quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Análise de Mídia - 28/01/2021

 

DOS JORNAIS DE HOJE: A aproximação do conteúdo das pautas dos jornais não se manteve no dia de hoje. Folha de S. Paulo destaca em sua capa o plano de Joe Biden para promover uma mudança climática. O Globo aborda a reclamação do Butantan de que o governo federal não sinaliza se vai querer o excedente de vacinas que o laboratório está produzindo. O Estadão informa sobre as medidas do governo federal para convencer caminhoneiros a não entrarem em greve. E o Valor Econômico anuncia que grandes empresas brasileiras estão desistindo de adquirir doses de vacinas contra o coronavírus em função da má repercussão que a proposta vem tendo.
Os cadernos de política dos jornais estão voltados para as eleições no Congresso. O DEM está rachado, Rodrigo Maia reclama das interferências do governo federal com o uso da máquina pública. Além disso, há reportagens na Folha e no Globo sobre o planejamento de uma reforma ministerial que fortaleceria o espaço do centrão no poder Executivo.
Para além da disputa no Congresso, a Folha informa que o governo federal busca meios para recriar o programa de redução de jornadas e de salários em 2021. O jornal publica artigo assinado pela ex-ministra Tereza Campello sobre o desmonte do SUAS. A Folha ainda dá sequência na apuração sobre medidas do governo que dificultam o desenvolvimento de pesquisas por Butantan e Fiocruz.
Já o Valor Econômico informa sobre a formação de uma aliança entre empresários, pesquisadores e investidores para defender uma agenda pró-meio ambiente. Além disso, o jornal publica reportagem que mostra como a extração de minerais não promove desenvolvimento econômico na Amazônia. Em outra reportagem, o Valor informa sobre um estudo que analisou os efeitos das medidas de renúncia fiscal sobre a economia brasileira. O jornal também publica reportagem sobre um estudo realizado em Londres, por importantes pesquisadores, que analisa dados de meio século para concluir que a diminuição de impostos para os mais ricos não contribui para o desenvolvimento econômico e a criação de empregos.
Por fim, a Folha informa sobre a tentativa dos procuradores de fazer com que o STF barre o acesso da defesa do ex-presidente Lula à integra das conversas entre eles, e o Estadão publica reportagem afirmando que o ministro Kassio Nunes é a esperança do ex-presidente Lula no processo que julga a suspeição de Sergio Moro. O texto é extremamente superficial.

 

CAPA – Manchete principal: *”Biden lança plano de US$ 2 tri contra mudança climática”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Dobrar o alcance”*: O pior cenário para o debate sobre postergar ou não a segunda dose das vacinas contra a Covid-19 seria vê-lo capturado pela polarização. A saúde pública não pode perder tempo com mais picuinhas entre os governos federal e paulista em tema que exige decisão rápida e amparada na ciência. A Prefeitura de São Paulo decidiu que usará todas as 368,3 mil unidades de imunizante recebidas até esta quarta-feira (27) para vacinar pela primeira vez pessoas do grupo prioritário. Em comunicado, a Secretaria Municipal da Saúde informa que as segundas doses serão ministradas só com o preparado de futuras remessas. O governo do estado cogita o mesmo e pressiona o Programa Nacional de Imunização a alterar o protocolo, ampliando o prazo do reforço para 28 dias ou mais. Argumenta-se que, na Turquia, intervalos maiores entre doses da Coronavac induziram eficácia até maior que os 50,4% anunciados aqui. Diante da escassez de vacinas, fruto da incúria do governo Jair Bolsonaro —que chega ao acúmulo de retardar a resposta sobre o interesse em 54 milhões de doses adicionais do produto do Butantan—, existem sem dúvida boas razões em favor da postergação.
Não faria sentido manter metade do ínfimo estoque na prateleira quando há mais vacinas por chegar; melhor imunizar o máximo de pessoas já e adiar por pouco tempo a segunda dose. O repique da epidemia, de volta ao patamar de mil mortes diárias, o advento de uma mutação que parece tornar o coronavírus mais transmissível, talvez mais letal, e a perspectiva de colapsos hospitalares constrangem autoridades a tomar medidas ousadas. Assim já decidiu o Reino Unido, e outros países estudam seguir o exemplo. No caso da vacina Covishield, da iniciativa AstraZeneca/Oxford, há evidência científica de que o prazo entre doses pode ser de até 120 dias. Dos testes clínicos realizados com o imunizante da Sinovac/Butantan, não foram publicados resultados para avaliar qual o grau de proteção proporcionado pela primeira dose, embora o comando do Butantan mostre confiança. Além disso, percalços até aqui ocorridos na importação de matéria-prima sugerem cautela ao contar com a chegada de novos suprimentos em tempo para o reforço. O problema no Brasil ainda é a quantidade insuficiente de vacinas. O foco de todos os governos —federal, estaduais e municipais— deve permanecer em contratar mais unidades e acelerar a vacinação, que começa ainda lentamente. A postergação da segunda dose, de objetivos meritórios, deve ser encarada como paliativo.

PAINEL - *”Pivô de ligação exaltada para general Ramos, aliado de Maia anuncia apoio a Lira e aumenta crise”*: Um dia após o racha no DEM vir à tona, a quarta-feira (27) também não foi de boas notícias para Rodrigo Maia (DEM-RJ), e para o seu candidato, Baleia Rossi (MDB-SP). Um dos principais aliados, Fernando Coelho Filho (DEM-PE) anunciou a Maia que vai votar em Arthur Lira (PP-AL). A possibilidade já havia levado Maia a fazer um telefonema exaltado para o coordenador político do governo Bolsonaro, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), reclamando de interferência. O mais novo dissidente do DEM é filho do líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).“Não teve mudança, nunca tinha me manifestado a favor do Baleia”, disse Coelho Filho ao Painel. Ele afirmou que Maia não tentou demovê-lo. Aliados de Lira comemoraram e dizem haver, inclusive, a chance de Baleia desistir da candidatura antes das 22h de segunda (1º), hora da eleição que vai escolher o novo comando da Câmara. Hoje há o risco concreto para Maia de o DEM migrar para a candidatura de Lira. Aliados do deputado do PP dizem ter três convicções: DEM e Solidariedade mudarão de lado e assinarão apoio ao bloco de Lira. O PSB, hoje com Baleia, não assinará apoio com nenhum deles. A despeito de suas lideranças terem anunciado apoio a Baleia, parte significativa das bancadas de DEM e Solidariedade pende para Lira. No PSB também há divisão, e deputados do partido questionaram o anúncio de apoio a Baleia ao dizer que não há maioria definida para qualquer um dos lados.

PAINEL - *”Descontente com reajuste no diesel, líder caminhoneiro manda mensagem a ministro da Infraestrutura”*: Após a Petrobras aumentar o preço médio do diesel nas refinarias em 4,4%, Marcelo da Paz, líder caminhoneiro de Santos, enviou uma mensagem de áudio em um dos grupos de WhatsApp que está o ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) expressando o descontentamento da categoria. O reajuste nos combustíveis reacendeu a ameaça de greve dos caminhoneiros, movimento previsto por alguns grupos para 1º de fevereiro. A paralisação é, até agora, minimizada pelo governo.

PAINEL - *”Convicto de Olimpíada, COB se une a outros comitês e cobra COI de definição de protocolos”*
PAINEL - *”Pacientes transferidos para outros estados estavam infectados com nova cepa do coronavírus, indica Amazonas”*

PAINEL - *”Governador do Piauí quer que Pazuello adote ideia de Doria e tenta medidas contra Carnaval”*: O governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), vai aderir à estratégia de João Doria (PSDB) e pedirá ao Ministério da Saúde que todos os estados sejam autorizados a usar as doses de imunizantes contra a Covid-19 que possuem para aplicar na população. Dias também tenta liderar esforço para que os governadores adotem medidas mais rigorosas de isolamento da semana que vem até o Carnaval, tentando evitar a repetição do que ocorreu nas festas de fim de ano.

*”Bolsonaro admite interferência em eleição na Câmara e retoma planos de reforma ministerial”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu interferência do Poder Executivo na eleição para o comando da Câmara e disse que "se Deus quiser" ele vai influir na presidência da Casa. Para tentar eleger o líder do centrão, deputado Arthur Lira (PP-AL), o Palácio do Planalto tem, desde o final do ano passado, acenado com cargos e emendas e ameaçado retirar de funções na máquina federal indicados políticos de deputados federais de siglas como MDB e DEM. "Viemos fazer uma reunião aí com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara, com estes parlamentares, de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil", disse Bolsonaro nesta quarta-feira (27). A declaração foi feita quando o presidente participava de live promovida pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), na entrada do Palácio da Alvorada. Ela foi realizada após café da manhã de Bolsonaro com parte da bancada federal do PSL, partido pelo qual ele se elegeu presidente em 2018.
No encontro, segundo relatos de deputados presentes, Bolsonaro afirmou que dificilmente Lira perderá a disputa para o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele disse ainda que a eleição de Lira será um novo momento para o PSL, que terá mais influência na Casa. No mesmo dia, após visitar o MInistério da Economia, Bolsonaro reconheceu a um grupo de jornalistas que tratou das disputas na Câmara e no Senado. As duas eleições estão marcadas para começar na próxima segunda-feira (1º). "Foi um encontro político, tratando de eleição de Mesa. Esse pessoal que foi lá é o pessoal que está do nosso lado do PSL", disse. " Quero participar com eles nesta construção de qual partido nós iremos a partir de março."
Na reunião, o presidente mencionou duas opções de siglas: o PTB e o Patriota. No encontro, ele ainda afirmou que o PSL deve cobrar de Lira um posto na Mesa Diretora, de preferência a primeira vice-presidência. O nome de Bolsonaro para o cargo é o do deputado federal Major Vitor Hugo (GO). A interferência de Bolsonaro na disputa legislativa levou Maia a telefonar nesta terça-feira (26) para o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. No telefonema, revelado pela Folha, o presidente da Câmara reclamou da articulação política do Planalto. Em uma conversa exaltada, Maia disse a Ramos que estava incomodado com o movimento do governo para gerar defecções no DEM. Bolsonaro e Maia são rivais na disputa legislativa. O presidente da Câmara ressaltou ainda que não aceitava interferência e salientou que as investidas do governo precisam ter um fim. Como resposta, Ramos negou que o Planalto tenha interferido no DEM. Ele disse ao deputado que o Poder Executivo tem mantido distância da disputa à sucessão de Maia, já que Lira tem coordenado sua própria campanha. Com o avanço de Lira, hoje considerado o favorito, Bolsonaro retomou nesta semana as negociações para a realização de uma reforma ministerial em fevereiro. No início deste mês, o presidente havia paralisado essas articulações após Baleia ter fechado acordo com partidos de oposição.
Com o apoio do PSL a Lira e as defecções no DEM, Bolsonaro tem afirmado que dificilmente Lira perderá a disputa legislativa e voltou a desenhar um esboço de mudanças na Esplanada dos Ministérios, abrindo mais espaço para partidos do centrão. As alterações em discussão envolvem até mesmo a chamada cozinha do Planalto, pastas que despacham na sede administrativa do governo. Uma delas é a transferência da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para a Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política. Bolsonaro avalia que a ministra teve um excelente desempenho nas negociações com a China e a Índia para a liberação de insumos e vacinas para o Brasil e considera a necessidade de reaproximação com a bancada ruralista. Apesar de ser um dos pilares de sustentação da atual gestão, a frente parlamentar distanciou-se do Planalto durante a crise sanitária e parcela dela chegou a anunciar apoio a Baleia, o que irritou o presidente. A ideia de Bolsonaro é indicar um dos nomes da bancada, filiado a uma sigla do centrão, para substituir Tereza Cristina na Agricultura.
Além da Secretaria de Governo, o presidente considera remanejar o ministro Onyx Lorenzoni da Cidadania para a Secretaria-Geral da Presidência, abrindo espaço para o centrão. Caso Onyx assuma essa pasta, que despacha no Planalto, a ideia é retirar dela a SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos) e vinculá-la à Casa Civil ou diretamente à Presidência. Bolsonaro ainda avalia se entregará o Ministério da Cidadania, cobiçado devido à atribuição de coordenar programas sociais, para o Republicanos ou para o PSC, partidos que têm forte relação com igrejas evangélicas. Para acomodar as duas siglas, o Planalto considera novamente desmembrar da Economia e recriar a pasta de Indústria e Comércio. Caso ele leve adiante a proposta, mesmo a contragosto do ministro Paulo Guedes, a ideia é de que ela seja entregue ao presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP). Bolsonaro também tem avaliado como contemplar o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que não conseguiu disputar a reeleição ao cargo. Uma das hipóteses em avaliação é a pasta do Desenvolvimento Regional. Apesar da pressão pelas saídas de Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o presidente tem sinalizado que não fará mudanças por ora. Bolsonaro, contudo, não descarta trocá-los a qualquer momento caso o desgaste de ambos se agrave.
Para a Saúde, é defendido desde o ano passado o nome do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que foi ministro da pasta durante o governo de Michel Temer (MDB). O nome dele chegou a ser citado inclusive em reunião promovida na Casa Civil. Para o Itamaraty, três nomes são avaliados, sendo o de dois embaixadores: André Corrêa do Lago, hoje na Índia, e Nestor Forster, nos EUA. O primeiro é neto do diplomata Oswaldo Aranha e ajudou a destravar o transporte das vacinas da Índia. O segundo conta com o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Com a indicação, além de nomear alguém de sua confiança para o cargo de ministro, o presidente sinalizaria ao governo do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma mudança de postura ao escolher um novo embaixador.​ Uma terceira opção em análise é o nome do atual secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha. Além de falar cinco idiomas, o militar já foi enviado pelo presidente para missões diplomáticas no Líbano e na Argentina. A índicação de Rocha para o Itamaraty ainda abriria a possibilidade de Bolsonaro acomodar Ramos na Secretaria de Assuntos Estratégicos caso ele decida deslocar Tereza para a Secretaria de Governo.
+++ A distribuição de cargos para diferentes partidos no poder Executivo afim de garantir maioria no Congresso Nacional não é mais chamada pela imprensa de “loteamento de cargos” ou “distribuição de cargos em troca de poder”. Bolsonaro forma sua coalisão para governar. Cabe esclarecer quais são os setores da sociedade que fazem parte de tal coalisão e questionar a imprensa sobre a mudança de sentido sobre a distribuição de cargos.

