terça-feira, 26 de janeiro de 2021

STF abre inquérito contra Pazuello por crise no Amazonas

 O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, é oficialmente alvo de um inquérito para investigar possível omissão diante da calamidade no Amazonas. A autorização foi dada nesta segunda-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, a pedido da Procuradoria-Geral da República — uma tática para não investigar o presidente da República pelo mesmo descaso. Até o momento, nem Pazuello nem o ministério ou o governo se manifestaram.

Não ajuda o ministro a notícia de que sua pasta e o governo do Amazonas receberam há nove dias a oferta de dois aviões da ONU e um dos EUA para levar oxigênio até Manaus. A autorização, que tem de ser dada pelo governo federal, continua em análise.

Enquanto o Planalto silenciou, os críticos não perderam tempo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse não ter dúvidas de que Pazuello cometeu crimes na condução da crise, citando a indicação de tratamento precoce sem eficácia e a falta de negociação com a Pfizer e de apoio ao Instituto Butantan.

Mas o tom mais alto veio do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), para quem “presidentes foram levados à prisão” por muito menos do que os atos cometidos na condução da Covid-19. “Seria uma cretinice muito grande achar que o governo do Brasil levou essa pandemia como deveria ser levada”, disse ele, em entrevista exclusiva ao UOL.

Se as notícias para o ministro são ruins, no campo das vacinas o dia foi positivo. O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, confirmou a notícia publicada pelo presidente Jair Bolsonaro em redes sociais de que a China liberou o envio de 5,4 mil litros de insumos para a produção da CoronaVac pelo Instituto Butantan, que devem chegar “nos próximos dias”.

O fato de Bolsonaro ter anunciado a decisão chinesa irritou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a cujo governo o Butantan é ligado. “Além de negacionista e terraplanista, (Bolsonaro) agora se tornou também um oportunista”, disse o governador. Mais cedo, Doria havia feito um evento “não político” com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Michel Temer, estes dois remotamente, em defesa da vacina, mas acabou atropelado por Bolsonaro. (Folha)

Longe das brigas, a Fiocruz anunciou que receberá no próximo dia 8 insumos para produzir 7,5 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca.

E o governo brasileiro deu sinal verde para a compra por empresas de 33 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Metade seria doada ao SUS e a outra metade usada para imunizar funcionários dessas companhias e suas famílias. Mas a proposta divide executivos. Pelos menos dois bancos integrantes do grupo, Itaú e Santander, defendem que todo o lote seja doado, temendo uma reação negativa dos clientes. (Globo)

A chegada de novas doses é urgente. O Brasil atingiu na segunda-feira média móvel de 1.055 mortes por Covid em sete dias, a maior desde 4 de agosto. Foram 613 novos óbitos, totalizando 217.712.

No Espírito Santo, uma enfermeira que gravou um vídeo desdenhando da vacina após ser imunizada foi demitida do hospital em que trabalhava e vai responder a inquérito no Conselho Regional de Enfermagem.

Quem esperava, a despeito do dólar nas alturas, visitar os Estados Unidos ficou na vontade. O presidente Joe Biden revogou a medida de Donald Trump liberando a entrada de pessoas oriundas do Brasil, da União Europeia e do Reino Unido, que entraria em vigor no dia 26. Biden ainda incluiu a África do Sul, onde surgiu uma variante mais contagiosa do coronavírus.

Pelo mesmo motivo, o Brasil proibiu a entrada de viajantes vindos do país africano.

Por falar na variante, a Moderna e o consórcio Pfizer/BioNTech informaram ontem que, embora suas vacinas, usadas nos EUA, continuem eficazes, elas oferecem uma proteção menor contra as novas cepas. A Moderna está, inclusive, trabalhando num reforço para se contrapor à mutação do vírus. (New York Times)




Na reta final da eleição para a presidência da Câmara, que acontece na segunda-feira, o Planalto exonerou indicados de aliados de Baleia Rossi (MDB-SP) que ocupam cargos no Executivo, como forma de pressionar esses políticos a votarem em Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro. A entrada de um eventual impeachment, processo iniciado pelo presidente da Câmara, no debate nacional fez o governo subir o tom na pressão. (Globo)

Seja esse ou não o motivo, uma ala do Democratas trabalha para mudar de lado e transferir o partido para o bloco de apoio a Lira. Até então a legenda era um dos sustentáculos da candidatura de Rossi. O DEM, vale lembrar, é o partido de Rodrigo Maia (RJ), atual presidente da Casa e padrinho da candidatura de Rossi. (Globo)




Uma frente de líderes protestantes e católicos apresenta hoje à Câmara um novo pedido de afastamento do presidente Jair Bolsonaro por negligência no trato da pandemia de Covid-19. O grupo tem o respaldo de organizações como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a Comissão Brasileira Justiça e Paz da Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e a Aliança de Batistas do Brasil. (Estadão)

“Eu vi uma carreata monstro de uns dez carros contra mim.” Foi com essa ironia que o presidente Jair Bolsonaro reagiu às manifestações do fim de semana, organizadas por entidades tanto de esquerda quanto de direita, pedindo seu afastamento. As carreatas, entretanto, aconteceram em dezenas de capitais e reuniram bem mais que “dez carros”.

Aliás... Bolsonaro foi alvo de uma sátira tão crítica quanto sofisticada divulgada pela Mídia Ninja no Instagram. Um vídeo com técnicas de deep fake em que ele faz um discurso em inglês macarrônico reafirmando a “vitória” de Donald Trump, defendendo as queimadas e prometendo fazer de tudo para evitar as vacinas e o uso de máscaras. O vídeo deixa claro o tempo todo que não é verdadeiro.

Meio em vídeo. Chegou a hora do impeachment. Nunca um presidente feriu tantos artigos da lei dos crimes de responsabilidade. Se no caso de Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff era preciso interpretar a lei, com Jair Bolsonaro os crimes são literais. Veja no YouTube.




Numa live curta com o gestor cultural Afonso Borges, o cientista politico Sérgio Abranches explica por que cada pesquisa de popularidade do presidente diz uma coisa diferente. No tempo da pandemia, a maioria dos levantamentos vem usando metodologias novas e ainda não calibradas. “No meu feeling”, diz Sérgio, “porque desta vez não se pode confiar em pesquisa, a opinião pública já está contra Bolsonaro. Se não estamos no momento do impeachment, estamos chegando perto desse momento.” (Instagram)

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Painel: “A Polícia Federal enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, um relatório informando que, ao término de dezenas de diligências realizadas, não encontrou elementos suficientes para indiciar pessoas pela realização ou financiamento de atos antidemocráticos, por ora. Os autos do inquérito estão com a Procuradoria-Geral da República, que vai analisar as medidas cumpridas. A PF não pediu mais prazo, nem propôs novos caminhos, indicando ter terminado sua parte.” (Folha)

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A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) não gostou da iniciativa do Planalto de adotar o autocadastramento para o Bolsa Família via aplicativo, como era o auxílio emergencial. Para eles, a medida “retira a humanidade” do atendimento, mas a questão é que a gestão do cadastro é uma ferramenta política poderosa, especialmente nos municípios mais pobres, e os prefeitos não querem perdê-la para o governo federal.

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