CAPA – Manchete principal: *”Coronavac tem eficácia de 78% em estudos no Brasil”* EDITORIAL DA FOLHA - *”Assalto à democracia”*: Num ataque infame, que mancha a história da democracia americana, uma horda de extremistas de direita, incitada pelo presidente Donald Trump, invadiu o prédio do Congresso dos EUA durante a sessão convocada para oficializar a vitória do eleito Joe Biden. O maestro do espetáculo ultrajante de hostilidade às regras democráticas jamais deixou dúvidas quanto às suas convicções autoritárias, racistas e homofóbicas, enfeixadas por um projeto político regressivo, baseado no apelo mítico do ressurgimento de uma América fabulosa e ancestral, purificada das influências nefastas da modernidade e do internacionalismo. Desde a campanha de 2016, Trump aposta na polarização ideológica e no descrédito das instituições. Suas investidas para rechaçar e tachar de fraudulento um possível resultado negativo nas urnas, em 2020, já eram conhecidas bem antes do processo eleitoral. Quando a derrota se esboçou, o republicano passou a comportar-se como um golpista desvairado, a exortar, com base em falsidades, uma rebelião contra o sufrágio popular —esforço coroado pelo assalto ao Capitólio, que deixou quatro mortos e uma mácula sinistra na política dos EUA. Se não encontrou condições de organizar um golpe de Estado, Trump recorreu às armas disponíveis para enfraquecer Biden e alardear a versão mentirosa de que teria sido vítima de uma conspiração. O impostor semeia a insegurança para dar prosseguimento à sua saga política destrutiva, que projeta graves indagações sobre o futuro. Consideradas as circunstâncias, a vitória democrata no Senado, que assegurou ao partido maioria nas duas Casas legislativas, constitui uma notícia auspiciosa. Desanuviam-se, ao menos em parte, os riscos de paralisação governamental numa nação imersa em confrontos ferrenhos e perigosos. As recorrentes comparações que se fizeram entre as cenas vistas na capital dos EUA e as insurreições e quarteladas do Terceiro Mundo merecem ser ponderadas. Para além da baderna, Trump perdeu tudo —e pode ter destino pior do que apenas deixar a Casa Branca. No Brasil, também o sistema de freios e contrapesos contém um populista de inclinações autoritárias que tem em Trump uma fonte óbvia de inspiração. Entusiasta da ditadura militar e venerador de torturadores, Jair Bolsonaro sempre foi fiel e submisso ao congênere americano. Natural que, à luz sombria dos conflitos em Washington, tenha evitado condenações. Preferiu lançar ameaças à democracia brasileira, afirmando que se o país não regredir ao voto impresso enfrentará “problema pior do que nos EUA”. Como deixa claro o tumulto insuflado por Trump, não se deve subestimar o obscurantismo que se propaga na política internacional. Nos Estados Unidos, felizmente, as instituições prevalecem —como têm prevalecido também no Brasil. CLAUDIO MAYEROVITCH, DIRCEU BARBANO E GONZALO VECINA - *”Vacinas: o relevante e o irrelevante”*: A vacina contra a varíola foi a primeira a ser introduzida no Brasil, em 1804. Foram necessários mais de cem anos para definir se o introdutor da vacina no país teria sido o marechal do Exército Felisberto Caldeira Brant (marquês de Barbacena) ou o cirurgião-mor Francisco Mendes Ribeiro de Vasconcelos. Para a saúde pública brasileira, foi fundamental a criação do Programa Nacional de Imunização, em 1973, considerado um dos mais generosos e efetivos do mundo, dado a abrangência e o caráter universal. Como legado do PNI temos o controle de poliomielite, difteria, sarampo e rubéola. O programa distribui anualmente mais de 300 milhões de doses de 42 tipos diferentes de vacinas. Durante as pandemias, o interesse pelo tema das vacinas se torna naturalmente maior. Isso gera tensões como a que ocorreu no episódio que ficou conhecido como a “Revolta da Vacina”, em 1904, no Rio de Janeiro, envolvendo a própria varíola. Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, é relevante chamar a atenção para a inabilidade das principais autoridades do país, que não souberam elaborar um plano nacional de imunizações e até fizeram campanha contra a vacinação. As agências reguladoras de medicamentos, tais como Anvisa, FDA (EUA) ou EMA (Comunidade Europeia), foram criadas a partir do momento em que se tornou evidente que os medicamentos precisariam passar por uma avaliação independente antes de chegarem ao mercado. Marca esse período o desastre da talidomida. A Anvisa foi criada depois do escândalo da falsificação de medicamentos usados como anticoncepcionais e para o tratamento de câncer, nos anos 1990. Uma das principais características dessas instituições é o elevado grau de exigência técnica e científica em todo o processo de tomada de decisões. Por isso, é relevante apontar que o governo federal e a diretoria da Anvisa erram, quando expõem a agência a um processo de desgaste profundo de sua imagem, ao posicioná-la como objeto em uma disputa irrelevante sobre o pioneirismo da introdução da vacina contra o novo coronavírus no Brasil. Os mandatários deveriam agir para preservar a confiança dos cidadãos na decisão dos técnicos da agência, os quais foram capacitados com muito investimento público e, por isso, são respeitados pelos brasileiros e pelas principais autoridades reguladoras de medicamentos no mundo. Tivessem essa sensibilidade, teriam determinado há meses a criação de comitês de acompanhamento para cada uma das iniciativas. Com isso, a Anvisa poderia receber informações em tempo real e analisá-las diariamente, abreviando o tempo de aprovação das vacinas para dias ou semanas. As lideranças parecem caminhar em sentido contrário, dando relevância e reverberando considerações sobre o país de origem da vacina. O empenho esperado seria o de estimular todas as empresas e institutos a interagirem de forma efetiva e transparente com o corpo de técnicos da agência no sentido de aproximar ao máximo o grau de conhecimento sobre as diferentes tecnologias, formas de produção e resultados dos estudos colhidos no Brasil e em outros países. Outro desafio que deveria estar entre as prioridades dos gestores dessas instituições é o enfrentamento da diminuição das coberturas vacinais dos últimos anos, o que se faz com o fortalecimento da atenção primária em saúde e boas estratégias de comunicação, sem espaço para ambiguidades de líderes políticos. A Anvisa e seu corpo técnico deve ser respeitada pela sociedade brasileira e também oferecer ao país a segurança necessária acerca dos produtos que consumimos. Uma sociedade consciente da importância desse trabalho estará mais longe de irrelevantes disputas, como a que ficará registrada na história sobre o momento atual —certamente de forma menos notória que a da trajetória do marquês de Barbacena. **Claudio Mayerovitch, Dirceu Barbano e Gonzalo Vecina - Ex-presidentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) PAINEL - *”Enquanto Doria anunciava a Coronavac, Ministério da Saúde informou estados sobre previsão de chegada da vacina de Oxford”*: Enquanto João Doria (PSDB-SP) anunciava a eficácia da Coronavac, o Ministério da Saúde, em reunião com técnicos dos estados, passou a orientação para que estejam preparados para receber na última semana do mês as 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, importadas da Índia. Informou ainda quantas doses cada estado vai receber —o que foi considerado pouco. Aliados de Doria não creem que o governo federal conseguirá largar na frente e, assim, mantêm a data de 25 de janeiro. Para a gestão paulista, Eduardo Pazuello (Saúde) vive uma crise de credibilidade. Apesar do anúncio de que assinou o contrato de compra de 100 milhões de doses do Butantan, prefeitos e governadores seguiam negociando diretamente a compra da vacina com Doria, nesta quinta (7). Fora das fronteiras paulistas, no entanto, governadores veem a chance de Pazuello sair na frente, nem que seja com a vacinação de uma pequena parcela da população, para marcar presença, no dia 20. A data exata ainda é fonte de expectativa. Aos estados, o Ministério da Saúde informou que preparou rotas aéreas para a distribuição das vacinas, saindo de Guarulhos, usando aviões de carreira e também da Força Aérea. A informação é a de que em 24 horas os imunizantes chegariam a todas as capitais. Para iniciar a vacinação, a partir da chegada do imunizante, secretários estaduais de Saúde dizem que seriam necessários três dias. PAINEL - *”Fátima Bezerra pede a Bolsonaro que professores sejam vacinados antes”*: A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), enviou ofício a Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (7), solicitando que os profissionais de educação sejam incluídos no grupo prioritário de vacinação. Bezerra, que assina o documento como professora, afirma que é fundamental para a retomada das aulas. PAINEL - *”Santos Cruz diz que militares não embarcariam em golpe em 2022, mas pede ação da Justiça”*: Apesar dos acenos de Bolsonaro às forças policiais e militares, o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, não vê risco de apoio a golpe em 2022 no Brasil. "São profissionais, não dão suporte a aventureiros". Mas alerta: disseminadores de fake news e de discurso de ódio têm que ser punidos pela lei desde já para que cenas como as da invasão do Capitólio nos EUA não se repitam no Brasil. "Você tem que fazer um trabalho preventivo. O fanatismo é irracional. Para prevenir, para que isso não aconteça, a Justiça tem que atuar sempre. Discurso de ódio, fake news, assassinato de