*”'É para enfiar no rabo de vocês da imprensa essa lata de leite condensado', diz Bolsonaro”* - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu críticas sobre o gasto de R$ 1,8 bilhão do governo federal em alimentos e bebidas no ano de 2020 e fez novo ataque à imprensa. "Vai para puta que o pariu. Imprensa de merda essa daí. É para enfiar no rabo de vocês aí, vocês não, vocês da imprensa essa lata de leite condensado", diz Bolsonaro em vídeo que circula nas redes sociais. O vídeo foi compartilhado por parlamentares no Twitter, como o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Novo-SP). Na terça (26), o deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou uma ação pedindo que o procurador-geral da República, Augusto Aras, investigue esse gasto. O gasto foi divulgado pelo portal Metrópoles, que aponta que o valor equivale a um aumento de 20% em relação a 2019. Entre os produtos adquiridos estão R$ 2,5 milhões em vinhos para o Ministério da Defesa e, R$ 15 milhões em leite condensado e R$ 2,2 milhões em gomas de mascar. Também há R$ 5 milhões na compra de uvas passas, R$ 1 milhão em alfafa, R$ 15 milhões em açúcar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada e R$ 14,8 milhões em temperos, R$ 4,5 milhões com água de coco, R$ 14 milhões em café, R$ 3,2 milhões em caldas doces para recheios e coberturas, R$ 1,7 milhão em chantili, R$ 6,7 milhões em chuchu, R$ 1,8 milhão em geleia de mocotó e R$ 2,2 milhões em chicletes.
+++ É importante que seja apurado se tais gastos estão fora dos padrões ou se sempre ocorreram, análise que ainda não apareceu.

*”Lira resiste a criar CPI da Covid e diz que pandemia não pode ser motivo de embate político”* - Líder do centrão e candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) demonstrou resistência à criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a gestão do governo federal na pandemia da Covid-19. Lira participou nesta quarta-feira (27) de entrevista realizada pela frente parlamentar contra a corrupção. Na avaliação do deputado, também líder do PP na Câmara, a crise sanitária “não pode ser motivo de embates políticos para nós trazermos para discussão traumas de interrupções bruscas democráticas.” O candidato de Bolsonaro lembrou que qualquer CPI tem que cumprir requisitos, como o mínimo de 171 assinaturas e um “fato gerador claro”, além de que “essa situação não seja politizada”. A eleição para o comando da Câmara ocorre na próxima segunda-feira (1º). Lira conta com o apoio do Palácio do Planalto e tem como principal adversário na disputa o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), esse com a chancela de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Casa e rival político de Bolsonaro. “Eu condeno a politização da vacina. Todos os brasileiros precisam que essa luta seja feita em conjunto por todos nós”, disse. “Não podemos claudicar nesse momento para que o Brasil aprofunde a crise, porque é um problema mundial.”
“Nós já dissemos fique em casa, nós já dissemos saia de casa, nós já dissemos vá quando tiver falta de ar, nós já dissemos vá aos primeiros sintomas, nós já politizamos os remédios. Nós não podemos fazer isso.” O candidato à presidência da Câmara pregou harmonia e afirmou que a pandemia exige “muita serenidade.” “Não é justo tensionar”, afirmou. “Não é momento para divisão nem acotovelamento, não é momento para que a gente tensione politicamente. Não é momento agora.” Lira afirmou ainda que o momento não é o de que a vacina “seja de A nem B”, mas para que o imunizante seja “de todos os brasileiros que precisam". Na segunda-feira (25), Rodrigo Maia defendeu a criação de uma CPI da Covid e afirmou que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, cometeu crime ao defender o tratamento precoce e por ter rejeitado as tentativas da Pfizer de oferecer mais vacinas ao país. “Nossa prerrogativa do impedimento de um ministro é só conectada ao presidente da República, mas em relação ao ministro eu não tenho dúvida nenhuma de que tem crime”, disse. “Pelo menos o ministro da saúde já cometeu crime, eu não tenho dúvida nenhuma.”
Maia acusou Pazuello de irresponsabilidade na defesa do tratamento precoce da Covid-19, com a divulgação de medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a doença, e citou o episódio envolvendo a farmacêutica. O deputado também fez críticas ao fato de o ministro não ter se aliado ao Instituto Butantan para acelerar a produção da Coronavac, parceria com o laboratório chinês Sinovac.

FERNANDO SCHÜLER - *”Já votamos 20 vezes e ainda não estamos maduros para o voto facultativo?”*
*”MDB negocia acordo com Alcolumbre e pode abandonar Tebet na eleição do Senado”*

*”Apex retira do ar artigo que recomendava livros de desafetos do governo Bolsonaro”* - Um artigo da agente literária Lucia Riff com a indicação de "seis autoras para não perder de vista" foi retirado do site da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) na última segunda-feira (25). A Folha apurou que o órgão decidiu apagar a publicação ao perceber que os conteúdos dos livros tratavam de críticas ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) e de autores que já tiveram desafetos com a gestão ou com o próprio presidente da República. O ato teria sido uma das formas de o presidente da Apex, o contra-almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa, agradar a Bolsonaro e evitar atritos, tendo em vista que o cargo está em jogo a pedido do centrão. O caso foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Nomeado em maio de 2019, Barbosa é o terceiro presidente da agência. Antes dele, passaram pelo comando da Apex e perderam o cargo Alecxandro Carreiro e o embaixador Mario Vilalva.
A Apex afirmou, em nota, que a publicação do artigo se deu pelo sistema de publicação automático do site. Isso ocorre após entidades parceiras enviarem seus conteúdos para o órgão. "Por conta da discrepância entre o descritivo dos livros na matéria e da informação passada, retiramos a matéria do ar para averiguar o conteúdo em questão", afirmou o órgão. Entre as indicações de livros de não ficção estavam "A Máquina do Ódio”, da jornalista da Folha Patrícia Campos Mello; "Brasil, Construtor de Ruínas", da jornalista Eliane Brum; e "A Defesa do Espaço Cívico", de Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé e colunista da Folha. Em fevereiro do ano passado, Bolsonaro insultou Patrícia com insinuação sexual. Isso ocorreu após reportagem da Folha revelar que uma rede de empresas recorreu ao uso fraudulento de nomes e CPFs de idosos para registrar chips de celular e garantir disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também ofendeu a jornalista. Na semana passada, ele foi condenado a indenizar Patrícia em R$ 30 mil por danos morais. Já Ilona tem posições contrárias a propostas do governo, como a flexibilização do porte de armas.
Após pressão de Bolsonaro, a nomeação da especialista em segurança pública foi revogada como membro suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Ela havia sido nomeada ainda na gestão de Sergio Moro à frente do Ministério da Justiça. "O governo tenta calar pessoas que divergem, e os chama de inimigos. E é sobre as expressões e consequências dessa intolerância que falo no meu livro censurado: 'A Defesa do Espaço Cívico'. Para mim mais esse fato só prova que eu precisava escrevê-lo", escreveu Ilona em uma rede social. Em suas colunas, Eliane Brum também faz críticas ao governo Bolsonaro. Entre os artigos está "Cem dias sob o domínio dos perversos", publicado em abril de 2019 no site da versão brasileira do jornal El País. Livros de outras três autoras apontados na lista são de ficção: "Suíte Tóquio", de Giovana Madalosso; "O Peso do Pássaro Morto", de Aline Bei; e "O que Ela Sussurra", de Noemi Jaffe. A lista havia sido encomendada pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), parceira da Apex no Brazilian Publishers, projeto de fomento à exportação de conteúdos editoriais do Brasil. A agente literária Lucia Riff disse que não teve contato com ninguém da Apex e não havia sido avisada sobre a retirada do artigo no site. Segundo ela, a escolha dos livros não envolveu questões políticas. "O convite veio da CBL, que nos pediu sugestões de livros de autores brasileiros que pudessem interessar às editoras de outros países para a coluna Brazilian Curators", disse.
+++ É interessante a contradição da imprensa. A Folha e outros criticam Jair Bolsonaro por silenciar que o critica, mas os jornalões adotam a mesma prática há décadas e seguem com a prática até hoje, não apenas silenciando aqueles que os criticam, mas também os que têm uma perspectiva diferente sobre a política e a economia.

*”Carlos Bolsonaro confunde imunização do BBB com vacina, critica a Globo e depois apaga tuíte”*
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*”Decisão do STF que barra reeleição no Congresso atinge Assembleias nos estados”* - Com base na decisão recente do STF (Supremo Tribunal Federal) de barrar a reeleição dentro de uma mesma legislatura para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liminar (decisão provisória) para impedir a recondução dos integrantes da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Roraima. Concedida na segunda-feira (25) a partir de uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) proposta pelo PSOL, a liminar será submetida a referendo do plenário do Supremo. Não há data definida para isso. O entendimento, no entanto, poderá repercutir em outras assembleias estaduais. ​A decisão de Moraes afasta o deputado Jalser Renier (SD) da Presidência da assembleia roraimense e ordena a realização de eleição para a escolha dos integrantes que vão compor a Mesa Diretora da Casa para o biênio 2021/22.
O ministro do Supremo afirmou que interpretação que o STF vinha dando de vedar a recondução de integrantes das mesas diretoras no Congresso para os mesmos cargos na eleição subsequente não seria de reprodução obrigatória nos estados e no Distrito Federal. No entanto, de acordo com ele, o tribunal "clara e diretamente" demonstrou a evolução de sua jurisprudência, com a maioria dos ministros se manifestando pela proibição de reeleições sucessivas nos órgãos legislativos, incluindo os estaduais e o distrital. Moraes citou trecho do voto do ministro Gilmar Mendes, relator da ADI que tratou do caso federal, no qual foi apontado “uso desvirtuado” da autonomia organizacional pelas assembleias e defendendo que a Corte estabelecesse limites.
Sob o risco, frisou Gilmar na ocasião, de se descambar “em continuísmo personalista na titularidade das funções públicas eletivas”. “Dessa maneira, necessário impedir-se a posse de dirigentes da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima que já foram anteriormente reconduzidos para os mesmos cargos, pois configuraria flagrante afronta à atual interpretação do Supremo”, afirmou Moraes. No caso de Roraima, o ministro deu um prazo de 48 horas para que o Legislativo estadual preste informações ao tribunal sobre o cumprimento da decisão, incluindo a data em que será realizada nova eleição. Nas redes sociais, Jalser Renier afirmou que dedica a vida à administração da assembleia, apontado por ele como um dos “humanizados e participativos” do país. Renier seguiria para o sexto ano consecutivo como presidente da assembleia. A defesa do parlamentar avalia como recorrer da decisão. A recondução da atual mesa para o biênio 2021-2022 foi decidida , inclusive, em 26 de fevereiro de 2019 por meio de resolução, aprovada com a participação de 23 dos 24 deputados.

*”Em pacote sobre o clima, Biden mira gás e petróleo e cita proteção da Amazônia”* - O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou nesta quarta (27) um pacote de medidas que chamou de "ambicioso" para enfrentar a crise climática. As ações atingem fortemente a indústria de gás e petróleo ao proibir novas explorações em terrenos públicos e cortar subsídios de combustíveis fósseis, além de estabelecer uma série de políticas para incentivar a economia de forma sustentável e citar a proteção da floresta amazônica, ponto de divergência com o governo brasileiro. "Nosso plano é ambicioso, mas somos americanos. Nós podemos fazer isso, nós temos que fazer isso e nós vamos fazer isso", afirmou o democrata em entrevista coletiva."Vemos isso [a crise climática] com nossos próprios olhos. Nós sentimos isso. Sabemos disso em nossos ossos. E é hora de agir.” O plano anunciado pelo democrata é um primeiro passo significativo na direção de suas promessas de campanha, que incluíam um pacote de US$ 2 trilhões (quase R$ 11 trilhões) para incentivar a transição dos EUA para energias limpas, reduzindo as emissões de carbono. Para ser cumprido, no entanto, o pacote precisa ser aprovado pelo Congresso, onde deve encontrar oposição. As medidas vão na contramão da gestão de Donald Trump na questão ambiental. O republicano buscou maximizar a produção de petróleo, gás e carvão dos EUA, removendo regulamentações e facilitando aprovações ambientais. “Na minha opinião, já esperamos muito tempo para lidar com essa crise climática”, afirmou Biden, destacando que ameaças como tempestades mais intensas, incêndios florestais e secas estão ligadas à mudança climática.
Além de suspender novas explorações também em águas públicas “na medida do possível”, o presidente determinou uma revisão rigorosa dos contratos de exploração já existentes, de seus impactos climáticos e dos benefícios aos contribuintes. Os principais impactados pela decisão são estados do Oeste do país, bem como áreas de perfuração no Golfo do México –somadas, essas regiões representam cerca de um quarto do fornecimento de petróleo e gás dos EUA. A medida gerou ainda críticas de alguns estados que dependem da receita de exploração. Pete Obermueller, presidente da Associação de Petróleo de Wyoming, disse ao New York Times que a decisão de interromper novos arrendamentos representa "uma perda impressionante" para seu estado. A suspensão, porém, não restringe as atividades para geração de energia em terras do governo destinadas a tribos de indígenas americanos. Para uma produção mais verde, Biden estabeleceu como meta dobrar a produção de energia eólica até 2030. O democrata instruiu ainda que as agências federais devem “eliminar os subsídios de combustíveis fósseis de acordo com a lei”. A revisão desses incentivos —que somam bilhões de dólares para indústrias de petróleo, carvão e gás— para ajudar a financiar o plano de US$ 2 trilhões também era uma de suas promessas de campanha.
Não fica claro, entretanto, quais desses subsídios poderiam ser retirados, já que muitos dependem de aprovação do Congresso, mas o mandatário afirmou nesta quarta que pediria ao Legislativo o fim dos repasses. “Não acho que o governo federal deva dar benefícios às grandes petrolíferas no valor de US$ 40 bilhões [R$ 216 bi]”, disse Biden, referindo-se a estudos que sugerem que a remoção de incentivos fiscais para empresas de petróleo e gás totalizaria esse montante de receita em dez anos. O anúncio desagradou a indústria petrolífera, que argumenta que as medidas custarão milhões de empregos e bilhões de dólares em um momento em que a economia americana –assim como a mundial– tem sido fortemente afetada pela pandemia de coronavírus. Mike Sommers, presidente do Instituto Americano de Petróleo, um grupo comercial da indústria, disse ao New York Times que a organização "se oporá a qualquer tipo de esforço como esse". O jornal afirma que executivos de petróleo, gás e carvão, bem como legisladores republicanos, descreveram os planos de mudança climática de Biden como uma faceta contra a indústria de combustíveis fósseis que pouco fará para realmente reduzir as emissões dos EUA. As principais empresas de petróleo, entretanto, adotaram uma abordagem um pouco mais comedida. Em um comunicado, a BP disse que quer trabalhar com o governo para desenvolver “políticas climáticas bem elaboradas”.
Biden contra-argumenta que as medidas não significam um impacto econômico negativo. “Esse é um caso em que consciência e conveniência se encontram, em que lidar com essa ameaça existencial ao planeta e fomentar nosso crescimento econômico e prosperidade são a mesma coisa”, afirmou. “Quando eu penso em mudança climática e as respostas para isso, eu penso em empregos.” O presidente afirmou que uma infraestrutura relacionada ao clima moderna e resiliente e um futuro de energia limpa para os EUA criarão milhões de empregos bem pagos. Prometeu também usar o poder de compra do governo federal para comprar uma vasta frota de veículos com zero emissões de carbono. “Isso significará 1 milhão de novos empregos na indústria automobilística americana.” Com esse foco, a ordem executiva afirma que o governo tem como política “organizar e utilizar a capacidade total de suas agências para combater a crise climática e implementar uma abordagem [...] que estimule empregos bem remunerados e o crescimento econômico, especialmente por meio de inovação, comercialização e implantação de tecnologias e infraestruturas de energia limpa”. A medida cria ainda uma Força-Tarefa Nacional do Clima, que tem entre seus objetivos o estímulo a empregos. O texto, porém, não deixa claro como essas vagas seriam criadas
Na ordem assinada, Biden cita o desenvolvimento de um plano para proteção da floresta amazônica, ao afirmar que, dentro do propósito da medida, os “EUA vão exercitar sua liderança para promover um aumento significativo na ambição climática global à altura do desafio” ambiental. O trecho afirma que a proposta deve envolver outros “ecossistemas críticos que servem para absorver” emissões de carbono do mundo. O presidente americano é crítico da destruição da Amazônia e levou o assunto para sua campanha. Então candidato, afirmou que “a floresta tropical no Brasil está sendo destruída” e disse que se juntaria a outros países, se eleito, para oferecer US$ 20 bilhões (cerca de R$ 108 bi) à preservação do bioma. “Parem de destruir a floresta. Se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas”, afirmou. Bolsonaro criticou a postura de Biden, que chamou de “lamentável”.
A redução dessas emissões é outra questão abordada na ordem assinada nesta quarta. Os EUA são o segundo país que mais emitem esses gases, atrás apenas da China. O plano anunciado nesta quarta é que os EUA neutralizem suas emissões, no máximo, até 2050. Nesse sentido, o presidente já havia determinado que a Agência de Proteção Ambiental restabeleça a única política de grande alcance do governo federal para reduzir as emissões de carbono. A regra, da gestão de Barack Obama, foi projetada para diminuir a poluição causada por automóveis e havia sido retirada por Donald Trump no ano passado. Mais cedo nesta quarta, o enviado especial para o clima, John Kerry, disse que irá anunciar, até 22 de abril, Dia da Terra, um novo conjunto de metas específicas para diminuir essas emissões, dentro do que determina o Acordo de Paris. Nessa data, os EUA serão sede de um fórum internacional ambiental. Sob Trump, os EUA deixaram oficialmente o acordo em 4 de novembro, um dia depois de os americanos irem às urnas para escolher o novo presidente. Em suas primeiras horas no cargo, Biden reverteu a decisão e reassumiu o compromisso dos EUA com o tratado que busca frear as mudanças climáticas no mundo. O processo para que o país retorne ao acordo leva 30 dias. Nas medidas anunciadas nesta quarta, Biden também estabeleceu novos objetivos de políticas internacionais, especificando que as mudanças climáticas, pela primeira vez, estarão no centro dessa área, bem como de decisões de segurança nacional.
Como sinal de que a questão ambiental estará em todos os braços do Executivo, o Pentágono anunciou que vai incluir o risco das mudanças climáticas em simulações militares. Sob Trump, a Estratégia de Defesa Nacional, que orienta a atuação do departamento, não incluía a questão como uma prioridade. “Há pouca coisa que o departamento faz para defender o povo americano que não seja afetado pela mudança climática”, disse o secretário de Defesa, Lloyd Austin, em comunicado. Na última década, os militares e oficiais de inteligência dos EUA desenvolveram um amplo acordo sobre as ameaças à segurança que a mudança climática apresenta, em parte por ameaçar causar desastres naturais em áreas costeiras densamente povoadas, danificar bases militares americanas e abrir novos recursos naturais à competição global. Lloyd afirmou que, em 2019, os militares avaliaram os impactos relacionados ao clima em 79 instalações militares. Apesar das críticas, o pacote teve uma boa repercussão entre especialistas. “Aplaudimos isso”, afirmou Erin Sikorsky ao New York Times. Ele liderou análises de clima e segurança nacional em agências federais até o ano passado e agora é diretor-adjunto do think tank Center for Climate & Security. “[As medidas] nos levam além do que Obama fez.” As mudanças eram também esperadas por grupos de ambientalistas após quatro anos da gestão de Trump, que desacreditava o aquecimento global. “Este é o maior dia para a ação climática em mais de uma década”, disse Gene Karpinski, presidente da Liga dos Eleitores pela Conservação, ao jornal americano.

