CAPA – Manchete principal: *”Dívida e pandemia acirram crise fiscal e disputa sobre gasto”* EDITORIAL DA FOLHA - *”Filme antigo”*: A tese é recorrente na esquerda brasileira: faz-se necessária uma frente ampla contra o adversário da vez, sem restrições a variadas forças políticas —desde que eu esteja à frente da iniciativa. O eu em questão é o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda o principal partido do campo no Brasil, apesar do encolhimento de sua relevância demonstrado pelo minguado resultado eleitoral em 2020. A sigla orbita a figura de Lula, flertando perigosamente com um ocaso personalista de sua maior liderança, que parece ter perdido o norte político após deixar a cadeia. O sectarismo e o anacronismo pautam a vida partidária, com a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, servindo de advogada de defesa da indesculpável ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela sempre que a oportunidade se coloca. A dirigente chegou a criticar o futuro presidente americano, Joe Biden, dizendo que Barack Obama havia acobertado casos de corrupção dele nos tempos de vice. O motivo? Em livro, o ex-presidente afirmara ter ouvido falar das suspeitas de corrupção de Lula. Quando o cacique petista foi condenado e preso, impedido legalmente como ainda está de participar de eleições, a sigla preferiu insistir no embuste de apresentá-lo na disputa ao Planalto em 2018. Fernando Haddad assumiu o papel de poste e a chapa surfou nos votos que Lula ainda era capaz de amealhar, sendo derrotada por Jair Bolsonaro no segundo turno sem conseguir apoios expressivos. Talvez esperançoso por uma nova chance, Haddad lançou no fim do ano passado a candidatura do ex-chefe em 2022, algo que depende de um complexo arranjo legal. Preterido pelo PT, o terceiro colocado em 2018, Ciro Gomes (PDT), responsabiliza corretamente o partido pela desunião da esquerda. Esse é um filme antigo para todos os que negociaram alianças com Lula. Assim, desponta como oportunidade a disputa pela presidência da Câmara, que oporá uma aliança de centro-direita —apoiada pelo atual ocupante da cadeira, Rodrigo Maia (DEM-RJ)— e o candidato de Bolsonaro, o prócer do centrão Arthur Lira (PP-AL). O nome de Maia, Baleia Rossi (MDB), busca unir toda a oposição ao Planalto. Como disse o deputado demista, o movimento pode ser visto como um ensaio geral para o pleito do ano que vem. O PT, claro, protestou. Gleisi disse que uma coisa não tem nada a ver com a outra, e a agremiação postergou sua decisão para este mês. É óbvio que o petismo não irá apoiar em 2022 um candidato do grupo de Maia, como João Doria (PSDB-SP). Mas conceder a Bolsonaro a possibilidade de comandar a agenda legislativa nos dois últimos anos de seu mandato, com um apoio tácito a Lira, apenas confirmará a miopia política da legenda. +++ O texto descontextualiza o enredo político dos últimos anos e passa pela prisão do ex-presidente Lula como se fosse algo normal. Enfim, o que está no editorial é a prática recorrente da Folha com sua “memória seletiva” e “adaptação” da realidade para o que lhe for mais confortável. RICARDO BARROS - *”Por uma nova Constituição”*: A atual Constituição Federal tem 103 vezes a palavra “direitos” e 9 vezes a palavra “deveres”. Trata-se, claro, de uma conta que não fecha. Trinta e dois anos após a promulgação da Carta, os privilégios dados a determinadas categorias no texto constitucional levam o país a suportar uma carga tributária de 35%, ainda insuficiente para pagar os nossos compromissos. Conforme havia previsto o então presidente José Sarney, o Brasil se tornou ingovernável, pois não há como bancar todos os direitos incluídos no texto de 1988. Por isso coloquei em discussão, em seminário da Associação Brasileira de Direito Constitucional, a minha proposta de plebiscito para os brasileiros decidirem se são favoráveis, ou não, a uma Assembleia exclusiva para elaborar uma nova Constituição. Apesar das esperadas críticas de segmentos corporativistas, recebi muitos apoios, que me incentivaram a levar adiante o debate. A defesa de ampla reforma constitucional é antiga posição do meu mandato, e não uma diretriz do governo Jair Bolsonaro: há 15 anos, fui um dos signatários da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 447, que tinha essa objetivo. O desafio de liderar a bancada do governo só reforça a minha convicção pessoal. Para garantir a governabilidade a curtíssimo prazo, precisamos neste ano aprovar quatro emendas constitucionais, que vão se somar às atuais 108: as reformas administrativa e tributária, o pacto federativo e a PEC Emergencial de controle de despesas obrigatórias —todas voltadas ao reequilíbrio das finanças públicas. A necessidade de viabilizar tantas mudanças complexas é a prova de que os limites da atual Carta estão esgotados. Não seria mais lógico elaborar uma nova Constituição do que promover constantes emendas? Apresentarei, em breve, projeto de decreto legislativo prevendo um plebiscito para termos essa resposta. Caso seja aprovada, a nova Constituinte será exclusiva. Assim, não correremos o risco de que os seus integrantes venham, em busca de futuros votos, criar novos privilégios demagógicos. Já temos um excesso de “vales”, “licenças” e outros supostos benefícios que, na prática, favorecem setores isolados e oneram toda a sociedade. Os privilegiados, aqueles que recebem os maiores salários, vantagens e inúmeros penduricalhos, sabem que uma nova Constituição não cometerá os mesmos erros —e, por isso, resistem à minha proposta. O nosso país atualmente gasta 14% do Produto Interno Bruto para sustentar o funcionalismo, enquanto o Japão, por exemplo, usa 5% do seu PIB. O Brasil não consegue pagar essa conta. As corporações, porém, querem manter os seus privilégios caros e desnecessários, ao mesmo tempo em que buscamos, com graves limitações, recursos para reconstruir a infraestrutura nacional e viabilizar um auxílio emergencial aos cidadãos mais prejudicados pela pandemia. Precisamos cortar despesas para investir na área social. Ao defender a reforma da Constituição, penso também em equilibrar os Poderes, pois o poder Fiscalizador ficou muito maior do que os demais, com uma situação inaceitável de inimputabilidade dos seus agentes. Ora, a Carta Magna diz, em seu artigo 5º, que somos todos iguais perante a lei, mas ainda estamos longe de alcançar tal isonomia. Juízes, promotores, fiscais da Receita e determinados servidores não precisam responder por eventuais erros. Alguns podem promover acusações falsas, caluniar e provocar prejuízos morais e econômicos sem jamais serem responsabilizados. Uma vez provada a inocência da pessoa atingida por esse ativismo, o único recurso é o de processar o Estado, e não os agentes públicos que deram origem aos danos. Não seria correto que todos respondessem efetivamente pelos seus atos? O fato é que chegamos ao limite da nossa capacidade contributiva e não podemos fazer de conta que não há esse problema. Se erramos a fórmula, precisamos elaborar outra. Nada mais democrático do que permitir, ao povo, que decida se o caminho é uma nova Constituição. PAINEL - *”Com anúncio da Fiocruz, secretários preveem corrida para saber quem