reputações e instituições. Polícia Federal, Forças Armadas e Abin têm que ser valorizadas, não podem ser colocadas sob suspeita", diz Santos Cruz. Sobre a fala de Bolsonaro de que no Brasil será pior do que nos EUA, ele diz se tratar de "irresponsabilidade". Ele defende que exista um comprovante de papel após votação na urna eletrônica, como também defendem bolsonaristas. Mas para Santos Cruz, o benefício seria justamente livrar o país das narrativas que colocam em questão a lisura do processo eleitoral e que daqueles que se servem delas para abalar instituições democráticas. "Você acaba com o discurso dos demagogos que ficam falando em fraude sem ter prova alguma". "O presidente tem que atuar dentro da lei para criar o voto impresso, e não ficar com ideia subliminar para fazer bagunça". PAINEL - *”'Infiéis, reincidentes e esquizofrênicos', diz deputado do PSL sobre colegas que anunciaram apoio a Lira”* *”Candidato de Bolsonaro na Câmara, Lira é alvo de ações penais no STF e acusado de violência doméstica”* +++ A Folha entra bem atrasada com a reportagem. O Estadão já vem noticiando os processos contra Lira há semanas. *”Após rival fechar alianças, MDB no Senado cobra postura de Bolsonaro e corre atrás de PSDB”* - Após o candidato à presidência do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) obter o segundo apoio de bancada em dois dias seguidos, o MDB decidiu se insurgir contra a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e passou a enxergar uma aliança com o PSDB como fundamental para se manter na disputa. Pacheco é o candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tem se engajado na eleição e inclusive levou seu apadrinhado para um almoço com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. Nesta quarta-feira (6), Pacheco recebeu apoio da bancada do PROS, que conta com três senadores. Um dia antes, houve a adesão do PSD, segunda maior bancada, com 11 parlamentares. O acordo foi fechado em um almoço na casa do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Participaram do encontro o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, e o líder da bancada do partido no Senado, Otto Alencar (BA). Presentes no almoço confirmam que o principal ponto do acordo foi o compromisso por parte de Pacheco de que não vai disputar o governo de Minas Gerais, em 2022 —abrindo caminho para Kalil e outros nomes do PSD, como o senador Carlos Viana. Pacheco nega. A bancada do MDB afirma que Bolsonaro está sendo leniente com Alcolumbre e Pacheco, que estariam usando a influência do Planalto nas negociações. O presidente da República havia dito que não iria interferir na eleição do Senado. Fontes na bancada do partido confirmam que as reclamações serão levadas ao próprio Bolsonaro, pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que é líder do governo no Senado. A reunião está programada para esta sexta-feira (8). Bezerra foi procurado pela Folha, mas não quis comentar o assunto. O MDB vai cobrar de Bolsonaro se o governo está sendo usado por Alcolumbre e Pacheco de forma "autorizada ou ilegal". Caso não haja uma posição clara do presidente e o partido seja derrotado nas eleições, prometem uma postura mais combativa em relação ao Planalto. O partido anunciou em dezembro que terá candidato único para a disputa. O critério estabelecido para a escolha —que deve sair na semana que vem— é angariar o máximo de apoio em outras bancadas, mostrando-se competitivo na eleição. Além de Bezerra, são pré-candidatos o líder da bancada, Eduardo Braga (MDB-AM); o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO); e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Simone Tebet (MDB-MS). A bancada acabou sendo surpreendida e se sentiu jogada contra as cordas após a rápida adesão do PSD à candidatura de Pacheco. Em particular, Braga, Gomes e Bezerra mantinham conversas para conseguir votos no partido. Desconsiderando possíveis traições, o senador mineiro agora tem três bancadas que contam 19 votos para as próximas eleições —são necessários 41 para ser eleito em primeiro turno, caso todos os 81 senadores votem. Após anunciar apoio para o candidato do MDB na Câmara, o PT no Senado também pende para o lado de Pacheco. Após remarcar o encontro algumas vezes, a bancada se reuniu na noite desta quinta-feira, com a expectativa de chegar a uma decisão. No entanto, os senadores decidiram anunciar a posição apenas na segunda-feira (11). Uma fonte que participou da reunião afirmou que alguns senadores defenderam que outro pré-candidato, o senador Eduardo Braga (MDB), tivesse a oportunidade de defender sua candidatura para os petistas, antes da decisão final. "Há uma simpatia da bancada. Ele [Pacheco] esteve em reunião da bancada, tem o apoio do nosso líder [Rogério Carvalho], um bom relacionamento conosco. Mas a decisão vai sair após a reunião", afirmou na quarta-feira o senador Humberto Costa (PT-PE). Aliados de Pacheco chegam até mesmo a divulgar que o candidato já tem os 41 votos necessários para presidir o Senado. Alguns integrantes da bancada do MDB minimizam os apoios anunciados, afirmando se tratar de um novo "fenômeno Lira", em referência ao candidato à presidência da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que anunciou cedo sua candidatura, obteve apoio inicial, mas acabou sofrendo defecções. Outros, no entanto, mostram preocupação e apostam em uma aliança rápida com a bancada do PSDB para se manter na corrida. Os tucanos têm manifestado informalmente apoio para a regra da proporcionalidade, na qual a maior bancada —no caso, o MDB— teria direito à presidência da Casa. O PSDB é apontado como o novo foco de cobiça, pois é a quarta maior bancada —sete senadores— e seu apoio não resulta na rejeição de novos acordos. O Podemos, por exemplo, tem uma bancada maior, a terceira, perdendo apenas para MDB e PSD. No entanto, muitos integrantes da bancada são ligados ao movimento Muda Senado, que tem uma pauta anticorrupção mais radical, que envolve investigação parlamentar do Judiciário. Alguns partidos têm resistência a apoiarem candidato alinhado com o movimento. Os partidos negociam com outras bancadas, mas consideram a hipótese de obterem votos em separado e não de todos os senadores dos partidos em bloco. Os quatro pré-candidatos do MDB pretendem realizar reuniões presenciais com o líder do PSDB, Roberto Rocha (MA), nos próximos dias. O partido, no entanto, mantém um bloco informal com Podemos, Cidadania e PSL, que chegam a 22 senadores e podem alcançar uma decisão conjunta sobre apoio. "Com as duas maiores bancadas [MDB e PSD] já com lados assumidos, o voto decisivo está no bloco Podemos, PSDB, Cidadania e PSL", afirma Simone Tebet. "Se fecharem unidos a favor de um candidato, ou pelo menos 90% do bloco, eles serão os fiéis da balança", completa. O bloco Muda Senado —que conta com 18 senadores, a maior parte de Podemos, Cidadania e PSL— pretende anunciar seu posicionamento na próxima semana, no dia 15. Inicialmente, o bloco havia divulgado que teria candidato na eleição, mas muitos partidos agora fazem parte das negociações de apoio. Há atualmente seis pré-candidatos nesse bloco. *”Com apoio de PT e DEM, líder do governo Doria é considerado favorito para presidir Assembleia de SP”* - A eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo acontece só em 15 de março. Mas, em novembro, o deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB) já era saudado nos corredores do Palácio dos Bandeirantes por aliados, em tom de brincadeira, como futuro presidente da Casa. Pignatari, que atualmente ocupa a posição de líder do governo João Doria (PSDB) na Assembleia, é considerado favorito na eleição para suceder o atual presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB) –que exerceu o cargo por quatro anos e também é aliado do governador. Procurado pela Folha, Pignatari afirmou que a eleição da Mesa é só em março e que não há candidatos ou favoritos. Ao deixar a presidência, Macris pode integrar o secretariado do governo Doria, mas conversas sobre isso estão em estágio inicial. Uma opção aventada é a chefia da Casa Civil, dado que Kassab deixou o cargo de forma definitiva em dezembro. É quase certo que o nome lançado pelo PSDB vença a disputa na Assembleia. Se em Brasília a vida parlamentar é movimentada neste recesso pela eleição na Câmara e no Senado, em São Paulo há menos chances de surpresas. Um já tradicional acordo entre PSDB, PT e DEM costuma garantir a presidência aos tucanos, a 1ª secretaria aos petistas e a 2ª secretaria ao DEM. O acordo obedece ao critério de proporcionalidade, já que o PSDB normalmente elegia a maior bancada e o PT, a segunda maior. Na eleição de 2018, porém, o PSL tomou esse espaço e se tornou o principal partido da Casa, com 15 cadeiras. O PT ficou com 10 e os tucanos com 8 –hoje têm 9. Isso não foi suficiente para mudar a configuração da Mesa em 2019. A candidata do PSL, Janaina Paschoal, teve 16 votos contra 70 de Macris, sustentado pelo arranjo entre a base governista (PSDB, DEM, Republicanos, PSD e outros) e o PT. Novo e PSOL lançaram nomes próprios e tiveram quatro votos cada. A avaliação no PT é a de que não existe outro nome capaz de competir com Pignatari. Além disso, os petistas consideram que não vale a pena marcar posição numa Assembleia fragmentada e veem mais vantagem em assegurar a 1ª secretaria. Os nomes cogitados para o posto são Teonílio Barba e Luiz Fernando. O PT, no entanto, ainda pretende acertar pontos com Pignatari. O partido quer assegurar a instalação de CPIs incômodas