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*”Governo quer novo programa de corte de jornadas e salários e pode usar recursos do FAT”* - Pressionado por empresários, o Ministério da Economia estuda reeditar a medida que liberou a assinatura de acordos individuais para suspender contratos ou reduzir jornada e salário de trabalhadores, com compensação parcial em dinheiro paga pelo governo. Os debates na pasta ainda tentam vencer obstáculos técnicos e entraves relacionados a restrições orçamentárias. Por isso, o ministério elabora um leque de opções que serão avaliadas pelo ministro Paulo Guedes (Economia) antes de apresentação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Uma das opções prevê uso de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Em 2020, após decretar estado de calamidade pública e retirar amarras do Orçamento, o governo implementou o programa que permitia a suspensão de contratos e reduções de 25%, 50% ou 70% nas jornadas, com corte proporcional de salário. Como compensação, o trabalhador afetado recebia um valor proporcional ao que teria direito de seguro-desemprego.
A medida foi prorrogada algumas vezes, mas se encerrou em dezembro após a celebração de 20 milhões de acordos feitos entre aproximadamente 10 milhões de trabalhadores e 1,5 milhão de empresários, segundo monitoramento do Ministério da Economia. O programa de preservação do emprego é considerado por Guedes uma das medidas emergenciais mais efetivas da pandemia. Para ele, sem esses acordos, o país veria um número muito maior de demissões durante a crise sanitária. Neste ano, porém, o governo optou por não renovar a calamidade pública e não há margem no Orçamento para um programa de custo elevado. Em 2020, para fazer frente a essa compensação paga aos trabalhadores, chamada de Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego, o Ministério da Economia liberou R$ 51,5 bilhões. Nesta quarta-feira (27), o tema foi discutido em reunião entre Guedes, Bolsonaro e representantes do setor de bares e restaurantes. O presidente deu um prazo de 15 dias para que soluções sejam apresentadas. Ao contrário de avaliações preliminares da equipe econômica, técnicos afirmam que não é necessário decretar novo estado de calamidade pública para implementar novamente o programa. No cardápio avaliado pelo Ministério da Economia, há a possibilidade de usar recursos do FAT. O fundo é responsável pelo custeio do seguro-desemprego e do abono salarial. A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o PIS (Programa de Integração Social) e para o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público).
Na proposta considerada mais viável pela pasta, a compensação paga ao trabalhador afetado pela suspensão ou corte de jornada seria uma espécie de antecipação do seguro-desemprego. Por isso, a medida seria financeiramente neutra. Nesse caso, a pasta defende que o período de estabilidade desses trabalhadores seja ampliado e que a multa em caso de demissão antes do fim desse período seja mais alta. O objetivo seria recompor o fundo. No programa de 2020, o trabalhador tinha direito a estabilidade no emprego pelo dobro do tempo de acordo. No caso, por exemplo, de uma redução salarial de três meses, a estabilidade valia por seis meses, no total. De acordo com pessoas que acompanham a elaboração das medidas, empresários têm demonstrado resistência ao pagamento de multas mais elevadas ou manutenção da estabilidade por um prazo maior. Para aliviar as empresas, o ministério estuda uma espécie de parcelamento da multa caso a demissão do funcionário seja inevitável. O debate na pasta também envolve visões técnicas distintas. Parte dos membros do ministério defende que o programa possa usar diretamente o dinheiro do FAT, sem o mecanismo da antecipação. O argumento é que, ao pagar a complementação de salário, o governo evita uma demissão e deixa de pagar o seguro-desemprego, que tem custo mais alto. Por isso, a medida seria, em teoria, neutra.
A tese sofre com resistência da Secretaria de Orçamento do Ministério da Economia e do secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues. Em outra discussão técnica, uma ala da pasta avalia que o programa poderia ser bancado com créditos extraordinários. Esse mecanismo pode ser usado em situações imprevisíveis e urgentes e não é contabilizado no teto de gastos, regra que limita as despesas do governo. Por isso, o custeio do programa seria liberado. Essa proposta é rejeitada por parte da pasta e membros do TCU (Tribunal de Contas da União). Eles afirmam que o programa não pode mais ser considerado imprevisível. Nos sistemas em estudo na pasta, ainda não há definição se serão permitidos cortes de jornada e suspensão de contrato no mesmo modelo implementado em 2020. Há opções, inclusive, de programas apenas com suspensão de contrato ou apenas com redução de jornada. Pessoas próximas a Guedes afirmam que o ideal seria aguardar a aprovação do Orçamento de 2021 pelo Congresso. Só assim, seria possível saber qual a margem nas contas do governo e quais áreas poderiam sofrer remanejamento de recursos.
No cardápio de ações em avaliação, também podem ser reapresentados mecanismos que estavam em uma MP (Medida Provisória) editada por Bolsonaro no início da pandemia e que perdeu a validade sem votação no Congresso. A MP trazia regras para o trabalho em home office, permitia antecipação de férias e suspendia medidas administrativas de segurança do trabalho. O governo ainda avalia permitir o adiamento no pagamento de impostos. O objetivo da medida, já adotada em 2020, seria trazer novo alívio às empresas. Isso porque a pandemia do novo coronavírus segue em alta, ainda sem perspectiva para a vacinação em massa da população. Todas as ações iniciais avaliadas pela pasta buscam mecanismos de enfrentamento da crise sem comprometer fortemente as contas públicas. Sem a calamidade pública, o governo precisa cumprir o teto de gastos e outras regras fiscais. Diante da elevação do número de mortes na pandemia, congressistas pressionam para que o governo adote ações de maior impacto e custo mais elevado. O governo resiste à ideia e, até o momento, se recusa a liberar inclusive novos pagamentos na área social, como o auxílio emergencial.

*”Paralisia do Congresso na análise do Orçamento põe em risco verba para educação”* - A volta das amarras fiscais neste ano e a falta de aprovação do Orçamento já colocam em risco repasses do governo federal para a educação. Estados e municípios podem ficar sem receber a complementação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) nos próximos meses. A iminência de esgotamento dos recursos é mais crítica em algumas áreas do governo. Como mostrou a Folha nesta quarta-feira (27), o problema também pode deixar militares das Forças Armadas sem salário a partir de abril. O caso do Fundeb é um dos mais delicados. Ao apresentar o Orçamento de 2021, em agosto do ano passado, o governo condicionou 73,4% da verba de complementação do fundo a uma autorização posterior do Congresso.
Sem esse aval, os recursos acabam entre abril e maio e os estados podem ficar sem os repasses. Governos regionais com arrecadação insuficiente para garantir o valor mínimo nacional por aluno recebem mensalmente uma complementação de recursos da União. A verba é aplicada no ensino básico. O problema deste ano está na chamada regra de ouro, norma que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, como salários, Previdência e benefícios assistenciais. Para não descumprir a regra, o governo precisa pedir autorização ao Congresso para emitir mais dívida do que o estipulado na lei e, assim, conseguir executar todo o seu Orçamento. Neste ano, a equipe econômica estima que precisará emitir títulos da dívida pública no valor de R$ 453,7 bilhões acima do limite da regra de ouro.
O valor, quase um terço de todos os gastos previstos para 2021, apenas poderá ser liberado após autorização dos congressistas. No entanto, não há previsão para votação das contas deste ano no Legislativo. O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) tem rito complexo de tramitação, exige análise mais aprofundada e é alvo de disputa entre congressistas porque estabelece exatamente para onde serão direcionados os recursos do governo. O conflito entre grupos políticos que brigam pelo comando da Câmara fez com que esse processo não avançasse no ano passado. A CMO (Comissão Mista de Orçamento), responsável por debater e formatar a proposta, nem sequer foi instalada. Sem Orçamento aprovado, as contas operam em uma espécie de piloto automático: para cada mês, o governo pode gastar o equivalente a um doze avos do valor previsto para o ano em despesas não obrigatórias. Ainda assim, se os recursos dentro da regra de ouro acabarem em alguma área, o governo não poderá seguir com os gastos.
O Tesouro Nacional confirmou o entrave legal gerado pela não aprovação do Orçamento. Segundo o órgão, será necessário aguardar toda a tramitação do PLOA para depois, já com a lei aprovada, fazer a solicitação de autorização para descumprir a regra de ouro. "O pedido será feito por meio de Projeto de Lei de Crédito Suplementar a ser enviado ao Congresso Nacional após a publicação da LOA-2021", afirmou. Portanto, não basta a Câmara e o Senado retomarem as atividades, o que está previsto para 3 de fevereiro. É preciso que deputados e senadores destravem e aprovem o projeto de Orçamento para, depois disso, o governo pedir o crédito, que também precisa passar por votações no Congresso. De acordo com o Tesouro, não há prazo máximo ou determinação legal para que o Congresso analise a solicitação. Para o Fundeb, estão liberados R$ 5,2 bilhões neste ano. Do total, R$ 3,35 bilhões já estão comprometidos até março. Depois disso, o valor deverá subir e pressionar ainda mais as contas do governo. Isso porque o Congresso aprovou no ano passado um aumento dos repasses mensais para o Fundeb. O valor reajustado está previsto para ser liberado já a partir de março. Outros R$ 14,4 bilhões já estão previstos para o fundo, mas só poderão ser transferidos após aprovação do Orçamento e aval do Legislativo para liberação de crédito extra. Sem a autorização do Congresso, o governo não poderá se endividar para bancar inclusive parte das aposentadorias no ano. O gasto estimado com benefícios previdenciários, o que inclui também auxílios em caso de doença, por exemplo, é de R$ 704,4 bilhões neste ano.
Desse total, R$ 272,1 bilhões —quase 40% do total— são dependentes do aval dos congressistas para que o governo busque recursos em títulos públicos. No entanto, a margem para que a Previdência passe a usar o dinheiro do crédito extra é mais ampla que para o Fundeb e para os militares das Forças Armadas. Sem o dinheiro suplementar, também haverá falta de recursos para o Censo (de R$ 2 bilhões, apenas R$ 200 mil já foram autorizados) além de contribuições para a ONU (Organização das Nações Unidas) e ações de proteção e defesa civil, cuja verba programada para o ano é mais de 80% dependente do aval ao descumprimento da regra de ouro. Demais despesas com pessoal, Bolsa Família e subsídios também estão condicionadas à aprovação do Congresso, mas com verba suficiente pelo menos até o meio do ano. Se o país estivesse sob as regras da calamidade pública, como em 2020, o governo teria liberdade para fazer todos esses gastos sem descumprir a legislação. No entanto, com o objetivo de evitar uma nova explosão de gastos, o governo optou por não renovar a calamidade em 2021. Desse modo, passou a ser obrigado a obedecer todos os limites impostos pelas normas fiscais, inclusive a regra de ouro.