vai vacinar contra a Covid-19 primeiro”*: Com o anúncio da Fiocruz no fim de semana de que pretende comprar 2 milhões de doses prontas da vacina da AstraZeneca/Oxford, gestores estaduais de saúde preveem o início de uma corrida para saber quem vai emplacar primeiro a vacinação em massa: o governo federal ou São Paulo, com a Coronavac. A aposta é que Eduardo Pazuello (Saúde) vai antecipar todos os cronogramas para tentar largar na frente de João Doria, que marcou para 25 de janeiro o início da vacinação no estado. A expectativa é que Pazuello anuncie o início da imunização em janeiro nesta segunda (4). A pressão que já era grande aumentou após a vacinação na Argentina. O governo avalia se poderá ser possível alcançar a proteção com apenas uma dose. Os testes da vacina de Oxford estão sendo feitos com duas doses, mas há indicativo de que a eficácia pode superar 50% na primeira rodada. “A disputa é pela vida, o que queremos é vacinar”, afirmou o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, que negou qualquer prejuízo à estratégia paulista. O plano dele é entregar os pedidos para uso emergencial e definitivo da Coronavac na Anvisa nesta semana. A Fiocruz também trabalha com este prazo. PAINEL - *”Exame descartou dois de quatro casos suspeitos de nova mutação do coronavírus em SP, diz secretário”* PAINEL - *”Produtores rurais organizam tratoraço contra aumento de ICMS de Doria”* PAINEL - *”Maioria do PT deve optar por apoio a Baleia Rossi, diz deputado”*: O deputado José Guimarães (PT-CE) diz que há maioria no partido para declarar apoio a Baleia Rossi (MDB) nesta segunda (4). “Estamos tratando da nova gestão da Câmara. Nada além disso”, diz ele, afastando projeções sobre alianças em 2022. Guimarães afirmou que são quatro os pontos cruciais para o PT na eleição da presidência da Casa: defesa da democracia, independência do Legislativo, derrota do candidato de Jair Bolsonaro e uma plataforma que seja capaz de frear as “aleivosias de Paulo Guedes (Economia)”. “O Brasil agoniza e a saída que ele apresenta é a reforma administrativa, não há plano para o emprego. A gestão da Câmara tem que atuar nisso”, afirma. Aliados de Baleia esperam pelo apoio do PT, o mais numeroso da Câmara, para engrossar o lançamento da candidatura do deputado, previsto para quarta (6). PAINEL - *”PSOL está divido ao meio sobre eleição na Câmara, mas líder defende apoio a Baleia Rossi”*: Já o PSOL está dividido ao meio entre apoiar Baleia Rossi ou lançar candidatura própria, diz Sâmia Bomfim, líder do partido, que conta com dez parlamentares. Ela defende a primeira opção. “Acho importante compor o bloco. Com exigências claras, como a aprovação de uma renda básica, não pautar nenhum retrocesso na ‘agenda de costumes’, não pautar privatizações nem autonomia do BC”, afirma. Sâmia classifica Arthur Lira (PP), candidato do governo, como “perigo real”. “Acho ruim o PSOL ser identificado como a sigla que não atuou ativamente para derrotá-lo”. PAINEL - *”Kassab diz que os 35 deputados do PSD devem votar em Lira”* *”Tribunal que julgará Flávio Bolsonaro arrasta análise de denúncias de pessoas com foro especial”* - A corte responsável por analisar as acusações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tem levado em média mais de nove meses para decidir se aceita ou não uma denúncia oferecida pelo Ministério Público contra pessoas com foro especial. Formado por 25 desembargadores, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro é composto, em sua maioria, por magistrados que atuam na área cível. O colegiado tem ao menos três denúncias há meses aguardando a análise —uma delas sobre “rachadinha”. O órgão se tornou responsável pelo julgamento do senador após o Tribunal de Justiça fluminense entender que Flávio tinha direito ao foro especial destinado aos deputados estaduais, cargo que ocupava na época dos fatos investigados. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é acusado de liderar uma organização criminosa para o recolhimento de parte dos salários de ex-funcionários fantasmas de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. O operador financeiro desse esquema, segundo os investigadores, é o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia e amigo do presidente há mais de 30 anos. A quebra do sigilo bancário de Queiroz mostrou que, além de receber parte do salário de ex-funcionários de Flávio, ele e sua esposa pagaram R$ 89 mil em cheques entre 2011 e 2016 para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. A transação financeira nunca foi completamente esclarecida pelo presidente. Recentemente, ele disse que Queiroz também pagava contas pessoais suas —não informou com que recursos. A investigação do MP-RJ identificou ao menos uma oportunidade em que o PM aposentado pagou, com dinheiro vivo, boletos da escola das filhas do senador. A Promotoria afirma ser dinheiro da “rachadinha”. Pesquisa Datafolha realizada em dezembro mostra que 58% dos brasileiros considera o senador culpado no caso da “rachadinha”. Segundo a pesquisa , 11% o consideram inocente, e outros 31% não souberam responder. Em uma live no último dia 31, o presidente Bolsonaro questionou a imparcialidade do Ministério Público do Rio. “O que aconteceria, MP do Rio de Janeiro? Vocês aprofundariam a investigação ou mandariam o filho dessa autoridade para fora do Brasil e procurariam maneira de arquivar esse inquérito?”, disse. “Caso hipotético, vamos deixar claro”, continuou. “Caso um filho de uma autoridade entrasse num inquérito da Polícia Civil do Rio e aí um delator tivesse falado que ele participava de tráfico internacional de drogas. O que aconteceria?" Além de ser o responsável pelo controle das investigações contra deputados estaduais, o órgão especial também atua em crimes supostamente cometidos por magistrados, membros do Ministério Público, o vice-governador e secretários de estado. As ações penais, porém, são raras no tribunal. O órgão tem em sua rotina a deliberação sobre ações contra atos do governador, análise de conflitos de competência na corte, arguição de impedimentos e suspeição, e assuntos administrativos. A Folha localizou apenas oito denúncias já recebidas pelo colegiado —a assessoria de imprensa do tribunal afirmou não ser possível fazer um levantamento específico sobre ações penais no órgão. A acusação que demorou mais tempo para ser aceita também tinha forte carga política. Trata-se da denúncia contra o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes, sob acusação de integrar o esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. O tribunal levou um ano e quatro meses para aceitar a denúncia contra os dois. Esse é um dos 34 processos a que Cabral responde em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. A denúncia que tramitou de forma mais rápida foi uma das duas contra o procurador Elio Fischberg, acusado de falsificar um documento do MP-RJ para beneficiar o ex-deputado Eduardo Cunha. O órgão especial levou seis meses para transformá-lo em réu da acusação. Essa foi uma das poucas ações penais concluídas no próprio órgão especial. O procurador foi condenado em março de 2013, cinco anos e dois meses após a denúncia ter sido aceita. O