Apontada como uma das causas pela calamidade em Manaus, a variante amazonense do coronavírus chegou ao Sudeste. A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou os primeiros três casos provocados pela nova cepa no estado. A confirmação veio do sequenciamento genético feito no Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. Estudos indicam que ela é mais transmissível, embora não necessariamente mais letal, que o coronavírus original. Segundo estudo, a nova variante está presente em 85% das amostras analisadas em Manaus. (Estadão)
Outro dado preocupante é que estudos confirmaram casos de infecção simultânea por duas linhagens diferentes do coronavírus. (Globo)
Já em Manaus, por conta das crescentes denúncias de violação na lista de prioridades para vacinação, a Justiça Federal do Amazonas suspendeu ontem toda a distribuição de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca na capital. Para receber a vacina, a prefeitura precisa explicar as irregularidades já identificadas. Há pelo menos dez vacinados com o mesmo CPF e a indicação de imunizações de profissionais numa clínica da família em que ninguém tomou a vacina.
Também na capital amazonense, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, se defendeu das acusações de omissão na crise que atinge o estado, objeto de um inquérito no STF. Disse que aconteceu “uma situação completamente desconhecida para todo mundo”. Mas uma nova frente foi aberta contra ele. O TCU considerou ilegal o uso de dinheiro do SUS para fornecimento de cloroquina, um remédio sem eficácia comprovada contra Covid-19.
Cresce no Planalto a ideia de que o presidente Jair Bolsonaro sacrifique Pazuello para não ser responsabilizado pelos erros na condução do combate à pandemia. O centrão, por exemplo, estaria pressionando pela troca. O afastamento do ministro, dizem os aliados, reduziria a pressão por um processo de impeachment. (Folha)
Coincidência ou não, Bolsonaro deu uma guinada de 180º no discurso e passou a defender não só a vacinação, “para que a economia não deixe de funcionar”, como a compra de vacinas por empresas para doação ao SUS e imunização de empregados e suas famílias. (Globo)
Porém... faltou combinar com os russos, ou melhor, com os americanos. O laboratório AstraZeneca informou que não tem condições de vender a empresas privadas brasileiras os 33 milhões de doses de sua vacina. A Pfizer também descartou o negócio. (Globo)
Pelo menos no caso da Pfizer, há um motivo grave. Já estão faltando vacinas nos EUA, o que levou Nova York a suspender sua campanha de imunização. O prefeito Bill de Blasio pediu que a população reforce o isolamento social, especialmente porque ainda não foi aplicada a segunda dose da vacina.
Nesta terça-feira o Brasil registou 1.206 mortes por Covid-19 e já se aproxima de 219 mil óbitos. Os números não são alarmantes apenas aqui. O total de infectados no mundo desde o início da pandemia passou de 100 milhões de pessoas.
E a Arquidiocese de São Paulo se viu numa batina justa, como conta Mônica Bergamo. A Associação de Médicos Católicos de São Paulo, criada sob as bênçãos do arcebispo Dom Odilo Scherer, divulgou documento com informações falsas sobre vacinas, incluindo que usariam “células tronco originárias de fetos abortados”, sendo “inaceitáveis do ponto de vista ético”. Tanto o Butantan quanto a Fiocruz negaram esta e outras “informações” do documento. O próprio Scherer já defendeu a vacinação. (Folha)
O Portal da Transparência do governo federal, página da internet pela qual a sociedade pode acompanhar informações sobre gastos da União, saiu do ar na noite de ontem e, até o fechamento desta edição, não voltou. A derrubada do site, criado com base na Lei de Transparência, aconteceu no mesmo dia em que foi divulgada a lista de gastos do Executivo com alimentos no ano passado. Mais que o valor, R$ 1,8 bilhão, 20% a mais que em 2019, chamou a atenção o gasto com determinados itens, como R$ 2,2 milhões em gomas de mascar, R$ 13 milhões em barras de cereais, R$ 8,8 milhões em bombons e R$ 15,6 milhões em leite condensado. O site, que sempre teve infraestrutura frágil, pode ter caído por excesso de visitas. (Metrópoles)
Mas... Além dos gastos, o Portal trazia também a descrição das empresas que fizeram negócios com o Executivo. Antes de o site sair do ar, o jornalista Fernando Boscardin criou um fio no Twitter mostrando que uma empresa supostamente de pequeno porte financeiro e pertencente à esposa de um pastor teve contratos de R$ 12 milhões com o Executivo. Outra empresa, do filho dela, negociou R$ 25 milhões com o governo.
As despesas reveladas pelo Metrópoles se referem a todo o Executivo, incluindo ministérios, mas a internet lembrou do gosto de Bolsonaro por pão com leite condensado, dando início a uma narrativa falsa de que todo o produto era para ele. Além da esperada chuva de memes, o caso provocou uma reação inusitada: na defensiva, bolsonaristas nas redes sociais recorriam a sites de checagem de fatos, geralmente alvos de seus ataques.
Os três parlamentares do gabinete compartilhado — os deputados Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP) e o senador Alessandro Vieira (Rede-SE) — pediram que o TCU investigue os gastos.
Enquanto isso... O vice-presidente Hamilton Mourão se queixou de que não tem diálogo com Bolsonaro. “As conversas são bem esporádicas", afirmou em entrevista à CNN Brasil. “Faz falta, sim. Faz falta até para eu entender em determinados momentos o que eu preciso fazer.” Provocado sobre se poderia ser candidato ao Planalto, respondeu como político. “Não. Fui militar durante 46 anos da minha vida. Comandei tudo que você pudesse comandar. Então, a mosca azul não me pica aqui de jeito nenhum.” (CNN Brasil)
Meio em vídeo. A pesquisadora Michele Prado é uma observadora atenta da direita nas redes sociais. Acompanhou, de dentro das bolhas digitais, o crescimento primeiro do olavismo, depois do bolsonarismo. Em sua entrevista, explica os mecanismos do pensamento autoritário dos seguidores. Assista no YouTube.
O Senado dos EUA aceitou dar continuidade ao processo de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump, acusado de incitar a invasão do Capitólio por uma turba no dia 6, mas a votação apertada (55 a 45) indica que ele deve ser absolvido. São necessários 67 votos, dois terços dos senadores, para a condenação. Como ele já deixou a Casa Branca, as consequências seriam a inelegibilidade e a perda das prerrogativas de ex-presidente. (New York Times)
E o governo de Joe Biden sofreu seu primeiro desafio. Um juiz do Texas anulou a suspensão por 100 dias de deportações, determinada pelo presidente como parte da nova política de imigração. (New York Times)
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