*”Covid e desigualdade em alta devem emperrar reformas e favorecer extremistas”*

TEREZA CAMPELLO - *”Desmonte do SUAS fecha a porta para os pobres”*: A matéria intitulada “Governo quer reduzir papel de municípios para cortar custo do Bolsa Família”, publicada no UOL, na segunda-feira (25), começa a trazer a público o ardiloso processo de destruição do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e do Cadastro Único (Cadúnico). As consequências vão além de dinamitar o pacto federativo organizado em torno dessas duas frentes e interditar os mecanismos de inclusão social da população mais pobre no Brasil. A destruição do SUAS e do Cadúnico já avançava a passos largos. O governo Bolsonaro em 2020 cortou 67% dos recursos de serviços socioassistenciais do SUAS, desidratou os valores repassados aos Estados e Municípios para a gestão do cadastro, e aproveitou o App do Auxílio Emergencial para sucatear o Cadastro e usar um sistema paralelo. O argumento de modernizar o Cadúnico, que passaria a uma plataforma digital com autodastramento, é uma confissão do governo. O Cadúnico não é uma plataforma de dados, é uma tecnologia social, reconhecida no mundo todo, e usada como exemplo pelo Banco Mundial e organismos das Nações Unidas. Garante, através do SUAS, uma porta de entrada humanizada e acolhedora para a população mais vulnerável nos 5.570 municípios. Ao ter acesso ao SUAS estas famílias têm identificadas as suas desproteções e passam a ser orientadas inclusive para outros serviços e direitos, como saúde, educação, oportunidades de qualificação. Mais de 20 programas são acessados via Cadastro Único, inclusive programas estaduais e municipais, que adotam essa base como referência.
O conceito que organizou a ação do Cadastro nestes 17 anos foi o de conhecer para incluir. O oposto dos aplicativos implementados pelo Governo Bolsonaro onde parte da população já é excluída pela falta de acesso à internet, à informação e ao manejo de um modelo construído para uma relação baseada na transferência de recursos e não de cidadania e cuidados. O próprio Bolsa Família está em risco, à medida que passa a ser mera transferência de renda numa relação beneficiário/banco, excluindo as dimensões de acesso a direitos e políticas públicas. O SUAS e o Cadúnico vêm sendo pactuados com governos estaduais e municipais desde 2003. Pactuações foram construídas à cada mudança legal e normativa, a cada nova versão do cadastro, em cada reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). O Ministério da Cidadania vai implodir todo este processo, sem qualquer estudo técnico que dê suporte a interrupção de tão bem sucedida política pública, e apartar Estados e Municípios do processo. Não nos enganemos, o fim do SUAS e do Cadunico acabará com o sistema em bases federativas, mas os problemas continuarão na porta dos prefeitos, sem cofinanciamento e sem corresponsabilidade federal. Voltaremos às filas por cestas básicas e ações pontuais e insustentáveis, pari passu com o aumento da pobreza e da fome, que se apresenta ao país
A matéria do UOL deixa pistas de que o caso é ainda mais grave. No governo Bolsonaro, o Cadastro Único ganhou status de secretaria nacional e passou a ser comandado por uma agente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) do Ministério da Cidadania, por um delegado da Polícia Federal. Tendo técnicos e gestores públicos de qualificação e formação na área social e de Big Data, compatíveis com os mais altos padrões do mundo, por que o Governo Bolsonaro resolve colocar para gerir áreas sensíveis de conhecimento gente do aparato de segurança nacional sem a menor formação para o exercício do cargo? As informações que circulam entre os gestores são ainda mais assustadoras. A gestão Bolsonaro vem negociando com Big Techs, como Google e Facebook, para que se tornem os gestores deste novo sistema/aplicativo desumanizado. Colocam assim nas mãos de atores privados, questionados em países como Inglaterra e EUA por terem feito uso de informações privadas, as bases de dados de 114 milhões de brasileiros (este é o conjunto de indivíduos que em algum momento desde 2003 passou pelo Cadastro Único). Sob Bolsonaro vivemos o fim do modelo estabelecido na Constituição Federal de 88 ao tornar inviável o acesso à direitos sociais básicos. A privatização da gestão do banco de dados do Cadúnico torna a população pobre no Brasil ainda mais vulnerável. O país caminha para voltar aos gravíssimos problemas de pobreza e fome do século XX agravados pelos novos desafios da sociedade de vigilância do século XXI.

PAINEL S.A. - *”Reclamações sobre Petrobras não devem avançar no Cade”*
PAINEL S.A. - *”Apesar de apelo de Bolsonaro a caminhoneiros, ministério descarta risco de greve”*
PAINEL S.A. - *”Hoteleiros querem entrar na fila prioritária da vacina”*
PAINEL S.A. - *”Deputado quer cota de 3% para trans em empresas”*
PAINEL S.A. - *”Procon-SP questiona Serasa sobre megavazamento de dados pessoais”*
PAINEL S.A. - *”Falta de insumos prejudicou elevação de estoques em dezembro, diz CNI”*

*”Frigoríficos e açougues fazem protesto contra mudança do ICMS em SP”*
*”Setor de bares e restaurantes faz novo protesto contra restrições em SP”*
*”Investimento estrangeiro no Brasil cai pela metade em 2020 ao menor nível em 11 anos”*

*”Dívida pública federal passa de R$ 5 tri e pode encostar em R$ 6 tri em 2021, diz Tesouro”*

*”Bolsonaro apela para que caminhoneiros não façam greve na próxima semana”*
*”iPhone 12 da Apple gerou recorde trimestral de US$ 111,4 bi”*
*”Anúncios no Facebook dão receita recorde à gigante das redes sociais”*
*”Tesla divulga primeiro ano completo de lucros”*

SOLANGE SROUR - *”Os custos da extensão do auxílio”*
*”Impactos do megavazamento de dados podem durar anos, diz especialista”*

*”Para atender demanda da Covid por oxigênio, White Martins vai mudar suprimento para pacientes em SP”*
*”Após colapso em Manaus, Ministério da Justiça instaura processo e notifica empresas produtoras de oxigênio”*
*”Promotoria pede prisão de prefeito e secretária de Saúde de Manaus por suspeita de fraude em vacinação”*
*”Capital paulista usará todas as vacinas disponíveis para a primeira dose de profissionais da saúde”*
*”SP quer usar todas as vacinas contra Covid-19 disponíveis para a primeira dose”*

*”Butantan diz que vai exportar doses extras de Coronavac se Ministério da Saúde não se manifestar”* - O governo de São Paulo afirmou nesta quarta-feira (27) que vai exportar doses extras da Coronavac se o governo Jair Bolsonaro (sem partido) não manifestar interesse pela compra. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo. Segundo o governo, o Butantan tem contrato para fornecer 46 milhões de doses ao governo federal, com a possibilidade de adicionar 54 milhões de doses extras. De acordo com o instituto, o contrato com o governo federal será cumprido, talvez até com antecedência. No entanto, não há definição alguma sobre o interesse em relação às demais doses. "O Butantan tem compromisso com outros países e, se o Brasil declinar desses 54 milhões, vamos priorizar os demais países com quem temos acordo", disse Dimas Covas, do Instituto Butantan. "Nosso contrato com o Ministério da Saúde é de 46 milhões de doses, não temos contrato adicional. ​Mas ainda não tivemos nenhum aceno neste sentido. Está na hora de decidir e se demorarmos não vamos conseguir ampliar esse número", acrescentou. O Butantan mandou ofício ao governo federal na semana passada e aguarda até o final da semana por uma resposta. Na próxima semana, haverá a realização de contratos com outros países, a começar pela Argentina. "A oferta está sendo feita via contrato, via ofício e de público", disse, sobre a proposta ao Ministério da Saúde.
Doria afirmou que é inacreditável que diante de uma pandemia "tenhamos o distanciamento entre aquilo que o Ministério da Saúde deveria agir, solicitando mais vacinas que lhe são oferecidas, e esta resposta não é dada". "Não serão com 2 milhões de vacinas da AstraZeneca que vamos imunizar os brasileiros. Nós precisamos de mais vacinas", disse. Até o momento, o Butantan já entregou por volta de 6 milhões de doses ao governo federal. No dia 3 de fevereiro, chegarão da China insumos para a fabricação de 8,6 milhões de doses. Segundo o governo estadual, estão em fase de liberação insumos para fazer outro lote, com um pouco mais de 8,6 milhões de doses.
A expectativa do Butantan é conseguir entregar todas as doses compradas pelo governo federal até abril. Questionado, o Ministério da Saúde respondeu citando cláusulas do contrato, entre elas uma que fala de exclusividade sobre as doses. A cláusula afirma que o contratante "terá o direito de exclusividade na aquisição de doses", que seria válida "enquanto durar o presente contrato". "O Ministério da Saúde informa que sobre o contrato é importante ressaltar o item 1.6, onde está escrito 'É concedida à contratante (o Ministério da Saúde) a opção de adquirir mais 54 milhões de doses de vacinas em cronograma a ser definido, apresentando seu interesse no prazo de até 30 dias após a entrega da última parcela, prevista na cláusula segunda'", afirma a nota. O comunicado continua citando artigo do contrato que afirma que, em caso da desistência da opção pela compra, o Butantan fica desobrigado de seguir cláusula que lhe dá exclusividade. "Sobre o ofício, o Ministério da Saúde informa que irá se pronunciar no prazo oficial do contrato", diz a nota do Ministério da Saúde.
Após questionamentos da Folha, o Instituto Butantan afirmou que tem capacidade de produzir vacina suficiente para o governo brasileiro e para os países da América Latina. "O Butantan informa ainda que tem capacidade para produzir outras 40 milhões de doses extras para atender a demanda de outros países da América Latina que precisam da vacina para imunizar suas populações e que já manifestaram interesse em adquirir o imunizante desenvolvido pelo instituto em parceria com a Sinovac", diz a nota do instituto. Segundo o Butantan, foi enviado o ofício ao Ministério da Saúde "para que possa planejar logisticamente a sua produção com a devida antecedência. Durante a urgência de uma pandemia, não é possível se limitar à frieza da burocracia enquanto as ações de combate ao coronavírus podem ser mais ágeis". "O Instituto espera que o Ministério se manifeste o quanto antes mantendo o seu compromisso de aquisição de 100 milhões de doses. A prioridade do Butantan é e sempre foi atender à demanda brasileira pela vacina contra o novo coronavírus", acrescenta a nota do Butantan.
MERENDA
Durante o evento, Doria anunciou que abrirá as escolas estaduais para oferecer merenda aos alunos a partir do 1º de fevereiro —o retorno da aulas, porém, deve ser só no dia 8. "No processo de retomada, os 770 mil, os mais vulneráveis, serão priorizados", disse Rossieli Soares, secretário estadual de Educação. Embora esse público seja priorizado, segundo o governo todos poderão ter acesso à merenda. No ano passado, o governo estadual deu R$ 55 reais para esse grupo de 770 mil alunos. O programa, no entanto, acabou em dezembro. Rossieli argumenta que agora haverá atendimento de mais estudantes do que os que recebiam o auxílio. Segundo ele, dessa maneira também há garantia que esses recursos vão diretamente para o aluno. O governo estima que 60% dos alunos se alimentem na escola. Para receber os alimentos, segundo o estado, as famílias dos alunos devem manifestar interesse no portal da Secretaria Escolar Digital.
PARQUE
No evento, o governo também anunciou um parque como parte da requalificação do rio Pinheiros. A primeira etapa terá 8,2 quilômetros de extensão, com investimento de R$ 30 milhões. A previsão é que esteja pronto até o fim de fevereiro de 2022. O espaço terá cafés, ciclovias e passarelas. Segundo o governo, a área de lazer ficará na margem oeste do canal Pinheiros, entre a sede do Pomar Urbano e a Ponte Cidade Jardim. O trecho estará interligado a outros parques públicos da região. “É a nossa terceira ação no âmbito do eixo revitalização com investimento privado. Tivemos a concessão da Usina SP e da Ciclovia da CPTM ano passado. Isto demonstra a confiança do mercado no projeto, cuja base é o saneamento básico. Este conjunto de medidas para trazer a população às margens permite a apropriação do espaço e a conscientização sobre o cuidado com o rio, afinal ele é de todos nós”, disse o secretário de Infraestrutura e Meio Ambinte, Marcos Penido. O consórcio Parque Novo Rio Pinheiros é composto pelas empresa Amarílis, Farah Service, Jardiplan e Metalu Brasil. O grupo apresentou uma proposta após chamamento público em novembro de 2020 e o contrato foi assinado na última semana.
+++ A relação Bolso-Doria deveria receber o nome de “quanto oportunistas se confrontam”.

