sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Após 200 mil mortos, governo compra vacina

 

O Brasil ultrapassou ontem a marca de 200 mil mortos pela Covid-19. Não são simplesmente números ou estatísticas. São 200 mil vidas interrompidas por uma pandemia que jamais foi tratada com a devida seriedade pelas autoridades máximas do governo. Nenhuma outra doença matou tantas pessoas em um ano, como mostra gráfico elaborado pelo G1. E as perspectivas não dão margem para qualquer otimismo. Com os 1.120 óbitos de ontem, a média móvel dos últimos sete dias (que incluíram um feriado e um fim de semana) ficou em 741, o que indica estabilidade – e isso não é uma boa notícia, pois as mortes estão estáveis num patamar elevado. Num pronunciamento, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, admitiu apenas “erros de comunicação” e atacou o alvo de sempre. O vírus? Não, a imprensa.

Na mesma ocasião, Pazuello anunciou um acordo com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês SinoVac, a serem entregues em quatro lotes até o final de abril. Há ainda a possibilidade da aquisição de mais 54 milhões de doses. É, a rigor, o mesmo acordo anunciado pelo próprio Pazuello em outubro e desautorizado no dia seguinte pelo presidente Jair Bolsonaro.

Por falar em CoronaVac, o governo de São Paulo anunciou oficialmente o resultado dos testes da vacina no Brasil. Ela tem 78% de eficácia em geral e 100% nos casos mais graves. A taxa é considerada boa por especialistas, uma vez que a Anvisa exige eficácia de 50%. O Butantan promete entregar ainda hoje o pedido de liberação emergencial do imunizante.

E a MP da Vacina, editada pelo Executivo na quarta-feira, pode anular o plano do governador paulista, João Doria (PSDB), começar o próprio plano de vacinação no dia 25. O texto determina que o início da imunização deve ser simultâneo em todo o país. (Antagonista)

Empresas privadas poderão comprar vacinas, mas a demanda do SUS terá prioridade, anunciou Pazuello durante live com Bolsonaro. Segundo este, “se uma empresa quiser comprar lá fora a vacina e vender aqui, quem tiver recurso vai tomar vacina lá”.

Mas, para o presidente, “menos da metade” da população vai se imunizar. Bolsonaro disse ter chegado a essa conclusão fazendo uma pesquisa “na praia, em tudo que é lugar”. O “resultado” não bate com a de uma pesquisa de verdade feita pelo PoderData: 75% dos entrevistados pretendem se vacinar, contra 16% que não querem o imunizante. Mesmo entre os que se declaram apoiadores do presidente, 65% querem a vacinação.

Enquanto a vacina não chega, a situação segue crítica em todo o país. Manaus realizou na quarta-feira 110 enterros, se aproximando do recorde de 140 em abril. Em Belém, quase 100% dos leitos de UTI para Covid estão ocupados. Desde setembro o Rio de Janeiro lidera o ranking de mortes entre as cidades do país, com uma média de dois óbitos por hora.




A aumento nos casos de Covid-19 em todo o país levou entidades estudantis a pedirem um novo adiamento do Enem, marcado para o próximo dia 17. O MEC descarta mudar a data e diz que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela aplicação das provas, estabeleceu regras para reduzir a aglomeração nos locais dos testes e adotou medidas contra a doença. Já a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) dizem que não foram divulgadas medidas “suficientemente eficazes” e não descartam ir à Justiça para adiar a aplicação do exame. (Folha)




O Tribunal de Justiça de São Paulo afastou da Vara de Família Nossa Senhora do Ó o juiz auxiliar Rodrigo de Azevedo Costa. Ele provocou repúdio com a divulgação de vídeos em que desdenhava da Lei Maria da Penha, dizendo “ninguém agride ninguém de graça”, e foi contra o estabelecimento de medidas protetivas para mulheres em risco. A conduta de Costa será analisada pela Corregedoria do TJ paulista, e ele foi transferido permanentemente para uma Vara de Fazenda, também como auxiliar.

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