caso de Fischberg tem uma coincidência com o de Flávio. O relator das ações contra o procurador também foi o desembargador Milton Fernandes. Ex-presidente do TJ-RJ e atuante em Câmara Cível, Fernandes é visto como um magistrado discreto. Na primeira ação contra Fischberg, seu relatório pela aceitação da denúncia foi aprovado com apenas um voto contra. Ele pediu a condenação do procurador e de um advogado corréu, tendo apenas o primeiro sido punido —a maioria absolveu o segundo. Nos últimos anos, o volume de denúncias oferecidas cresceu na corte. Além da ação contra Cabral e o ex-procurador-geral do estado, o MP-RJ também apresentou acusação contra o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC) por supostamente comandar um esquema de “rachadinhas” em seu gabinete, num caso semelhante ao de Flávio. A acusação feita em junho ainda não foi analisada pelos desembargadores —bem como os pedidos de busca e apreensão. Também estão pendentes de análise denúncia contra um juiz acusado de vender sentenças e um promotor supostamente envolvido com milicianos. A denúncia contra Flávio tende a seguir uma demora semelhante. Fernandes ainda não notificou as defesas para se manifestarem sobre as acusações mesmo após mais de dois meses do oferecimento da acusação. Interlocutores do magistrado afirmam que ele aguarda decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre o foro especial dado ao senador e a legalidade das provas obtidas para dar andamento ao processo. O órgão especial é formado pelos 13 desembargadores mais antigos do tribunal (chamados de “membros natos”) e outros 12 eleitos entre os magistrados de segunda instância. Cinco desse segundo grupo são sempre os que venceram a eleição para a administração do tribunal: presidente, três vice-presidentes e o corregedor. A demora na análise das denúncias se deve tanto ao número de magistrados envolvidos como na quantidade de sessões da corte. O grupo se reúne apenas uma vez por semana. Advogados que já atuaram no tribunal relatam que o fato da maioria dos desembargadores atuar na área cível, as discussões criminais se alongam. Um dos profissionais ouvidos pela Folha afirmou que as dificuldades de tramitação no órgão especial são semelhantes à no Supremo. Os ministros, porém, contam com o apoio de juízes auxiliares, se reúnem com mais frequência, e os debates envolvem a metade do número de magistrados do órgão especial. Além disso, o mandato dos 12 eleitos é de dois anos, podendo a formação da corte se alterar pela metade no curso da ação penal. Entre os eleitos que assumem o posto em fevereiro está a desembargadora Marília de Castro Neves, condenada a indenizar a família da vereadora Marielle Franco por ofensas publicadas na internet. Também foi eleito o desembargador José Carlos Maldonado de Carvalho, que integra o Tribunal Especial Misto que conduz o processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel (PSC). Entre advogados, especula-se que a denúncia contra Flávio acirre o componente político das decisões do órgão especial. Para eles, os grupos de afinidade dentro do tribunal costumam se alinhar em casos como esses. O ex-presidente do TJ-RJ Luiz Zveiter é visto como um dos mais influentes do tribunal. O presidente eleito do tribunal, Henrique Figueira, venceu a disputa interna após apoio do presidente do Supremo, Luiz Fux. Henrique é irmão do ex-deputado estadual João Pedro Figueira, que atualmente atua como advogado. O Tribunal de Justiça do Rio é origem de diversos ministros de cortes superiores. São egressos do tribunal, além de Fux, os ministros do STJ Antônio Saldanha Palheiro, Marco Aurélio Belizze e Luiz Felipe Salomão. *”Entenda o que são e como estão os inquéritos no STF que envolvem Bolsonaro”* CELSO ROCHA DE BARROS - *”Bolsonaro precisa explicar sua aparente tentativa de chantagem e intimidação contra o Ministério Público”* *”Com vetos para redes sociais, advocacia quer novas regras de publicidade na profissão”* ENTREVISTA DA 2ª - *”Pandemia deixou óbvio que vivemos em um país desgovernado, diz Frei Betto”*: Os meses de pandemia do novo coronavírus no Brasil têm sido de isolamento para Frei Betto, 76. Dividindo-se entre o convento dominicano, em São Paulo, e um sítio, entre palestras virtuais e a escrita, ele conta que sai apenas esporadicamente para ir a consultas médicas de rotina. As reflexões sobre os primeiros três meses deste período foram reunidas recentemente em “Diário de Quarentena – 90 dias em Fragmentos Evocativos”, publicado pela editora Rocco. Este é o mais recente da lista de 69 livros assinados pelo frade dominicano, reunião de ensaios, artigos, registros de notícias sobre o avanço da Covid-19, poemas, memórias da ditadura e de pessoas próximas, como frei Tito, amigo que foi torturado pelo regime. “Colocar no papel ou computador ideias e sentimentos é profundamente terapêutico”, diz ele, em um dos trechos, onde sugere escrever um diário entre as dicas de como enfrentar a reclusão forçada, lembrando os dias em que foi mantido em solitárias nos Dops (Departamento de Ordem Político Social) de Porto Alegre e de São Paulo. Apenas no estado de São Paulo, ele conta que ainda foi mantido no quartel-general da Polícia Militar, no Batalhão da Rota, na Penitenciária do Estado, no Carandiru e na Penitenciária de Presidente Venceslau. A lista de dicas é endereçada a um homem, casado há mais de 20 anos, hipertenso, e que resiste a ficar em casa, para angústia da mulher. Os dois aparecem em entradas variadas pelo diário, e ele acaba contraindo o vírus no decorrer do primeiro mês de uma quarentena que ainda teria muito tempo pela frente. Ao pedido de entrevista da Folha, Frei Betto preferiu que a conversa fosse por email, pelo qual respondeu sobre a pandemia e questões políticas do cenário nacional, como as eleições municipais e o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a quem chama de BolsoNero, em referência ao imperador de Roma. Frei Betto, que foi assessor especial da Presidência da República em 2003 e 2004, no governo Lula, diz no "Diário" que a mineirice o preservou de ambições políticas e que o maior erro da esquerda foi o abandono do trabalho de base. “Lembre-se de que jamais fui militante de qualquer partido político. A meu respeito correm duas lendas sem respaldo na verdade e na realidade: a de que sou sacerdote (sou apenas um religioso leigo) e militante partidário”, ressaltou ele durante a correspondência virtual com a reportagem. O seu livro mais recente, de um total de 69 publicados, traz textos que o senhor escreveu num período de três meses de quarentena. O senhor acha que alguma lição foi tirada da pandemia? Ficou óbvio que vivemos num país desgovernado, cujos quase 200 mil mortos pela pandemia foram vítimas de um presidente que sofre de tanatomania. - O Brasil voltou a registrar mais de mil mortos em um único dia em decorrência do novo coronavírus. Como estamos encarando essas mortes? - Parece que a nossa população sofre também de isolamento psicológico. Esse genocídio, causado pelo descaso do governo, bem como as tragédias de Mariana e Brumadinho, deveriam suscitar grandes mobilizações populares, como ocorreu nos casos George Floyd e, aqui, João