*”Dez estados retomam aulas presenciais em fevereiro com reforço e distanciamento entre alunos”*
*”Fuvest monitora 300 pessoas por causa da Covid-19 após 1ª fase de vestibular”*
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*”Economia culpa ministério de Marcos Pontes por corte em benefício fiscal para pesquisa científica”* - O Ministério da Economia atribuiu ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação a responsabilidade pelo corte de 68,9% na cota de importação de equipamentos e insumos destinados à pesquisa científica. A cota é o valor total de produtos comprados de outros países, que ficam isentos de impostos. Caiu de US$ 300 milhões em 2020 para US$ 93,29 milhões em 2021. A decisão do Ministério da Economia de cortar os benefícios fiscais impacta principalmente as ações desenvolvidas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) no combate à pandemia, como a Folha mostrou em reportagem publicada na terça-feira (26). O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, tenta reverter o corte dos benefícios fiscais. O órgão enviou ofícios aos dois ministérios, mostrando que Butantan e Fiocruz foram os principais importadores em 2020 para projetos voltados ao combate à pandemia. Os US$ 93,29 milhões são insuficientes para as pesquisas relacionadas ao novo coronavírus, segundo o CNPq. É o menor valor dos últimos dez anos. A pasta de Paulo Guedes só se manifestou a respeito da decisão de cortar a cota de importação na noite desta quarta (27), quase um dia após a publicação da reportagem.
“O MCTI deve, em observância ao ciclo orçamentário, enviar ao ME até julho de cada ano a proposta de limite global anual para o exercício seguinte. Em 2020, a proposta do MCTI só chegou ao ME em setembro, quando a proposta da PLOA 2021 já havia sido encaminhada ao Congresso, em agosto”, diz a nota. A PLOA é o projeto de lei orçamentária anual, enviado pelo Executivo ao Congresso, para análise do Orçamento da União. É a partir desse projeto que se sacramenta o orçamento definitivo. Diante da ausência da proposta do ministério de Marcos Pontes, a previsão da cota de importação para 2021 foi feita pelo Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, “nos termos das normas previstas para a elaboração das peças orçamentárias e dentro do escopo de atuação da Receita Federal”, afirmou o Ministério da Economia. Segundo a pasta, um aumento do valor da cota, com a recomposição aos US$ 300 milhões, depende de uma emenda à lei orçamentária em tramitação no Congresso, “para cumprir a exigência de preservação do equilíbrio fiscal”. O ministério diz ter chegado aos US$ 93,29 milhões a partir das importações efetivadas em 2019. “Não houve corte orçamentário por parte do Ministério da Economia para diminuir esses benefícios, tendo em vista que a atual portaria repetiu o montante executado pelo órgão”, diz a nota.
A Folha questionou o MCTI sobre a posição da Economia. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. Com base na reportagem publicada pela Folha, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) protocolaram na Justiça, nesta quarta, uma ação popular com pedido de anulação do ato do Ministério da Economia. Duas leis de 1990 garantem o benefício fiscal. A definição sobre a cota ocorre todo ano e fica a cargo do Ministério da Economia. Em 2010, o valor da cota foi de US$ 600 milhões. Em 2014, US$ 700 milhões. E em 2017, 2019 e 2020, US$ 300 milhões.
O valor limite de US$ 93,29 milhões para importação de insumos destinados a pesquisas científicas, com isenção de impostos, foi definido em portaria do Ministério da Economia publicada no último dia de 2020. O total se refere a 2021. Assina a portaria Marcelo Pacheco dos Guaranys, ministro substituto. Guaranys também assina a portaria que havia definido uma cota de US$ 300 milhões para 2020. A redução expressiva de valores levou a uma contestação por parte do presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela, que enviou ofícios aos ministérios responsáveis para tentar a recomposição da cota. “Caso mantido o valor definido, teremos uma profunda redução em relação aos últimos exercícios, o que implica em refrear a capacidade de importação de bens e insumos destinados à pesquisa científica, tecnológica e de inovação brasileira, incluindo as pesquisas na área de saúde em quase 70%”, afirmou Vilela. O presidente do CNPq disse que projetos de combate à Covid-19, beneficiados com a isenção de impostos, consumiram US$ 9 milhões por mês. “Em um cenário conservador que considere a manutenção do investimento mensal por 12 meses em 2021, teremos uma demanda total de US$ 108 milhões somente para o combate à Covid-19”, complementou.
Assim, o valor estipulado para 2021, de US$ 93,29 milhões, não supriria nem os projetos dedicados ao combate à pandemia. “Reforço a necessidade de recomposição da cota de importação de US$ 300 milhões, no mínimo, para garantir as pesquisas tanto da Covid-19 como de outros projetos de grande relevância para o país”, afirmou o presidente do CNPq. Fundações ligadas ao Butantan e à Fiocruz foram os principais importadores em 2020, segundo um estudo da área técnica do CNPq. A Fundação Butantan consumiu US$ 80,3 milhões da cota, ou 26,7%. Já a fundação de apoio à Fiocruz importou US$ 47,7 milhões (15,9%). “Fiocruz e Instituto Butantan lideram a fabricação de vacinas no Brasil para o enfrentamento da Covid-19, tendo contado com o importante apoio do CNPq e da cota de importação para aquisição de insumos e bens destinados à pesquisa”, afirmou o órgão. Estudos sobre ventiladores pulmonares da Fundação Butantan, por exemplo, consumiram US$ 16,8 milhões em importações. Na Fiocruz, estudos sobre o diagnóstico do vírus necessitaram de importações que somam US$ 20,8 milhões, segundo o CNPq. Na pandemia, o governo Bolsonaro já manteve uma sobretaxa na importação de seringas chinesas e elevou a tarifa de importação de cilindros usados na armazenagem de oxigênio medicinal. Após a repercussão negativa da divulgação das duas iniciativas, o governo derrubou as cobranças.

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MIRIAN GOLDENBERG - *”E se as crianças fossem o principal grupo de risco da Covid-19?”*
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MÔNICA BERGAMO - *”Dallagnol e procuradores pedem que STF impeça que Lula tenha acesso às conversas da Lava Jato”*: O procurador Deltan Dallagnol e outros seis colegas que comandaram com ele a Operação Lava Jato em Curitiba pedem que o STF (Supremo Tribunal Federal) impeça o ex-presidente Lula de ter acesso às mensagens deles que foram hackeadas e divulgadas no escândalo que ficou conhecido como “Vaza Jato”. Elas estão hoje em poder da Polícia Federal. Na semana passada, o ministro Ricardo Lewandowski determinou a entrega imediata do material a Lula, que pretende usar as mensagens como prova de que sofreu perseguição da Lava Jato. Os procuradores pedem que o ministro reconsidere a decisão —e, em caso negativo, que encaminhe o caso ao plenário do Supremo. Eles alegam que a disponibilização do material ao petista fere o direito que têm à intimidade, privacidade —e é até mesmo uma questão de “segurança para a vida e a integridade física e moral de suas famílias”. Dizem também que o material não foi periciado e pode não ser verdadeiro. O pedido, assinado também por procuradores como Januário Paludo e Laura Tessler, causou estranheza entre magistrados: quando comandavam a Lava Jato, os operadores divulgaram mensagens de investigados —e até mesmo conversas privadas da ex-primeira-dama Marisa Letícia com os filhos dela e de Lula. A resistência levantou entre ministros também a percepção de que, embora boa parte das mensagens já tenha vindo a público, a íntegra do conteúdo preocupa os procuradores.

MÔNICA BERGAMO - *”Temer garante a ministros de Bolsonaro que Baleia não será um fator de desestabilização do governo”*: O ex-presidente Michel Temer conversou com ministros de Jair Bolsonaro e garantiu: o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) não será um fator de desestabilização do governo caso vença a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Temer tem ressaltado que Baleia Rossi é responsável e ponderado.

MÔNICA BERGAMO - *”Em dois dias, expressão 'leite condensado' é mencionada mais de 1 milhão de vezes no Twitter”*
MÔNICA BERGAMO - *”Conselho oferece suas dependências para a vacinação de médicos contra a Covid-19 em SP”*
MÔNICA BERGAMO - *”Entidades cobram prefeitura sobre atraso em auxílio para vítimas de violência doméstica na pandemia”*
MÔNICA BERGAMO - *”Ignácio de Loyola Brandão recebe título de doutor honoris causa da Universidade Estadual Paulista”*
MÔNICA BERGAMO - *”Institutos Feira Preta e Afrolatinas lançam edição 2021 de plataforma para projetos artísticos”*

CAPA – Manchete principal: *”Butantan cobra, mas governo não garante compra de vacinas”*

*”Reforma ganha corpo – Onyx deve assumir Secretaria-Geral; Mourão pressiona por saída de Araújo”*
*”Cargos e emendas causam traições no DEM”*
*”Bolsonaro sobre eleição na Câmara: ‘vamos infulir’”*
*”Por cargos, MDB deve abandonar Simone”*

*”Vacina: MP pede prisão de prefeito de Manaus”*
*”SP: covereadora do PSOL denuncia atentado a tiros”*
*”Cabo de guerra – Ministério da Saúde não confirma compra de imunizante e Butantan ameaça exportar produto”*
*”Cientistas recomendam que empresas doem vacinas ao SUS”*

*”Anvisa: laboratório é responsável por atrasos nos trâmites da Sputnik V”*
*”Indústria corre atrás da vacina – Para empresas, imunização em massa é único caminho para retomada da economia”*
*”Para analistas, ação reflete falta de organização do governo”*
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CAPA – Manchete principal: *”Governo avalia corte no imposto do diesel para atender caminhoneiros”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”As urnas de 2018 e a altivez do Congresso”*: As eleições legislativas de 2018 proporcionaram um fato inédito. Velhos nomes da política não foram eleitos, ao mesmo tempo que muitos novos candidatos conseguiram uma cadeira no Congresso. Tão logo se encerrou a apuração dos votos, o fenômeno ficou evidente. Mesmo com um sistema eleitoral cheio de defeitos, o eleitor tinha conseguido promover uma contundente renovação da Câmara e do Senado. De fato, os números das eleições legislativas de 2018 são impressionantes. Mais de 50% dos membros da Câmara e 85% dos eleitos para as vagas no Senado eram de novatos na política ou de políticos que estavam fora e voltaram. Naturalmente, o “novo” não é necessariamente sinônimo de benéfico para o País. Mas aí está outro importante aspecto das eleições de 2018. O eleitor não apenas promoveu uma renovação inédita do Congresso, como essa renovação transmitiu uma orientação clara para os parlamentares eleitos. Cansada das velhas práticas políticas, a população queria uma profunda renovação não apenas de nomes, mas principalmente de costumes e práticas políticas. Nas urnas de 2018, o eleitor estabeleceu um novo patamar moral e cívico para a política. O que havia sido tolerado por tantos anos, às vezes por décadas, já não deveria mais ser permitido. Não haveria mais tolerância, por exemplo, para transformar a atividade parlamentar em balcão de negócios. Os escândalos do mensalão e do petrolão tinham mostrado, com abundância de detalhes, os males que a corrupção da política causa ao País.
Todo esse impressionante cenário de 2018, tão próprio da democracia – o eleitor manifestando com o voto o que deseja para o País –, não pode ser esquecido às vésperas das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Um Congresso eleito com tamanha taxa de renovação e chamado a renovar os costumes políticos não pode se esquecer de sua origem. Em outras palavras, não cabe a um Congresso minimamente fiel à vontade das urnas de 2018 eleger os dois candidatos do Palácio do Planalto para as presidências das duas Casas. Basta ver, por exemplo, que Arthur Lira (Progressistas-al), condenado em segunda instância por improbidade administrativa, só tomou posse como deputado federal em 2019 em razão de liminar do Tribunal de Justiça de Alagoas. Parece ser uma troça com os anseios da população por uma nova moralidade pública alçar, pouco mais de dois anos depois, o deputado alagoano à presidência da Câmara. Além disso, os dois candidatos do Palácio do Planalto colocamse a uma grande distância de qualquer compromisso com as reformas, outra grande pauta das eleições de 2018. As recentes manifestações de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) mostram disposições bem mais modestas. Mais do que mudanças legislativas estruturantes, o que suas respectivas campanhas anunciam é um eficaz sistema de atendimento de interesses.
Mas há ainda outro aspecto mais dramático. As eleições para as presidências da Câmara e do Senado colocam à prova a própria autonomia do Congresso, enquanto Poder independente em um Estado Democrático de Direito. Com os seus votos, deputados e senadores não apenas escolherão os nomes que vão presidir a Câmara e o Senado, respectivamente. Eles definirão a identidade do Congresso perante o Executivo nos próximos dois anos. De alguma forma, esse é o principal aspecto da relação entre a vontade da população e as eleições deste ano para as duas Casas legislativas. Nas urnas de 2018, o eleitor condenou a tentativa das administrações petistas de subjugar o Legislativo aos mandos do Executivo por meio do mensalão e do petrolão. Agora, há o risco de que parlamentares eleitos por essa mesma disposição moralizadora venham a instaurar uma nova servidão no Congresso, tornando-o submisso ao Palácio do Planalto – ou um órgão subalterno para cumprir as vontades de Bolsonaro. A altiva disposição de renovar a política de 2018 não merece ser convertida numa das mais degradantes vassalagens que se conhece na política – o Legislativo que se aniquila perante o Executivo. A Venezuela trilhou esse caminho.

*”Candidatos governistas prometem barrar CPIs”* - Os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro nas disputas pelas presidências da Câmara e do Senado prometem barrar comissões parlamentares de inquérito (CPIS) com potencial de atingir o Palácio do Planalto. Uma delas, já em curso, é a CPI das Fake News, que tem como alvo o “gabinete do ódio” e filhos de Bolsonaro. A outra é a CPI da Saúde, proposta por adversários do Planalto para investigar falhas do governo na condução da pandemia de covid-19. Líder do Centrão, o deputado Arthur Lira (Progressistas-al), candidato à sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), condicionou a continuidade da CPI das Fake News à posição da maioria dos colegas. Mas, ao abordar a criação de CPIS de uma forma geral, afirmou que não é hora para “divisão e acotovelamento”. “Em qualquer matéria que tenha maioria, o debate será amplo, será democrático nesta Casa”, afirmou Lira. O candidato adiantou, porém, que é contra a CPI da Saúde. “Esse assunto não pode ser motivo de embates políticos para trazermos para a discussão traumas, interrupções bruscas democráticas”, disse ele. No Senado, o candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG) não quis se manifestar sobre o tema. Pacheco foi procurado por meio de sua assessoria durante dois dias. O Estadão apurou que o senador é contra incentivar CPIS neste momento. A eleição que vai renovar a cúpula do Congresso está marcada para a próxima segunda-feira. Lira e Pacheco têm o apoio explícito de Bolsonaro e contam com a ajuda da articulação política do Planalto, que está distribuindo cargos e recursos de emendas parlamentares, em troca de votos aos candidatos.
Bolsonaro admitiu ontem que tem interferido na disputa do Congresso. Após café da manhã com deputados do PSL, no Palácio da Alvorada, ele disse que, “se Deus quiser”, vai “participar e influir na presidência da Câmara” (mais informações na pág. A8). O PSL é o partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, mas se desfiliou um ano e oito meses depois. A sigla está dividida entre Lira e Baleia Rossi (MDBSP), avalizado por Maia. Ao contrário de Lira, Baleia é a favor tanto da continuidade da CPI das Fake News como da abertura de uma comissão para se debruçar sobre a crise do coronavírus. “Acho que o problema das fake news precisa ser debatido com mais vigor. Em relação à Saúde, todos estamos assistindo a uma série de erros”, afirmou o deputado. “Se houver apresentação de requerimento com as assinaturas necessárias e fato determinado, não há motivos para não instalar.” Para a senadora Simone Tebet (MT), candidata do MDB ao Senado, o que se espera da nova cúpula do Congresso é “imparcialidade” na análise dos pedidos de investigação e rigor no cumprimento de prazos. “Qualquer presidente do Senado que assuma em fevereiro é obrigado a instalar as comissões permanentes da Casa, inclusive o Conselho de Ética e as devidas propostas de CPIS, conforme regras regimentais”, disse ela.
Ataques. Instalada em setembro de 2019, sem o aval do governo, a CPI das Fake News pode ser decisiva para abalar os métodos digitais do bolsonarismo. O colegiado é misto, formado por deputados e senadores, e já identificou que parte dos ataques virtuais contra adversários do Planalto e integrantes do Judiciário veio do computador usado por um assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho “zero três” do presidente. Na lista de auxiliares do presidente que devem ser ouvidos está Tercio Tomaz, apontado como responsável por contas falsas. A CPI das Fake News anda em paralelo com o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal. Como mostrou o Estadão, as investigações do Supremo sobre ameaças, ofensas e notícias falsas espalhadas nas redes sociais contra integrantes da Corte fecharam o cerco sobre o “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-rj). Na prática, o Planalto se movimenta para impedir qualquer CPI. É comum ministros dizerem que todos sabem como uma comissão assim começa, mas nunca como termina, porque investigações políticas, conduzidas pelo Congresso, podem levar até mesmo ao impeachment de um presidente.
Trabalhos. Integrantes da CPI das Fake News temem agora que, eleitos, Pacheco e Lira atuem para encerrar as investigações, utilizando manobras regimentais. Em abril do ano passado, a comissão teve o prazo prorrogado por mais 180 dias, mas não se reuniu depois disso porque os trabalhos foram paralisados pela pandemia. O combinado é que esse prazo passe a contar após o retorno presencial do Congresso, mas parlamentares suspeitam que, se estiverem no comando das Casas, Pacheco e Lira podem obrigar a conclusão dos trabalhos.
“Há um esquema na turma do governo que é, assim que chegar ao poder, esvaziar, acabar com a CPI das Fake News, porque ela pega muita gente. Temos só que saber quem vai ser o pizzaiolo”, afirmou o deputado José Nelto (Podemos-go), um dos titulares da comissão. Na semana passada, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPI das Fake News, esteve com Pacheco em um encontro com o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Integrante do PSD, Coronel apoia Pacheco, que tem o respaldo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Temos que cumprir o regimento. Temos mais 180 dias, contando a partir do retorno presencial. Se houver mudança, será surpresa”, afirmou Coronel. Relatora da CPI, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) disse que a oposição está preparada para defender a continuidade das investigações. “Há muito tempo que essa CPI está no radar do governo. Aliás, ela já se instalou sem apoio do governo. É claro que eu tenho a expectativa de que eles tentem mais uma vez atacá-la. Nós vamos defender”, declarou. A ameaça ao prosseguimento dos trabalhos foi criticada pelo deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), também candidato à presidência da Câmara. “Qualquer CPI aqui corre sério risco de ser enterrada”, previu ele.
‘Ritmo’. Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-pr) negou que o alcance da CPI esteja atrelado à campanha governista para controlar as duas Casas, sob o argumento de que o ritmo de trabalho da comissão é sempre definido pelo presidente do colegiado. “Não está tendo nenhuma articulação nesse sentido, até porque a CPI está inativa”, desconversou.

