarismo é declinante, mas as clivagens à direita se fortaleceram e mostraram capacidade de união superior à da esquerda.
Em entrevista ao UOL, Dino disse que enxerga dois polos se formando na esquerda e, caso eles não se unam antes de 2022, esse campo político poderá ficar fora do segundo turno. PT, Psol, PCdoB, PDT e PSB, na visão do governador, precisam estar unificados. “Temos dois eixos que devem se conformar na esquerda. Se esses dois eixos não se juntam, fica muito difícil ganhar [eleições]”, definiu o governador. Ainda tentando digerir derrotas importantes, dirigentes do PT afirmam que o diálogo não pode ser interditado.

*”Vai, Rodrigo!, ser “gauche” na vida”* - A esquerda saiu derrotada das urnas - com ressalva ao desempenho de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo -, numa disputa em que MDB, PP, PSD, PSDB e DEM elegeram mais de 3 mil prefeitos. Apesar do revés eleitoral, as bancadas de esquerda retornam ao Congresso nesta semana com os passes valorizados para outra eleição: a sucessão nas Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, daqui a 63 dias. Entusiasta de uma ampla frente “de centro” em 2022 - na qual incluiu Ciro Gomes e o PDT - o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá de fazer a curva à esquerda para conquistar os votos necessários para sua eventual reeleição, ou para fazer um sucessor de seu grupo. Na Câmara, os 138 deputados dos partidos de esquerda cumprirão o papel de fiel da balança no desfecho da acirrada disputa entre Rodrigo Maia e Arthur Lira (PP-AL). Sabe-se que foram os votos da esquerda que viabilizaram a expressiva vitória de Maia no primeiro turno em 2018, com 334 votos. Ontem durante uma reunião virtual, a bancada do PT - a maior da esquerda, com 57 deputados - estabeleceu pré-requisitos ao candidato que reivindicar os votos petistas. Dois deles inviabilizam, de saída, o endosso do PT ao próprio Maia, e ao relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Falta a chancela do diretório nacional, mas a bancada do PT na Câmara vai se posicionar contra a reeleição dos atuais presidentes das Casas. Os deputados não têm ingerência sobre os senadores, mas, ao menos em seu foro decisório, não avalizarão a eventual recondução de Rodrigo Maia, na hipótese de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a constitucionalidade da postulação. Os deputados do PT também só comprometerão os votos da bancada com um candidato apoiado oficialmente pelo seu partido. Essa posição é um complicador para Aguinaldo, na hipótese (remota) de ele lançar a candidatura avulsa pelo grupo de Maia. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), já declarou que o partido apoia Lira. As diretrizes dos votos do PT na Câmara ainda serão submetidas ao diretório nacional, que se reúne na próxima semana para a primeira avaliação oficial do resultado das eleições. As bancadas da Câmara e do Senado divergem, e o diretório terá de arbitrar o impasse. O líder no Senado, Rogério Carvalho (SE), já declarou publicamente apoio da bancada à recondução do presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Maia já tem uma boa parcela dos votos da esquerda, mas terá de se desdobrar pelos votos do PT. O partido tem restrições a vários de seus possíveis candidatos. Rejeita o líder e presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), pela proximidade de Michel Temer. A melhor interface dos petistas entre os postulantes à cadeira de Maia tem sido, até agora, com o vice-presidente Marcos Pereira, e com o próprio Arthur Lira. Ambos, entretanto, são considerados muito próximos do presidente Jair Bolsonaro. Aguinaldo seria uma solução menos amarga, mas dificilmente embarcará em uma candidatura avulsa. O exemplo mais recente dessa aventura, em 2005, acabou na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE), morto neste ano. Ele comandou a Casa por sete meses, até renunciar, diante das denúncias do “mensalinho”. O racha no PT favoreceu a vitória do azarão. O candidato oficial da sigla era o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), que venceu o primeiro turno. Mas o também petista Virgílio Guimarães (MG), que concorreu como avulso, obteve 117 votos, e empurrou o desfecho para o para o segundo turno. Em suma, a dois meses da eleição, o cenário é nebuloso, e a disputa tende a ser voto a voto. Se vivo fosse, e acompanhasse a política nacional, Drummond diria a Maia: “Vai ser ‘gauche’ na vida”.
PT e o Acre
A derrota nas 26 capitais pela primeira vez desde 1985 é um dos piores revezes do PT desde a sua fundação, há 40 anos. Mas uma leitura mais detalhada dos números deveria acender mais luzes amarelas na cúpula da legenda. Um decano do partido questiona, por exemplo, por que o PT não elegeu sequer um vereador em Rio Branco, capital do Acre. Em dimensão eleitoral, parece desimportante, mas esse resultado tem um simbolismo incômodo. Somados os períodos em que o PT esteve no comando da Prefeitura de Rio de Branco e do governo do Acre, são 38 anos de administrações petista nas esferas municipal e estadual. Foram 18 anos não consecutivos na prefeitura, e mais 20 anos consecutivos no governo estadual, entre 1999 e 2018, onde se revezaram os irmãos governadores Jorge e Tião Viana, e no intervalo entre eles, Binho Marques. Pode-se argumentar que o eleitorado do Acre, assim como o da Região Norte, tornou-se majoritariamente bolsonarista. Mas a esquerda elegeu vereadores em Rio Branco. PDT e PSB fizeram seis dos 17 titulares da Câmara Municipal.
Se o Acre não tem expressão eleitoral, o PT pode direcionar a lupa para os quatro Estados do Nordeste, governados por petistas: Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Nenhum desses governadores conseguiu levar candidatos do PT à Prefeitura das capitais ao segundo turno. O caso da Bahia é alarmante: sem lideranças expressivas nos grandes centros (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), o PT pode perder em 2022 o comando do quarto maior colégio eleitoral do país. O exemplo de Rio Branco aplica-se à Bahia do ex-governador Jaques Wagner, e de seu sucessor, Rui Costa, que tem 80% de aprovação popular. Após 14 anos no comando do Estado, o PT sai desta eleição com três vezes menos prefeituras do que seus futuros adversários. Dos 417 municípios baianos, o PT governará 32 prefeituras. O PSD do senador Otto Alencar, pré-candidato à sucessão de Rui Costa, elegeu 108 prefeitos. O DEM do prefeito ACM Neto, também pré-candidato ao governo, fez 37 prefeitos, inclusive Bruno Reis, em Salvador. Se o senador Jaques Wagner não for candidato em 2022, o PT corre o risco de ceder a cabeça de chapa, e ficar sem o comando do Estado que entregou 72% dos votos para Fernando Haddad em 2018.
*Andrea Jubé é repórter de Política em Brasília

