quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Análise de Mídia 29/10

 



 

CAPA – Manchete principal: ”Covid-19 na Europa e eleição nos EUA derretem mercados”

EDITORIAL DA FOLHA - ”Imune à urgência”: Num momento em que o Brasil precisa de decisões de grande envergadura para superar a crise da pandemia, consertar as contas públicas e retomar o crescimento econômico, é desolador constatar que parlamentares influentes estão mais ocupados com suas disputas internas por poder. A agenda legislativa se encontra quase paralisada em razão das eleições municipais, o que é esperado, mas as disputas em torno da Comissão Mista do Orçamento podem travar por ainda mais tempo votações importantes. O comando do colegiado é disputado por aliados do deputado Arthur Lira (PP-AL), liderança do centrão recém-aliado a Bolsonaro e pré-candidato à presidência da Câmara em fevereiro. De outro lado está o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que expõe seu descontentamento com o processo. O posto na comissão é disputado porque dá ao titular poder de barganha no Congresso e capacidade de influenciar na sucessão de Maia. Tudo se passa como se a ninguém ocorresse que há uma pauta econômica complexa a ser examinada com urgência —e que sem ela qualquer vitória será de Pirro.
Por irresponsabilidade do governo —a começar pelo presidente Jair Bolsonaro e seus flertes populistas— e inação do Congresso, o país corre o risco de mergulhar em uma nova etapa da crise desencadeada pela Covid-19. A cotação do dólar dispara, a inflação sobe e a permanência dos juros baixos fica ameaçada, enquanto acumulam-se as desconfianças quanto à disposição brasiliense de enfrentar as escolhas difíceis em torno do Orçamento de 2021 —para mencionar apenas o desafio mais imediato. Com pouco mais de dois meses para o encerramento de um ano até aqui desperdiçado, não se definiram os mecanismos de ajuste em caso de descumprimento do teto de gastos, previstos na chamada PEC Emergencial. Tampouco se sabe como será viabilizado o programa ampliado de transferência de renda às famílias pobres desejado pelo Planalto. A decisão de Bolsonaro de não discutir o assunto antes do desfecho das eleições municipais —e agora as querelas que podem paralisar o Congresso— praticamente inviabilizam soluções rápidas. A persistir o impasse, o resultado será adiar a votação do Orçamento para até março do ano que vem. Com o prolongamento das incertezas, haverá empecilhos adicionais para a retomada da economia. Esta, afinal, depende da confiança de que o país não caminhará para um cenário de irresponsabilidade fiscal e desorganização econômica. Brasília, no entanto, só encontra tempo para frivolidades, conchavos e polêmicas estéreis.

PAINEL - ”Russomanno dobra aposta em Bolsonaro e agenda gravações com presidente para a próxima semana”: O estafe de Celso Russomanno (Republicanos) diz que já está tudo acertado para que Jair Bolsonaro coloque, enfim, a cara na campanha de SP. No início da próxima semana, o candidato e o presidente devem se encontrar para gravar dois vídeos para o horário eleitoral, a serem distribuídos nos dias seguintes. É o que diz Elsinho Mouco, marqueteiro de Russomanno, segundo quem as peças tratarão de programas a serem implantados na cidade com a ajuda do governo federal. As gravações vão abordar o auxílio paulistano, complemento dos programas federais de distribuição de renda, a criação de moradias e a ampliação da rede de saúde, que passará a ser apresentada como "auxílio saúde". O efeito esperado pelo estafe: mobilizar redes bolsonaristas para conseguir frear a queda brusca (perda de sete pontos percentuais no último Datafolha) e dar fôlego para um sprint final rumo ao segundo turno. De acordo com pesquisa do mesmo instituto, porém, a rejeição de Bolsonaro na cidade é de 46%. Os últimos vídeos de Russomanno foram de ataques aos tucanos Bruno Covas e João Doria, com menos menções ao presidente como padrinho. "Com o Bolsonaro não vamos entrar nessa seara ideológica nos vídeos, contra o Doria. A ideia é tratar dos pilares de campanha dele com o Russomanno", diz Mouco. Vista como prévia para 2022, a eleição de São Paulo poderá ser prova de fogo para Bolsonaro, cujo apoio não está ajudando os candidatos até agora. Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, vão mal nas pesquisas de intenções de votos.

PAINEL - ”Ministério Público pede que PF investigue ataque em que Arthur do Val relaciona Tatto ao PCC”: O Ministério Público Eleitoral solicitou que a Polícia Federal investigue o candidato à Prefeitura de São Paulo Arthur do Val (Patriota) por ter insinuado que seu concorrente, Jilmar Tatto (PT), tem relação com a facção criminosa PCC em debate na segunda-feira (26). O inquérito policial foi pedido pela Promotoria após notícia-crime apresentada pelo PT. O deputado estadual será investigado pelo crime de calúnia. Seu advogado, Rubens Nunes, diz que a ação do Ministério Público é apenas ato "pro forma" e que a conclusão será favorável a Arthur do Val. Durante debate promovido pela ConecTV, emissora de Osasco, Arthur do Val questionou Tatto sobre o tema. "Eu quero fazer uma pergunta que nenhum outro candidato tem coragem de fazer. Estou cara a cara com o senhor e a pergunta é bem simples: qual que é a sua relação com o PCC?”, disse o candidato do Patriota. Ao vincular o adversário ao grupo criminoso e ao dizer que a família de Tatto faz "sabe-se lá o quê" com dinheiro público, ele pode ter incorrido em crime contra a honra, avaliou Walfredo Cunha Campos, promotor eleitoral da 2ª Zona, que solicitou a abertura do inquérito. Nas redes sociais, Arthur do Val compartilhou texto de 2014 da revista Veja que tratava de encontro do então deputado do PT, Luiz Moura, com perueiros. A polícia civil se dirigiu ao local da reunião por suspeitar que ali se encontrariam operadores do sistema de transportes da SPTrans e integrantes do PCC.
Moura foi suspenso e expulso do PT depois do episódio, mas sempre negou qualquer relação com o PCC. A relação que Arthur do Val tenta estabelecer é que Jilmar Tatto seria aliado de Moura e por isso teria alguma proximidade com o PCC. "Lave a sua boca antes de falar da minha família e falar de mim. Tenha respeito. Você como deputado não fez nada por São Paulo. Meça suas palavras. Não venha colocar suspeição na vida dos outros", respondeu o candidato petista no debate. Após o evento , Arthur do Val foi ao encontro de Tatto, que se recusou a dar a mão a ele. O petista repreendeu a conduta do adversário e disse que teve que andar com colete à prova de balas durante o período que foi secretário de Transportes (2003-2004) na gestão Marta Suplicy (PT). "Você sabe o que eu passei, cara? Para fazer essa porra funcionar no transporte? E aí vem você aqui, eu nunca te vi, entendeu? E fala um monte de merda para cima de mim, cara? Eu funciono desse jeito, com sinceridade, com paixão. É isso que eu tô te cobrando, sabe? Você tem que conhecer a minha história, cara", disse Tatto. "Tem que ser outro nível, cara. É assim que a gente vai construir a democracia", completou. "O Tatto propôs um processo eleitoral contra o Arthur em razão da pergunta sobre o PCC realizada no debate. O próprio juizo eleitoral negou a liminar, haja vista que há noticiais de sua ligação com parlamentares petistas que participaram de reuniões com o PCC, fato público e notório. O parecer do MPE pelo prosseguimento processual é ato pro forma. A sentença deve ratificar a liminar e julgar improcedente o pedido do petista. Acho curioso um assecla do Lula se socorrendo ao mesmo MP que colocou aquele bandido na cadeia", diz Rubens Nunes, advogado de Arthur do Val e candidato a vereador em São Paulo.

PAINEL - ”Após recuo de Bolsonaro sobre saúde, críticos de Guedes dizem que ele repassa culpa mais uma vez”: Críticos de Paulo Guedes (Economia) no governo aproveitaram o recuo de Jair Bolsonaro no decreto sobre as Unidades Básicas de Saúde para disparar contra o ministro, nos bastidores. Falam que, mais uma vez, quando a rejeição explodiu, a fatura foi passada a terceiros, neste caso, ao Ministério da Saúde. Pessoas próximas a Guedes atribuem a divulgação atabalhoada à falta de entrosamento no Palácio do Planalto que, segundo relatos, represa as iniciativas da equipe econômica e, quando as libera, faz sem combinar. Membros da Economia observam que a gestão privada de unidades de saúde, alvo do decreto presidencial que foi revogado, já existe em cidades como São Paulo, onde o Sírio-Libanês e o Einstein administram parte da rede com recursos públicos.

PAINEL - ”Secretários estaduais de Saúde rechaçam, por unanimidade, decreto de Bolsonaro sobre UBS”: Os secretários estaduais de Saúde reunidos no Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) nesta quarta (28) rechaçaram, por unanimidade, o decreto presidencial que incluiu as unidades básicas de saúde no programa de desestatização e desinvestimentos do governo. A medida, publicada em Diário Oficial nesta quarta (27), teve repercussão negativa também entre especialistas e entidades de saúde. Em nota, o presidente do Conass, Carlos Lula, secretário do Maranhão, disse que a legislação prevê que as decisões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam tomadas em conjunto. "Por força de lei, decisões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) não são tomadas unilateralmente. Elas devem ser fruto do consenso entre os níveis federal, estadual e municipal, sob pena de absoluta nulidade", afirmou. "Iremos nos portar e nos manifestar, em todas as instâncias, em defesa desse grande patrimônio nacional que é o SUS. A revogação do Decreto 10.530 é urgente!" Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a revogação da medida.