Alberto. Perdemos a empatia. O sofrimento do outro não dói em nós. Mas devemos guardar o pessimismo para dias melhores. - O senhor se considera otimista, então, hoje? - Tudo que os demolidores, como BolsoNero, querem é que percamos o ânimo e fiquemos à mercê de seus arroubos autoritários. Quando constato que, numa cidade conservadora como São Paulo, Guilherme Boulos passou para o segundo turno e teve mais de 2 milhões de votos, a esperança renasce. O bolsonarismo foi o grande derrotado nessas eleições municipais, como será varrido do mapa em 2022. - Em entrevista recente ao jornal argentino Página 12, o senhor disse que as eleições deste ano seriam um termômetro interessante para avaliar o olhar do população. Pela primeira vez desde 1985, o PT ficou sem governo nas capitais. Qual a leitura o senhor faz desse resultado? - Enquanto os partidos progressistas não tiverem consenso em torno de um Projeto Brasil, continuarão sem condições de produzir uma alternativa de poder. E precisam retomar o trabalho de base popular. A cabeça pensa onde os pés pisam. - Qual foi o erro que levou a esse resultado em 2020? - Em 2018, a direita soube manipular muito bem, em especial pelas redes digitais, o antipetismo alimentado pelas tramoias da Lava Jato que fomentaram uma narrativa moralista capaz de induzir muitos a esquecerem os avanços, sobretudo na área social, dos 13 anos de governo do PT. Já em 2020 PT, PSOL e PC do B deveriam ter feito mais alianças. Agora, é hora de retomar o trabalho de base popular e definir estratégias na guerra digital. - O que o PT precisa fazer para reverter isso em 2022? E como o senhor vê a figura do ex-presidente Lula nesse contexto? - Lula é o mais importante líder popular do Brasil. Tem o papel fundamental de articular esse Projeto Brasil criando, agora, um fórum de partidos e movimentos sociais progressistas. - Lula deveria articular esse projeto em torno de si ou com um novo nome? Quem o senhor vê hoje como sucessor dele? - Para 2022 a oposição, se lograr unidade, conta com ótimos candidatos: Lula, Boulos e Flávio Dino são três exemplos. Considero Lula um ótimo candidato a presidente em 2022 [o ex-presidente, porém, hoje está barrado pela Lei da Ficha Limpa]. Quanto ao Projeto Brasil, deverá resultar da articulação entre os partidos progressistas e os movimentos sociais. - Em 2021, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) completa cinco anos. O senhor chegou a dizer que Lula devia estar arrependido por não ter sido ele o candidato em 2014. Continua pensando assim? - Sim, Lula deveria ter sido candidato em 2014. Com o patrimônio de dois mandatos presidenciais e 87% de aprovação, o PT não teria que, de novo, começar do zero. Dilma foi bem no primeiro mandato, mas perdeu o rumo no segundo. - Quais lições ficaram destes últimos cinco anos? - Fora do povão não há salvação. O afastamento dos partidos progressistas das periferias, favelas e zonas rurais pobres, o refluxo das comunidades eclesiais de base, devido aos pontificados conservadores de João Paulo 2º e Bento 16, abriram espaço, no universo dos marginalizados e excluídos, ao fundamentalismo religioso que alavancou a eleição de BolsoNero. Temos que fortalecer os movimentos sociais e começar a sinalizar que é uma falácia candidaturas de centro à Presidência da República. Todos que, agora, se fantasiam de centro são, na verdade, convictos defensores das pautas políticas e econômicas da direita, como a prevalência da apropriação privada da riqueza sobre os direitos coletivos e o 'direito' de as empresas brasileiras sonegarem mais de R$ 400 bilhões por ano. Nenhum deles aprovará uma reforma tributária progressiva, que afete a fortuna dos mais ricos e favoreça os mais pobres. - Bolsonaro sempre tentou se aproximar do voto cristão, de católicos e evangélicos. Como um religioso, o que o senhor acha dessa postura? - Ele usa e abusa do nome de Deus em vão. Um presidente que libera armas, que matam, e trava vacinas, que salvam vidas, se compara àqueles que Jesus qualificou de 'sepulcros caiados'. - Em um discurso deste ano na ONU, ele falou sobre "combate à cristofobia". Existe cristofobia no Brasil? - Só na cabeça dele, que ainda procura assustar o povo com o fantasma do comunismo, mantém um ministro que passa a boiada por cima de todos os princípios de preservação ambiental e um outro que isola o Brasil, agora órfão da tutela da Casa Branca. - O senhor viveu a repressão da ditadura militar e teve pessoas próximas mortas pelo regime. Como encarou a eleição de Bolsonaro? - Como uma tragédia consentida pelo Judiciário, pois como apologista da tortura, da ditadura, do racismo, da misoginia e do golpismo, deveria ter sido impedido de se candidatar. - No último texto que publicou nesta Folha, em outubro deste ano, o senhor critica a decisão judicial que proibia o uso de "católicas" no nome do grupo Católicas pelo Direito de Decidir. O senhor também publicou aqui uma carta de uma neocristã que fez um aborto. Qual a posição do senhor sobre o tema? - Aprovo o sistema francês, no qual tudo se faz para evitá-lo mas, em última instância, a decisão é da mulher. Já propus a várias jovens que, surpreendidas com uma gravidez inesperada, vieram ao convento com seu drama de consciência: tenham o filho e tragam aqui que eu crio. Nenhuma, que eu saiba, abortou. E ganhei um monte de afilhados... - O senhor também fez parte do Fome Zero. Como vê a questão do enfrentamento à fome hoje? - Um dos escândalos da atualidade é o fato de a Covid-19 já ter matado quase 1,7 milhão de pessoas no mundo, o que provoca fantástica mobilização em busca da erradicação do vírus, enquanto a fome mata cerca de 24 mil pessoas por dia, 9 milhões por ano, e quase ninguém se mobiliza. Por quê? Porque a fome faz distinção de classe, a Covid não. O Brasil saiu do mapa da fome em 2014 e, agora, corre o risco de retornar. Segundo a Oxfam, 5,2 milhões de pessoas passam fome no Brasil, sem contar os que não ingerem os nutrientes essenciais, como proteínas e vitaminas. A fome é o retrato mais cruel da desigualdade social no Brasil. E, apesar disso, o governo Bolsonaro erradicou o Consea [Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional] e mantém total indiferença à questão da segurança alimentar, embora o nosso país seja considerado 'celeiro do mundo'. *”Xi amplia seus poderes militares e consolida controle sobre a China”* - O líder da China, Xi Jinping, começou 2021 dando mais um passo para consolidar seu poder personalista sobre a ditadura comunista da China, que ele comanda desde 2012. Uma série de emendas legais ampliou, desde o dia 1º, o poder da Comissão Central Militar, órgão que controla o Exército de Libertação Popular —as Forças Armadas chinesas. Elas foram listadas pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong, controlado pelo conglomerado chinês Alibaba. Presidida por Xi desde 2012, a comissão agora é soberana para decidir sobre a mobilização de recursos dentro e fora do país relativos à defesa nacional. Na prática, toda a doutrina militar agora está em sua mão, e há dispositivos específicos para criar a coordenação da indústria bélica com a de alta tecnologia chinesa, buscando o objetivo declarado de