para Doria e quer discutir a figura do relator especial, ferramenta usada pelo presidente para fazer andar projetos do governo. Atualmente há 16 funcionários da Assembleia lotados na presidência. A 1ª secretaria, comandada pelo petista Enio Tatto, tem 85 servidores ativos. A 2ª secretaria, liderada por Milton Leite Filho (DEM), abriga 83 nomes. O clima de eleição deve tomar os corredores da Assembleia somente após a volta do recesso, em 1º de fevereiro, mas os nomes para a atual disputa começam a ser cogitados. Além de Pignatari, é possível que PSOL e Novo lancem candidatos –a bancada do Novo ainda vai discutir a questão. A principal questão a ser enfrentada na Assembleia nas próximas semanas também deve aparecer na campanha para a Mesa Diretora –o episódio em que Isa Penna (PSOL) diz ter sido assedia pelo colega Fernando Cury (Cidadania), que apalpou o corpo da parlamentar em plenário. O caso, que deve ser discutido pelo Conselho de Ética da Casa em fevereiro, será cobrado dos candidatos. A líder do PSOL, deputada Mônica Seixas, afirma que o partido não votará na opção que une PSDB, PT e DEM e que deve lançar candidatura própria. “Trabalhei ativamente pra que essa unidade não acontecesse durante os últimos meses. É uma tragédia que se mantenha na Assembleia essa cultura de ter que trocar votos por posições em comissões. O candidato do Doria representará os interesses do governo com mão de ferro e com o regimento tão antiquado da Assembleia Legislativa”, disse Seixas. O deputado Coronel Telhada (PP) é aventado como uma opção para representar a oposição bolsonarista e deputados considerados independentes do governo, que não querem votar em Pignatari. Questionado pela Folha sobre concorrer, Telhada afirmou que só se lançará em campanha se conseguir aglutinar apoios para se tornar viável e competitivo. “Não tenho pretensão de ser presidente, mas vários deputados vieram conversar comigo. Em fevereiro, se os deputados mostrarem que estão comigo e que eu tenho condições de concorrer, estou disposto a atender e fazer campanha, mas não vou distribuir benesses e cargos”, afirma Telhada. “Com um presidente do PSDB há uma submissão da Casa ao governo, o que é muito ruim. E acabam acontecendo desastres como o PL 529 [projeto de ajuste fiscal], a reforma da previdência, extinção de empresas. A Assembleia deve ter independência e total autonomia”, completa. Janaina, que concorreu em 2019, afirmou em entrevista à Folha que não pretende disputar a Mesa neste ano, mas tampouco deve apoiar Pignatari. Na última sessão do ano, Janaina teve uma discussão com Pignatari, a quem acusou de tratá-la como prostituta. Segundo a deputada do PSL, ela vinha obstruindo o projeto do Orçamento quando uma assessora de Pignatari lhe informou que ela deveria fazer um cadastro para receber uma verba do governo por meio de emenda “voluntária” para um projeto com o qual Doria já havia se comprometido. “Eu não sou prostituta, deputado Carlão. […] E esse homem está me tratando feito uma prostituta. […] O sr. não tem moral para presidir essa Casa. […] Não me dirija a palavra nunca mais, porque eu não sou prostituta", afirmou ela em sessão no último dia 17. “Se houve isso teve algum equívoco. Pelo amor de Deus, deputada”, respondeu Pignatari. "Tenho tido várias decepções na maneira como ele conduz diversos processos. Vamos aguardar. Mas não acho que ele seja a melhor pessoa para dirigir a Casa”, afirmou Janaina à Folha. Em dezembro, Pignatari iniciou conversas com bancadas partidárias para obter apoio. Com 61 anos, ele está no terceiro mandato e tem base eleitoral em Votuporanga, cidade que governou por dois mandatos (entre 2001 e 2008). Entre os tucanos, o deputado é descrito como experiente e fiel a Doria. No governo, o parlamentar é visto como habilidoso por ter obtido a aprovação de projetos que enfrentaram forte resistência, como o PL 529. Parte dos deputados da Assembleia considera Pignatari mais aberto ao diálogo do que Macris, mas parte dos colegas também o descreve como uma pessoa truculenta e de pavio curto, que já se mostrou alinhada ao bolsonarismo em algumas ocasiões. Em maio de 2015, Pignatari foi condenado pela Justiça Federal à perda do cargo, ao pagamento de multa e à suspensão dos diretos políticos por cinco anos por envolvimento na chamada máfia das ambulâncias. Segundo a sentença, ele participou de direcionamento de licitações como prefeito, entre 2003 e 2004. O deputado recorreu da sentença, e o recurso ainda está pendente de julgamento no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Sua defesa afirma não ter dúvida de que o recurso irá reverter a condenação inicial. *”Se Brasil não tiver voto impresso em 2022, vamos ter problema pior que os EUA, diz Bolsonaro”* - No dia seguinte à invasão do Congresso americano, o presidente Jair Bolsonaro disse que a falta de confiança nas eleições levou "a este problema que está acontecendo lá" e que, no Brasil, "se tivermos voto eletrônico" em 2022, "vai ser a mesma coisa" ou "vamos ter problema pior que nos Estados Unidos". Bolsonaro aproveitou a repercussão do ataque inédito à democracia americana para repetir, sem provas, as suspeitas que costuma propagar sobre a votação eletrônica brasileira —modelo diferente do adotado nos EUA. Na quarta-feira (6), a sessão de certificação do resultado da eleição americana, que teve a vitória de Joe Biden, foi interrompida quando uma multidão inflamada pelo presidente Donald Trump invadiu o Capitólio. Ao contrário de outros governos, que condenaram o episódio, a administração brasileira não se manifestou. Nesta quinta-feira (7), Bolsonaro comentou a situação dos EUA com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada. "Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", disse Bolsonaro a apoiadores. Apesar de autoridades americanas negarem evidências de fraudes, ele insistiu nesta tese. "O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda. Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí", disse Bolsonaro. "Então, a falta desta confiança levou a este problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa", afirmou o presidente. O voto pelos correios criticado por Bolsonaro não se repete no modelo brasileiro, que adota as urnas eletrônicas —elas foram utilizadas pela primeira vez em todo o país no ano 2000. Em março de 2020, Bolsonaro chegou a prometer mostrar provas "brevemente" de fraude na eleição de 2018 —ele disse que deveria ter sido eleito no primeiro turno, e não no segundo. "Eu acredito, pelas provas que eu tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito em primeiro turno", afirmou Bolsonaro na ocasião. "Nós temos não apenas uma palavra, nós temos comprovado. Nós temos de aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos", disse. Quase um ano depois, porém, Bolsonaro nunca apresentou nenhuma evidência. Pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro mostrou que 73% dos brasileiros defendem que o sistema de voto em urna eletrônica seja mantido. Já o voto em papel, abandonado nos anos 1990, tem sua volta pleiteada por 23% da população. Do total de entrevistados, 69% disseram que confiam muito ou um pouco no sistema de urnas informatizadas, que passou a ser adotado gradualmente em 1996. Outros 29% responderam que não confiam. Nesta quinta, nos 17 minutos de vídeo divulgados por um canal bolsonarista, o presidente da República fez diversos ataques à imprensa. "A fraude existe. Daí a imprensa vai falar 'sem prova, ele diz que a fraude existe'. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 18. Não estou falando que vou ser candidato ou que vou disputar as eleições", disse Bolsonaro. Nesta quinta, o presidente brasileiro também criticou o fato de Trump ter tido suas redes sociais bloqueadas após publicações favoráveis aos invasores. "Pode ver: ontem, nos Estados Unidos, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas", declarou Bolsonaro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu o chefe do Executivo na tarde desta quinta. "A frase do presidente Bolsonaro é um ataque direto e gravíssimo ao TSE e seus juízes. Os partidos políticos deveriam acionar a Justiça para que o presidente se explique. Bolsonaro consegue superar os delírios e os devaneios de Trump", afirmou Maia em rede social. O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, respondeu a declaração de Bolsonaro de que houve fraude nas eleições que o elegeram presidente em 2018. Segundo ele, a corte “lida com fatos e provas, que devem ser apresentadas pela via própria”. E complementou: “Eventuais provas, se apresentadas, serão examinadas com toda seriedade pelo tribunal”. O vice-presidente do TSE, Edson Fachin, que comandará a corte entre março e agosto de 2022, divulgou uma nota para condenar a invasão no Congresso americano. O ministro afirmou, ainda, que a “violência cometida contra o Congresso norte-americano deve colocar em alerta a democracia brasileira”. “Em outubro de 2022 o Brasil irá às urnas nas eleições presidenciais. Eleições periódicas de acordo com as regras estabelecidas na Constituição e uma Justiça Eleitoral combatendo a desinformação são imprescindíveis para a democracia e para o respeito dos direitos das gerações futuras”, ressaltou. Para o magistrado, a “democracia não tem lugar para os que dela abusam” e quem desestabiliza a renovação do poder deve ser responsabilizado. “Alarmar-se pelo abismo à frente, defender a autonomia e a integridade da Justiça Eleitoral e responsabilizar os que atentam contra a ordem constitucional são