*”MP para privatizar subsidiárias da Caixa deve perder a validade”* - Banco usa brecha e reestrutura áreas para venda mesmo sem aval da Câmara

*”Proposta que prevê recursos para Fiocruz entra na pauta”* - MP destina R$ 1,9 bilhão para produção da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19

*”Parlamentares tropeçam nas eleições de 2020”* - De 67 congressistas que se candidataram, apenas 12 conseguiram se eleger este ano

*”Vitórias da esquerda desfalcam oposição na Câmara”* - Além da queda no número de prefeituras, os partidos de oposição ao governo Bolsonaro também ficarão menores na Câmara dos Deputados a partir de janeiro por causa das eleições municipais. Deputados do PSB, PDT e PT que foram eleitos prefeitos serão substituídos por parlamentares da base governista ou que votam a favor da agenda econômica. A deputada Margarida Salomão (PT), eleita prefeita de Juiz de Fora (MG), será substituída pelo ex-deputado e ex-senador Aelton Freitas (PL). Neucimar Fraga (PSD) ficará no lugar de Sergio Vidigal (PDT), que voltará a comandar a Prefeitura de Serra (ES). PL e PSD são dois dos maiores partidos da base do governo e apoiam os projetos do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. O deputado JHC (PSB), eleito para comandar Maceió, dará lugar a Pedro Vilela (PSDB). Os tucanos não são da base do governo e se declaram independentes, mas costumam votar a favor dos projetos econômicos propostos pelo Executivo - ajudaram a aprovar, por exemplo, a reforma da Previdência e o marco legal do saneamento.
Dos deputados de partidos de esquerda vitoriosos no segundo turno, apenas Edmilson Rodrigues (Psol), eleito em Belém, e João Campos (PSB), que será prefeito de Recife, darão lugar a suplentes de seus próprios partidos. Nos outros três casos, as coligações refletiram alianças regionais, sem relação com a posição dos partidos no plano nacional. Os cinco partidos de esquerda (PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede) hoje possuem 133 deputados e, com essas mudanças, terão uma pequena redução, para 130 votos - a Câmara possui 513 parlamentares. A partir de 2022, as eleições proporcionais para deputado estarão proibidas e os suplentes serão obrigatoriamente do mesmo partido dos titulares, mas há articulações no Congresso para reverter o fim dessas alianças. Ao todo, 12 deputados federais venceram as eleições para prefeito, mas dois deles eram suplentes que assumiram para ganhar destaque e se fortalecerem para a disputa municipal. No campo governista, haverá poucas mudanças porque os eleitos pelo Podemos, DEM, PSDB e PSD serão substituídos por colegas de partido. A exceção é o deputado Wladimir Garotinho (PSD-RJ), filho dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, que venceu a disputa pela Prefeitura de Campos de Goytacazes (RJ), mas não sabe se poderá assumir porque seu vice teve a candidatura indeferida. Se ele reverter essa situação, a vaga será ocupada pelo secretário de Governo de Angra dos Reis (RJ), Marcus Venissius (Patriota), também da base aliada.
Outra situação que pode mudar a força dos partidos em Brasília é a composição dos secretariados. O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (DEM), já anunciou dois deputados: Pedro Paulo (DEM), para a Fazenda, e Marcelo Calero (Cidadania), para a Casa Civil. Eles serão substituídos na Câmara por Júlio Lopes (PP) e Otávio Leite (PSDB). Lopes é aliado do líder do PP, Arthur Lira (AL), enquanto Pedro Paulo faz campanha pela reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Se Maia for autorizado a concorrer de novo, Pedro Paulo terá que deixar a secretaria para votar e impedir um voto para o adversário dele.