ser uma potência equivalente aos Estados Unidos em 2027. Até aqui, decisões sobre a política militar eram compartilhadas com o Conselho de Estado, o órgão executivo máximo da China, liderado pelo premiê e seus ministros. Ele já respondia a Xi, secretário-geral do Partido Comunista desde 2012 e que também tem o cargo de presidente do país desde 2013, mas agora perde voz na discussão. A comissão é um órgão militar, e Xi é o único civil nele. No país há um Ministério da Defesa, mas ele está subordinado a ela. “A natureza política da China é muito diferente da de outros países. Não é uma surpresa que Pequim fortaleça a liderança da comissão no momento em que as Forças Armadas estão defendendo os interesses chineses pelo mundo", afirmou Deng Yuwen, analista militar ouvido pelo South China Morning Post. Com efeito, desde 2017 a China tem enfrentado uma oposição crescente dos EUA em praticamente todas as áreas de competição, como a tecnologia 5G ou a liberdade política dos honcongueses. No campo militar, a retórica de ambos os lados ficou mais dura, criando o clima da Guerra Fria 2.0 preconizada pelo presidente Donald Trump. A chegada de Joe Biden ao poder pode mudar o tom, mas dificilmente a rivalidade. Os países passaram a fazer exercícios provocativos nas regiões disputadas do estreito de Taiwan e no mar do Sul da China, levando a especulações sobre o risco de uma guerra acidental. Os chineses enfrentaram diretamente os indianos, aliados dos EUA, em conflito pontual em meados de 2020, e os americanos aceleraram a integração com países da região numa aliança anti-Pequim. Em dezembro, o Pentágono divulgou documento afirmando que sua Marinha teria de ser mais assertiva contra China e Rússia, inclusive sob risco de incidentes no mar, mas separou os países: Moscou é uma ameaça militar, mas Pequim é uma desafiante estratégica completa. Mais importante, com a mudança Xi institucionaliza ainda mais sua posição como líder do regime chinês, criado em 1949, enterrando o princípio de liderança coletiva que antecedeu sua chegada ao poder. O Estado foi dominado de forma autocrática, mas com divisões de poder, por seu fundador, Mao Tsé-Tung, até a morte do líder, em 1976. Depois de dois anos de disputas internas, Deng Xiaoping emergiu como figura de proa do regime. Deng foi o pai da China moderna, levando à abertura capitalista que a tornou a principal potência emergente e segunda maior economia do planeta. Ele tratou de dividir poderes e estabeleceu uma liderança multipolar —deixou seus cargos oficiais a partir de 1989, embora permanecesse como a referência política até sua morte, em 1997. A partir daí, a China era liderada por secretários-gerais do Partido Comunista que permaneciam por até dois mandatos de cinco anos no cargo, uma regra instituída por Deng em 1982. O revezamento acabou com a ascensão de Xi ao poder. Aproveitando uma série de escândalos de corrupção no partido, expurgos foram feitos, e ele acumulou poder. Somou para si o comando nominal do país em 2013 e, em 2017, viu o "pensamento de Xi Jinping" entronizado na Constituição do país. Apenas Mao e Deng tiveram tal status antes. No ano seguinte, o partido liquidou a limitação de mandatos de seu chefe, abrindo a possibilidade para Xi governar enquanto estiver vivo e em condições para isso. Com 67 anos e aparente boa saúde, ele só reforçou sua mão de ferro sobre o país. Trump lhe deu várias oportunidades para justificar seus movimentos, e o esmagamento do movimento pró-democracia em Hong Kong mostrou que dentro de suas fronteiras o dissenso não será permitido. A pandemia foi outra janela bem aproveitada por Xi. Surgida na China, ela foi controlada de forma eficaz, enquanto o resto do mundo ainda luta contra o vírus —e perde, no caso dos EUA. O plano chinês de empatar o jogo com os EUA em 2027 é ambicioso e esbarra em algumas limitações tecnológicas de setores de suas forças, como no campo da aviação. Em termos nucleares, os chineses têm armas para garantir sua dissuasão tranquilamente, cerca de 320 ogivas. No caso improvável de uma guerra atômica, contudo, não seriam páreo para o arsenal cinco vezes maior dos EUA, assim como para a capacidade de ataque do rival. Subordinar decisões de defesa a órgãos fardados não é comum em democracias ocidentais. Mesmo nos governos americanos, que têm um establishment militar fortíssimo, a palavra final sempre é civil. Uma exceção recente é o Brasil, que instalou no governo Michel Temer (MDB) um general à frente do Ministério da Defesa e viu, sob Jair Bolsonaro (sem partido), a militarização se espalhar por todas as instâncias do setor —seguindo o que ocorreu no resto da administração. *”Nova geração de bombardeiros das potências mundiais começa a chegar em 2021”* MATHIAS ALENCASTRO - *”Impossível não ver o brexit como deflagrador da emancipação europeia”* *”Áudio mostra tentativa de Trump de alterar resultado eleitoral na Geórgia”* *”Em carta, ex-secretários de Defesa mandam recado a Trump e afastam militares de disputas eleitorais”* *”Comissário da União Europeia critica 'imagens vergonhosas' do Brasil em meio a pandemia de Covid-19”* - O ex-premiê da Itália e atual comissário de Economia da União Europeia, Paolo Gentiloni, criticou neste sábado (2) o que chamou de "imagens vergonhosas do Brasil" em meio à pandemia de coronavírus. Embora não tenha deixado claro a que imagens estava se referindo, o comentário de Gentiloni ocorre em um momento em que o país registrou aglomerações durante as festividades de fim de ano, como as provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro no litoral sul de São Paulo. "Tenho visto imagens vergonhosas do Brasil. Média da última semana: 36 mil casos e 700 vítimas por dia pela pandemia", escreveu o italiano em uma publicação no Twitter. Neste sábado (2), o Brasil registrou 15.957 casos e 301 óbitos pelo coronavírus, de acordo com os dados obtidos pelo consórcio formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1. Os números, entretanto, podem ser maiores, uma vez que há atraso na consolidação dos dados relacionado a feriados e fins de semana. No total, o país registrou mais de 7,7 milhões de casos e 195 mil mortes pela Covid-19, números que o colocam como a terceira nação com mais infectados (atrás de EUA e Índia) e segunda com mais óbitos —os EUA seguem na liderança. Na última sexta-feira (1º), o presidente brasileiro fez um passeio de barco em Praia Grande, cidade vizinha a Guarujá, onde Bolsonaro passa as férias. Vestindo uma camisa do Santos, o presidente decidiu saltar do barco e mergulhar no mar, acompanhado de seguranças. Bolsonaro nadou em direção à praia e, ainda dentro d'água, foi cercado por uma multidão sem máscara aos gritos de "mito". Dois dias antes, ele já havia ignorado mais uma vez as orientações de segurança para impedir a propagação do coronavírus ao se aproximar de simpatizantes, cumprimentar banhistas, pegar crianças no colo e posar para fotografias. "O povo aqui na praia. Fazemos isso, nos arriscamos também um pouco para ver o que acontece", disse Bolsonaro aos presentes em uma fala transmitida ao vivo em suas redes sociais. "Alguns até reclamam, é direito deles, mas sempre estivemos ao lado da população