terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Após um século, Ford para de fabricar no Brasil

 


Após um século, a Ford Brasil voltará a ser importadora. A montadora anunciou o fim de suas fábricas em Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP), impactando cinco mil empregos. A decisão vem após anos consecutivos de perdas no país, pioradas pela pandemia. Em 2019, já havia fechado a planta de São Bernardo do Campo (SP). A companhia ainda manterá instalações e um departamento de engenharia no Brasil, mas não fabricará mais automóveis ou caminhões em solo nacional. Apesar de estar no país desde 1919, começou a produção nacional em 1921. Agora, os veículos virão da Argentina e do Uruguai. (Veja)

Pois é… Em dezembro, o presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters reclamou da desvalorização do real e do peso argentino, que levavam a uma ‘situação sem precedentes’, agravada pela pandemia. No entanto, a jornalista Marli Olmos destaca como a Argentina tem uma peculiaridade em relação ao Brasil: sua economia é altamente dolarizada, o que facilita para a indústria o repasse dos custos com desvalorização cambial. (Valor)

Demissões, saída de linha de modelos, a situação de quem tem um carro Ford. Veja as respostas para estas e outras dúvidas.

O governo acusou o golpe. O Ministério da Economia disse que a decisão “destoa da recuperação econômica do país”, enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a Ford “ganhou muito dinheiro no Brasil e podia ter adiado a saída”. Já os críticos não perdoaram. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que saída da Ford mostra “falta de credibilidade do governo”, e entidades empresariais defenderam a redução do “custo Brasil”.

Painel: “O anúncio da Ford de interromper a fabricação de veículos no Brasil pegou de surpresa os governos de Ceará e Bahia. Aos cearenses, a empresa deu sinais em dezembro de que os negócios não iam bem, mas não falava nada de fechamento. Além dos danos aos empregos, governadores anteveem problemas também de arrecadação. Na Bahia, a Ford pagou cerca de R$ 200 milhões em impostos em 2019, valor que caiu quase à metade no ano passado, em razão da pandemia.” (Folha)

Míriam Leitão: “O que se comenta é que a ordem das matrizes das grandes companhias automotivas é de que as filiais que não derem lucro correm o risco de fechar. Isso porque não há dinheiro para ser enviado para socorro, pelo ano difícil da pandemia, e o caixa vai ter que ser gerado via lucro. A Ford já vinha mal há alguns anos, em 2020 teve queda de 40% nas vendas, pior do que a média do setor. E já tinha perdido posição para Hyundai e Renault nos últimos 10 anos.” (Globo)

Há um ano, o economista Marcos Lisboa deu uma palestra a empresários do setor automotivo. E a eles mostrou como aquele é o setor que mais recebe subsídios há vários governos, e o que menos traduziu isto em produtividade ao longo dos anos. A pedra estava cantada. Assista.

Então... Calhou de ser no mesmo dia, o Banco do Brasil anunciou um plano de reorganização que prevê um programa de demissão voluntária para cinco mil funcionários e fechamento de 361 unidades. A ideia é economizar R$ 2,7 bilhões até 2025.




A bancada do PT no Senado foi na contramão dos deputados do partido na disputa pela presidência das Casas. Na Câmara, a legenda, muito dividida, fechou Baleia Rossi (MDB-SP) contra Arthur Lira (PP-AL), a aposta do centrão e do Planalto. Já os senadores anunciaram ontem o apoio a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sob as discretas bênçãos do governo Bolsonaro.

Tales Faria: “O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), foi surpreendido pela decisão da bancada do PT de apoiar a candidatura de Pacheco a presidente da Casa. Braga também é pré-candidato ao comando do Senado e falou ao UOL sem ter conseguido ainda conversar com os petistas sobre o assunto. ‘Procurei os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Humberto Costa (PT-PE), mas ainda não tive retorno. Confesso que não consigo entender uma aliança do PT com o Bolsonaro aqui no Senado’.” (UOL)




No rastro do combate generalizado ao discurso de ódio, o PagSeguro suspendeu a conta do escritor Olavo de Carvalho, informa Guilherme Amado. (Época)




A Câmara dos Deputados dos EUA iniciou os procedimentos para abrir um segundo processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. A presidente da Casa, Nancy Pelosi, vai levar a plenário a aprovação de um pedido formal para que o gabinete de ministros destitua Trump pela 25a Emenda, o que metade mais um dos ministros e o vice-presidente podem fazer com apoio do Congresso. Se falhar, o impeachment entra. (New York Times)

Enquanto isso... Começa, na quarta-feira, o isolamento de um bom pedaço da capital, Washington. Faz parte dos procedimentos de segurança para a posse de Joe Biden, no dia 20. Há ameaças de ataques armados a Congressos em inúmeros estados. (Axios)

E o Congresso Nacional já afastou diversos policiais de sua força de segurança por suspeitas de colaboração com a turba que invadiu o Capitólio. (Washington Post)

Meio em vídeo. Nos últimos dias, o presidente americano Donald Trump foi banido do Twitter. Banido para sempre. Ele, o presidente que fez do Twitter sua plataforma, nunca mais poderá usá-la. É uma decisão inacreditável. É uma decisão forte. Surpreendente. Mas dá para chamar de censura? Esse é o tema de Pedro Doria no Ponto de Partida desta semana. Assista no YouTube.




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