imperativos para a defesa das democracias”, frisou O objetivo de movimentos como o ocorrido nos Estados Unidos, segundo Fachin, é “produzir destroços econômicos, jurídicos e políticos por meio de arrasamento das bases da vida moral e material”. O ministro Alexandre de Moraes, que integra o TSE e será o presidente do tribunal nas eleições de 2022, já havia comentado a invasão ao Congresso americano nas redes sociais na quarta-feira (6). Moraes é relator dos inquéritos que investigam disseminação de fake news e atos antidemocráticos no Brasil. “Os EUA certamente saberão responsabilizar os grupos que atentaram gravemente contra sua história republicana. Milícias presencias ou digitais, discursos de ódio e agressões às Instituições corroem a democracia e destroem a esperança em um futuro melhor e mais igualitário”, escreveu. Três dias antes do Natal, Bolsonaro voltou a defender a aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) apresentada pela aliada Bia Kicis que prevê a impressão de uma cópia do voto registrado na urna eletrônica para eventual checagem posterior. "Se a gente não tiver voto impresso, pode esquecer a eleição", respondeu ele a um apoiador que o questionou sobre o pleito de 2022, no qual deve disputar a reeleição. Em vídeo recente no canal no YouTube do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente afirmou que "70% ou mais da população" não confiam no sistema atual. Ele também reiterou apoio à PEC que institui a cópia impressa. A medida chegou a ser aprovada pelo Congresso em 2015, mas foi declarada inconstitucional pelo STF em setembro de 2020. A corte entendeu que isso colocaria em risco o sigilo e a liberdade do voto, aumentando a insegurança e favorecendo manipulações. +++ A escolha editorial da Folha (e dos demais veículos da grande imprensa) gera espanto. Em sua fala, Jair Bolsonaro incentiva que brasileiros acreditem em teorias conspiratórias com as urnas eletrônicas e que se revoltem contra o sistema eleitoral e protestem contra o resultado das eleições de 2022 caso ele venha a considerá-lo ruim. Apesar das afirmações do presidente, a Folha não diz diretamente que Bolsonaro incentiva a revolta, que autoridades de diferentes poderes o criticaram pela maneira como se posicionou. O fato principal não é a afirmação absurda de Bolsonaro – isso é corriqueiro -, o fato principal é a reação ou a interpretação de que o presidente incita o povo contra o sistema eleitoral brasileiro. SILVIO ALMEIDA - *”Mundo de racismo, pandemia e violência é o ambiente natural de Trump e Bolsonaro”* *”Guilherme Boulos passa a ter coluna na Folha”* *”Novo chefe do MP-RJ deve comandar de perto apurações com foro, como a de Flávio Bolsonaro”* HUMANOS DA FOLHA - *”Sarcástico e culto, Bonalume cobriu ciência e conflitos pelo mundo por mais de 30 anos”* *”Após invasão, Congresso confirma vitória de Biden, e Trump promete 'transição ordeira'”* *”Pressionado, Trump muda tom, condena ataques e pede reconciliação”* YASCHA MOUNK - *”Conflito monumental entre democracia e populismo apenas começou”* *”Ao menos cinco morrem em invasão do Congresso dos EUA”* *”Policial morre após apoiadores de Trump invadirem Capitólio”* ANÁLISE - *”O que teria acontecido se os invasores do Capitólio não fossem brancos?”* *”Palco de terror pró-Trump, Capitólio já foi alvo de ingleses, tiroteios e bomba”* ENTREVISTA - *”Extremismo revela pavor que brancos americanos têm de perder poder, diz cientista político”* ENTREVISTA - *”Invasão nos EUA foi alerta para redefinir liberdade de expressão, diz pesquisadora”* TATIANA PRAZERES - *”China rechaçará qualquer tentativa de americanos lhe dar lição de moral”* *”Facebook e Instagram vão banir Trump ao menos até fim do mandato, anuncia Mark Zuckerberg”* - O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou nesta quinta-feira (7) que as contas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na plataforma e no Instagram serão banidas pelo menos durante as duas semanas até a cerimônia de posse do democrata Joe Biden, programada para 20 de janeiro. "Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue a usar nossos serviços durante este período são grandes demais", disse Zuckerberg em um comunicado publicado no próprio Facebook. A decisão ocorre após a invasão do Capitólio nesta quarta-feira (6) durante a sessão conjunta entre deputados e senadores para a certificação da vitória de Biden. Insuflados por Trump, que fez um comício em Washington horas antes do ataque, vândalos entraram no prédio que sedia o Congresso americano. Ao menos quatro pessoas morreram durante o episódio, incluindo uma veterana da Força Aérea apoiadora de Trump, baleada por um agente da polícia do Capitólio. "Os eventos chocantes das últimas 24 horas demonstram claramente que o presidente Donald Trump pretende usar seu tempo restante no cargo para minar a transição pacífica e legal de poder para seu sucessor eleito, Joe Biden", afirma Zuckerberg em sua declaração. Alegando risco de violência, o Facebook já havia removido na quarta um vídeo do republicano no qual ele pedia aos manifestantes que fossem para casa mas reafirmava falsamente que o pleito foi fraudado. O mesmo conteúdo também recebeu alertas antes de ser removido pelo Twitter, que excluiu ainda uma publicação em que Trump dizia que o vice-presidente Mike Pence "não teve a coragem de fazer o que deveria ter sido feito" para proteger os EUA e sua Constituição. Trump pressionou seu vice diversas vezes para rejeitar os votos do Colégio Eleitoral, embora Pence não tenha autoridade legal para anular, unilateralmente, os resultados que confirmaram a vitória de Biden. No comunicado em que anunciou o banimento do presidente americano, Zuckerberg afirmou ainda que o Facebook vinha permitindo que Trump usasse a rede social de acordo com as regras da plataforma, embora em algumas ocasiões tenha achado necessário adicionar alertas em alguns conteúdos. "Fizemos isso porque acreditamos que o público tem direito ao mais amplo acesso ao discurso político, mesmo ao discurso polêmico. Mas o contexto atual é fundamentalmente diferente, envolvendo o uso de nossa plataforma para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito democraticamente." Após a invasão, a sessão de certificação da vitória de Biden foi interrompida até que forças de segurança pudessem declarar o Capitólio seguro novamente. Na retomada da sessão, horas depois, cumpriu-se a última etapa antes da posse no dia 20, quando Trump terá que deixar oficialmente a Casa Branca. Depois que Câmara e Senado rejeitaram com folga as duas contestações apresentadas por um pequeno grupo de congressistas republicanos, Biden foi mais uma vez declarado eleito. Ao final da sessão, o governo Trump divulgou um comunicado em que o presidente se compromete, enfim, com uma "transição ordeira", embora ele tenha reiterado a narrativa sem evidências de que o pleito foi fraudado. O comunicado foi publicado no Twitter por meio do perfil de Dan Scavino, diretor de redes sociais da Casa Branca, uma vez que a conta de Trump também foi temporariamente bloqueada. A plataforma de streaming de games Twitch, adquirida pela Amazon em 2014, também anunciou o banimento da conta do republicano ao menos até o fim de seu mandato. “Dadas as atuais circunstâncias extraordinárias e a retórica incendiária do presidente, acreditamos que esse é um passo necessário para proteger nossa comunidade e evitar que a Twitch seja usada como plataforma para incitar ainda mais violência”, disse um representante da empresa em nota nesta. Nesta quinta-feira, horas antes do anúncio da decisão do Facebook, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou o bloqueio temporário das redes sociais de Trump. "Pode ver: ontem, nos EUA, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas", disse Bolsonaro, depois de aproveitar a repercussão do ataque inédito à democracia americana para repetir, sem provas, as suspeitas que costuma propagar sobre a votação eletrônica brasileira —modelo diferente do adotado nos EUA, onde o voto é facultativo e depositado por meio de cédulas de papel. "Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", disse ele a apoiadores. Com discurso semelhante, Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, também se posicionou contra o que chamou de "censura" das redes sociais, embora não tenha mencionado Trump. "Algo que não gostei ontem nos negócios do Capitólio. Não gosto de censura”, disse AMLO, como é conhecido o líder mexicano. “Não gosto que ninguém seja censurado e perca o direito de mandar uma mensagem no Twitter ou no Facebook", completou. Assim como Bolsonaro, Obrador também foi alvo de críticas por não condenar publicamente os ataques à democracia americana —algo que lideranças de diversos países fizeram rapidamente. +++ Os critérios do Facebook, do Instagram e outras redes sociais e plataformas virtuais deveriam receber mais atenção da classe política brasileira. O sistema conjunto formado pelos serviços oferecidos pelo Facebook foi um dos fatores principais para a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, no entanto, as empresas que detém essas plataformas pouco ligam para o uso político que é feito delas no Brasil. O país é um dos maiores mercados do WhatsApp, por exemplo. No EUA, o aplicativo é pouquíssimo utilizado. *”Bolsa bate recorde e chega aos 122 mil pontos com confirmação de vitória de Biden”* *”Bitcoin supera cotação de US$ 40 mil pela 1ª vez”* *”Pandemia faz captação da poupança bater recorde em 2020, com R$ 166,3 bi”* - Com