que é a nossa obrigação." "Estou fazendo isso, repito, com alguns riscos algumas vezes, mas nos sentimentos reconfortados por estar buscando sempre fazer a coisa certa (...) O povo está aqui na praia, alguns vão falar que é aglomeração, mas temos que enfrentar por toda a vida." *”Novo Congresso dos EUA assume, e Nancy Pelosi é reeleita presidente da Câmara”* FOLHA POR FOLHA - *”Pandemia foi reviravolta no roteiro do meu primeiro ano como correspondente na Europa”* *”Crise fiscal e conflito entre cortar e gastar são desafios em 2021”* PAINEL S.A. - *”Ações trabalhistas citando racismo crescem 11% em 2020”*: Quase 1.900 ações trabalhistas citando questões raciais foram protocoladas na Justiça em 2020. A maior parte dos registros ocorreu em São Paulo, com 672 processos. Em seguida vêm Rio Grande do Sul (237) e Minas Gerais (141), de acordo com levantamento da Data Lawyer, empresa de jurimetria e inteligência artificial. O valor total das causas chega a R$ 402 milhões, e os setores que tiveram mais ações foram call center e restaurantes. O aumento foi de 11% em relação a 2019. O crescimento de processos é resultado de uma maior conscientização da população negra, segundo Margareth Goldenberg, sócia da consultoria que leva seu sobrenome e que implementou o trainee exclusivo para negros no Magazine Luiza. “Em 2020, empresas aprenderam que precisam reforçar códigos de conduta. Ainda há centenas de milhares de companhias que não fazem nada. Importante é que o tema está em pauta”, afirma. Para Denise Arantes, advogada trabalhista do escritório Mauro Menezes, o aumento da judicialização reflete um cenário de crescente precarização de direitos, que deixa o trabalhador mais vulnerável. “Quando você tem uma categoria sem um sindicato forte, submetida a poucas regras, sem hora extra, o próximo passo é a violação dos direitos humanos.” PAINEL S.A. - *”Além de hospitais, indústria farmacêutica vai à Justiça contra fim de isenção de Doria”*: Além de hospitais privados, a indústria farmacêutica também briga na Justiça para reverter o fim da isenção fiscal aprovada em reforma tributária do governo de São Paulo. O Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), que representa 455 empresas, ingressou em dezembro com ação direta de inconstitucionalidade contra a medida, que resultará em elevação do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) a alguns setores antes beneficiados. A entidade diz que a medida vai encarecer medicamentos para o tratamento do câncer, de Aids, de doenças raras e da gripe H1N1, que "ficarão 21,95% mais caros". O governo alega que o ato não é inconstitucional porque a alíquota padrão do ICMS é de 18% e taxas inferiores —que incidiam sobre esses produtos— são consideradas, por lei, incentivo fiscal. Em 16 de outubro, o governo editou decreto para aumento do imposto a produtos antes beneficiados por isenção. Foram incluídos na reforma produtos e serviços com carga tributária do imposto inferior a 18%. O Sindusfarma afirma tratar-se de ato inconstitucional porque disciplinar o sistema tributário estadual é de "competência exclusiva da Assembleia Legislativa". Também argumenta que genéricos também sofrerão impactos, com alíquota indo de 12% a 13,3%. Além do setor de saúde, varejo e agronegócio têm pleiteado a manutenção do benefício em encontros com a equipe do governo. Os hospitais privados protocolaram ação no STF e a Fiesp também foi à Justiça, mas o TJ-SP negou o pedido. Em nota, o governo estadual diz que está aberto ao diálogo desde a aprovação do ajuste fiscal pela Assembleia Legislativa. "Todos os argumentos foram considerados e o governo segue aberto a novas conversas." Afirma não se tratar de um ato inconstitucional porque taxas inferiores a 18% são, por lei, incentivo fiscal. "Dessa forma, é equivocada a alegação de institucionalidade." "A lei 17.293/2020 não implica em aumento do tributo, mas é uma autorização legislativa para reduzir benefícios fiscais. O governo do Estado promoveu a redução linear de 20% nos benefícios fiscais que são concedidos a diversos setores. Ou seja: 80% do benefício ainda foram preservados." O governo de João Doria diz que produtos da cesta básica, além do arroz e do feijão, ficaram de fora do ajuste, e que transações de medicamentos, equipamentos e insumos para a rede pública de saúde e Santas Casas também não terão redução de benefícios. A estimativa é obter R$ 7 bilhões em 2021 para pagar despesas agravadas pelo cenário de pandemia. PAINEL S.A. - *”Auxílio emergencial é termo econômico mais buscado no Google em 2020”* PAINEL S.A. - *”Agências de influenciadores turbinam receita em meio à crise de coronavírus”* PAINEL S.A. - *”Restaurantes pressionam governo para manter benefício de redução de jornada”* MARCIA DESSEN - *”Planeje a vida, depois as finanças”* *”Ações de setores beneficiados por pandemia avançam no ano”* *”Campos Neto é escolhido como presidente de banco central do ano por revista especializada”* *”Pandemia vira oportunidade para tentar desencalhar cobertura de R$ 65 mi no Rio”* RONALDO LEMOS - *”Tendências de tecnologia para 2021”* *”Empresas de energia incentivam tarifa social contra gatos e calote”* *”Nova regra para os SAC ficará para o ano que vem”* *”Porto do Açu diversifica suas operações com o agronegócio”* *”Nova Câmara de SP começa com maior oposição a Covas e tensão entre PT e PSOL”* - A composição da Câmara Municipal de São Paulo que tomou posse no dia 1º de janeiro deve dar mais trabalho ao prefeito Bruno Covas (PSDB) na aprovação de projetos e já enfrenta cenário de tensão entre os partidos de esquerda. Logo na primeira sessão de 2021 ficou escancarada a tensão entre o PT e o PSOL, que juntos somam 14 dos 55 vereadores. Os dois partidos estiveram juntos no segundo turno da eleição para prefeito, com o PT apoiando Guilherme Boulos, do PSOL, mas a disputa da eleição para a presidente da Câmara, vencida por Milton Leite (DEM), mostrou que os dois partidos nem sempre atuarão em bloco. Enquanto o PSOL escolheu lançar candidatura própria, com Erika Hilton, vereadora trans em primeiro mandato, o PT acenou para Hilton, mas fez acordo para ceder seus oito votos a Leite em troca de uma vaga na Mesa Diretora, que administra a Câmara, controlando, assim, a pauta e a criação de cargos e processos contra vereadores. Com o acordo, Juliana Cardoso (PT) foi eleita primeira secretária e Leite demonstrou força ao conseguir 49 votos. O PSOL soltou farpas em direção ao PT. Luana Alves, líder do partido na Câmara, foi às redes sociais para dizer que “não se vende por cargos”. Já petistas afirmam que, ao escolher cinco minutos de holofote, o PSOL acabou fortalecendo a direita ao abrir mão de uma vaga na Mesa Diretora que poderia pertencer ao partido devido à proporcionalidade da bancada. A vaga ficou com Fernando Holiday (Patriota), um liberal conservador. “Foi uma política de se isolar, de falar para fora do parlamento. Isso você fala um dia, tem repercussão de 24 horas e o ano continua. E você tem um ano para tocar com uma correlação de forças que poderia ser outra”, diz Antonio Donato (PT), ex-presidente da Câmara, que defende a presença na Mesa Diretora. Além disso, ele aponta diferenças