”Propostas de Boulos esbarram em Câmara, orçamento e burocracia” - Detalhado ao longo de 60 páginas, o plano de governo de Guilherme Boulos (PSOL) tem entre as promessas, caso o candidato se eleja prefeito de São Paulo, medidas que dependem da Câmara para serem cumpridas e outras que exigem dinheiro em caixa e reorganização do orçamento. Terceiro colocado na pesquisa Datafolha, com 14% —e em empate técnico com Márcio França (PSB), que tem 10%—, o líder de movimentos de moradia também incluiu no documento apresentado à Justiça Eleitoral propostas que esbarram em entraves burocráticos. Sem mencionar a necessidade de que as ações sejam aprovadas pelos vereadores, Boulos fala em elevar as alíquotas de ISS (Imposto sobre Serviços) para bancos e de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para o que chama de mansões (os critérios para definir uma não são especificados). As duas medidas são simbólicas da campanha do PSOL, que prega combate à desigualdade, política tributária progressiva e prioridade para os mais pobres e a periferia. Também precisariam do aval da Câmara, segundo especialistas consultados pela Folha, algumas das principais bandeiras da candidatura, como o pagamento de uma renda mínima (batizada de Renda Solidária) e a concessão de passe livre no transporte coletivo. "Via de regra, tudo o que interfere em previsão de receita, novos gastos e renúncia fiscal precisa ser justificado pelo Executivo e aprovado pelos vereadores, o que demanda tempo e muita discussão", diz o professor de gestão governamental Thiago Borges, da Fundação Dom Cabral. O candidato propõe dar a gratuidade no transporte, inicialmente, a grupos como desempregados, estudantes, jovens de até 24 anos, gestantes e mulheres com crianças de colo de até 2 anos. A ideia é posteriormente adotar um programa de tarifa zero para todos os usuários.
Como as medidas têm impacto orçamentário, teriam que ser discutidas e aprovadas na Câmara para serem postas em prática. O prefeito que assumir em 2021 herdará o orçamento formulado pela gestão atual, do candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) —o texto ainda não foi votado pelos vereadores. Na previsão enviada à Câmara, o volume de recursos no próximo ano será quase R$ 2 bilhões menor que em 2020, por causa dos impactos da pandemia do novo coronavírus. A expectativa é que o montante caia de R$ 68,9 bilhões para R$ 67 bilhões, o que impõe um cenário de restrições. Boulos poderá, se eleito, fazer o remanejamento de recursos do orçamento dentro de limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, mas iniciativas que demandam alterações profundas em programas já existentes ou criação de despesas teriam que ser autorizadas pelo Legislativo. O plano de governo omite a fonte de recursos para bancar o Renda Solidária, vendido por Boulos como "um projeto sério e exequível", que atenderá 1 milhão de famílias (3 milhões de pessoas) ou com um valor mensal de R$ 200 a R$ 400. O custo estimado é de R$ 3 bilhões a R$ 3,5 bilhões por ano. Em algumas das propostas, a candidatura do PSOL esclareceu no texto que a efetivação dependerá da Câmara. É o caso da promessa de enviar projeto de lei para revogação da lei que promoveu a reforma da Previdência municipal, em 2018, e criou a Sampaprev. O plano sinaliza também a intenção de encaminhar um projeto de lei salarial para respeitar a data-base do funcionalismo. Boulos faz vários outros acenos aos servidores no documento. Promete a realização de concursos públicos "para todas as carreiras" e cita especificamente áreas como saúde, assistência social, cultura, educação e GCM (Guarda Civil Metropolitana). Prevê ainda, com critérios, o "restabelecimento da paridade [de remuneração] entre ativos e aposentados, violada nas últimas reestruturações".
Além de desconsiderar a exigência legal de que parte das propostas tenha o aval da Câmara, o programa de governo inclui até decisões que não dependem única e exclusivamente da prefeitura. No tópico saneamento básico, o texto fala em "combater a privatização" do serviço e defender o exercício da titularidade municipal, ou seja, a garantia constitucional de que o titular do serviço de água é o município. Na capital, a concessionária é a Sabesp. Boulos afirma que, caso seja eleito, exigirá da empresa de capital misto, que tem o estado de São Paulo como principal acionista, a expansão da tarifa social (para pessoas de baixa renda) e a manutenção de fornecimento mínimo a clientes inadimplentes por incapacidade de pagamento. Outras propostas podem travar por causa da lentidão da Justiça. A campanha estipulou como objetivo a ampliação da capacidade da prefeitura de recuperação da dívida ativa. Pelo plano, os valores pagos pelos devedores de tributos seriam aplicados em programas sociais. Embora a administração municipal possa agilizar a fase administrativa da cobrança, o pagamento geralmente se dá no âmbito judicial, quando o devedor já teve o nome inscrito na dívida ativa. Essa etapa, envolve processos, decisões e recursos de advogados. O PSOL estabeleceu a meta de dobrar o ritmo de arrecadação da dívida ativa visto entre 2013 e 2016, chegando a 3% ao ano. Pelas contas, R$ 3,9 bilhões voltariam para os cofres públicos já em 2021.
Em meio a críticas ao plano feitas por acadêmicos e membros de campanhas adversárias, o ponto talvez mais polêmico seja a revogação da concessão do Pacaembu, um negócio autorizado pela Câmara em 2017 e concluído neste ano, com a entrega do complexo à empresa vencedora da licitação. A proposta, que se insere na diretriz de Boulos de "reverter a lógica privatizante" e fortalecer a administração pública, significaria romper um contrato de 35 anos que engloba R$ 111 milhões. A medida levaria a um imbróglio com potencial de criar um ambiente de insegurança jurídica e afetar a credibilidade da prefeitura diante de empresas, governos e organismos de financiamento internacionais. Boulos vem sendo questionado sobre sua relação com a Câmara caso seja eleito —o PSOL tem hoje 2 cadeiras, do total de 55. Ele diz que fará como sua candidata a vice, Luiza Erundina (PSOL), que foi prefeita (1989-1992) sem maioria no Legislativo e usou a participação popular como ferramenta de pressão.
OUTRO LADO
Questionado pela Folha sobre as promessas que dependeriam dos vereadores, Boulos disse, em nota, que "não é verdade que todas as propostas precisam passar pela Câmara para serem concretizadas". Ele citou na resposta a concessão de tarifa zero e a criação da Renda Solidária como exemplos de medidas sobre as quais o Executivo tem a prerrogativa de atuar, "assim como pode fazer obras e criar serviços sem precisar de autorização legislativa". "Para os projetos que precisam de aprovação do Legislativo, teremos o apoio mais importante de todos: o da população", declarou. "Nosso governo terá como marca a participação popular. Vamos governar com diálogo e buscar construir o apoio de uma bancada que tenha compromisso com propostas e projetos que defendemos." O candidato afirmou que poderá executar "grande parte" de suas propostas com o percentual, previsto na lei orçamentária de 2021, de 10% de recursos que podem ser remanejados por decreto do prefeito. Segundo ele, outras fontes de verba devem ser consideradas, como as receitas tributárias, que crescerão. "O orçamento público não é somente uma peça técnica nem deve ser objeto de negociatas entre o Poder Executivo e o Legislativo. O orçamento público deve expressar as preferências e prioridades da população", disse Boulos. Sobre a concessão do Pacaembu, o postulante afirmou que ela "já vive um ambiente de insegurança jurídica", com ações administrativas e judiciais, e que ele "não pactua com irregularidades". Ele reiterou a promessa de agilizar o pagamento de débitos da dívida ativa, a partir de medidas no âmbito da administração. "Apesar de todo o esforço dos procuradores e servidores envolvidos nesse tipo de cobrança, eles não possuem os instrumentos adequados."