o auxílio emergencial e com a queda do consumo em decorrência do isolamento social, os depósitos em caderneta de poupança superaram os saques em R$ 166,3 bilhões em 2020, maior valor da história. Os dados foram divulgados pelo BC (Banco Central) nesta quinta-feira (7). A captação líquida —diferença entre entradas e saídas— no ano foi 134% maior que o número mais alto registrado na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995, de R$ 71 bilhões em 2013. Em relação a 2019 (R$ 13,2 bi), o número foi 12 vezes maior. Benefícios do governo, como saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), e o auxílio emergencial, podem explicar a alta nos depósitos durante a pandemia, já que foram pagos por meio de conta-poupança digitais da Caixa Econômica Federal. Além disso, com o fechamento dos comércios nos meses mais críticos da crise sanitária, as pessoas consumiram menos e depositaram mais recursos na modalidade. “Temos agora um cenário de fim do auxílio emergencial em que o nível de pobreza vai atingir o maior patamar desde 2012, então esse dado é um alento, na medida em que mostra que o brasileiro poupou durante a crise”, pontua o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social. Houve também um movimento chamado pelo BC de poupança precaucional, no qual os consumidores adiaram compras e guardaram dinheiro preocupados com incertezas quanto ao fim da pandemia e à situação econômica do país. “Tivemos em nove meses de auxílio o equivalente a nove anos de Bolsa Família. Também tivemos em 2020 mais de 12 vezes a captação líquida da poupança em relação a 2019. É importante ponderar que a caderneta é praticamente o único ativo ao qual o pobre tem acesso”, disse Neri. Ao todo, os brasileiros depositaram R$ 3,1 trilhões na caderneta em 2020, maior valor da série. Os saques também bateram recorde no ano, com R$ 2,9 trilhões. O plano do governo e do BC é que, com o fim do auxílio emergencial, os recursos depositados na poupança retornem à economia como forma de consumo e que compensem o estímulo exercido pelo benefício na atividade. “A mobilidade ficou prejudicada na pandemia e dificultou que as pessoas saíssem para comprar. Elas pouparam muito e, portanto, vão usar agora esse dinheiro. Isso colaborou para que o governo não levasse adiante a discussão sobre a prorrogação do auxílio emergencial. O alto nível de poupança não deixa de ser uma boa notícia”, destacou o economista e professor da USP, Paulo Feldmann. Apenas em dezembro, a captação líquida da poupança foi de R$ R$ 20 bilhões. No mês, os depósitos e os saques bateram novo recorde, com R$ 339,8 bilhões e R$ 319 bilhões, respectivamente. Desde abril, a captação líquida vinha registrando seus maiores níveis, mas voltou aos patamares observados antes da crise sanitária em outubro. Com a flexibilização do isolamento social e a reabertura dos comércios, as pessoas voltaram a consumir e, por isso, sacaram mais recursos da poupança, o que contribuiu para a queda da captação líquida. No último mês do ano, no entanto, é comum que a poupança tenha captação mais elevada com o pagamento do 13º salário aos trabalhadores, o que é considerado um movimento sazonal. A diferença entre depósitos e saques na caderneta foi de R$ 1,4 bilhão em novembro, queda de 80% em relação ao mês anterior, menor valor desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil. No ápice da crise, em abril, a captação líquida da poupança bateu recorde, com R$ 30,4 bilhões. O resultado foi superado em maio, com R$ 37,2 bilhões, o maior valor mensal da série histórica até agora. O saldo da poupança fechou acima de R$ 1 trilhão em 2020. O estoque total aplicado na modalidade alcançou a marca pela primeira vez na história em setembro. A poupança rende a Taxa Referencial (TR), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 2% ao ano. A regra prevê que, quando a taxa básica de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será 0,50% ao mês, mais TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimento é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR. *”União bancou R$ 13,3 bilhões em dívidas não pagas por estados em 2020”* - Além de bancar um pesado pacote de socorro a estados e municípios durante a pandemia, o Tesouro Nacional teve de arcar com dívidas não pagas pelos governos regionais no valor de R$ 13,3 bilhões em 2020. O montante é recorde e supera em 59,6% o total de débitos honrados pelo governo federal em 2019, de R$ 8,4 bilhões. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (7) pelo Tesouro. O governo concede garantia para empréstimos feitos por estados e municípios, obedecendo critérios para a concessão. Com essa espécie de seguro, governadores e prefeitos conseguem captar financiamentos mais favoráveis, com taxas mais baixas. Em caso de não pagamento, no entanto, a União fica obrigada a honrar essas obrigações. No ano passado, cinco estados foram responsáveis por quase 95% do valor quitado pelo Tesouro. Para débitos atrasados do Rio de Janeiro, estado em grave crise financeira, foram R$ 8,3 bilhões. Entre as maiores dívidas bancadas pela União, também estão Minas Gerais (R$ 3,2 bilhões), Goiás (R$ 553 milhões), Pernambuco (R$ 355 milhões) e Maranhão (R$ 280 milhões). Os valores tiveram uma forte alta no encerramento do ano. Somente em dezembro, foram pagos R$ 5,5 bilhões. Desde 2016, a União bancou aproximadamente R$ 33 bilhões em dívidas garantidas dos entes. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que as garantias do governo federal devem ser acompanhadas por contragarantias suficientes para cobrir eventuais desfalques. Elas podem, por exemplo, ser feitas pela vinculação de receitas geradas pelos entes. “Pelo fato de a União estar impedida de recuperar as contragarantias de diversos estados que obtiveram liminares judiciais suspendendo a execução das referidas contragarantias, e também as relativas ao Estado do Rio de Janeiro, que está sob o Regime de Recuperação Fiscal, os valores honrados no ano aumentaram a necessidade de financiamento da dívida pública federal”, informou o Tesouro. Com isso, dos R$ 13,3 bilhões honrados em 2020, R$ 12,4 bilhões não foram recuperados pelo governo federal. Durante a pandemia, o governo liberou um pacote de socorro a estados e municípios para minimizar os efeitos da crise sanitária. Os repasses do plano superaram em 54% o impacto sofrido por essas administrações, transferindo para a União não apenas o choque efetivamente sofrido, mas também um custo adicional que se reflete em elevados saldos de caixa em poder dos estados. De acordo com levantamento do economista do Insper e colunista da Folha Marcos Mendes, o socorro superou em ao menos R$ 36,3 bilhões a perda de arrecadação e o aumento de despesas nas 27 unidades da Federação. *”Bolsonaro insiste em que o Brasil está quebrado no setor público e cita prefeituras”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) insistiu nesta quinta-feira (7) na narrativa de que o Brasil está quebrado para justificar o não-cumprimento de uma de suas promessas de campanha, a alteração da tabela do Imposto de Renda. "Respondi anteontem uma pergunta aqui sobre a tabela do Imposto de Renda. Falei durante a campanha que queria corrigir a tabela, só que veio esta desgraça da pandemia, mais ou menos R$ 700 bilhões de endividamento. Não deu para fazer isso. E falei que o Brasil estava quebrado. E está quebrado na questão pública", disse Bolsonaro a apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada. A declaração foi transmitida por um canal simpático ao presidente que diariamente grava, edita e publica manifestações do mandatário. Desta vez, o presidente citou a situação de prefeituras pelo país para sustentar seu discurso. "Vê se os prefeitos não estão quebrados. Estão. Estão no limite, pagando suas despesas, pagando suas despesas obrigatórias. Está no limite", afirmou. Bolsonaro também responsabilizou seus antecessores e a imprensa pela atual situação econômica do país. "E quebraram o Brasil ao longo de tanto tempo. Que que a imprensa faz? Mas ainda bem que a maioria da população já conhece o que é esta imprensa brasileira, conhece o que é a Rede Globo", disse o presidente à militância bolsonarista. Na terça-feira (5), Bolsonaro afirmou a seus apoiadores que o Brasil está quebrado e que ele não consegue fazer nada. "Chefe, o Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia", disse o mandatário em manifestação também transmitida pelo canal bolsonarista. No mesmo dia, horas depois, Bolsonaro disse que "a gente não tem recursos para investir" e voltou a falar de sua promessa de campanha de fazer a atualização da tabela de Imposto de Renda. "Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda. O cara me cobra: 'compromisso de campanha'. Mas não esperava esta pandemia pela frente. Nos endividamos em aproximadamente R$ 700 bilhões. Complicou mexer nisso aí", afirmou. Na quarta-feira (6), Bolsonaro afirmou, em tom de ironia, que o país está uma maravilha. "Confusão ontem, você viu? Que eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha. A imprensa sem vergonha, essa imprensa sem vergonha faz uma onda terrível aí. Para imprensa bom estava Lula, Dilma, gastava R$ 3 bilhões por ano para eles", disse Bolsonaro na porta do Palácio da Alvorada, mais uma vez em em declaração transmitida pela internet. As declarações destoam de posições apresentadas publicamente pela equipe econômica, que tem batido na tecla de que a atividade econômica do país está em plena recuperação, o que trará resultados