*”Partidos de esquerda protocolam impeachment”* - Presidentes e líderes dos cinco partidos de esquerda na Câmara, além da Rede, apresentaram ontem mais um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Com este, deve chegar a 59 o número de representações protocoladas contra o chefe do Executivo pendentes de análise dos deputados. Cabe ao presidente da Casa analisar e dar início aos processos. Na peça divulgada ontem, os partidos argumentam que Bolsonaro cometeu “crimes de responsabilidade em série” na condução da pandemia do coronavírus. O pedido cita o colapso da saúde em Manaus, onde pacientes de covid-19 morreram por asfixia após os estoques de oxigênio de hospitais acabarem, e diz já ter passado a hora de o Congresso reagir. O documento é assinado por Rede, PSB, PT, PCDOB, PSOL e PDT, que reúnem 129 deputados. “Não tem como desvincular Bolsonaro de (Eduardo) Pazuello (ministro da Saúde)”, afirmou o líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), citando que o próprio ministro já admitiu apenas “obedecer” ao presidente. “Bolsonaro saiu na rua sem máscara, encorajou as pessoas a se aglomerarem, colocou a economia acima da vida das pessoas, acusou a imprensa muitas vezes, falando de fake news, escondendo dado de mortes, falou que tinha remédio para curar”, disse a líder da Rede, deputada Joênia Wapichana (RR). O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já afirmou que caberá a quem assumir a Casa, a partir de fevereiro, decidir se vai abrir ou não um processo contra Bolsonaro.

*”Maia: presidente quer Congresso como um ‘anexo’”*
*”DEM declara só 8 de seus 29 votos em Baleia”*
*”Bolsonaro xinga imprensa por caso do leite condensado”*
*”Mourão diz que Ernesto Araújo pode ser demitido”*

*”Do ‘anti-Davos’ à perda de protagonismo”* - O Fórum Social Mundial (FSM) – cuja vigésima edição começou no dia 23 e vai até sábado, em formato online – já chegou a ter, em sua grade de 2009, um painel com cinco presidentes em exercício da América Latina. Recebia tratamento na imprensa como um grande encontro “antidavos”, capaz de fazer frente às ideias propagadas pelo Fórum Econômico Mundial, que ocorre na cidade suíça nesta época do ano. Neste ano, porém, até a participação remota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi cancelada por que ele ainda estava, segundo a organização, “abatido” após se recuperar do coronavírus. Enquanto a edição de 2009 do FSM contou com um painel em que Lula sentou-se com Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador) para falar de rumos da América do Sul e alternativas ao modelo capitalista, a edição de 2021 não traz presidentes e ex-presidentes em sua grade. O número de participantes, que já alcançou 100 mil em outras edições, agora chegou a 6 mil, considerando inscritos até o início do evento.
Na visão da cientista política Ana Prestes, cuja tese de doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é sobre o FSM, o encontro anual vem perdendo relevância desde 2009 e atualmente ficou estereotipado como um isolado encontro das esquerdas. “Quando ele surgiu, a imprensa cobria tanto o fórum de Davos quando o Fórum Social Mundial. A gente via, pelos jornais, que se falava dos dois encontros. Era realmente o ‘anti-davos’, realmente era visto assim. Hoje ele não tem mais essa força”, afirmou Ana. Ela aponta cinco motivos para a queda de relevância, inclusive um de fundo econômico: a crise mundial de 2008 afetou financeiramente as ONGS que ajudavam a organizar o Fórum, levando a uma queda do viajantes que vinham da Europa assim como a verba de projetos associados ao encontro. “É como se tivesse secado a torneira de financiamento dos Estados Unidos e da Europa”, disse. Neste ano, os eixos temáticos do Fórum vão de assuntos ligados ao clima e meio ambiente a feminismo, justiça econômica e povos originários. O evento de abertura foi seguido de uma “marcha virtual”, que substituiu a tradicional marcha presencial, em que foram apresentados vídeos e depoimentos de movimentos por justiça social e econômica ao redor do mundo.
Um dos idealizadores do Fórum, Oded Grajew minimizou a questão da relevância do evento em si, salientando a relevância dos trabalhos realizados no encontro. Também citou ao Estadão os frutos colhidos a partir da existência, há vinte anos, de um contraponto a Davos. “O que é importante no Fórum Social Mundial não é aparecer ou ser mais relevante”, afirmou. “O importante é a relevância que ele gera, ele é o meio para os temas levantados, as denúncias citadas e a articulação que o encontro gera.” Grajew lembra que, quando o Fórum Social Mundial passou a ser realizado, prevalecia o entendimento de que a economia livre de amarras e regulações seria o caminho para propiciar bem-estar a todas as pessoas. “Chegavam a dizer que a humanidade tinha chegado ao fim da História, tinha alcançado o modelo (de funcionamento) ideal para o mundo”, disse. “Hoje em dia, ninguém vai advogar que a economia livre de todas as regras terá esse efeito. O assunto das desigualdades está mais visível do que nunca, assim como a questão ambiental e as ameaças à democracia. Inclusive foram esses os grandes eixos da campanha do Joe Biden”, concluiu, citando o novo presidente dos Estados Unidos.

*”Covereadora do PSOL relata atentado a tiros”*

*”Marques se torna ‘voto de minerva’ para Lula”* - Novato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Nunes Marques deve selar o destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no habeas corpus que discute se o ex-juiz Sérgio Moro agiu com parcialidade ao condenar o petista na ação do triplex do Guarujá. O julgamento é acompanhado por aliados do presidente Jair Bolsonaro, responsável por indicar Marques à Corte, pois uma vitória de Lula abre a possibilidade para uma volta do petista à disputa eleitoral de 2022. Segundo o Estadão apurou, a Segunda Turma do STF deve retomar a análise da ação neste semestre. A discussão, iniciada em dezembro de 2018, ganhou força após hackers divulgarem mensagens privadas trocadas por Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Na semana passada, uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski, integrante da Segunda Turma, garantiu à defesa de Lula acesso à íntegra do material obtido pelos criminosos virtuais. O objetivo de Lula é fazer um pente-fino nas mensagens para tentar reforçar a acusação de que Moro o via como um “inimigo” ao condená-lo a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo o imóvel. Foi com base nessa condenação, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que o petista foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Inelegível, ele teve o registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, o que obrigou o PT a substituí-lo por Fernando Haddad na cabeça da chapa.
Para a defesa do ex-presidente, uma decisão favorável no Supremo – e a consequente anulação da condenação – pode tornar Lula elegível novamente, afastando empecilhos jurídicos a uma eventual candidatura à Presidência em 2022. Bolsonaro pretende tentar a reeleição. Se a Segunda Turma, formada por cinco dos 11 ministros do STF, concordar com a tese de que Moro foi parcial ao sentenciar Lula no caso do triplex, a condenação deve ser derrubada, fazendo o processo voltar à estaca zero. Uma decisão nesse sentido poderia respingar em outro caso, o do sítio de Atibaia, no qual Lula também foi condenado em segunda instância, na avaliação da criminalista Raquel Scalcon, professora de Direito Penal da FGV São Paulo. “A suspeição não se dá em um processo apenas, mas na relação com o réu. A questão da parcialidade não é em qual processo, mas com qual réu, no caso o ex-presidente Lula. Há uma contaminação (na ação do sítio), porque atos processuais importantes foram proferidos por Moro”, afirmou Raquel.
Votos. A defesa de Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes, presidente da Segunda Turma, “prioridade” no julgamento sobre a suspeição de Moro. Em dezembro de 2018, Gilmar pediu vista (mais tempo para análise), interrompendo o exame do caso depois que dois colegas já tinham votado contra as pretensões do petista. O relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, e a ministra Cármen Lúcia rejeitaram o habeas corpus. Ainda faltam três votos: de Gilmar, Lewandowski e Marques. As mensagens obtidas pelos hackers foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil meses depois do início do julgamento na Corte.
Gilmar e Lewandowski são da ala garantista do STF, críticos aos métodos de investigação da Lava Jato. Em um julgamento em agosto do ano passado, os dois atacaram Moro e indicaram que votarão pela suspeição do então juiz. Na ocasião, a Segunda Turma analisou um outro pedido de Lula, para que a delação do ex-ministro Antonio Palocci fosse excluída da ação penal que mira o Instituto Lula. Gilmar e Lewandowski afirmaram que há indicativos de que Moro quebrou a imparcialidade e violou o sistema acusatório ao incluir a delação de Palocci na investigação e torná-la pública a seis dias da eleição de 2018. Como Gilmar e Lewandowski já sinalizaram o voto pela suspeição de Moro, a definição do placar deve ficar com Nunes Marques. Em julgamentos e decisões individuais, Marques tem proferido votos alinhados a interesses do Planalto e da classe política. Ele também já se uniu a Gilmar e a Lewandowski para impor reveses à Lava Jato na Segunda Turma. Com o voto dele, por exemplo, o colegiado manteve a decisão de retirar a delação de Palocci da ação penal sobre o Instituto Lula.
‘Unanimidade’. Moro afirmou ao Estadão que o TRF-4 e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmaram, “sempre por unanimidade”, a condenação imposta a Lula no caso do triplex do Guarujá, “não havendo qualquer vício nela”. O gabinete de Nunes Marques e a assessoria de Lula foram procurados, mas não se manifestaram.

*”Biden coloca mudança climática no centro das decisões do seu governo”*

*”Repasse federal a Manaus não cresce no mesmo ritmo de casos e mortes por covid”* - O dinheiro do governo federal repassado a Manaus para combater a covid não acompanhou o mesmo ritmo do avanço de casos e mortes pela doença. A cidade foi a quinta capital brasileira no índice de letalidade pela doença em 2020, mas a 26.ª no repasse de recursos proporcionais ao tamanho da população. O sistema de saúde de Manaus entrou em colapso e uma mutação do novo coronavírus avançou e chegou a outros Estados, como São Paulo. Após pacientes começarem a morrer por falta de oxigênio, o presidente Jair Bolsonaro argumentou que o governo federal fez tudo o que podia em relação a recursos financeiros e apoio. Ele também publicou uma imagem nas redes sociais indicando que repassou R$ 8,91 bilhões para Estado e municípios . O número, porém, representa todas as transferências da União, e não apenas os recursos da covid-19. Ontem, retomou o discurso. “Nós demos dinheiro, recursos e meios. Não fomos oficiados por ninguém do Estado na questão do oxigênio”, disse, ao chegar ao Palácio da Alvorada. Segundo ele, foi a White Martins, principal fornecedora de oxigênio no Amazonas, que informou o problema na sexta-feira, 8 de janeiro. “E na segunda estava lá o ministro”, disse ele, em referência ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Dados da Inteligov, plataforma de monitoramento legislativo e informações públicas, apontam um descompasso nas transferências da União. E a mesma situação é observada em outras capitais também ameaçadas por um colapso, como Belém, São Luís e Fortaleza. Em 2020, a União transferiu um total de R$ 341 milhões para Manaus em recursos diretamente relacionados à covid-19, incluindo o socorro financeiro para Estados e municípios e o auxílio emergencial a trabalhadores informais e desempregados. A capital registrou 3.975 mortes pelo novo coronavírus no período. O repasse de recursos, porém, só acompanhou proporcionalmente o crescimento dos casos a partir de julho, conforme a Inteligov. No início da pandemia, em abril, a capital foi a primeira a ver seu sistema de saúde entrar em colapso em função da doença. De abril até junho, o volume de transferências dobrou, mas o número de mortes aumentou quase 18 vezes. Em comparação, Curitiba teve um aumento semelhante de repasses financeiros, mas com o número de mortes aumentando em dez vezes. “No caso de Manaus, é como se o número de bombeiros suficientes para combater um incêndio só chegasse depois que a linha do fogo já se espalhou”, afirmou o CEO da Inteligov, Raphael Caldas.
Capital. Manaus recebeu R$ 156,30 por habitante ao longo do ano para combater a doença. Foi a segunda capital do País com o menor volume de transferências em relação ao tamanho da população, perdendo só para o Rio (R$ 149,45). Nessa comparação, a cidade ficou abaixo da média do Estado do Amazonas (R$ 298,36) e mais ainda da média das outras capitais (R$ 421,49). Manaus foi a quinta capital no índice de letalidade que mede o número de óbitos em relação aos casos positivos. “Os dados sugerem que esse descompasso da transferência de recursos e a desigualdade em relação a outras capitais podem ter sido fatores para a situação em Manaus estar mais grave”, afirma o diretor de operações da Inteligov, Diogo Jodar.
O socorro financeiro do governo federal foi uma demanda de Estados e municípios após o impacto da covid-19. “A questão financeira foi bem otimizada, mas a pandemia nos trouxe um desafio muito grande, não tínhamos um protocolo no começo e durante o ano aprendemos a conviver com ela”, afirmou o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire Bezerra. De acordo com o economista e especialista em saúde coletiva Adilson Soares, professor do Programa de Pós Graduação em Ciências da Secretaria de Saúde de São Paulo, o governo federal priorizou nos primeiros meses investimentos em leitos e estrutura hospitalar, e não em ações preventivas. “Tardou na execução dos recursos, que foram insuficientes, e não adotou critérios epidemiológicos na sua aplicação. Os recursos foram carreados para os entes federados com maior capacidade assistencial instalada, justamente os que historicamente recebem os maiores porcentuais dos recursos disponíveis, em detrimento de investimentos onde a demanda é mais sentida, como no caso de Manaus.”
Sem vínculo. Procurado, o governo do Amazonas afirmou “que não há recomendação da União sobre a aplicação de recursos vinculada ao número de casos de covid-19 e que os recursos recebidos foram aplicados de um modo geral na ampliação da capacidade da rede estadual de assistência à saúde”. Já o Ministério da Saúde e a prefeitura de Manaus não comentaram.