”Faculdade nega vínculo atual descrito por Boulos ao explicar renda” - Candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) descreveu em um vídeo de sua campanha um vínculo atual como professor da Escola de Sociologia e Política que a entidade nega existir. Boulos afirmou na gravação disponível em seu site que atualmente dá cursos na faculdade. A escola declarou que ele foi professor em dois cursos de curta duração no ano passado, mas que, desde novembro de 2019, não há mais nenhum vínculo. Procurada para comentar a divergência de informações, a assessoria de imprensa de Boulos disse que a nova edição do curso que ele ministraria neste ano na faculdade foi cancelada em razão da pandemia da Covid-19. “Não fosse a pandemia, Boulos seguiria ministrando cursos, como fez em 2019”, disse a assessoria de imprensa do candidato. Já a escola disse que a nova edição das aulas não se realizou em 2020 em razão da candidatura do líder sem-teto à prefeitura. A menção à universidade foi feita num vídeo em que Boulos explica a origem de sua renda. Ele foi feito, segundo o site do candidato, para rebater notícias falsas que circulam na internet afirmando que ele não trabalha. No vídeo, Boulos descreveu sua trajetória como estudante e professor, e explicou a origem de sua renda atual. “Atualmente dou cursos na Escola de Sociologia e Política, e em parceria com os institutos Pólis e IREE [Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa]”, disse Boulos, no vídeo publicado pela campanha em 7 de outubro deste ano. A FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) afirmou, em nota enviada por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem vínculo atual com Boulos. “Guilherme Boulos foi professor convidado do Departamento de Extensão para ministrar um curso de curta duração sobre ‘A questão urbana e os movimentos sociais’. O curso teve duas edições: maio a julho de 2019 e outubro a novembro de 2019. [...] Desde então, novembro de 2019, não há nenhum vínculo”, afirmou a fundação, em nota. O Pólis afirmou, por meio de sua assessoria, que Boulos proferiu uma aula de duas horas no dia 30 de julho dentro de um curso com cinco encontros cujo tema era direito à moradia. O instituto afirmou também que cedeu um auditório para a realização de um curso do Instituto Democratize, fundado por Boulos em junho do ano passado. “É uma praxe do Pólis ceder o seu auditório como forma de apoio a iniciativas que tenham relação com suas reflexões e observações no âmbito do Direito à Cidade”, disse o instituto, em nota. O IREE, por sua vez, disse que o candidato do PSOL é professor habitual dos cursos que oferece. Afirmou que ele também é colunista do site da entidade, atividade também descrita por Boulos no vídeo.
O vídeo do candidato do PSOL foi publicado com o objetivo de, segundo a página da campanha, combater fake news que afirmam: “Boulos não trabalha, um ‘vagabundo’ que vive de dinheiro ‘ilegal’”. Na gravação, ele afirma que deu aula por seis anos na Escola de Educação Permanente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). O diretor da unidade, Décio Mion, confirmou que Boulos participou de cursos sobre liderança entre os anos de 2011 e 2017. A atividade, segundo Mion, era organizada pelo infectologista Marcos Boulos, pai do atual candidato do PSOL. A Faculdade de Mauá, também citada por Boulos como um dos locais em que lecionou, não respondeu ao questionamento da reportagem. Boulos também indicou como fontes de renda no vídeo os textos que publica há quatro anos no site da revista Carta Capital, do IREE, além do período de três anos em que foi colunista da Folha. “É a partir desse trabalho, como professor e como escritor, que eu tiro dinheiro para pagar minhas contas. Nunca vivi de dinheiro público, nem de esquema, ao contrário de muitos que me criticam”, disse o candidato do PSOL no vídeo. A Folha mostrou na semana passada que Boulos foi um dos 146 postulantes a prefeito das capitais que não declarararam conta bancária à Justiça Eleitoral. Após ser questionado pela reportagem sobre como recebia a remuneração como professor e escritor, ele afirmou que, por equívoco da equipe de campanha, não havia incluído o saldo bancário de R$ 579,93 na declaração de bens. Ele retificou o patrimônio à Justiça Eleitoral.
NÃO FOSSE A PANDEMIA, CANDIDATO SEGUIRIA COM CURSOS, DIZ CAMPANHA
A assessoria de imprensa de Boulos afirmou que estava planejada uma reedição do curso na Escola de Sociologia e Política, cancelado em razão da pandemia da Covid-19. "Atualmente, Guilherme Boulos é candidato à Prefeitura de São Paulo. A respeito da palavra ‘atualmente’, como destaca o jornal, ela só expressa o que é a verdade: não fosse a pandemia, Boulos seguiria ministrando cursos, como fez em 2019. Esse é o contexto de palavra", afirmou a campanha do PSOL, em nota. A assessoria de imprensa do candidato declarou que “nunca houve vínculo empregatício com a escola”. “Todos os cursos são remunerados por meio da MEI [microempreendedor individual] de Boulos”, disse a campanha, em nota. O candidato do PSOL também declarou que não tem vínculo empregatício com o Instituto Pólis. A Escola de Sociologia e Política afirmou que "havia o interesse comum de repetir neste ano o curso sobre a questão urbana e os movimentos sociais". "No entanto, por conta da candidatura de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo, o curso não será realizado. A FESPSP reafirma sua observância às limitações da legislação eleitoral, bem como sua postura acadêmica plural, base do conhecimento científico", disse a escola, em nota.

”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em São Paulo”
”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Curitiba”
”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito no Rio de Janeiro”
”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Salvador”
”Veja ranking de popularidade digital dos candidatos a prefeito em Belo Horizonte”
FERNANDO SCHÜLER - ”É um velho erro da tradição brasileira confundir o público com o estatal”

”Queda de investimento é desafio para prefeitos em reeleição nas capitais” - O nível de investimento das prefeituras caiu em 10 das 26 de capitais na atual gestão e deve se tornar um desafio para os prefeitos que buscam a reeleição ou tentam emplacar os seus sucessores. As prefeituras das 26 capitais dos estados tiveram, juntas, investimentos de R$ 8 bilhões em obras e equipamentos no ano passado, contra R$ 11 bilhões (em valores corrigidos pela inflação) em 2016, último ano da legislatura anterior. A queda total é de 27%. A redução dos investimentos foi puxada pelas dez capitais que investiram menos em 2019 quando comparado a 2016. Rio de Janeiro, Porto Alegre, Maceió e Belém registraram, proporcionalmente, as maiores quedas. Destas dez capitais, seis têm prefeitos que disputam a reeleição, casos de Nelson Machezan Júnior (Porto Alegre ), Marcelo Crivella ( Rio de Janeiro), Bruno Covas (São Paulo), Álvaro Dias (Natal), Emanuel Pinheiro (Cuiabá) e Socorro Neri (Rio Branco). O maior baque foi no Rio de Janeiro, que chegou a executar R$ 3,3 bilhões em investimentos em 2016 impulsionado pela realização da Olimpíada. No ano passado, contudo, o nível de investimento caiu para R$ 728,5 milhões, segundo relatório de execução orçamentária do município. Em 2017, ao tomar posse, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) já havia feito sua campanha sob o mote de que iria focar menos em novos investimentos e faria uma gestão para “cuidar das pessoas”. O prefeito disputa a reeleição neste ano com um dos índices de reprovação mais altos entre os prefeitos de capital. Segundo pesquisa Datafolha, a gestão de Crivella é considerada ruim ou péssima por 62% dos cariocas.
O cenário se repete em outras capitais que mais tiveram queda nos investimentos no mesmo período. Em Porto Alegre, por exemplo, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) disputa a reeleição em um cenário de dificuldades e está em quarto lugar em intenções de votos, segundo pesquisa Ibope. A mesma pesquisa aponta que 50% dos eleitores consideram a sua gestão ruim ou péssima. A capital gaúcha vive um quadro de crise nas finanças públicas que vem desde as gestões anteriores. Na atual gestão, o prefeito chegou a adotar medidas como o parcelamento dos salários e não concedeu reajustes aos servidores municipais. Por outro lado, adotou medidas para reduzir despesas no custeio e conseguiu ampliar as receitas em 4,1% adotando medidas como a cobrança de dívidas e revisão da base de cálculo do IPTU. Na contramão de Rio e Porto Alegre, outras 16 capitais registraram um nível de investimento maior no ano passado comparado a 2016. Capitais como Campo Grande, Porto Velho Vitória e Salvador estão entre as que mais avançaram. Em Salvador, os investimentos avançaram de R$ 290 milhões em 2016 para R$ 525 milhões em 2019. Entre as principais obras, estão novos equipamentos viários como a construção de um conjunto de elevados e vias expressas para ônibus e carros na região central da cidade. Candidato à sucessão do prefeito ACM Neto (DEM), o vice-prefeito Bruno Reis (DEM) credita o avanço dos investimentos à organização das finanças do município nos últimos oito anos. “Por que Salvador fez tanta obra? Porque conseguiu fazer o dever de casa, economizando nos contratos, economizando nas contratações. Isso permitiu a gente ampliar os serviços”, afirma Reis, que desponta como favorito na capital baiana impulsionado pela popularidade do prefeito. Em Campo Grande, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) quase triplicou o volume de investimentos, saindo de R$ 65 milhões em 2016 para R$ 171 milhões no ano passado. O prefeito disputa a reeleição em um cenário confortável. Formou uma coligação de dez partidos que inclui até antigos adversários, como o PSDB do governador Reinaldo Azambuja.
Na avaliação do economista André Luiz Marques, coordenador de Gestão e Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), uma boa gestão fiscal é a base para as prefeituras terem recursos em caixa para ampliar os investimentos e a prestação de serviços para a população. “A gestão fiscal em si não vai comover o eleitor sequer um centímetro, mas ela se reflete em melhores indicadores de educação, saúde, em investimentos em infraestrutura e zeladoria da cidade”, afirma. Para o economista, o eleitor deve prestar atenção nas propostas dos candidatos para as finanças públicas e desconfiar de projetos que preveem grande injeção de recursos de forma imediata. “Parece meio óbvio, mas muitos prefeitos acham que é só gastar no curto prazo, descuidando do médio e longo prazo”. No conjunto das 26 capitais de estados, houve queda no volume total de investimentos a despeito das receitas das prefeituras terem subido 9% entre 2016 e 2019. No geral, todas as capitas ampliaram as receitas no período, com exceção do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, a receita corrente que era 23,6 bilhões em 2016 (em valores corrigidos) caiu para 23,5 bilhões no ano passado. O Rio também é a única das 26 capitais que ultrapassou o limite máximo de gasto com pessoal, que é 54% da receita corrente líquida para o Poder Executivo municipal, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Para André Luiz Marques, a cidade do Rio vive um cenário preocupante nas finanças, com queda na receita, aumento do endividamento e ampliação do patamar de gasto com pessoal: “É uma tempestade perfeita”.