positivos para a arrecadação de impostos. Embora Bolsonaro tenha afirmado que o Brasil quebrou, o governo adotou medidas ao longo da pandemia que ampliam gastos públicos e provocam perdas de arrecadação, inclusive para os próximos anos. As ações são voltadas especialmente a setores simpáticos ao presidente. Ao mesmo tempo em que o governo concede benesses a áreas mais ligadas ao bolsonarismo, a crise fiscal do país vem sendo usada como argumento para barrar medidas como o auxílio emergencial e até mesmo promessas feitas pelo presidente. Além disso, mudanças nas atuais regras de benefícios tributários poderiam mais do que compensar o reajuste da tabela do Imposto de Renda. O ministro Paulo Guedes (Economia) calcula que seriam necessários R$ 36 bilhões para corrigir a tabela do Imposto de Renda e ainda ampliar a isenção para quem recebe até R$ 3.000 por mês (hoje, o limite é de R$ 1.903,98). Em comparação, o país concederá em 2021 mais de oito vezes o valor citado por Guedes por meio de benefícios tributários a pessoas e empresas em programas vistos por representantes de auditores-fiscais como não justificados. PAINEL S.A. - *”Venda de vermífugo sem eficácia contra Covid cresce 466% no ano”* PAINEL S.A. - *”Empreendedores cariocas preparam manifesto após denúncia contra associação de startups”* PAINEL S.A. - *”Justiça determina volta de transporte gratuito em SP para quem tem entre 60 e 64 anos”* PAINEL S.A. - *”Empresas que mudaram protocolos na pandemia investiram em saúde mental”* *”Governo de SP vai manter isenção de ICMS para alimentos, diz secretário de Agricultura”* ANÁLISE - *”Em dia de protesto, notícias de Chicago são as melhores”* *”Boeing é acusada de fraude e pagará US$ 2,5 bi por acidentes com o 737 MAX”* NELSON BARBOSA - *”Quando um país quebra?”*: A última besteira presidencial reacendeu uma polêmica: quando um país quebra? Há pelo menos duas visões em economia: uma consensual, outra controversa. Começando pelo consenso, um país quebra quando não consegue pagar seus compromissos em moeda estrangeira via mecanismos de mercado. Traduzindo do economês, quando faltam dólares e o governo é obrigado a parar de pagar sua dívida externa ou recorrer a empréstimos emergenciais no FMI e em outros governos. O Brasil já “quebrou” várias vezes no sentido acima. Os episódios mais recentes foram a crise da dívida externa dos anos 1980 (fim da ditadura militar) e as crises cambiais do governo Fernando Henrique (fim do governo tucano), mas não diga isso a alguns colegas de bico comprido que eles ficam ofendidos. O segundo tipo de “quebra” acontece em moeda doméstica e é mais controverso. Quando o governo não consegue rolar sua dívida lançando novos títulos, ele tem que pagar os vencimentos emitindo moeda. Se a emissão for excessiva, pode haver aumento explosivo de preços, o que nós, economistas, chamamos de hiperinflação, acabando com o valor da moeda. A hiperinflação “quebra” o governo pela perda de padrão monetário, tornando necessário criar outra unidade de conta e meio de pagamento, geralmente ancorada em ativo real (ouro e prata no passado) ou externo (dólar ou euro hoje). Agora a controvérsia: se considerarmos Tesouro e Banco Central como uma coisa só, por definição o governo não quebra. É sempre possível pagar todo e qualquer vencimento de dívida interna emitindo moeda. Alguns jovens (e velhos) economistas redescobriram esse truísmo contábil para dizer que o governo nunca quebra. Estão corretos do ponto de vista contábil, errados do ponto de vista econômico. Se a emissão de moeda for excessiva, o valor da moeda cairá, os preços explodirão e o Estado perderá capacidade de emissão monetária. O Brasil quase viveu isso no fim do governo Sarney, quando a inflação chegou a 84% ao mês e o Plano Collor evitou a hiperinflação com congelamento de recursos nos bancos. Foi necessário ter âncora cambial e endividamento externo para sair do atoleiro inflacionário (perguntem ao “Larida”). Mas como saber se a emissão de moeda é excessiva? Quem diz é a sociedade. Podem ocorrer episódios de estagnação, com inflação baixa e taxa de juro zero, em que o governo emite grande quantidade de moeda sem causar inflação. Na “armadilha da liquidez”, as pessoas preferem entesourar moeda em vez de títulos porque, com juro zero, há perspectiva de perda de capital se e quando os juros subirem. Keynes explicou a questão há quase 90 anos, mas ela voltou a ser relevante recentemente (o nome atual é “estagnação secular”). O fato de hiperinflação ser altamente improvável no mundo de hoje levou alguns colegas mais empolgados a decretar que inflação não é nunca e em nenhum lugar resultado de emissão monetária excessiva. Ironicamente, para rebater Friedman, adotam a arrogância de Friedman, estando igualmente equivocados. Emissão excessiva de moeda é uma das causas possíveis de inflação, não a única causa possível. Hiperinflação “quebra”, sim, um país, mas isso não quer dizer que hiperinflação é coisa recorrente ou ameaça iminente. Bom senso e pragmatismo ajudam a discernir custos, benefícios e riscos. Voltando à frase de Bolsonaro, o Brasil não está quebrado. Não estamos em insolvência externa, tampouco sob risco iminente de hiperinflação. Mas o presidente merece um desconto, pois ninguém tem uma equipe econômica como a atual impunemente. *”Título de mais rico do mundo opõe Musk a Bezos, seu rival no mundo da tecnologia”* ENTREVISTA - *”Sou 1º negro na lista de uma startup unicórnio, mas não serei o único, diz cofundador do MadeiraMadeira”* HÁ 50 ANOS - *”1971: Médici projeta que produção de aço será quase quadruplicada em 1980”* *”Coronavac tem eficácia de 78% contra a Covid-19 em estudo no Brasil”* - A Coronavac, vacina que é a aposta do governador João Doria (PSDB-SP) no combate à Covid-19 e trunfo político contra seu rival Jair Bolsonaro, teve uma eficácia de 78% a 100% nos estudos finais realizados no Brasil. O resultado foi adiantado pela Folha nesta manhã. O índice de 78% se aplica à prevenção de casos leves da doença. Entre os voluntários vacinados que se contaminaram, não houve nenhum caso moderado, grave, morte ou internação necessária. "Nós conseguimos a vacina do Brasil, que vai salvar milhões de brasileiros. Temos a vacina em solo, em condições de começar a vacinação", disse o tucano. Os dados foram apresentados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em reunião na manhã desta quinta (7), quando o Instituto Butantan iniciou as tratativas para oficializar o pedido de uso emergencial do imunizante que irá produzir. Eles foram revisados na Áustria pelo Comitê Internacional Independente, que acompanha os ensaios. A expectativa paulista é de que a Anvisa não use todos os dez dias de que dispõe para aprovar a vacina. O pedido será formalizado nesta sexta (8). Doria fez uma advertência: "Que a Anvisa em nenhum momento atenda a pressões de ordem ideológica", disse, em referência à suspeita usual do governo paulista sobre o alinhamento da agência ao Planalto. O órgão estadual patrocinou o estudo da fase 3, a final, da vacina criada pelo laboratório chinês. Desde 20 de julho, 12.476 profissionais de saúde voluntários em 16 centros clínicos de oito estados brasileiros receberam duas doses do imunizante, com 14 dias de intervalo entre elas. Metade do grupo recebeu a vacina e os outros, placebo. Cerca de 220 dos voluntários foram infectados pelo Sars-CoV-2, aproximadamente 160 entre quem recebeu a solução inerte e 60, entre inoculados com o fármaco. Se fosse feita uma conta direta, isso indicaria uma eficácia aproximada de 63%. Mas o cálculo embute ponderações que incluem diferentes escores clínicos, ou graus de gravidade da doença, o que eleva o resultado final. O detalhamento do estudo, além de estratificações por faixa etária, só será feito após a aprovação do uso. Não há ainda data para publicação em periódicos científicos, mas as fases anteriores foram todas documentadas. Segundo o Butantan, a proteção foi similar para jovens e para pessoas com mais de 60 anos, mas o grupo mais vulnerável de idosos ainda está sendo objeto de um estudo em separado. Nenhum dos voluntários vacinados que pegaram o vírus precisou ser internado. Doria, que já disse ver a vacina como um passaporte para uma nacionalização, enfatizou o caráter da iniciativa além das fronteiras paulistas. "Hoje é um dia muito importante para o Brasil e para os brasileiros. Hoje é um dia de esperança. Ela é a vacina de São Paulo, e a vacina de São Paulo é a vacina do Brasil." Citando sua própria infecção pelo novo coronavírus e a morte de conhecidos, Doria prestou homenagem às vítimas da doença "como brasileiro, cidadão e pai de família". Estocou Bolsonaro, com olhos marejados, dizendo que nunca tratou a doença como uma gripezinha. O diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, emocionado, afirmou: "Nunca achei que teríamos tão rapidamente a vacina". Ele lembrou que a velocidade com que os imunizantes são desenvolvidos recebe críticas, mas é típica de uma "situação epidêmica". A Coronavac já tinha tido sua segurança aferida nas fases 1 e 2, na China, não causando nenhum efeito colateral grave nos voluntários. "É uma das mais seguras do mundo", afirmou. A divulgação ocorre depois de dois adiamentos e muita confusão acerca dos números. Para uma vacina ser aprovada, ela precisa ter ao menos 50% de cobertura, algo que o governo paulista já havia anunciado. Inicialmente, São Paulo iria divulgar os números preliminares em 15 de dezembro. Só que o Butantan registrou que havia infectados suficientes no