terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O WhatsApp que salva da morte

 

A diferença entre viver e morrer no Acre está no WhatsApp. A plataforma é uma das mais usadas pela Equipe 91, um grupo de ex-criminosos que se tornaram pastores e agora funciona como espécie de corte de apelações, onde os religiosos negociam o perdão a pessoas sentenciadas à morte pelo tribunal do crime, os "decretados". Quem recorre ao grupo promete se converter ao cristianismo e é filmado fazendo a nova profissão de fé. O pastor Conrrado Sena estima que já tenham livrado da morte mais de mil pessoas. As intervenções são feitas sob medida e gravadas pelo WhatsApp. O vídeo é enviado ao Comando Vermelho e serve como prova da mudança de vida. Mesmo no cárcere, os movimentos viralizaram de tal forma que, no início de 2020, um pavilhão exclusivo para evangélicos foi criado na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde, a maior do Estado. Em uma visita em agosto, o EL PAÍS pôde observar a dinâmica distinta da ala “da bênção”, como mostra a reportagem de Avener Prado que abre esta edição. “Eu não confio que essas pessoas estão indo para fé pela capacidade de evangelização do pastor. Estão indo para lá como subterfúgio para sair da organização criminosa”, afirma o promotor Bernardo Fiterman Albano, coordenador Adjunto do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado).

A pandemia do novo coronavírus segue impondo reviravoltas em todo o mundo. No Reino Unido, o premiê Boris Johnson voltou a decretar lockdown para evitar o colapso da rede pública de saúde. "Nesse momento nossos hospitais estão submetidos à maior pressão registrada até agora, com 27.000 pacientes com covid-19", afirmou. Em meio a tantas incertezas, olhares apreensivos se voltam para a ciência, que viveu em 2020 seu melhor (e pior) ano. Apesar da aposta em inovação e tecnologia ser motor na retomada de países desenvolvidos, no Brasil, a pesquisa científica sofre com cortes de verbas e encara cenário dramático para 2021. “Com a pandemia, o investimento em ciência deveria ser maior, não menor”, aponta Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em cinco anos, a instituição perdeu 100 milhões de reais do orçamento, sendo 60 milhões a menos projetados para 2021. “Voltamos a patamares de 2008”, diz a reitora.


A aprovação da lei de aborto legal em 29 de dezembro pela Argentina movimentou a esquerda latino-americana. Perdida a hegemonia do começo deste século, quando quase todo o continente estava dominado por governos progressistas, as contadas voltas ao poder se viram prejudicadas pelas crises econômicas e, depois, pela pandemia. Agora, a agenda progressista da Argentina põe o país na vanguarda da região, em contraposição ao conservadorismo de Bolsonaro, à inércia de López Obrador e ao autoritarismo do eixo bolivariano. "O movimento argentino marca uma nova forma de fazer política, de criar consensos em uma sociedade que conclama a esquerda a dialogar. A esquerda tem a tendência a apontar, acusar, dar lições de moral, e isso afasta as pessoas com quem temos que conversar, pessoas de classe média baixa ou pobres", afirma Tatiana Roque, professora titular de Matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que foi candidata a deputada federal pelo PSOL. Os correspondentes Federico Rivas Molina e Francesco Manetto contam como a retomada das disputas em torno dos direitos sociais pode ser o alicerce de novos feitos, oxigenando os setores progressistas da região.



O WhatsApp que salva da morte
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EL PAÍS acompanha na capital do Acre o trabalho da Equipe 91, formada por ex-criminosos agora pastores, que funcionam como 'STF' do tribunal do crime
Uma semana na trilha dos 'salvadores de almas' da capital do Acre
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Quem aceita "caminho de Jesus" ganha salvo-conduto para deixar crime. Mas nem sempre o caminho é linear. O ensaio fotográfico de Avener Prado

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