”Prefeito-candidato de Natal tenta proibir comícios, mas Justiça barra decisão controversa”
”Nem eu nem o PSL sairemos menores da eleição, diz Joice em sabatina Folha/UOL”
”Joice Hasselmann se contradiz sobre apoio, teorias da conspiração e pautas bolsonaristas em sabatina Folha/UOL”
”Candidatos a vereador replicam histórias de vida e propostas compradas na internet”

”TSE repassou ao WhatsApp 1.020 denúncias de disparo em massa nas eleições” - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) enviou ao WhatsApp 1.020 denúncias de disparo em massa feitas por usuários do aplicativo de mensagens no período eleitoral deste ano. A informação foi divulgada pela empresa e pela Justiça Eleitoral na tarde desta quarta-feira (28). Ao todo, foram recebidas 1.037 denúncias públicas, mas elas passaram por filtros do tribunal, que verificou que nem todas se tratavam de conteúdo relativo às eleições. O período analisado é de 27 de setembro a 26 de outubro. Em uma primeira etapa de revisão, o WhatsApp identificou números duplicados e inválidos (sem conta de WhatsApp atrelada). Restaram 720 contas únicas válidas. Dessas, 256 foram banidas por violar as diretrizes do aplicativo, mais de 35%. Segundo o WhatsApp, do total de contas banidas "mais de 80% foram derrubadas de forma automática, antes mesmo de serem reportadas". As 1.020 denúncias não necessariamente correspondem à mesma pessoa. É possível fazer mais de um registro. Não há dados sobre quantas pessoas denunciaram e sobre o teor dos conteúdos. Agora, o TSE tomará as medidas judiciais em conjunto com o Ministério Público Eleitoral. "A questão será analisada pelo ministro Luís Roberto Barroso [presidente do TSE], já estamos tomando providências, nada é feito de forma unilateral pelo TSE", afirmou Aline Osorio, secretária-geral da presidência do TSE. Segundo ela, um relatório com dados, incluindo geográficos, com a origem dos números identificados, será divulgado ao fim da campanha eleitoral. "Contas que não foram banidas podem ainda ser banidas no futuro caso apresentem sinais de automação e disparo em massa. Elas ainda seguem possíveis de análise de verificação e de banimento", diz Dario Durigan, diretor de políticas públicas do aplicativo de mensagens, que pertence ao Facebook.
A prática de disparo em massa é definida pelo TSE como "procedimento por meio do qual uma pessoa, uma empresa, um robô ou um grupo de pessoas envia uma mensagem para um grande número de pessoas ao mesmo tempo". "O texto dessa mensagem é impessoal, podendo conter links e conteúdos suspeitos, alarmistas ou acusatórios", diz o tribunal. O disparo em massa foi vetado pela Justiça Eleitoral e a proibição já vale para as eleições municipais deste ano. A medida foi determinada no final de 2019, um ano após a Folha ter revelado esquemas de contratação desse tipo de serviço para distribuição no WhatsApp a partir do uso de bases de dados de terceiros, o que também é banido pela lei eleitoral. Mesmo com a vedação, a prática segue ocorrendo nestas eleições municipais, como denunciou outra reportagem da Folha. Para tentar controlar o fenômeno da desinformação, o WhatsApp fez uma parceria com o TSE, que passou a receber denúncias de cidadãos mediante o preenchimento de um formulário disponível no site do tribunal. Os dados desses formulários foram divulgados pela primeira vez nesta quarta. Esse processo antecede as investigações, e os materiais não necessariamente são falsos.
O WhatsApp reforça que detecta o comportamento técnico das contas (se automatizam a distribuição de mensagens, por exemplo), não o conteúdo disseminado por elas. O mensageiro é criptografado e a empresa não acessa as mensagens. O formulário disponibilizado pelo TSE pede ao denunciante dados como nome, email, celular, cidade, estado. Sobre a denúncia, questiona a data de recebimento da mensagem, o número do telefone suspeito de ter enviado, se a mensagem se refere a eleições, Justiça Eleitoral, TSE, partido ou candidato e por que ela é suspeita. O eleitor precisa dizer se recebeu o conteúdo de um telefone desconhecido, se o texto é genérico, se a mensagem foi recebida em vários grupoos e se ficou sabendo que o mesmo conteúdo foi encaminhado a várias pessoas. Também há um espaço para descrever a mensagem, mas não há espaço para print da tela. Dessa forma, o TSE faz a primeira análise baseado somente nas declarações das pessoas. O aplicativo baniu contas por sinais de comportamento e interações. Dario Durigan, do WhatsApp, também afirmou que o aplicativo excluiu 100 mil contas em setembro, mas elas não foram excluídas necessariamente por conteúdo político. As contas são banidas por cumprimento de ordens legais ou denúncias de usuários. A empresa não apresentou dados comparativos de outros meses. O WhatsApp tem 120 milhões de usuários no Brasil e 2 bilhões no mundo todo. O país é um dos principais mercados do mensageiro.
Depois das eleições de 2018, marcadas por disparo em massa e disseminação de conteúdos falsos, o TSE firmou parceria com as grandes empresas de tecnologia para tentar coibir a desinformação. A principal medida é um canal direto entre as redes sociais e o tribunal. Os esforços do TSE estão concentrados em evitar a proliferação de notícias falsas ligadas ao processo eleitoral, como data e local da votação e segurança das urnas.

”Governadora de SC se recusa a responder se concorda com ideias neonazistas e negacionistas sobre Holocausto” - No dia em que assumiu como governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido) evitou responder se concorda com ideias neonazistas e negacionistas sobre o Holocausto judeu durante a Segunda Guerra Mundial. Ela foi questionada sobre o tema durante sua primeira coletiva de imprensa como governadora, nesta terça-feira (27). Ela assumiu o cargo após o governador Carlos Moisés (PSL) ser afastado temporariamente enquanto seu processo de impeachment é julgado. Se o placar da votação da denúncia se repetir no tribunal especial, Moisés pode ser absolvido e voltar ao cargo. Reinehr teve a denúncia arquivada. Reinehr já havia sido questionada pela Folha, por meio de sua assessoria, sobre sua opinião sobre o nazismo, mas ela não respondeu. A reportagem tentou esclarecer se ela rejeita as ideias do pai, Altair Reinehr, professor de história. Seu pai já escreveu textos em que relativiza o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Uma fotografia dele, em frente à casa onde nasceu Adolf Hitler, em Braunau am Inn, na Áustria, ilustrou um texto no qual ele reclama de que “nem é permitido lembrar obras reconhecidamente positivas” de Hitler, citando como exemplo as rodovias construídas pelo regime nazista e os supostos 90% de aprovação popular de que o ditador gozaria. No texto, o pai da governadora interina afirma ainda que, em Braunau, Hitler, “após uma infância bastante infeliz, teve uma adolescência e juventude marcada por enormes dificuldades, sacrifícios de toda a ordem e notadamente incompreensões”. Além disso, sem citar o genocídio dos judeus, afirma que o nazista, “num curto espaço de tempo, acabou com o problema do desemprego de 6 a 7 milhões de pessoas, revitalizou a indústria, moralizou os serviços públicos e transformou a Alemanha num canteiro de obras”. O pai de Reinehr também testemunhou favoravelmente a Siegfried Ellwanger Castan, condenado por racismo por publicar livros antissemitas. Nesta terça, durante a coletiva de imprensa, Reinehr foi questionada sobre o tema pelo repórter Fábio Bispo, do Intercept Brasil.
“No começo da sua fala, a senhora agradeceu sua família. Seu pai, como professor de história, pregava em sala de aula o negacionismo do Holocausto judeu, inclusive utilizando livros de uma editora que foi condenada por contar mentiras sobre a Segunda Guerra Mundial. Agora que a senhora é governadora de Santa Catarina, a gente quer saber qual é a sua posição, se a senhora corrobora com essas ideias neonazistas e negacionistas sobre o Holocausto”, perguntou Bispo. Reinehr respondeu que acabava de ser julgada e absolvida “por atos de terceiros”, numa referência ao tribunal especial, e que gostaria de ser julgada apenas pelos seus próprios atos. “Eu respeito, volto a dizer, respeito as pessoas independentemente dos seu pensamentos, respeito os direitos individuais e as liberdades. Qualquer regime que vá contra o que eu acredito, eu repudio”, disse Reihner sem especificar quais direitos e liberdades que defende e qual regime repudia. “Existe uma relação e uma convicção que move a mim, e acredito que a todos os senhores, que se chama família. Me cabe, como filha, manter a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento, das defesas [de ideias]”, acrescentou. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Associação Israelita Catarinense (AIC) emitiram uma nota conjunta na qual pedem que a governadora interina “rechace as ideias negacionistas de seu pai”. "A governadora deve, de forma veemente, manifestar sua repulsa ao negacionismo da tragédia que foi o Holocausto. É importante que ela se pronuncie sobre o assunto e demonstre de forma inequívoca sua rejeição às ideias que levaram ao extermínio de 6 milhões de judeus inocentes, além de outras minorias e adversários políticos e provocaram uma guerra que devastou a humanidade", diz o texto assinado por Fernando Lottenberg, presidente da Conib, e Sergio Iokilevitc, presidente da AIC.

”Em sabatina Folha/UOL, Renata Souza expõe diferenças com Benedita e diz que PSOL não apoiou Cabral”
”A pedidos, Bolsonaro deve gravar participação em programa eleitoral de Crivella”
”Bolsonaro diz que vai começar a apoiar 'discretamente' candidato em Belo Horizonte”
”Adepto da velha política, Ricardo Barros atropela demais líderes na Câmara e ganha espaço com Bolsonaro”
”Senado quer manter votações remotas no pós-pandemia”

”Sogra de Lula morre depois de contrair Covid-19” - A mãe de Rosangela Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Lula, morreu nesta quarta (28), em São Bernardo do Campo. Dona Vani Terezinha Ferreira completaria 80 anos de idade nesta quarta. Ela morava com a filha e Lula na cidade e era cuidada pelo casal. Há algumas semanas, foi internada para tratar de uma infecção urinária e chegou a ter alta. Depois, de acordo com interlocutores do ex-presidente, precisou ser reinternada com complicações pulmonares e foi diagnosticada com Covid-19. A mãe de Janja chegou a ser intubada e ficou na UTI do Hospital das Clínicas de São Bernardo do Campo, pelo SUS. Depois de 15 dias, melhorou e saiu do isolamento. Complicações posteriores levaram dona Terezinha a óbito. A causa da morte não foi divulgada. No período, Lula e Janja chegaram a se isolar e fizeram testes que mostraram que não foram contaminados pelo novo coronavírus. Em nota, a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula afirma que "dona Vani é mais uma das milhares de vítimas brasileiras dessa doença terrível". "Todos que conviviam com dona Vani, inclusive sua filha Rosângela Silva e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fizeram vários testes para Covid 19 nas últimas semanas, desde que a doença de dona Vani foi diagnosticada. Todos os testes deram resultado negativo", segue o texto.