estudo para promover seu resultado final, e empurrou o anúncio para o dia 23. Politicamente, havia grande desconfiança em São Paulo sobre como a Anvisa trabalharia, e um estudo final poderia ser registrado também na similar chinesa da agência, que prometia aprová-lo em três dias. A partir daí, a Anvisa, que estimava em 45 dias a análise, poderia ser obrigada a avaliar a vacina em 72 horas, já que a agência chinesa é uma das que a legislação da pandemia reconhece para chancelar medicamentos —se não vetasse com bons motivos, a aprovação seria automática. Só que na véspera do novo anúncio, como revelou a Folha, os chineses usaram o contrato de US$ 90 milhões (R$ 478 milhões hoje) assinado com São Paulo e represaram os dados para checagem com os outros estudos em curso. Politicamente, a situação causou desconforto no governo Doria pela impressão de inconsistência. Como mais populoso estado, São Paulo tem o maior número bruto de casos (1,5 milhão) e de mortes (47 mil) do país. Doria é presidenciável, e pretende enfrentar Bolsonaro (sem partido) no ano que vem. Ele afirma que seu investimento na vacina era uma questão óbvia e não política. O ensaio do Brasil foi bem sucedido por um motivo trágico: a alta circulação do vírus, que já infectou 7,8 milhões e matou quase 200 mil brasileiros. Enquanto Bolsonaro minimizava a pandemia, Doria apostou desde o começo numa abordagem técnica para enfrentá-la. O grupo brasileiro é considerado mais suscetível à infecção e exposição a altas cargas virais. "Foi um teste mais difícil [do que o de outros imunizantes]", afirmou Covas. No ensaio turco (7.000 voluntários, eficácia preliminar de 91,25%) e na Indonésia (1.625 indivíduos, sem estimativa pública de eficácia), havia uma composição semelhante à da população em geral. "Existe essas preocupação [com diferenças], por isso a Sinovac é que fará o pedido de registro definitivo", afirmou Covas. Há estudos de fase 3 do imunizante sendo conduzidos também no Chile (3.000 voluntários) e Bangladesh (4.200 pessoas). Na China, a vacina é uma das três aprovadas para uso emergencial desde julho, sendo que 700 mil pessoas já receberam a Coronavac no país, e os indonésios aprovaram a aplicação a partir do dia 13. A equalização dos resultados gerou forte tensão dentro do governo paulista e na sua relação com a Sinovac. Em reuniões que começavam à noite por causa do fuso de 11 horas para Pequim, autoridades paulistas discutiram o caso nas últimas três semanas. Ao fim, a farmacêutica topou liberar os dados só do estudo brasileiro. Por ora, o Butantan aposta no pedido de uso emergencial, que atende aos planos estaduais de priorizar grupos vulneráveis. Segundo pessoas com conhecimento das conversas, a expectativa é de que o pedido definitivo na China ocorra já na semana que vem, o que deverá facilitar o processo no Brasil. Aqui, ele será feito pela Sinovac, que é a detentora da propriedade intelectual do fármaco. Os chineses, por sua vez, querem um número consolidado por razões políticas, já que vão competir com os badalados imunizantes ocidentais de nova geração, como o da americano-alemã Pfizer/BioNTech (95% de eficácia) e o da americana Moderna (94,5%). A Coronavac tem como vantagem usar uma tecnologia tradicional, em que o vírus inativado é usado para estimular a resposta imune, é mais fácil de armazenar e custa menos que essas rivais. A dose negociada com São Paulo sai a US$ 10,3 (quase R$ 55 hoje), metade do preço da Pfizer. A da AstraZeneca/Universidade de Oxford, cuja compra foi anunciada pelo governo federal, tem preço de custo (US$ 3,16, quase R$ 17), mas seu recebimento ainda é incerto. Bolsonaro, que minimiza a pandemia e joga suspeitas sobre vacinas sempre que pode, agora tem defendido a aquisição de um imunizante de forma rápida. Seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse na quarta (6) contar com 100 milhões de doses da Coronavac no ano que vem. Isso irá se chocar com a intenção de Doria de manter seu plano estadual de imunização, lançado no mês passado. A saída está sendo negociada, e deve envolver a possibilidade de trabalhos conjuntos. O motivo, óbvio, é o fato de que São Paulo fez um grande investimento cedo na vacina chinesa, e não pretende ver Bolsonaro propagandear os resultados —ainda que o presidente já tinha dito que nunca compraria a Coronavac. Na programação do estado, que espera ter 46 milhões de doses da Coronavac, a ideia é vacinar 9 milhões de paulistas em três meses, a partir de 25 de janeiro, com o registro emergencial da Anvisa aprovado. Há 10,9 milhões de doses já no estado. Os dias de animosidade extrema entre governo e o órgão, que chegou a suspender os testes da Coronavac sem aviso prévio ou necessidade clara, já que averiguava um suicídio de voluntário, ficaram para trás. Ainda assim, Doria fez publicamente o alerta sobre pressão política. Covas teve uma série de reuniões preparatórias na quarta com a agência. Integrantes da área de saúde federal e estadual afirmam que a tendência será pela aprovação, até porque Bolsonaro já não pode arcar com mais uma acusação de interferência política no urgente tema da vacina. Como a Folha mostrou, o Centro de Contingência do Coronavac abriu uma discussão se seria possível estender ao máximo a aplicação das primeiras doses da vacina, adiando a segunda e assim ampliando a base de protegidos numa primeira onda de imunização. Países europeus adotaram a tática, até porque correm contra a falta de vacinas para duas doses e a emergência da cepas mutante mais contagiosa do novo coronavírus. "É possível alongar o intervalo entre as doses. Podemos ampliar para 28 dias, para ampliar a cobertura vacinal", afirmou Covas. *”Pazuello anuncia contrato com Butantan para 100 milhões de doses da Coronavac”* - O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (7) que a pasta assinou um contrato para a compra de 100 milhões de doses da Coronavac —imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac. De acordo com o ministro, o contrato prevê que as primeiras 46 milhões de doses sejam entregues até abril, e que o restante (54 milhões) seja repassado pelo instituto paulista ao governo federal no decorrer do ano. Edição extra do "Diário Oficial da União" foi publicada no fim da tarde com uma dispensa de licitação para aquisição da vacina no valor de R$ 2,7 bilhões. De acordo com o ministro, cada dose da vacina do Butantan custará pouco mais de US$ 10. Como serão necessárias duas doses, ele calcula um gasto de US$ 21 por pessoa a ser imunizada. Segundo Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde, a aquisição do segundo lote consta no contrato como uma opção de compra, que precisa ser confirmada pelo governo posteriormente. Pazuello afirmou ainda que toda a produção do Butantan será incorporada ao PNI (Plano Nacional de Imunização). "Toda a produção do Butantan, todas as vacinas serão a partir desse momento incorporadas ao Plano Nacional de Imunização, distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados, da mesmo forma que a [vacina] da AstraZeneca." A Coronavac está no centro da chamada "guerra da vacina" entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em outubro do ano passado, Bolsonaro desautorizou Pazuello e garantiu que o governo não compraria o que chamou de "vacina chinesa". Mas, após críticas de falta de organização no plano de vacinação do governo federal e da reação de governadores, o imunizante foi incluído no planejamento do Ministério da Saúde. Também nesta quinta, o governo paulista informou que a Coronavac atingiu eficácia de 78% a 100% nos estudos finais realizados no Brasil. O índice de 78% se aplica à prevenção de casos leves da doença. Casos moderados e graves foram completamente evitados no estudo, que não registrou nenhuma morte ou internação de voluntários vacinados infectados. Doria tem afirmado que pretende lançar a campanha de vacinação no estado em 25 de janeiro. Em entrevista coletiva, Franco disse que os planos estaduais podem funcionar como anexos ao programa federal, uma vez que os entes federados devem distribuir os imunizantes para os municípios. Ou seja, o governo federal compra as vacinas e distribui aos estados, que repassam as doses para os municípios, responsáveis pela imunização. Pazuello, por sua vez, rebateu as acusações de que o plano de vacinação do governo Bolsonaro está atrasado e tem gargalos nos seus preparativos. Além da compra do Butantan, Pazuello informou que o país tem garantidas 212 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que foi a grande aposta do governo federal no tema. O ministério ainda prevê ter 42 milhões de doses da Covax facility, consórcio da Organização Mundial de Saúde que acompanha nove estudos de potenciais vacinas. Ainda não há prazo para essa oferta. O ministério, porém, já contabiliza a previsão de 354 milhões de doses, equivalente à soma desses três acordos. A pasta deve fechar também contrato com a Janssen, braço farmacêutico da Johson & Johnson. Pazuello definiu o imunizante como o "melhor negócio" pelo preço e necessidade de uma dose, mas reclamou da quantidade e prazos de entrega. "Infelizmente só nos é oferecido 3 milhões de doses, no segundo trimestre em diante, em maio. E no segundo, algo em torno de 8 a 10 milhões. Nós compraremos a [a vacina da] Janssen", declarou. Embora ainda permaneça em negociação com a Pfizer, ele se queixou de exigências feitas pela empresa nas conversas com o Ministério da Saúde e disse que o total ofertado vacina apenas a "metade da população do Rio de Janeiro". "Quantas doses a Pfizer ofereceu? 