*”Juíza autoriza quebra do sigilo de e-mails de hackers”* - Apurações apontaram sete tentativas de acesso em 15 de novembro

*”Mulheres e negros registram poucos avanços nas cidades”* - Na comparação com 2016, prefeitas passaram de 11,6% para 12,1% do total e negros de 1,7% para 2,4%

*”Lava-Jato não formalizou pedidos de cooperação”* - Cumprindo determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Operação Lava-Jato não formalizou os pedidos de cooperação jurídica internacional nas seis ações penais envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com base nesse documento, a defesa do petista deve pedir a nulidade dos processos em que Lula é réu. Para o advogado Cristiano Zanin, isso comprova que as investigações da Lava-Jato contra o ex-presidente foram influenciadas ou dirigidas indevidamente por autoridades estrangeiras. A informação foi antecipada pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. A discussão teve início em julho, quando a Agência Pública publicou mensagens atribuídas ao procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, em que ele indica ter firmado uma parceria informal com o FBI, agência de inteligência americana, a quem fazia pedidos diretos. Segundo as conversas, Dallagnol é alertado pelo procurador Vladimir Aras de que essa parceria deveria ser intermediada pelo Ministério da Justiça, conforme o decreto que estabelece acordo bilateral entre Brasil e EUA em matéria penal. O coordenador agradece, mas diz que “não vale o risco de passar pelo Executivo”.
Na semana passada, o STJ negou um pedido do Ministério da Justiça para anular uma decisão do ministro Sérgio Kukina que havia obrigado o órgão a informar se as cooperações internacionais da Lava-Jato passaram pelos trâmites legais devidos. Antes de acionar a Justiça, os advogados de Lula haviam tentado obter os documentos pela via administrativa, mas o ministro da Justiça, André Mendonça, negou, alegando tratar-se de procedimento sigiloso. O STJ entendeu não ser o caso de a pasta franquear à defesa do ex-presidente o acesso à íntegra do material, mas considerou que a informação sobre a legalidade ou não das cooperações internacionais deve ser divulgada, em nome do princípio da transparência na administração pública. Ao cumprir a decisão, o governo disse ter analisado todos os pedidos de cooperações jurídicas internacionais que tenham sido formulados por autoridades brasileiras ou americanas perante o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), nas ações penais contra Lula.
“Como resultado das pesquisas, não foi identificado nas bases de dados deste DRCI qualquer pedido de cooperação que atenda aos critérios supracitados”, diz despacho assinado pelo coordenador de Cooperação Jurídica Internacional em Matéria Penal, Marconi Costa Melo. Ele ressalta, contudo, que os sistemas não conseguem identificar os requerimentos feitos nas fases de investigação, ou seja, em etapas anteriores à instauração das ações penais, quando o ex-presidente ainda não era réu. Sendo assim, diz o texto, não se pode “excluir a possibilidade” de que os procedimentos da Lava-Jato tenham sido corretos. O documento foi encaminhado ao STJ pela Advocacia-Geral da União (AGU), por meio do Núcleo de Controvérsias de Direito Internacional no Brasil (Nuint). Quem assina o ofício é a advogada da União Nereida Del Águila. Procurados pelo Valor, o procurador Deltan Dallagnol e a força-tarefa do Ministério Público em Curitiba não responderam.

*”PF retoma investigação de superfaturamento no AM”* - Agentes da Polícia Federal cumpriram ontem mais uma etapa da Operação Sangria

*”Para Mufarej, moderação foi a vencedora”* - Segundo idealizador do RenovaBR, pandemia e campanha curta fez eleitor optar por continuísmo

*”Alienação eleitoral no segundo turno chega a 53,9%”* - Além da pandemia, disputas menos acirradas e conjuntura local influenciaram para aumentar alienação

Nenhum comentário:

Postar um comentário