”Pandemia implode sistema de testes, e Alemanha e França reimpõem bloqueios”
”Nova caricatura em jornal satírico francês acirra crise com Turquia”
LÚCIA GUIMARÃES - ”Biden e Boulos enfrentam o desafio de conquistar o centro”
”Além de escolher presidente, EUA decidem de aborto a maconha em plebiscitos estaduais”

VIRADA PSICODÉLICA - ”Além de Biden ou Trump, estados dos EUA votam psicodélicos”
”Joe Biden vota de forma antecipada nas eleições dos EUA”

”Após 75 milhões de votos antecipados, entidades pedem que americanos parem de votar por correio” - Seis dias antes das eleições nos Estados Unidos, marcadas para 3 de novembro, 75 milhões de americanos já votaram de forma antecipada —tanto depositando as cédulas em pontos de coleta quanto as enviando por correio. O número recorde se deve, principalmente, à pandemia de Covid-19. Ele equivale a 54,4% dos votos totais na eleição de 2016, e a 31,3% de todas as pessoas aptas a votarem no país. Para efeito de comparação, menos de um quarto do eleitorado (23%) votou de forma antecipada no pleito anterior, segundo dados do U.S. Elections Project. O aumento de interesse dos americanos em votar num país em que isso não é obrigatório agradou às entidades que incentivam a população a se envolver com o processo eleitoral —e agora, na reta final, as preocupa na mesma medida. 'Pare de desistir e vote' a partir de uma placa de 'pare', adesivos e um cartaz escrito 'vote' Isso porque os correios —a forma preferida de voto antecipado, com 49 milhões de adeptos até o momento— estão sobrecarregados e não têm como garantir, a esta altura, que serão capazes de entregar tudo a tempo da contagem. “Se você ainda não enviou sua cédula pelo correio, não envie”, dizia um post da ONG Head Count publicado no domingo (25) em sua página no Instagram. “Deposite-o pessoalmente para fazê-lo valer. Já o sindicato de maquinistas e trabalhadores aeroespaciais foi mais direto em seu site, na segunda-feira (26): “Não dependa dos correios. Deposite sua célula num ponto de coleta ou vote pessoalmente”. A nota, que explicava por que já seria tarde demais para votar por correio, acrescentou que “políticas partidárias podem ameaçar a contagem das cédulas enviadas por correio, causando tumulto durante o dia da eleição e depois”, sem citar um partido específico.
Resta a ambas as entidades torcerem para que os 16,8 milhões de eleitores que pediram para votar de forma antecipada, mas ainda não enviaram suas cédulas, ouçam o pedido. A preocupação tem um motivo: 28 estados —entre eles, muitos considerados cruciais, como Wisconsin, Ohio, Carolina do Norte, Flórida e Iowa— não contarão os votos que chegarem após o dia 3 de novembro. A Pensilvânia, importante campo de batalha na disputa deste ano, conseguiu prorrogar a entrega das cédulas até 6 de novembro, graças a uma votação empatada da Suprema Corte (que na ocasião estava com um juiz a menos por causa da morte de Ruth Bader Ginsburg, em setembro). Os republicanos do estado voltaram ao tribunal na terça-feira (27) para pedir que a votação fosse refeita, contando com o apoio presumido da juíza ultraconservadora Amy Coney Barrett, indicada pelo presidente Donald Trump e recém-empossada. Mas a corte se recusou nesta quarta (28) a julgar o recurso antes da eleição. Os atrasos dos votos por correio têm sido a regra. Na semana que chegou ao fim em 16 de outubro, 85,6% dos votos enviados foram entregues no prazo ideal, de até três dias. É a 14ª semana consecutiva em que essa taxa esteve abaixo de 90%. O próprio serviço postal americano recomenda que, “como medida de senso comum”, os votos não sejam enviados por carta a menos de uma semana da eleição, prazo que já estourou. Para além da sobrecarga, parte do atraso se deve a uma disputa legal em setembro entre os correios —que tentaram implementar uma política de corte de custos— e cinco estados que entraram na Justiça para impedir que isso ocorresse e venceram. Os cortes teriam piorado ainda mais os atrasos, mas o imbróglio também ajudou a exacerbá-los. Os eleitores de Joe Biden, candidato do Partido Democrata à Presidência, seriam os mais prejudicados por eventuais falhas, já que foram os mais adeptos do voto a distância como medida preventiva durante a pandemia. Segundo o U.S. Elections Project, os democratas representam 47,4% dos votos depositados até agora —de longe o maior grupo, seguidos pelos que apoiam o Partido Republicano (29,4%) e os sem filiação partidária (22,5%). Biden não chegou a fazer um pedido explícito para os eleitores desistirem de votar por correio, mas fez mudanças sutis na linguagem das peças publicitárias de modo a incentivar os eleitores a depositarem as cédulas pessoalmente, segundo membros de sua campanha ouvidos pelo jornal The Washington Post.
Já o candidato à reeleição pelo Partido Republicano, Donald Trump, tem como trunfo o fato de ter desestimulado sua base a votar por correio desde o início da corrida eleitoral, alegando que a prática seria fraudulenta. “As cédulas [enviadas] por correio são trapaceiras”, disse ele a eleitores de Wisconsin em setembro, reforçando um boato falso que circula há anos entre os republicanos. Nos cinco estados que votam inteiramente por correio —Havaí, Colorado, Washington, Oregon e Utah—, os índices de fraude são muito raros; em Utah, houve apenas um caso de fraude registrado desde 2013, dentre 970 mil cédulas enviadas por correspondência. Para além disso, a campanha de Trump chegou a entrar na Justiça na semana passada para pedir que a contagem dos votos por correio na região de Las Vegas já fosse encerrada. O argumento foi que seria impossível confirmar as assinaturas de todos os eleitores a tempo. (O condado onde fica Las Vegas é a região mais democrata do estado de Nevada.) O juiz estadual James Wilson se recusou a atender o pedido. O presidente também pressiona os tribunais estaduais de forma implícita para que impeçam a contagem das cédulas após o dia da eleição. "Com sorte, os poucos estados que querem demorar para contar as cédulas depois de 3 de novembro vão ser impedidos pelos diversos tribunais", disse num pronunciamento recente. Vinte e dois estados planejam estender a apuração para muito além disso. O mais demorado é Washington, que tem até o dia 23 de novembro para terminar a contagem.

FERNANDO CANZIAN - ”Minha eleição: 'Traiçoeira, votação dos EUA obriga a manter barbas de molho'”
”Biden aumenta vantagem em Michigan e segue empatado com Trump na Carolina do Norte”
”Juiz libera porte de armas em locais de votação em Michigan”
”Vídeos de americana de 104 anos indo votar viralizam: 'Agora posso morrer feliz'”