500 mil doses em janeiro, 500 mil em fevereiro, 2 milhões em março, 2 milhões em abril, 2 milhões em maio e em junho. Pensem se isso resolve o problema do Brasil? Toda a vacina oferecida pela Pfizer no primeiro semestre vacina a metade da população do Rio de Janeiro", disse. "É duro a desinformação." Apesar das críticas, ele negou que a pasta tenha suspenso as negociações. "A pergunta final é: os senhores pararam de negociar com a Pfizer? Nem um dia. E o que queremos? Que nos dê tratamento compatível com nosso país. Não podemos assinar dessa forma", disse, referindo-se à quantidade ofertada e exigência feita pela empresa de isenção de responsabilidade sobre eventuais efeitos colaterais. Segundo o ministro, vacinas de outras empresas, como a da Moderna, ainda continuam em negociação, mas apresentaram baixa oferta de doses disponíveis, com previsão de entrega só para o fim deste ano. O ministro argumentou que a celebração do contrato com o Butantan, que vinha em negociação, foi possível após a publicação, na quarta (6), de uma MP (Medida Provisória) que permite a aquisição de imunizantes sem licitação e mesmo antes do registro do produto na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Tem que ficar claro que oferecemos vacina grátis e voluntária, no que depender do Ministério da Saúde e da Presidência da República, para todos os brasileiros", afirmou. O ministro voltou a apresentar três cenários para o início da vacinação. Disse que, na melhor das hipóteses, os primeiros brasileiros serão imunizados em 20 de janeiro, caso o registro da Anvisa saia até lá e estejam disponíveis os estoques do Butantan e da AstraZeneca. Na chamada hipótese média, o início seria entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro. E, no pior cenário, de 10 de fevereiro a meados de março, caso o procedimento de registro e produção tenha "qualquer percalço". Pazuello também rebateu as críticas relativas à aquisição de seringas, que fracassou em um primeiro pregão, e usou a maior parte de sua mais de uma hora de fala inicial para reclamar das cobranças que tem recebido da mídia, diante do fato que diversos países já começaram a vacinar suas populações. "Um país como o Brasil precisa de uma ação de vacinação efetiva, com começo, meio e fim. Não posso pegar 500 mil doses da Pfizer e soltar pelo Brasil e dizer que começou a vacinação, como muitos acham que é a solução", disse o ministro. Em nota, o Instituto Butantan afirma que a inclusão da "vacina do Butantan no Programa Nacional de Imunizações representa a continuidade da parceria de mais de 30 anos" entre o instituto e a pasta. O Butantan ainda reafirma que irá adquirir a vacina distribuir aos estados, inclusive o de São Paulo. "Hoje o Brasil teve três boas notícias na área da saúde: as altas taxas de eficácia da vacina, o início do rito para obtenção registro junto à Anvisa e o anúncio da parceria entre o MS [Ministério da Saúde] e o Butantan para fornecer o imunizante à população brasileira", encerra a nota. Pazuello também criticou o trabalho da imprensa e do que chamou de "notícias distorcidas". "Me mostrem quando foi que um brasileiro ou a população brasileira delegou aos redatores ou a qualquer um dos senhores [jornalistas] a interpretação dos fatos. Me mostrem. Eu não fiz. Nós não queremos a interpretação dos fatos dos senhores. Não queremos tendência ideológica ou de bandeira. Quero assistir televisão e ver a notícia do fato que aconteceu. Deixem a interpretação para o povo brasileiro. Deixem a interpretação para cada um de nós. Os senhores não têm esta delegação", disse o ministro. Diferentemente do que defende o general, porém, a interpretação da notícia, de forma imparcial e contextualizada, é um dos deveres do jornalismo profissional. Após sua fala, ele se levantou e partiu sem responder perguntas. *”Mesmo com eficácia menor, Coronavac é opção mais viável, dizem especialistas”* ANÁLISE - *”Faltaram dados e sobrou política em anúncio de eficácia da Coronavac”* *”Veja perguntas e respostas sobre a Coronavac, vacina contra a Covid-19”* TATI BERNARDI - *”Surfista fascista?”* *”Vacina é elogiada da direita à esquerda, enquanto bolsonaristas silenciam”* ANÁLISE - *”Controle sobre o calendário da Coronavac é prioridade para Doria”* *”'Lamentamos as mortes, a vida continua', diz Bolsonaro após 200 mil óbitos de Covid”* - No dia em que o Brasil atingiu a marca de 200 mil mortos pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse lamentar os óbitos, mas que "a vida continua". O mandatário usou pouco mais de um minuto para comentar a marca, em uma live nas redes sociais que superou uma hora de duração. "A gente lamenta hoje, estamos batendo 200 mil mortes. Muitas dessas mortes com Covid, outras de Covid, não temos uma linha de corte no tocante a isso aí. Mas a vida continua. A gente lamenta profundamente, estou preocupado com minha mãe que tem 93 anos de idade. Se contrair o vírus, [ela] vai ter dificuldade pela sua idade, mas temos que enfrentar isso aí", disse o presidente. "Não adianta apenas continuar aquela velha história de 'fica em casa que a economia a gente vê depois'. Isso não vai dar certo, vai ser um caos no Brasil, pode levar a condições mais dramáticas ainda do que as consequências do vírus. Não podemos nos transformar num país de pobres, um pais de desempregados, sem PIB [Produto Interno Bruto], endividado. Um país tão rico como o nosso com a população sendo empobrecido por decisões de alguns. Lamentamos as mortes, a vida continua. E pedimos a Deus que abençoe e nosso Brasil e abençoe o mundo, que afinal de contas somos filhos dele", concluiu. A primeira morte por Covid no Brasil foi registrada em 16 de março. O Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos em números absolutos, atrás apenas dos EUA. E, assim como lá, a condução do combate à pandemia no Brasil rendeu e continua a render críticas. Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem criticado ações de governadores e prefeitos para garantir isolamento social e diminuir a circulação do vírus. Ele tem se queixado que essas medidas prejudicam a economia e advogou por políticas que tinham pouco respaldo na comunidade científica, entre elas o isolamento apenas de pessoas de grupos de risco e uso de medicamentos sem comprovação científica, como a hidroxicloroquina. Na mesma live, o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) defendeu que clínicas privadas possam comprar vacinas contra o coronavírus no mercado internacional. Ele ressaltou, no entanto, que a aquisição por entidades particulares de imunizantes deve ocorrer após que a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde) seja atendida. "Eu acho que a primeira coisa é ter a pró-atividade do governo e do Ministério [da Saúde] em complementar e completar a nossa demanda de vacinas para o SUS. Isso são as nossa fábricas, a grande capacidade de compra vem do que será fabricado no Brasil. Uma vez atendida essa demanda —o SUS sendo atendido— sim, claro que não há [impedimento] e deve ser comprado também pela iniciava privada", afirmou. Ele destacou que os laboratórios privados possam importar vacinas para posteriormente vendê-las. "Mas lembro que pelo outro lado temos que ter muita capacidade de suprir o SUS e deixar nossa população com as vacinas disponíveis da forma mais rápida possível", acrescentou. Bolsonaro endossou a fala do ministro. "Então a gente não vai criar problema no tocante a isso daí. Quem quiser... Se uma empresa quiser comprar lá fora a vacina e vender aqui, quem tiver recursos vai tomar vacina lá. Agora nós vamos oferecer de forma universal, e da nossa parte não obrigatória", disse. Pazuello também afirmou que a previsão do governo é que 50% do público alvo da campanha de vacinação do governo esteja imunizada até junho, sendo que o restante deve ser vacinado até o final do ano. Haverá ainda uma margem que pode se estender por mais quatro meses, na previsão do governo. *”Com Covid-19, presidente da Câmara de SP se afasta do cargo”* *”Após mais de um mês internado, prefeito da Grande Curitiba morre por Covid-19”* *”Imagens de sapatos destacam ausência deixada pelas 200 mil vítimas de Covid-19 no Brasil”* *”Brasil chega a 200 mil mortos por Covid-19 após série de erros no combate à pandemia”* *”Marca trágica de 200 mil mortes por Covid chega com óbitos em alta e mutação no vírus”* *”Para especialistas, ignorar a ciência e falta de liderança são os maiores erros da pandemia de Covid-19”* JULIO ABRAMCZYK - *”A importância do isolamento social na luta contra doenças”* *”São Paulo tem redução de 100 mil crianças matriculadas em creches na virada do ano”* *”Com alta de casos de Covid-19 no país, estudantes pedem novo adiamento do Enem”* *”Justiça obriga estado a garantir transporte grátis a quem tem entre 60 e 64 anos em SP”* MÔNICA BERGAMO - *”Corrente de WhatsApp cita Nissim Ourfali e 44 jovens como infectados por coronavírus na praia da Baleia”* MÔNICA BERGAMO - *”Advogados pedem que governo federal pague R$ 150 mil de indenização por posts que promovem Bolsonaro”* MÔNICA BERGAMO - *”Busca pelo termo 'Capitólio' no Google no Brasil cresce mais de 5.000%”* MÔNICA BERGAMO - *”Musical sobre Thiago Soares, ex-primeiro bailarino do Royal Ballet, estreia neste ano”* MÔNICA BERGAMO - *”Harper Collins lança em fevereiro livro de Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta”* MÔNICA BERGAMO - *”Se cuidar é respeitar um planeta inteiro, diz Luis Miranda”* |
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