no posicionamento do partido que, em Belém (PA), apoiou Zeca Pirão (MDB) para a Presidência da Câmara também usando o princípio da proporcionalidade. Donato diz que o foco do PT é a oposição a Covas, que ter espaço na Casa ajuda e que acredita que os integrantes do PSOL vão amadurecer nesse aspecto. “Não vamos ter uma postura de marcar posição por marcar. É importante ter presidência de comissão, é importante influenciar na pauta”. Ele diz que presidentes de comissão podem não só definir a pauta como também convocar audiências públicas. "É claro que na maioria dos momentos o PSOL vai estar junto com o PT, em projetos da área da saúde, educação, os partidos têm similaridades muito importantes, mas não vai ser sempre. Na votação de presidente da Câmara, não tinha jeito”, diz Luana Alves. “A gente procurou o PT para falar sobre a possibilidade de uma aliança progressista, de esquerda, um bloco que fosse uma oposição real ao tucanato na Câmara. Infelizmente, o PT não topou porque avaliou que precisava fechar um acordo com o Milton Leite para estar na mesa. Para a gente, foi um erro de método. Eles teriam um lugar na mesa de qualquer forma, porque tinham oito votos [número de vereadores do partido]”, conclui. Alves diz que se deve esperar independência do PSOL porque o partido “tem um programa para que São Paulo seja mais justa e dê mais direitos à maioria da população", diz. "Tentar garantir esse programa é mais importante que os cargos." Apesar do estranhamento entre as duas siglas de esquerda, nessa legislatura a gestão Covas terá uma situação mais difícil. A bancada do PSOL triplicou de tamanho e chegou a seis vereadores, a do PT perdeu apenas um vereador (tem oito), e surgiram ainda novos nomes à direita que não se alinharão ao prefeito. O Patriota triplicou a bancada do MBL (Movimento Brasil Livre), que antes tinha apenas Fernando Holiday. O grupo cresceu com a chegada de Rubinho Nunes e Marlon do Uber. Há também a bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos). Dependendo da pauta, as duas parlamentares do Novo, Janaína Lima e Cris Monteiro, podem também votar desfalcar os votos de Covas, assim como Rinaldi Digilio, do PSL. Com isso, mais de 20 parlamentares podem se reunir contra os projetos do prefeito —sem contar discordâncias eventuais na própria base. A situação repete a dinâmica da Assembleia Legislativa de SP, onde movimentos simultâneos de bolsonaristas e a esquerda dificultam a vida do governador João Doria (PSDB). Para agravar a situação de Covas, o PSDB teve queda de 12 para 8 cadeiras em relação à composição da Câmara no fim de 2020. O prefeito terá de contar com a influência de Milton Leite sobre a Casa. O cacique do DEM é conhecido pelo estilo "trator" na aprovação de projetos e tem boa interlocução mesmo com alguns nomes da oposição, como mostrou sua votação para presidente. Questionado sobre o aumento da oposição, Leite minimizou os efeitos para a base de Covas. "Numa Casa Legislativa do porte da Câmara Municipal de São Paulo é natural e saudável que a oposição cresça e se faça presente. A base do governo Bruno Covas respeitará e discutirá todos os projetos importantes para São Paulo. Acredito que não haverá resistência ao que for importante para a população." Além do embate entre oposição e situação, a Câmara terá maior visibilidade na internet, com a chegada de influencers e celebridades ao Legislativo. Thammy Miranda (PL), por exemplo, uma das duas pessoas trans eleitas para a Casa, tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram. Eleito com 98.717 votos, o policial civil e youtuber do ativismo animal Felipe Becari (PSD) é outra voz com influência no ambiente virtual. No Instagram, ele contabiliza mais de um milhão de seguidores. Outro vereador com muita visibilidade é o Delegado Palumbo, representante da chamada bancada da bala. O índice de renovação dos vereadores foi de 38%. Com isso, veteranos perderam o mandato. Entre eles estão Toninho Paiva (PL), de 78 anos, e o ex-presidente da Câmara, Police Neto (PSD). A Câmara deste ano contará com uma novidade: dois mandatos coletivos, como ficaram conhecidas as candidaturas não de um vereador, mas um grupo de pessoas que toma decisões em conjunto. A configuração não existe legalmente e é feita com base em uma brecha: uma pessoa assume como vereadora, mas não toma decisões sozinha. Outros "covereadores" são nomeados assessores do gabinete e eles decidem em conjunto como será o voto. Os dois mandatos, Bancada Feminista e Quilombo Periférico (ambos do PSOL), contam com pessoas transgênero em seus coletivos. Além deles, outros dois transgênero tomaram posse, fato inédito na casa: a vereadora Erika Hilton e o vereador Thammy Miranda. Com eles, e desconsiderando os mandatos coletivos, a Câmara será composta por 43 homens e 11 mulheres. *”Mulher é morta, e pais e irmão são baleados; ex dela é suspeito do crime”* *”Apagão que atingiu Teresina na véspera do Ano-Novo tem fim três dias depois”* *”Venezuelano trilha 6.000 km para morar em praia deserta no Rio”* *”Três crianças estão desaparecidas no RJ há uma semana; parentes protestam”* *”Menina de 5 anos é morta com tiro no pescoço em festa de Réveillon no Rio”* THIAGO AMPARO - *”Escravocratas modernos no poder”* *”'Pai Nosso é oração socialista', diz pastor que dá curso sobre Cristo de esquerda”* - Existe um livro mais vermelho do que o Manifesto Comunista, e bem mais eficaz também, já que é o maior best seller global e está nos lares de muitos daqueles que fogem de Karl Marx como o Diabo da cruz. Chama-se Bíblia. Herética para a maioria do segmento cristão, essa tese encontra guarida com o pastor de tradição batista José Barbosa Junior, 49, o Zé. Ele agora difunde essa visão no curso "Cristo e o Socialismo - Uma União pra Lá de Possível", em que cobra R$ 60 por oito aulas online para explicar como as Escrituras esculhambam o capitalismo. Sabe o Pai Nosso? "Eu ousaria dizer que é uma oração socialista", ele diz na segunda aula. "O que a gente não percebe o que ela traz de provocação num momento em que a gente é tomado por um capitalismo selvagem, um neofascismo." Citada nos evangelhos de Lucas e Mateus, a prece, segundo Zé, tem toda pinta de que poderia estar no manifesto do homem que já descreveu a religião como "o ópio do povo". Ao dizer que o pai é nosso, e não meu ou seu, por exemplo. "Não é um projeto personalista, um sistema que exclui pessoas. Tenho que ver o outro como um igual." A menção ao "pão nosso de cada dia" aponta que "se está faltando pão pra alguém, e alguém tem demais, tem pão sobrando, alguma coisa tá errada nessa equação", afirma o pastor da Comunidade Cristã da Lapa. Ele resgata em seguida a passagem bíblica que narra como Jesus Cristo, ao topar com uma faminta multidão, viu um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Não pensou duas vezes: repartiu-os entre todos. O episódio é conhecido como milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. A mensagem, para Zé, é clara: "O texto denuncia que tem gente que tem demais". Naquele dia, de acordo com a narrativa sagrada, todo mundo come e sobra o bastante para encher 12 cestos com pão, o que o pastor enxerga como um sinal de que é possível