”Candidatura de pastor no Equador reforça domínio evangélico na América Latina” - A candidatura de um pastor à Presidência do Equador fortalece um fenômeno familiar ao Brasil e que se espraia pela América Latina: a ascendência de vozes terrivelmente evangélicas no debate político. Em 1º de outubro, Gerson Almeida, um curitibano radicado em Quito, oficializou a entrada na eleição que o país realizará em 2021. Tem respaldo do Ecuatoriano Unido, movimento de Edwin Moreno, irmão do atual presidente, Lenín Moreno. "Este é o primeiro passo para uma mudança nacional, vamos pela vida", declarou o autointitulado candidato pró-vida. "Que Deus tenha misericórdia desta nação." Em espanhol ou português, é um discurso que se calcifica na vizinhança desde 2018, diz o sociólogo peruano José Luís Pérez Guadalupe, co-organizador do recém-lançado "Novo Ativismo Político no Brasil: Os Evangélicos do Século 21". "Definitivamente, 2018 marcou um antes e depois na participação política dos evangélicos na América Latina", diz à Folha. Os exemplos vêm aos montes, e a vitória de Jair Bolsonaro, um católico que chegou a ser batizado nas águas do rio Jordão pelo hoje preso Pastor Everaldo (PSC-RJ), é a ponta de lança desse movimento.
No mesmo ano, no México, o presidente Andrés Manuel López Obrador se aliou ao evangélico Partido Encontro Social. Desaguou até na Costa Rica, o país menos adepto dessa fé na região: lá liderou a votação no primeiro turno o deputado e cantor gospel Fabricio Alvarado. "A Costa Rica enviou uma mensagem aos partidos tradicionais: nunca mais interferirão na família", disse então o político que, dois anos antes, lançava o louvor a Deus "Tú Eres Mi Papá". Alvarado subiu nas pesquisas ao sugerir que a Costa Rica deveria abandonar a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que se manifestara a favor da união homoafetiva. Acabou derrotado por outro Alvarado, o Carlos, um ex-cantor de rock. Mas o rugido conservador não passou batido. E ecoou também na Venezuela quando, naquele mesmo ano, um pastor se candidatou a presidente sob a premissa de ser "luz no meio da escuridão". Javier Bertucci amealhou 1 milhão de votos, longe dos 6,2 milhões do ditador Nicolás Maduro num pleito de lisura questionável. Ainda assim, a marca surpreendeu. Em 2019, a senadora evangélica Jeanine Añez ocupou a Presidência da Bolívia após Evo Morales e seu vice, Álvaro García-Linera, renunciarem sob pressão das Forças Armadas e de manifestações populares. Ao assumir o cargo, subiu a escadaria do palácio do governo com uma Bíblia.
No Peru de hoje, as pesquisas dão vantagem para uma estrela do futebol nacional, o goleiro aposentado George Forsyth. Ele concorre pelo Restauración Nacional, partido fundado pelo pastor Humberto Lay. Na América Central, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala ultrapassam 40% da população adepta dessa crença. Na América do Sul, é o Brasil que mostra mais fôlego para reverter a maioria católica, que já monopolizou a religiosidade nacional e hoje caiu para a metade do povo. Não é só na demografia que o grupo cresce. A relevância social que seus membros adquiriram nesses anos, para Guadalupe, engloba vários fatores: o abandono do "complexo de minoria" que lhes era característico, o acesso às classes média e alta da sociedade, a troca de "templos de fundo de quintal" por megaigrejas em áreas residenciais, a invasão da mídia e a entrada na política partidária. O segmento é bom em fazer barulho, mas tende a ser subrepresentado nas Américas. O Brasil é um bom exemplo. "É o país de maior sucesso em termos de incursão política [dessa religião], mas a bancada evangélica chega a apenas 16%, enquanto evangélicos são 32% da população", diz Guadalupe. Se há paralelos possíveis, falta uma unidade evangélica entre latino-americanos, segundo o sociólogo. Vide a tentativa de expansão regional da Igreja Universal, por meio do mote em espanhol "pare de sufrir". Seria o único experimento de relevo para uma "colonização religiosa" no continente, afirma. "Tem sido um tremendo fracasso, sem o êxito religioso, comercial e político que alcançaram no Brasil."
Ainda que se unam em prol de uma agenda moral, evangélicos não são conhecidos pela coesão interna —o que lhes dá vantagem adaptativa na política, diz a guatemalteca Brenda Carranza, co-organizadora do livro com Guadalupe e coordenadora do Laboratório de Antropologia da Religião da Unicamp. "A fragmentação e a autonomia lhes permitem assumir livremente compromissos com determinados partidos e abandoná-los caso se desentendam com as lideranças religiosas", afirma ela. "Isso entre católicos não é possível pelo modelo eclesiocêntrico no qual ninguém pode falar em nome da Igreja." Ou seja, entre este outro filão do cristianismo não há um Vaticano para ordenar como cada agente deve se comportar. E é preciso saber diferenciar políticos evangélicos dos evangélicos políticos que atuam na região, afirma Guadalupe. Para ele, o primeiro grupo entra na política mantendo seus princípios cristãos, "como pode haver políticos católicos, políticos marxistas, políticos liberais etc.". Já o segundo busca capitalizar sua liderança religiosa na arena eleitoral. Os primeiros, segundo o peruano, agem como cidadãos, e os últimos, como congregação ou devotos. O típico evangélico político, como Guadalupe escreve no livro, é "um fiel que busca tornar todas as políticas estatais cristãs confessionais e não faz distinção entre templo e Parlamento, nem entre púlpito e assento ou mesmo se lembra do mandamento de Jesus de Nazaré de '...dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus'. É por isso que eles colocam a Bíblia acima da Constituição em sua ação política, indicando que toda a criação é de Deus e, portanto, deve ser submetida à vontade divina".

”Após trégua fracassada, cresce número de civis mortos em conflito entre Armênia e Azerbaijão”
”Após morte de George Floyd, capas de revistas com negros disparam”

”Bolsas globais derretem com segunda onda de coronavírus” - A Bolsa brasileira tombou 4,25% nesta quarta-feira (28), a 95.371 pontos, com a segunda onda de coronavírus na Europa e volatilidade causada por incertezas na corrida eleitoral dos Estados Unidos. Esta é a maior queda diária do Ibovespa desde abril. O dólar subiu 1,44%, a R$ 5,7650, maior valor desde maio, quando foi ao recorde de R$ 5,90. O turismo está a R$ 5,90. A moeda americana chegou a R$ 5,7930 na máxima do dia, mas perdeu força com atuação do Banco Central, que vendeu US$ 1,04 bilhões à vista. O petróleo também afundou na sessão. O barril de Brent (referência internacional) recuou 5%, a US$ 39,12 (R$ 225,52). Em Londres, a Bolsa caiu 3,5% e em Paris, 3,4%. Na Alemanha, a queda da Bolsa de Frankfurt foi de 4,2%. A Alemanha anunciou que terá um lockdown emergencial de um mês que inclui o fechamento de restaurantes, academias de ginástica e teatros para reverter um pico de casos de coronavírus que pode sobrecarregar os hospitais. Para tornar as medidas mais palatáveis, especialmente para empresas menores, a Alemanha oferecerá ajuda financeira para aqueles que forem prejudicados pelas novas restrições. A França também anunciou novas restrições nesta quarta, com um novo lockdown nacional que se inicia na sexta (30) e que irá permanecer em vigor até 1º de dezembro para frear a disseminação exponencial do coronavírus. Segundo o governo local, se dentro de duas semanas a situação de saúde tiver melhorado, o governo vai reavaliar a possibilidade de reabrir algumas lojas consideradas não essenciais.
Para o Joelson Sampaio, professor da FGV, os lockdowns causaram tamanhas quedar por serem uma mudança de expectativa que pode gerar uma contração da economia europeia. “Um resultado negativo na europa afeta direta e indiretamente o Brasil, mas não é o mesmo cenário de março. Não preocupa tanto quanto da primeira vez, as pessoas já sabem o que pode acontecer”. Nos Estados Unidos, as eleições presidenciais são outro fator de risco para os mercados. As pesquisas mostram o democrata Joe Biden à frente do atual presidente, o republicano Donald Trump, o oposto do que investidores esperavam no início do ano. “A vitória de Biden deixa o mercado mais volátil porque o seu governo ainda é uma incógnita”, disse Sampaio. Segundo Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance em Charlotte, Carolina do Norte, os investidores também estão preocupados com três possíveis cenários: a contestação do resultado da eleição, um controle democrata do Congresso e que Trump seja reeleito. "Enquanto as pessoas analisam os prováveis cenários do que poderia ocorrer com a eleição, não há uma boa resposta no curto prazo", disse ele. Ainda pesa o fracasso de Washington em alcançar um acordo em torno de um novo estímulo fiscal antes das eleições de 3 de novembro, sem um acordo de republicanos e democratas para a votação do pacote de cerca de US$ 2 trilhões. O coronavírus também preocupa o cenário dos EUA, onde 12 estados registraram recordes de pacientes com a Covid-19 hospitalizados na terça-feira (27). "Obviamente, o vírus está fora de controle. Está aumentando, é ruim. O conceito de que vai desaparecer é apenas uma suposição errada", disse Eric Kuby, diretor de investimentos da North Star Investment Management Corp em Chicago. Nesta quarta, ações de hotéis, companhias aéreas e outras empresas sensíveis às incertezas relacionadas à Covid-19 afundaram no pregão, tanto na Europa quanto nos EUA. Grandes empresas de tecnologia, como a Apple, Alphabet, Amazon e Facebook, que devem divulgar os resultados trimestrais na quinta (29), caíram cerca 3%. O VIX, o índice do medo de Wall Street atingiu sua máxima desde 15 de junho. O índice Dow Jones caiu 3,4% para o menor nível desde julho, o S&P 500 recuou 3,5% e a Nasdaq teve queda de 3,7%.
Entre os destaques do pregão brasileiro está a Cielo, que teve a maior queda do Ibovespa com tombo de 11,66%, a R$ 3,41, menor cotação desde maio, com balanço do terceiro trimestre mostrando uma redução de 71,5% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2019, para R$ 100,4 milhões. Empresas do setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia, também tiveram forte queda. A CVC caiu 9,88%, a R$ R$ 12,77, enquanto a Azul recuou 9,58% (para R$ 23,40) e a Gol, 9,03%, fechando o dia a R$16,92. As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras caíram 6,09%, a R$ 18,67, e 6,14%, a R$ 18,64, respectivamente, em meio ao tombo do petróleo no exterior. Ainda no radar estavam a aprovação do conselho da companhia de revisão da política de remuneração aos acionistas, a autorização do governo para a Petrobras importar gás da Bolívia e o balanço do terceiro trimestre, divulgado após o fechamento do mercado. A Gerdau caiu 5,89%, a R$ 22,22, apesar de resultado acima do esperado no terceiro trimestre, com lucro líquido de R$ 795 milhões, salto de 175% em relação ao mesmo período de 2019, com as ações afetadas pela aversão a risco generalizada. Vale, que apresentou seu balanço trimestral após o fim do pregão com lucro de R$ 15 bilhões, cedeu 3,63%, a R$ 60,26. As ações da Raia Drogasil desabaram 7,21%, a R$ 24,20, mesmo após reportar alta de 13,4% no lucro líquido no terceiro trimestre, para R$ 172,9 milhões. A empresa, contudo, encerrou o trimestre com uma dívida líquida ajustada maior ano a ano, de R$ 1,18 bilhão. Alexandre Espírito Santo, economista da Órama, diz que não espera um tombo da economia brasileira tão grande quanto no segundo trimestre, marcado por lockdowns e restrições, mas diz que a nova onda de infecções pode gerar uma desaceleração global novamente. “Isso mostra que sem vacina não vai adiantar e o mercado volta a ficar dependente disso”, diz. Segundo ele, uma das explicações para a alta do dólar e queda da Bolsa brasileira é a saída de estrangeiros do país.
Além da pandemia, o país enfrenta problemas locais, com o atraso na agenda de reformas e aumento do risco fiscal. Investidores veem risco de quebra do teto fiscal e aguardam a definição do Orçamento de 2021, que pode sair só ano que vem. “Risco fiscal paira sobre nós há muito tempo e, em momentos de incerteza, o investidor coloca o lucro no bolso”, diz Espírito Santo. Um reflexo do risco fiscal é a alta dos juros futuros, taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. Eles são a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro. Nesta semana, o juro para janeiro de 2025 foi de 6,62% na última sexta para 6,66% nesta quarta. O risco-país brasileiro medido pelo CDS de 5 anos subiu 3% nesta quarta, acumulando alta de 3,8% na semana, a 220 pontos. O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas. “Risco fiscal paira sobre nós há muito tempo e, em momentos de incerteza, o investidor coloca o lucro no Bolso”, diz Espírito Santo. No ano, estrangeiros tiraram R$ 84,6 bilhões da Bolsa brasileira, saída recorde. O Ibovespa acumula perdas de 5,8% na semana. No mês, há alta de 0,81%.