*”SP pede para adiar a 2ª dose da Coronavac”*

ENTREVISTA: FERNANDO PADULA, secretário municipal de Educação de São Paulo - *”Escola deve ser a última a fechar e a 1ª a ser reaberta”*: Às vésperas da volta às aulas em São Paulo, no dia 1.º, o novo secretário municipal de Educação, Fernando Padula, não descarta novo fechamento das escolas públicas e particulares se a situação da pandemia piorar. Mas “reza” para que isso não aconteça, como conta em sua primeira entrevista exclusiva desde que assumiu. E diz que, num eventual novo cenário, elas seriam as últimas a parar e as primeiras a voltar. “Vamos seguir a determinação da Saúde, a educação não vai se rebelar, mas vamos argumentar que, do ponto de vista educacional, psicológico, de sociabilidade, da nutrição, é importante que a escola esteja aberta ou que fique fechada o menor tempo possível”, diz. A volta presencial nas creches e escolas da Prefeitura este ano é obrigatória. Padula ainda se vê diante de ameaças de greve dos professores da rede municipal, que querem o retorno em março. Desde que assumiu no começo do mês, o novo secretário tem conversado com pediatras e educadores para viabilizar a volta e está convencido de que a escola não é local de grande transmissão da covid. Em 2020, a Prefeitura foi a pedra no sapato dos movimentos a favor da volta. Mesmo com autorização do Estado, Covas permitiu só atividades extracurriculares presenciais.
A amizade que tem desde os seus tempos de adolescência com o prefeito ajudou Padula a ter Covas ao seu lado. O secretário, de 43 anos, conheceu o atual prefeito porque seu avô, Mario Covas, era um “ídolo na infância e adolescência”. Quando menino, Padula fez de tudo para conhecer o então senador, que acabou se tornando uma espécie de mentor dele na política. Formado em Direito, ele atuou como chefe de gabinete durante nove anos na Secretaria Estadual de Educação, com notórios educadores tucanos, entre os quais Paulo Renato Souza e Maria Helena Castro.
• As negociações entre Educação e Saúde não foram fáceis em 2020. Isso mudou agora?
- Estamos tendo uma excelente relação com a Saúde, com conversas com especialistas, pediatras. Estamos criando um grupo das duas secretarias e as 468 UBSS vão acompanhar as escolas municipais. E também um comitê de orientação, com a sociedade civil, Sociedade Brasileira de Pediatria, para orientar a Secretaria da educação e acompanhar as ações.

• Por que o senhor considera a volta tão importante?
- Do ponto de vista da educação, as evidências são enormes: pedagógicas, de convivência, sociabilidade, para evitar a violência. Esse conjunto mostra que a escola é essencial e precisa existir. Mas é voltar a qualquer preço? Não, se tiver uma explosão da pandemia vai ter de fechar. Mesmo que seja mais pra frente, fecha por um período curto e abre de novo.

• Não estamos numa explosão da pandemia agora?
- Aqui em São Paulo os dados são melhores. Nós vamos seguir a determinação da Saúde sempre, a educação não vai se rebelar, mas vamos argumentar que do ponto de vista educacional, psicológico, de sociabilidade, nutrição, é importante que a escola esteja aberta ou que fique fechada o menor tempo possível. Rezo para que não fechem, mas se a saúde mandar, vamos fechar. É imprevisível. Estava tudo baixando, aí o pessoal foi para a praia, festa, pancadão, e explodiu. A escola pode ser a vítima do comportamento da sociedade.

• Consegue ver o cenário na cidade em que tudo está fechado e só a escola continua aberta, como em outras capitais do mundo?
- Sim. E consigo também ver tudo fechado de novo, até a escola, mas ela sendo a primeira a ser reaberta. A escola deve ser a última coisa a fechar. Há consenso na Prefeitura. A Saúde pesquisou, tem acompanhamento de inquéritos em crianças e se tomou a decisão de abrir. Eu acho que essa foi uma evolução. No ano passado se achava que a escola era um grande foco de contaminação. Entramos na pandemia num susto e agora temos de sair de forma organizada e planejada.

• Concorda com a obrigatoriedade de volta para os alunos?
- Não. Primeiro porque tem uma lei da cidade de São Paulo que fala que é optativo enquanto tiver pandemia. Claro, em situação normal, educação é obrigação do Estado, da família, está na Constituição. Mas estamos vivendo um momento diferente. Eu prefiro o convencimento. E gradativamente todos vão voltar porque a educação é necessária e importante.

• Mas para escolas e professores é obrigatório. Como a Prefeitura agirá se uma escola não voltar?
- Aí com muito jeito, a equipe da diretoria regional de ensino tem de ir na escola e falar dessa obrigatoriedade. Eu quero construir consensos.

• O senhor teme greve de professores agora?
- Claro. Qual o princípio para a volta às aulas? É prejudicial para os alunos estarem fora da escola. O que a greve provoca? O aluno não estar na escola. Tive já duas conversas com os sindicatos. Deixei clara a minha posição, sou contra homeschooling, acho que adiar volta às aulas fortalece o discurso de quem defende que não precisa ter escola.

*”Governo avalia cortar impostos de diesel para evitar greve dos caminhoneiros”*
*”Bolsonaro apela para que não ocorra greve: ‘Todos vamos perder’”*
*”Governo estuda facilitar corte de jornada e salário”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Grandes empresas descartam aderir à compra de vacinas”*

*”Crise climática leva empresários, políticos e cientistas a criar aliança”* - Uma nova aliança de empresas, investidores, lideranças políticas e religiosas, cientistas e ambientalistas será lançada hoje no Brasil para estimular a ação pela proteção climática e reforçar as graves consequências da inação. A Aliança pela Ação Climática Brasil (ACA) inspira-se no famoso movimento de resistência ao negacionismo do ex-presidente Donald Trump ao tema, o “We Are Still In” americano. O movimento americano surgiu em resposta à retirada dos EUA do Acordo de Paris por Trump. Reuniu mais de 3.900 signatários comprometidos com ações climáticas. Representam 155 milhões de americanos em 50 Estados e US$ 9,46 trilhões do PIB dos Estados Unidos. O Brasil continua no Acordo de Paris, mas os retrocessos ambientais, a falta de interlocução do governo e transparência dos planos estimulam a formação da aliança. “O tema é mundial e só terá efeito se tivermos uma ação global, bem articulada e eficiente, que tenha por objetivo realizar no mundo todo obras de adaptação e medidas de mitigação”, diz o governador do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB). A política negacionista de Trump “deu aos atores subnacionais um papel importante na ação climática dos EUA. Aqui também, com a política negacionista do presidente Bolsonaro, Estados e municípios assumem outro protagonismo”, continua.
“A crise climática é muito maior que a da pandemia, provocada justamente pelo modelo predatório de desenvolvimento mundial”, diz Marcírio Lemos, coordenador da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), rede de ONGs que busca dar acesso à água e terra às famílias do semiárido, região mais atingida no país pela crise do clima. “” A ACA é uma aliança de incidência política, mas também de ação prática.”
“Todas as alianças são interessantes por si”, diz Suzana Kahn, vice-diretora da Coppe/UFRJ e que fala hoje no lançamento da iniciativa. “Está se organizando a entrada de novos atores neste debate. É uma chance adicional de fazer a roda girar”, diz a cientista. “É preciso influenciar os políticos, já que precisamos de políticas públicas para implementar decisões”.
“Há uma analogia com o movimento ‘We Are Still In’, mas a ideia da ACA é movimentar a agenda climática e congregar todas as iniciativas em prol de uma agenda comum nacional”, diz Lauro Martins, diretor-executivo para a América Latina da CDP, ONG internacional fundada em 2000 por um grupo de investidores com interesse na temática da mudança do clima.
“É preciso movimentar a agenda e o Brasil tem de ser mais ambicioso em sua atuação”, diz Martins. A CDP é uma das ONGs por trás da iniciativa no Brasil, assim como o Instituto Clima e Sociedade (iCS), Iclei, Centro Brasil no Clima (CBC) e WWF. Cada um desses grupos tem muitos associados entre empresas, ambientalistas, lideranças políticas e religiosas. Segundo Martins, os filiados apresentarão compromissos em sintonia com o Acordo de Paris. “Empresas têm que assumir metas de redução de emissões; investidores, a descarbonização de seus porfólios; cidades têm que ter planos de mitigação e adaptação”, diz. “Cada ator tem que fazer seu papel para essa agenda andar. Isso independe do governo federal.”
“A discussão climática no Brasil é decisiva”, diz o pastor Ariovaldo Ramos, coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, que reúne 140 mil religiosos de várias denominações e foi criada à época do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. “O Brasil é guardião de sete biomas. É um privilégio. Espero que a ACA seja uma aliança de discussão e formação da população sobre o que é meio ambiente.” O movimento da ACA é internacional e está no Japão, Vietnã, Argentina e outros. “É pluridiverso. Em um ano de negociação climática, a CoP de Glasgow, é importante termos sinergia”, diz Guilherme Syrkis, diretor-executivo do CBC. “Temos que incentivar o processo de cumprimento da meta brasileira com os governos subnacionais.”
“É uma grande oportunidade de termos contato com vários públicos diversos e estarmos em um fórum com posicionamento construtivo”, diz Adieliton Galvão, gerente de sustentabilidade da Cemig. A ACA não é um clube sem responsabilidades. Os compromissos têm que ser assumidos, cumpridos e monitorados.

*”Extração de ouro gera avanço irrisório para Amazônia”* - A extração de ouro e diamantes nos municípios da Amazônia causa impacto de apenas três anos nos indicadores de saúde. Em educação e no PIB per capita o período máximo é ligeiramente maior, cinco anos. A exploração produz efeitos breves e não traz desenvolvimento para a região. Esta é a constatação central do estudo “Qual o real impacto socioeconômico da exploração de ouro e diamantes na Amazônia”, elaborado por uma equipe de pesquisadores do Instituto Escolhas. Será lançado em webinar hoje. “A atividade de mineração de ouro e diamantes na Amazônia sempre vem acompanhada de uma justificativa econômica, de que é importante para a economia local e que gera benefícios. Mas não é isso que encontramos”, diz Larissa Rodrigues, gerente de projetos e produtos do Escolhas e coordenadora do estudo. “Este estudo confirma que tanto a extração de ouro como a de diamantes não é capaz de quebrar a lógica econômica baseada na usurpação dos recursos naturais da Amazônia, que acaba gerando benefício para poucos e um rastro de pobreza e destruição ambiental para muitos”, continua Larissa. “É uma atividade que não é capaz de gerar desenvolvimento para a população”. “A extração desses minérios não transforma a realidade local a longo prazo”, diz o sumário executivo do estudo. “Mantém a região pobre, doente e sem educação”, resume a pesquisadora.
O estudo não distingue extração legal da ilegal e analisou todas as cidades da Amazônia onde ocorreu exploração dos minérios ao longo de 12 anos, entre 2005 e 2016. As cidades foram agrupadas em função do número de anos em que estiveram expostos à atividade (de um a 12 anos). Depois foram comparadas a outras, na Amazônia, sem extração e com situação socioeconômica parecida. Para entender o impacto da exploração dos dois minérios foi adotada uma metodologia estatística. Foram identificados 73 municípios onde ocorreu extração de ouro e diamantes no período. A base da análise é o recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Este é o rastro legal da exploração de Recursos Minerais (CFEM). Este é o rastro legal da exploração, mas também o caminho ilegal, quando a tentativa é de “lavar” o ouro e os diamantes extraídos. Os valores da arrecadação da CFEM, para extração de ouro e diamantes em municípios da Amazônia Legal entre 2003 e 2020 mostram que Itaituba, no Pará, recolheu mais de R$ 93 milhões e responde por 22% da extração de ouro na região. Pedra Branca do Amapari, no Amapá, é a segunda colocada, com mais de R$ 77 milhões e 18,4% de participação. Os municípios recolheram o equivalente a R$ 419,7 milhões no período, da CFEM, em extração de ouro.
A arrecadação para diamantes é bem menor - R$ 697,3 mil no período, na CFEM. Juína é a primeira no ranking (R$ 268,1 mil) seguida por Torixoréu (R$ 139,7 mil) e Chapada dos Guimarães (R$ 101,2 mil), todas em Mato Grosso. No caso do indicador emprego e renda, o impacto foi confirmado nas cidades que têm extração por, pelo menos, três anos. A qualidade do emprego, contudo, é discutível. “À luz desses resultados, que revelam o impacto temporário da atividade e desmistificam a ilusão de geração de riquezas e desenvolvimento, é que iniciativas como as que pretendem viabilizar a mineração dentro de terras indígenas devem ser avaliadas”, diz o estudo.

*”Projeto atrairá investimento para região, diz Mourão”* - O Ministério da Economia trabalha em um pacote de medidas para atrair investimentos na bioeconomia da região amazônica, disse ontem o vice-presidente Hamilton Mourão, durante participação no encontro virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos. Ele também anunciou, sem dar detalhes, que a Amazônia teve queda de 17% do desmatamento ilegal no segundo semestre de 2020. “O Ministério da Economia está trabalhando em um ‘New Green Amazon Project’ para implementar medidas concretas a fim de melhorar o ambiente de negócios e atrair mais investimentos para a região”, disse Mourão, que leu um discurso em inglês. De acordo com Mourão, o engajamento do setor privado e a chegada de investimentos internacionais são vitais para o sucesso da bioeconomia, permitindo conciliar desenvolvimento sustentável e preservação ambiental. O painel “Financiando a Transição da Amazônia para uma Bioeconomia Sustentável” teve as participações ainda do presidente da Colômbia, Iván Duque, do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, e da secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Maria Alexandra Moreira López. Ressaltando o trabalho do Conselho Nacional da Amazônia, Mourão disse que o governo brasileiro tem trabalhado “sem descanso” para combater queimadas e o desmatamento ilegal, demonstrando comprometimento com a agenda internacional de sustentabilidade.