partilhar as riquezas do mundo, basta cortar os excessos. A ideia de que um evangélico possa ser de esquerda é fustigada por várias lideranças do segmento que, em 2018, deu 70% de seus votos válidos para Jair Bolsonaro. Em setembro, o site da Igreja Universal do Reino de Deus publicou um texto crítico à "bancada evangélica de esquerda", que reuniu candidatos a vereador que se declaravam fiéis e progressistas. Para a igreja do bispo Edir Macedo, havia duas razões para justificar o fato de um cristão ser de esquerda: "Ou ele não entende o que é ser esquerda ou não sabe o que é ser cristão. Isso porque países que adotam políticas de esquerda vivem sob regime absolutista, que tem como um de seus objetivos cercear a liberdade dos indivíduos, inclusive, a religiosa". "Quem tem que se explicar é quem é pastor e capitalista. Também não consigo ver Jesus fazendo arminha com a mão", diz Zé à Folha, lembrando do gestual típico do bolsonarismo. A perseguição não é unilateral: ele diz que também apanha entre os pares esquerdistas por ser evangélico. "A esquerda olha [essa religião] com certo desdém. Entende como espaço de total alienação." Uma tolice, já que a Bíblia "fala o tempo todo de falsos profetas e exploradores da fé", o que segundo ele atinge em cheio justamente os pastores que enchem a boca para execrar o casamento entre progressismo e cristandade. A influência —que beira à hegemonia— da direita sobre templos é um desvio histórico, segundo o pastor que tem uma camisa da torcida antifascista do Flamengo. Os anos Lula, quando mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média, foram "um período de bonança" para o país", ele explica. "Isso reflete nos dízimos e nas ofertas. As igrejas investem mais, já que circula muito mais dinheiro dentro." Daí não ter cabimento "as fake news que sugerem coisas do tipo 'o PT vai fechar as igrejas'", afirma Zé, que já ouviu de um sargento, quando prestou serviço militar, que era um "melancia": verde por fora e vermelho por dentro. "As igrejas cresceram sobretudo no governo do PT", diz. No período, ninguém estranhava alianças entre o PT e líderes como Edir Macedo e o pastor Silas Malafaia (que chegou a aparecer na propaganda eleitoral de Lula). Hoje os dois apoiam Bolsonaro, assim como a maioria do eleitorado evangélico —que no passado, contudo, já ajudou a eleger Lula e Dilma Rousseff. Para o pastor, a esquerda tem sua cota de autocrítica a fazer. Ele considera um "erro grotesco", por exemplo, a forma como aborda a bandeira da desmilitarização da polícia para diminuir sua truculência. Um hino de guerra comum em protestos diz: "Não acabou/ Tem que acabar/ Eu quero o fim da Polícia Militar". O problema é que, dito dessa forma, "reforça o senso comum de que a esquerda apoia bandido", afirma. E com isso nenhum cristão poderia compactuar. Seu curso está disponível na plataforma de educação da revista Fórum, portal de viés esquerdista onde publica artigos como "Eu conheci a verdade, e era fake news!" e "Em nome de Jesus… Sai, Bolsonaro!". *”Anvisa aprova pedido da Fiocruz para importar 2 milhões de doses de vacina de Oxford”* *”Rio seguirá plano nacional e deve começar a vacinar em janeiro, diz Paes”* *”Após fracasso em pregão, governo dificulta exportação de seringas e agulhas”* - Após fracassar em pregão para compra de seringas e agulhas que seriam usadas na campanha de vacinação contra a Covid-19, o governo restringiu a exportação desses produtos. Em portaria da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), publicada na última quinta-feira (31), os itens foram incluídos na lista criada em julho de 2020 de produtos que precisam de licença especial para exportação, por estarem diretamente ligados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19. Máscaras, luvas e ventiladores pulmonares também precisam de licença especial para serem comercializados fora do país. Segundo informações publicadas no site da revista Veja, as agulhas e as seringas foram incluídas na lista a pedido do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sob a justificativa de que haverá acréscimo na demanda pelos insumos com a campanha de vacinação contra a Covid-19. Na última terça-feira (29), o Ministério da Saúde realizou pregão eletrônico para a compra de seringas e agulhas previstas para serem usadas na imunização da população, mas fracassou nas negociações. O governo pretendia comprar 331 milhões de unidades, mas conseguiu fornecedor para apenas 7,9 milhões, o equivalente a 3%. O preço cobrado pelas empresas ficou acima do valor estimado pelos técnicos do governo, o que frustrou o pregão. Em um dos lotes, o preço estimado pelo ministério para a seringa/agulha foi de R$ 0,13, mas a empresa interessada cobrou R$ 0,22. Em outro, o valor de referência era R$ 0,18, mas três fornecedores apresentaram propostas entre R$ 0,23 e 0,42. O ministério afirmou que o pregão para compra de seringas e agulhas ocorreu dentro do trâmite legal. "A fase de recursos está prevista pela Lei 8.666. O governo federal acredita que assinará os contratos ainda em janeiro", afirmou a pasta. Além desse pregão, a pasta também espera obter 40 milhões de seringas e agulhas junto à Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). A entrega está prevista para março do próximo ano. Com risco de desabastecimento e restrições à importação do produto da China, o governo federal e o estado de São Paulo deram início a uma corrida para tentar garantir a compra de seringas. O governo paulista, no entanto, também tem enfrentado dificuldades para obter o material. Em licitações recentes, conseguiu fornecedores para menos da metade da quantidade prevista em 27 pregões eletrônicos. As licitações foram feitas entre sexta-feira (18) e a última quarta (23). Os pregões resultaram na escolha de empresas que vão fornecer 50 milhões de seringas e 48,8 milhões de agulhas à Secretaria Estadual de Saúde. Os processos fracassaram para outros 50 milhões de seringas e 51,2 milhões de agulhas. Em nota, o ministério confirmou que pediu para interromper a exportação do material. "Desta forma, a pasta garantirá os insumos necessários para, somando às necessidades habituais do SUS, viabilizar a ampliação da oferta de seringas e agulhas", afirmou. "O Ministério da Saúde esclarece ainda que, dentro da concepção da gestão tripartite do SUS —União, estados e municípios— existe um estoque satisfatório de seringas distribuídas nos postos de vacina do Brasil. Estes insumos, inclusive, podem ser utilizados para dar início à vacinação de forma célere e segura", ressaltou. *”Clínicas particulares vão à Índia negociar compra de vacina contra Covid”* MÔNICA BERGAMO - *”Planos de saúde devem encerrar 2020 com mais 600 mil vidas na modalidade médico-hospitalar”* MÔNICA BERGAMO - *”Masp organizou 55 lives que foram vistas por mais de 105 mil pessoas entre março e outubro”* MÔNICA BERGAMO - *”Edição de 2020 do McDia Feliz arrecada R$ 19,8 milhões”* MÔNICA BERGAMO - *”Instituição distribuiu cestas de fim de ano a 157 famílias de baixa renda em SP”* MÔNICA BERGAMO - *”Jornalista prepara livro sobre a trajetória da igreja evangélica no Brasil”* |
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