”Risco fiscal pesa mais sobre dólar do que nova onda da pandemia, dizem analistas” - Um recrudescimento da pandemia nas principais economias mundiais tende a contribuir para uma queda da inflação no Brasil, caso o governo mantenha o compromisso com a política fiscal de modo a levar a taxa de câmbio a um patamar mais baixo. O descontrole das contas públicas, por outro lado, pode levar a moeda nacional a um patamar acima de R$ 6,00 e aumentar o repasse cambial para os preços. Nesta quarta-feira (28), o dólar subiu 1,44%, para R$ 5,7650, maior valor desde maio, quando foi ao recorde de R$ 5,90. O turismo está a R$ 5,90. A moeda chegou a R$ 5,7930 na máxima do dia, mas perdeu força com atuação do Banco Central, que vendeu US$ 1,042 bilhão à vista. Desta vez, pesa o movimento internacional de valorização do dólar frente a praticamente todas as moedas, em decorrência do aumento de casos de coronavírus na Europa e as novas medidas de restrição adotadas por países como Alemanha e França. O dólar acumula alta de 43,6% no ano frente ao real. Entre os emergentes, é a moeda que tem o pior desempenho. Na comparação de todas as moedas globais, é a quarta que mais se desvaloriza em 2020, atrás do dólar do Suriname, da cuacha de Zâmbia e da rúpia de Seicheles, nesta ordem. Apesar do movimento desta quarta-feira, analistas avaliam que a moeda brasileira pode continuar abaixo de R$ 6,00 caso haja sinalização do governo de compromisso com o ajuste fiscal. “A gente está vendo, especificamente nesta semana, decisões de governos europeus de voltar com medidas de distanciamento e a divulgação de alguns indicadores que mostraram piora na atividade econômica por conta da Covid. Com isso, os mercados optam por investimentos mais seguros e isso acaba reforçando o dólar no cenário internacional”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide. “Nesta semana, o real foi um pouco mais em linha com os pares, mas, no acumulado do ano, a gente está com desempenho pior.” João Leal, economista da Rio Bravo, diz que uma segunda onda da pandemia tende a gerar uma pressão desinflacionária também no mercado doméstico, mesmo que possa haver uma depreciação cambial adicional, que poderia ser compensada por uma atividade econômica mais fraca.
“O impacto econômico é negativo, mas a expectativa é que seja bem menor do que em março e abril. A tendência é que o câmbio deva depreciar um pouco mais, mas não deve chegar ao nível de R$ 6,00”, afirma Leal. “O fator doméstico é muito mais importante para o comportamento do câmbio hoje. Se o governo sinalizar que não vai obedecer o teto de gastos ou vai criar um programa de renda fora do teto, provavelmente vamos ver o câmbio ultrapassar o nível de R$ 6,00, mas esse não é o nosso cenário base.” Maurício Oreng, superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Santander Brasil, também afirma que o cenário mais provável hoje é de uma retomada do ajuste fiscal, o que contribuiria para que uma nova onda de contaminações e medidas de distanciamento não levasse a uma disparada do dólar e tivesse efeito desinflacionário para o Brasil. No cenário considerado pelo Santander, o dólar iria a R$ 5,30 no final deste ano, se houvesse alguma sinalização positiva na área fiscal, e terminaria 2021 em R$ 4,60. Na hipótese de descontrole fiscal, afirma Oreng, o dólar iria para R$ 6,70 no próximo ano, com os juros subindo a 6% em 2021 e a 9% em 2022. Roberto Dumas Damas, professor do Insper, afirma que, com a taxa básica de juros (Selic) baixa e o aumento da percepção de risco para o Brasil, o real tende a seguir depreciado. “Dado o cenário, o dólar pode romper R$ 6,00”, afirma. Segundo o economista, o encurtamento da dívida deve pesar cada vez mais na economia, levando o país a uma dominância fiscal, ou seja, quando a política fiscal dita a política monetária devido a um peso maior do risco fiscal. “O menos pior seria o BC subir juros. A Selic está fora do lugar. Se na próxima reunião o Copom não subir, será ainda pior”.

”Argentina tenta conter disparada do dólar” - A Argentina vive uma semana tensa em relação ao dólar e a uma possível desvalorização do peso. Na última terça-feira (27), o valor do dólar paralelo (conhecido como "blue") chegou a 195 pesos, enquanto o oficial está em 83,5 pesos. A desvalorização da moeda local causou uma reação política e uma fricção entre o presidente, Alberto Fernández, e sua vice, Cristina Kirchner. Enquanto esta defende uma troca de ministros, o mandatário respalda sua equipe econômica. O ministro da economia, Martín Guzmán, tentou duas estratégias para conter a disparada da moeda norte-americana. Primeiro, colocou em licitação bônus em pesos ajustáveis à variação do dólar oficial, na tentativa de levantar a maior quantidade de pesos argentinos do mercado. Com menos moeda local em circulação, a expectativa é que ela se valorize. Em segundo lugar, Guzmán anunciou que a licitação será nos dias 9 e 10 de novembro, dando tempo para que grandes fundos de investimento que estejam atados ao peso possam mudar de moeda, diminuindo a pressão sobre ela.
Com essas medidas, Guzmán conseguiu fazer com que o "blue" fechasse a 187 pesos na terça e a 181 pesos nesta quarta. Ainda assim, a grande distância que há entre os dólares oficial e paralelo, de mais de 130%, causa grande preocupação no governo e na sociedade. Para conter o valor do dólar, o Banco Central argentino também vendeu cerca de US$ 80 milhões. Só neste mês, as vendas da moeda americana pelo BC local somam US$ 1,2 bilhão. A inflação continua subindo, pois o comércio acaba se guiando pelo "blue". E a corrida pelos dólares só está contida porque a compra da moeda está limitada a US$ 200 por pessoa por mês. Em entrevista a uma rádio local na terça, Guzmán afirmou que não haverá uma desvalorização do peso argentino e que "ainda há alternativas para acalmar o mercado". Uma das dificuldades que o país enfrenta é o fato de ter havido, durante a fase mais dura da quarentena, um aumento da emissão monetária de mais de 85% com relação a todo o ano de 2019. Isso exerceu ainda mais pressão na inflação e no valor da moeda. Nesta quarta (28), Guzmán apresentou o projeto de orçamento para o ano que vem, prevendo cobrir déficit fiscal previstao para 2021 (de 4,5% do PIB) em 60% com novas emissões de moeda e 40% com financiamento do mercado.
Ao mesmo tempo, Guzmán iniciou conversas para reestruturar a dívida tomada pelo país com o FMI em 2018 e busca a liberação de US$ 5,4 bilhões que eram parte deste acerto para reforçar as reservas do Banco Central. Outra medida que vem causando polêmica é a decisão do presidente de reabrir as fronteiras para o turismo com relação aos países fronteiriços. Essa reabertura é limitada. Os turistas poderão vir apenas para Buenos Aires, uma vez em que há restrições internas de circulação dentro do território argentino. Ao ser questionado por jornalistas sobre a razão desta abertura quando a Argentina enfrenta uma alta no número de contaminações e de mortes diárias pela doença, Fernández referiu-se à necessidade de entrada de dólares no país. Os turistas somente poderão entrar na Argentina com um exame de coronavírus (PCR) negativo realizado 48h antes do embarque e com a apresentação de um seguro médico. A abertura será para turistas de Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile.

PAINEL S.A. - ”Doria retoma rodada de reuniões com investidores estrangeiros”
PAINEL S.A. - ”Falta de cerveja em supermercado chega a Mato Grosso”
PAINEL S.A. - ”Com segunda onda de Covid-19, venda de papel higiênico volta a subir na Alemanha”

PAINEL S.A. - ”Para pedir volta dos R$ 600, centrais sindicais voltam a fazer protesto na rua”: As centrais sindicais estão organizando uma manifestação em defesa do auxílio emergencial de R$ 600 e da desoneração da folha de pagamento com a garantia de empregos para o dia 3 de novembro. O protesto, que marca a volta de seis entidades à rua na pandemia, será na avenida Paulista, em São Paulo.

