Foi com uma canetada — sua assinatura posta em um documento já previamente escrito — e isto bastou para que o presidente americano Joseph Robinette Biden Jr trouxesse de volta os EUA para o Acordo de Paris e todos seus compromissos de reduzir emissões de carbono para segurar o aquecimento global. Ele estava há poucas horas no cargo e foi a primeiríssima ordem que deu. “Bem-vindo de volta ao Acordo”, tuitou o presidente francês Emmanuel Macron. De presto, Biden também revogou a permissão para construir um oleoduto entre Canadá e o Golfo do México. Foram duas entre 17 ordens. Em todas áreas e edifícios do governo federal, distanciamento social e uso de máscaras passa a ser obrigatório. A política que retirava de imigrantes ilegais seus filhos foi cancelada. Aquela que proibia a entrada de muçulmanos no país, idem. Assim como foram suspensas “imediatamente” quaisquer obras em muros ou cercas que separam os EUA do México. (New York Times)
São só as primeiras horas de governo, mas pelos símbolos da história americana que escolheu distribuir pelo Salão Oval, Biden dá o tom de como deseja presidir. Em posição proeminente está um retrato de Benjamin Franklin, para lembrar o compromisso com a ciência. Escolheu colocar lado a lado os primeiros aguerridos rivais políticos da nação, Thomas Jefferson e Alexander Hamilton — memória de que o bom debate produz boa política. Estão por seu escritório bustos de César Chavez, Martin Luther King, Rosa Parks e Allan Houser — o primeiro um herói da luta pelos direitos de latinos, outros dois pelos dos negros e, o último, um chefe apache. No lugar onde agora está Franklin, Donald Trump tinha um retrato do presidente Andrew Jackson, responsável pela morte de milhares de indígenas. (Washington Post)
Na íntegra, o discurso de Biden. Assista.
A posse também contou com apresentações de artistas como Lady Gaga, que cantou o hino americano. Confira.
Fotos: quem estava presente no evento e uma galeria do dia.
E claro, não faltaram memes. O senador democrata Bernie Sanders sentado sozinho durante a posse foi prato cheio para as redes sociais. Veja.
Responsável pela fabricação da CoronaVac no Brasil, o Instituto Butantan está desde domingo com sua linha de produção parada por falta de insumos. Todos os 600 litros enviados pela China já foram usados. Segundo o diretor da instituição, Dimas Covas, a expectativa é pela chegada de 5,4 mil litros até o fim do mês e mais 5,6 mil litros até o dia 10 de fevereiro.
Com 10,8 milhões de doses disponíveis, o país não tem vacinas suficientes para o público da primeira fase, 14,8 milhões de pessoas.
A situação preocupa o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que faturou politicamente com o investimento na CoronaVac e o início da vacinação ainda no domingo. Ontem, além de cobrar empenho diplomático do governo federal, ele falou em ir pessoalmente à China “pleitear os insumos”. (Folha)
Mônica Bergamo: “O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se reuniu por videoconferência nesta quarta com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. É uma guinada na forma como o embaixador tem sido tratado pelo governo federal. O presidente Jair Bolsonaro chegou a proibir ministros de recebê-lo – mas agora tenta se reconciliar com a diplomacia da China, país de onde virão os insumos para a produção de vacinas, no Brasil, contra o novo coronavírus.” (Folha)
Na defensiva desde que São Paulo começou a vacinação, o Planalto quer que a Índia solte um comunicado garantindo o envio das vacinas de Oxford/AstraZeneca em curto prazo. Seria uma forma de reduzir os danos políticos causados pelo fiasco na tentativa de trazer o imunizante. Sem ele, a vacinação no Brasil conta apenas com as doses da chinesa CoronaVac.
Paralelamente, o governo federal estaria negociando com outros fornecedores – sem especificar quais – para reduzir a dependência da China e da Índia no fornecimento de insumos e vacinas. (Globo)
E a desinformação cobra seu preço. No Rio, profissionais de saúde recusam a vacina por “motivos ideológicos”
Enquanto isso, segue o drama no Amazonas. A Defensoria Pública acusa os governos estadual e federal por descaso na remoção de pacientes do interior, o que teria provocado pelo menos 30 mortes por asfixia. E quatro caminhões levando 100 mil m³ de oxigênio deixaram Porto Velho (RO) em direção a Manaus. A viagem deve durar seis dias.
O Brasil teve ontem 1.329 mortes por Covid-19. Não é apenas o maior número em 24 horas este ano, é o maior em cinco meses. O total de óbitos chega a 212.893.
E apesar de o ministro Pazuello ter negado veementemente defender “tratamento precoce” ou remédios contra a Covid-19, o aplicativo do próprio Ministério da Saúde recomenda medicamentos e procedimentos sem comprovação científica. Na Paraíba, o diretor de um hospital de referência para a doença relatou que pacientes tiveram complicações atribuídas ao tratamento defendido pelo ministério.
Painel: “Na linha de frente do time de Pazuello, a médica Mayra Pinheiro é o principal nome do Ministério da Saúde por trás das incessantes recomendações de remédios sem eficácia contra a Covid-19, como hidroxicloroquina e cloroquina. Partiram dela a força-tarefa de Manaus para incentivar o uso dos medicamentos, o ofício que afirma ser inadmissível a não utilização dessas drogas e também o TrateCov, página na internet que orienta a administração de cloroquina e antibióticos até para dor de barriga de bebê.” (Folha)
Repercutiu muito mal a nota do procurador-geral da República, Augusto Aras, dizendo que cabe ao Legislativo analisar “eventuais ilícitos que importem em responsabilidade de agentes políticos da cúpula dos Poderes da República” na condução da pandemia e levantando a possibilidade de decretação de estado de defesa, que permite a restrição de direitos. Para ministros do Supremo Tribunal Federal, a nota foi “um desastre” e indica que a preocupação de Aras é proteger o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. “O que nós esperamos dele (Aras) é que ele realmente atue e atue e com desassombro”, disse o ministro Marco Aurélio, decano da Corte. A nota também foi duramente criticada pela maioria dos integrantes do Conselho Superior do MPF.
Um dos sustentáculos do governo no congresso, a “Frente BBB” (Boi, Bala e Bíblia) declara apoio em massa a Arthur Lira (PP-AL), candidato do centrão e de Bolsonaro. Ruralistas, evangélicos e armamentistas se espalham por diversos partidos e votam à revelia da orientação das legendas. A menor vantagem está no grupo do agronegócio, cujo líder Alceu Moreira (MDB-RS) já declarou apoio ao correligionário Baleia Rossi (MDB-SP). (Estadão)
Lira recebeu ainda o apoio de deputados estaduais e federais do Rio de Janeiro. Entre eles, de tornozeleira eletrônica, estava Flordelis (PSD-RJ), pastora e deputada federal acusada de mandar assassinar o marido, o também pastor Anderson do Carmo.
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