Pazuello sob investigação por catástrofe em Manaus

 

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, será investigado pela catástrofe que deixou doentes graves de covid-19 sem oxigênio em Manaus. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a abertura de um inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República com base em uma representação do partido Cidadania, e determinou que a Polícia Federal tome o depoimento do ministro em até cinco dias. A apuração tem o prazo de 60 dias para ser concluída e pode culminar em uma ação judicial. O pedido do procurador-geral, Augusto Aras, ao STF foi feito na semana passada e busca investigar a suspeita de que o ministério comandado pelo general da ativa do Exército foi omisso para atuar no colapso no Amazonas, já que soube que faltaria oxigênio na capital cinco dias antes de o estoque de cilindros acabar. Esta foi a primeira vez que a procuradoria agiu contra um ministro de Bolsonaro. Aras só atuou depois de ser provocado pelo partido opositor, mas seu pedido acendeu um sinal de alerta no Palácio do Planalto, já que ele é considerado um aliado do Governo e suas ações não costumam atingir o entorno do presidente. Sob pressão nos últimos dias, Bolsonaro se viu obrigado a deixar de lado seu tom bélico contra opositores. Em postagens nas redes sociais, o presidente agradeceu nesta segunda-feira a “sensibilidade do Governo chinês” por enviar 5.400 litros de insumos para a produção da Coronavac, vacina feita em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Com a aprovação em baixa e sem o auxílio emergencial para amortecer a queda de popularidade, Bolsonaro precisa que as ações de saúde comecem a mostrar resultados diante de um vírus, além de tudo, imprevisível. "O choque econômico proveniente de uma variante mais transmissível e traiçoeira do SARS-CoV-2 seria catastrófico para o Brasil", explica a economista Monica de Bolle, em sua coluna de estreia no EL PAÍS Brasil. "Além de mais um ano de fortíssima recessão, sofreríamos todas as suas consequências nefastas, agora magnificadas: o aumento da pobreza extrema, da fome, da desigualdade", afirma ela. Em sua nova coluna, de Bolle pretende abordar a junção de várias temáticas, da geopolítica à saúde —uma paixão que ela afirma nutrir desde os oito anos de idade, quando sonhava ser médica.

STF autoriza investigação contra Pazuello por calamidade em Manaus Ministro terá que depor à Polícia Federal em até cinco dias. Bolsonaro muda tom e agradece “sensibilidade do Governo chinês” por envio de insumos