*”Empresas reveem posição sobre negociação para compra de vacina”* - Grandes empresas que participaram das negociações para compra da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca podem desembarcar da iniciativa que reuniu ao menos 72 nomes fortes da economia brasileira. A dificuldade para arregimentar as 33 milhões de doses pretendidas, divergências quanto ao percentual que deverá ser doado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a repercussão negativa na sociedade e especialistas de saúde pública levaram à reavaliação, conforme o Valor apurou. Pesaram também questões jurídicas e de logística. Apesar das divergências dentro do grupo, as tratativas com acionistas da AstraZeneca - principalmente fundos de investimentos que disporiam desse lote do imunizante - continuam e diferentes entidades setoriais saíram em defesa da iniciativa. A Vale, Petrobras, Gerdau participaram do início das conversas, que tiveram a coordenação da Coalização Indústria (que reúne 16 entidades setoriais da indústria de transformação e da construção civil) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Das instituições financeiras, Itaú e Santander negaram que irão aderir ao consórcio ou que poderão comprar a vacina para seus funcionários por alguma outra forma. Já o Bradesco preferiu não comentar o assunto.
Das 33 milhões de doses que estariam disponíveis, 50% seriam doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e 50% dedicadas às empresas participantes. A iniciativa contou com a benção do governo, que exigiu, como contrapartida, a doação de ao menos metade e que a vacina fosse somente aplicada em pessoas no país. Vale já havia deixado o grupo e a Petrobras não quis se pronunciar sobre sua continuidade no movimento empresarial. Executivo de uma grande companhia disse que foi procurado para participar da compra de vacinas e disse que esse tipo de ação poderia até ser positiva caso cumprisse com uma série de condições. Entre elas não entregar mais vacinas para as campanhas públicas e acelerar o calendário de vacinação para todo a população. No entanto, para que isso fizesse sentido, os preços das vacinas teriam de ser compatíveis com os praticados para governos, de modo a não causar inflação de preços e, por consequência, potenciais incentivos de desvio do setor público para o privado, e também não poderia interferir em entregas programadas para governos. Ontem, a Gerdau informou ao Valor que participará apenas de iniciativas de compra de vacinas se a totalidade for doada ao SUS e acrescentou que não “não tem interesse em reter ou comprar qualquer quantidade de vacinas para seus colaboradores”.
Maior incorporadora do país, a MRV pretende comprar vacinas que fazem parte do pacote em negociação. Segundo o fundador e presidente do conselho de administração da companhia, Rubens Menin, todas as doses serão doadas ao governo. “Não vamos ficar com nenhuma vacina. Somos favoráveis a tudo com que pudermos contribuir”, afirmou. Entre as convidadas para participar da iniciativa estava a Oi. Procurada, a operadora de telefonia não se pronunciou, mas a reportagem apurou que a empresa não aceitou. O Valor apurou que Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, participou da reunião on-line promovida pela Fiesp do dia 13 com integrantes do governo sobre plano de vacinação. Mas a empresa não participa de nenhuma conversa sobre compra de vacinas pelo setor privado. O presidente-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung se manifestou a favor da compra de vacinas pela iniciativa privada em seu Twitter. Mas ponderou que deve haver respeito às prioridades pré-estalecidas pelo Ministério da Saúde. “A iniciativa dos governos subnacionais e de empresas na busca por vacinas, devido à visível deficiência no fluxo de fornecimento à população, é muito bem-vinda. No entanto, é importante lembrar que a fila de prioridades do SUS deve ser respeitada, sem brechas para privilégios”, escreveu.
O valor negociado com acionistas da farmacêutica, é da ordem de US$ 24 por dose. O valor é superior aos US$ 5 a US$ 7 acordados por outros compradores públicos, entre os quais o governo brasileiro e pela União Europeia. Como a ideia original de uso privado de vacinas por parte das empresas alimentou críticas, uma nova abordagem passou a ser desenhada. Duas fontes disseram que esse plano B deve ser apresentado ao General Braga Neto nos próximos dias. Uma das ações desse novo plano seria o apoio na criação de uma campanha nacional de vacinação. Essa discussão específica começou a ganhar força maior há cerca de três semanas. Fazem parte desse grupo líderes do setor de comércio, bancos, hotéis, shopping centers. A empresária Luiza Helena Trajano é uma das participantes desse debate. “Queremos deixar essa ideia de vacina privada, que fura fila, de lado. Isso não funcionou bem. Estamos levando um conjunto de sugestões ao governo nesse sentido”, diz um diretor de uma associação setorial. Outra iniciativa é o uso das farmácias como ponto de vacinação. São cerca de 90 mil farmácias no país. Na semana passada, o ex-ministro da Saúde Luiz Herique Mandetta chegou a conversar com alguns grupos de discussão do setor privado. Uma das questões levantadas por ele refere-se ao calendário de vacinação anual da gripe, que deve ocorrer ao mesmo tempo em que acontece a vacinação da covid-19. Ele ainda teria alertado empresários sobre a importância de colaborarem com fornecimento de seringas e agulhas.

*”Entidades analisam possível aquisição”* - Entidades setoriais avaliam proposta de compra de vacinas para imunizar seus funcionários

*”Com planejamento, vacinação exigiria 3 meses, diz professor”* - Para Adriano Massuda, expectativa é que aplicação do imunizante continue no ano que vem

*”Butantan cobra decisão do ministério sobre aquisição e ameaça exportar doses”* - Presidente do instituto diz que “chegou o momento” de governo federal anunciar se vai exercer opção por adquirir novo lote de Coronavac

*”Em meio a polêmica, países da Ásia e América Latina liberam compra privada”* - México, Tailândia e Paquistão estão entre os que autorizaram aquisição por particulares

*”Comércio eletrônico teve boom em 2020”* - Dados mostram que compras chegaram a R$ 231 bilhões, efeito direto da pandemia

*”Conta corrente tem menor déficit desde 2007”* - Pandemia jogou rombo nas contas externas para US$ 12,5 bilhões em 2020, o que equivale a 0,87% do PIB

*”BNDES pode estruturar nova licitação no Estado do Rio”* - Governo fluminense foi procurado por cinco prefeituras interessadas em aderir ao processo em andamento

*”Renúncia fiscal teve efeito nulo na economia, indica estudo”* - As renúncias de tributos pelo governo, também conhecidos como gastos tributários, praticamente não tiveram efeito sobre o desempenho da economia brasileira. Ao contrário, em um prazo mais longo, até reduziram, ainda que em magnitude pequena, o PIB per capita. A conclusão é de estudo do economista Caíque Corcelli, publicado na revista “Caderno de Finanças Públicas do Tesouro Nacional”. A opinião não é do órgão. O texto apresenta cálculos matemáticos para chegar à conclusão que, de maneira geral, essa política não se mostrou eficiente. “Da análise empírica foi possível concluir que os gastos tributários entre 2003 e 2015 tiveram associação negativa, mas próxima de zero com a taxa de crescimento da economia - para cada 1 p.p. de aumento na razão gastos tributários sobre PIB há uma redução de 0,013% p.p. no crescimento do PIB per capita de longo prazo [quatro anos à frente]”, diz Corcelli. Uma das hipóteses para essa questão é que esses benefícios foram sendo dados com poucas exigências de contrapartidas em “termos de investimento, emprego e inovação tecnológica em setores de ponta, influenciando pouco o crescimento de longo prazo”. “Nesta linha, os gastos tributários possuem, em sua totalidade, pouca capacidade de afetar a taxa de crescimento econômico”.
O economista, que também é sócio da CBA consultoria econômica, disse ao Valor que é preciso tomar cuidado com as conclusões, que podem ser diferentes, se os programas forem analisados individualmente. Segundo ele, os resultados não querem dizer que essas políticas devem ser desfeitas, especialmente em um momento como atual, que poderia agravar a situação frágil da economia e do emprego. “Se esses benefícios fossem retirados em meio a essa crise, a situação das empresas ficaria pior”, disse. Afirmou não ser contrário necessariamente a esse tipo de política pública, mas que alternativas como gasto público direto podem ser mais eficazes. O ex-subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia e pesquisador do Ipea, Marco Cavalcanti, analisou o trabalho. “Os resultados obtidos indicam efeito pouco relevante do gasto tributário sobre o crescimento. A maioria dos trabalhos empíricos na área de macroeconomia está sujeita a hipóteses e limitações importantes, e este não é exceção”, comentou. Cavalcanti destaca que diferentes tipos de benefícios tributários apresentam objetivos distintos, e muitos não têm preocupação direta em estimular a atividade econômica, como nos casos de desoneração da cesta básica e de medicamentos, deduções de despesas médicas do IRPF.
“Mesmo programas como o Simples têm foco maior na geração de empregos do que no estímulo à atividade econômica em geral. Logo, o aumento do montante de recursos associados a esses benefícios não deveria necessariamente apresentar impacto positivo no PIB alguns anos à frente. Como o trabalho trata do gasto tributário total, sem tentar separar diferentes tipos de programas, sua conclusão não representa, por si só, uma avaliação negativa do gasto tributário no Brasil”, explicou. Fábio Terra, professor da UFABC e presidente da Associação Keynesiana Brasileira, vai na mesma direção e defende um esforço mais institucionalizado de avaliação e revisão de gastos. Para ele, o estudo tem o mérito de analisar algo que é pouco estudado no país e é uma contribuição “original” nesse tema das renúncias tributárias.

*”Bolsonaro acena com redução de imposto para baixar diesel”* - Aceno de Bolsonaro com redução de impostos ocorreu quando novo aumento do preço do diesel passou a valer nas refinarias

*”Imposto menor para ricos não melhora PIB nem emprego, diz estudo”* - Reformas tributárias que diminuem impostos para os mais ricos acentuam a desigualdade social, mas sem consequências significativas sobre o crescimento econômico nem sobre a criação de empregos. O achado está em um trabalho de dois pesos-pesados da cena acadêmica de Londres, que chega em momento de crescente debate sobre a sustentabilidade das contas públicas no mundo pós-pandemia. O estudo, recém-lançado pelos professores David Hope (London School of Economics) e Julian Limberg (King’s College), analisou o impacto da redução de impostos para o segmento mais rico da população durante meio século - entre 1965 e 2015. Foram observados 18 países que fazem parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluindo os Estados Unidos e vários europeus. Uma das principais conclusões é que, três anos depois dos cortes de impostos, a participação dos 1% mais ricos na renda nacional avançou 0,6 ponto percentual em média. Após cinco anos, essa participação ficou 0,8 ponto percentual maior. Enquanto isso, praticamente não há evidências de reflexos positivos sobre o PIB per capita e os indicadores de desemprego, que recebem uma influência muito marginal desse alívio tributário.
Os autores identificaram um total de 30 casos de reduções de impostos do gênero nos países avaliados. Para uma corrente do pensamento econômico, impostos mais baixos ao topo da pirâmide podem ter um efeito contraintuitivo, de melhorar a renda também para a base ao girar a economia e criar empregos. Nos Estados Unidos, são argumentos com receptividade principalmente no Partido Republicano. Além da economia americana, Hope e Limberg estudaram os seguintes países: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido, Suécia e Suíça. Nenhuma nação emergente foi incluída. Os autores complementam: “Nossos resultados têm implicações importantes para os atuais debates em torno das consequências econômicas de tributar os ricos, já que fornecem evidência causal que ampara o crescente leque de evidências de estudos correlatos de que cortar impostos dos mais ricos aumenta a participação deles na renda [nacional], mas tem pouco efeito sobre o desempenho econômico”.
A intuição dos professores, não testada em levantamentos empíricos, vai na linha de que o contrário seria igualmente verdadeiro: taxar os mais ricos, em um momento em que as finanças públicas devem sair duramente combalidas da pandemia de covid-19, também não teria consequências ruins para a economia e pode ser um caminho viável para governos com dramas fiscais. Nas palavras de Limberg, o estuda chega potencialmente como “boa notícia para governos que procuram reparar as finanças públicas depois da crise de covid-19, na medida em que [os resultados] insinuam que eles não devem estar indevidamente preocupados sobre as consequências econômicas de uma maior tributação sobre os ricos”. Países latino-americanos, como Bolívia, estão começando a implantar taxações sobre grandes fortunas. Na Argentina, foi aprovada lei que tributa, uma única vez, patrimônios acima de 200 milhões de pesos (cerca de R$ 13 milhões). A alíquota varia de 2% a 3,5%, percentual a ser aplicado quando a fortuna supera o equivalente a R$ 181 milhões.

*”Mourão diz que reforma ministerial pode incluir troca no Itamaraty”* - Ernesto Araújo voltou a aparecer com o presidente em almoço com cantores sertanejos

*”Temer e FHC não veem risco institucional”* - Ex-presidentes dizem que Forças Armadas não desejam neste momento apoiar um eventual governo autoritário e militares descartaram uma nova ditadura militar no país

*”Bolsonaro lidera pesquisa para reeleição, diz Atlas”* - O presidente Jair Bolsonaro lidera as intenções de voto para a disputa presidencial de 2022, com apoio de um terço da população, segundo pesquisa Atlas divulgada ontem. Mesmo depois de registrar a queda de popularidade, com o aumento da desaprovação ao governo, Bolsonaro tem 34,5% das intenções de voto. Em segundo lugar aparece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com 22,3%. Lula é inelegível pela lei da ficha limpa. Nesse cenário, com a presença do ex-presidente petista, o ex-ministro Sergio Moro tem 11,3% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 8,8%. Em disputa política com Bolsonaro em torno da vacina contra covid-19, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), registra 3,6% das intenções de voto, semelhante aos 3,4% do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) O apresentador Luciano Huck tem 1,9% e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 1,4%. Dos entrevistados, 5,5% não souberam responder ou declararam voto em branco ou nulo. No cenário sem Lula, Bolsonaro permanece na liderança, com 34,4%. Na sequência, estão embolados o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 13,4%; Ciro Gomes, com 11,6%; e Sergio Moro, com os mesmos 11,6%. Mandetta tem 4,8% e Doria, 4,3%. Os entrevistados que não souberam responder, ou que pretendem anular ou votar em branco somam 6,1%.
Apesar do quadro eleitoral positivo para o presidente, nesta semana outros recortes da pesquisa mostraram um cenário desfavorável para Bolsonaro. Um eventual processo de impeachment do presidente conta com o apoio de 53,6% dos entrevistados; 41,5% são contra o afastamento do presidente do cargo e 4,9% não souberam opinar. A atuação do presidente no combate à pandemia tem sido questionada e é desaprovada por 62% dos brasileiros. A popularidade do governo voltou a cair em janeiro, com o recrudescimento da pandemia e o fim do auxílio emergencial, e 59,1% desaprovam a gestão. A avaliação do governo Bolsonaro também piorou no início deste ano: 53,4% consideram a gestão ruim ou péssima; 27,9% avaliam como ótima ou boa e 18,7%, como regular. A pesquisa foi realizada com 3073 pessoas, por recrutamento online, entre os dias 20 e 24 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

*”Reforma administrativa será votada no primeiro trimestre, promete Lira”* - Candidato do PP diz que colocará em pauta reforma administrativa neste semestre, se eleito

*”Bolsonaro diz que impeachment é ‘tentação na sociedade’”* - Presidente sinalizou que pode se filiar ao Patriota

*”Maia diz que governo usa orçamento contra Baleia”* - Aliados do candidato do MDB dizem que eventual segundo turno mostrará que disputa é entre nome ligado a Bolsonaro e um candidato independente

*”MDB pressiona Simone a retirar candidatura e apoiar DEM”* - Simone Tebet ameaça levar sua candidatura ao plenário mesmo se MDB e DEM oficializarem a aliança, expondo a divisão do partido

*”Juro começa a subir em março, mas seguirá estimulativo, diz BofA”* - Inflação persistente e incerteza fiscal devem levar a Selic para 4% no fim do ano, afirma David Beker

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