PAINEL S.A. - ”Na pandemia, pirataria volta a preocupar indústria”

”BC mantém Selic a 2% ao ano mas reforça pressão inflacionária” - Mesmo diante de pressão inflacionária, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) a 2% ao ano nesta quarta-feira (28). No comunicado da decisão, a autoridade monetária citou o choque de inflação recente, mas reforçou que é temporário. "Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção", afirmou. O BC, no entanto, destacou que os últimos índices de preços divulgados vieram acima do esperado. “As últimas leituras de inflação foram acima do esperado, e o Comitê elevou sua projeção para os meses restantes de 2020”, justificou, no texto. Com isso, a autarquia aumentou as projeções para a inflação nos dois cenários divulgados. Para 2020, a expectativa foi elevada em 1 ponto percentual, acima das revisões anteriores. De acordo com o comunicado, no cenário básico, com a taxa de juros a 2% a.a. em 2020, 2,75% a.a. em 2021 e 4,50% a.a. em 2022, e o dólar a R$ 5,60, as projeções do Copom para a inflação são de 3,1% para 2020, 3,1% para 2021 e 3,3% para 2022.
Já no cenário com taxa de juros constante a 2% a.a. e taxa de câmbio a R$ 5,60, as projeções para a inflação são de torno de 3,1% para 2020, 3,2% para 2021 e 3,8% para 2022. "Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do Real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda", explicou o colegiado. A decisão de manter a taxa a 2% ao ano está em linha com a expectativa do mercado. Analistas consultados pela Bloomberg previram a manutenção da taxa, conforme indicado pelo comitê na reunião anterior. A sinalização do comitê é de manter a Selic no patamar atual nas próximas decisões. "O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno", avaliou o comunicado. Maurício Oreng, superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Santander Brasil, afirma que o fator determinante para o futuro da taxa básica será a questão das contas públicas. “Não tem como falar de Selic sem falar de fiscal. No cenário em que você consegue manter o teto, passar reformas, pode ter ou não programas de transferências de renda, mas cortando outros gastos obrigatórios, esse cenário é um ambiente desinflacionário”, afirma.
Para ele, os demais fatores que vão prevalecer são uma demanda ainda se recuperando de maneira fraca, com desemprego em alta e massa salarial caindo. “O BC não vai ter de subir juros [em 2021]” diz Oreng. O economista-chefe do Asa Investments, Gustavo Ribeiro, afirma que o comunicado surpreendeu pelo lado “dovish”, tanto pela avaliação sobre a alta recente de preços como pelas projeções de inflação ainda abaixo do centro da meta neste e no próximo ano, além de ter não ter descartado completamente um novo corte de juros. “Ele manteve a opção de eventualmente cortar juros. O mercado em geral apostava na retirada desse trecho, dado esse aumento da inflação de curto prazo e a continuidade de ruídos políticos e fiscais”, afirma Ribeiro. A economista-chefe da Claritas Investimentos, Marcela Rocha, disse concordar com o BC com relação ao choque de preços de alimentos, que não deverá ser permanente. "Não acreditamos que a alta será persistente e de forma generalizada, deve ficar no curto prazo", disse. Rocha ponderou que o principal fator de risco, de acordo com o comunicado do Copom, é a política fiscal. "O texto destacou que o balanço de risco segue assimétrico para o lado da alta na inflação por causa do risco de prolongamento do auxílio emergencial e de uma possível descontinuidade das reformas estruturais", salientou. A especialista considerou adequada a manutenção da Selic. "Apesar da alta recente, as expectativas de inflação ainda estão abaixo da meta, ainda há gordura", explicou. O economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, concorda que a alta da inflação não deve se estender. "É um choque temporário, um desequilíbrio entre oferta e demanda que foi causado pela pandemia", afirmou. Além disso, segundo o comunicado, o BC não pretende subir juros a menos que as expectativas de inflação sejam elevadas acima da meta ou que o regime fiscal seja alterado. "O Copom avalia que essas condições [inflação abaixo da meta e regime fiscal inalterado] seguem satisfeitas", disse o texto.
Essa indicação é um instrumento secundário de política monetária, chamado de “forward guidance”, ou prescrição futura. Como o comitê avalia que a taxa Selic está próxima do seu limite mínimo, o BC teve que recorrer ao recurso para tentar diminuir a especulação em torno da taxa básica de juros futura e aumentar o estímulo à economia sem cortar ainda mais os juros. Para Bertotti, as revisões do BC para as taxas de juros e inflação estão compatíveis com o cenário atual. "Sobre a prescrição futura, o BC não deixou claro as diretrizes da política monetária como nas decisões passadas. Nelas, foi indicado que poderiam ser feitos ajustes futuros, deixando a porta aberta para cortes, o que não ocorreu agora", analisou o economista. No comunicado, o comitê repetiu que a inflação permanece com fatos de risco em duas direções. A baixa atividade econômica pode puxá-la para baixo. “Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”, disse. Por outro lado, a piora nas contas públicas com o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia podem puxar os preços para cima. Além disso, o BC destacou que “frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco”.
“O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, completou. No cenário externo, o Copom analisou que a retomada de alguns setores desacelerou em parte por conta da segunda onda de contaminações do novo coronavírus em alguns países. “Há bastante incerteza sobre a evolução desse cenário, frente a uma possível redução dos estímulos governamentais e à própria evolução da Covid-19. Contudo, a moderação na volatilidade dos ativos financeiros segue resultando em um ambiente relativamente favorável para economias emergentes”, ressaltou. Em relação à atividade econômica brasileira, o BC reafirmou que indicadores sugerem retomada desigual entre os setores e os mais afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar do auxílio emergencial. “Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, frisou o comunicado. A Selic é um dos instrumentos usados pelo BC para controlar a inflação. Quando o índice está alto, a autoridade monetária sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços.
Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia. O IPCA-15, divulgado pelo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), uma espécie de prévia do índice oficial de inflação, registrou em setembro a maior alta desde 2012, de 0,45%. Além disso, o mercado aumentou a expectativa de inflação para 2020. Segundo o relatório Focus do BC desta semana, os economistas esperam que os preços subam 2,99% no ano. Há um mês, a projeção era de 2,05%. Desde o início da crise gerada pelo novo coronavírus, as estimativas vinham abaixo de 2%. Na semana da última reunião do Copom, em setembro, o mercado esperava inflação de 1,94%. A projeção atual, no entanto, ainda está abaixo da meta de 4%, com tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima, fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Na última reunião, quando o colegiado manteve a taxa a 2% ao ano, o BC avaliou, pela primeira vez desde a chegada do vírus ao país, que a inflação poderia se elevar no curto prazo. Na ocasião, já era observada alta nos preços de alimentos. Antes da crise, em fevereiro, a autoridade monetária havia indicado que a taxa ficaria em 4,25% ao ano nas reuniões seguintes, depois de cinco reduções seguidas (desde julho de 2019). O BC retomou o ciclo de queda da Selic com a deterioração do cenário econômico. Até agosto, os juros caíram em todas as reuniões, mas o ciclo de queda foi interrompido no encontro passado.

”Investimento estrangeiro direto caiu pela metade no Brasil, diz Unctad” - O investimento estrangeiro direto caiu praticamente pela metade no Brasil no primeiro semestre de 2020, segundo a Unctad (sigla em inglês para Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Os aportes internacionais somaram U$ 18 bilhões (R$ 103 bilhões) na primeira metade do ano, recuo de 48% em relação a igual período de 2019, impactados pela pandemia e pela paralisação do programa de privatizações lançado pelo governo brasileiro no ano passado, conforme a entidade intergovernamental ligada à ONU (Organização das Nações Unidas). O investimento estrangeiro direto é voltado para o longo prazo, diferentemente do investimento no mercado de capitais, que visa ganhos num prazo mais curto. Ele inclui, por exemplo, a compra por estrangeiros de participações significativas em empresas nacionais, a abertura de filiais de multinacionais em território brasileiro e investimentos na construção de fábricas ou em obras de infraestrutura. A queda do investimento estrangeiro direto no Brasil foi superior à registrada na América Latina e Caribe como um todo (-25%). Na região, Chile (67%) e México (5%) tiveram aumento da entrada de recursos, enquanto Colômbia (-34%), Argentina (-40%) e Peru (-72%) registraram quedas. Em todo o mundo, os fluxos de investimento direto somaram US$ 399 bilhões no primeiro semestre, queda de 49% em comparação com os mesmos meses de 2019, com recuo maior nos países desenvolvidos (-75%) do que naqueles em desenvolvimento (-16%).
Entre os países que mais receberam aportes no ano passado, a maiores quedas esse ano foram registradas na Itália (-74%), Estados Unidos (-61%), Brasil (-48%), Austrália (-40%), Canadá (-32%), Índia (-29%), França (-25%) e China (-4%). Na outra ponta, México (5%) e Alemanha (15%) foram os únicos desse grupo a registrar aumento da entrada de recursos. “Com a pandemia, medidas como confinamento social e bloqueios atrasaram ou cancelaram projetos de investimento. Além disso, as perspectivas de uma recessão profunda levaram empresas multinacionais a reavaliar ações”, observa a Unctad, em comunicado. “É mais drástico do que se esperava, principalmente nas economias desenvolvidas”, observou James Zhan, diretor de investimentos e empresas da Unctad, também em comunicado. “As economias em desenvolvimento resistiram à tempestade relativamente melhor na primeira metade do ano e o panorama permanece altamente incerto. Apesar de o Brasil ter registrado a terceira maior queda no investimento estrangeiro direto no primeiro semestre, a Unctad avalia que as perspectivas são melhores para a segunda metade do ano. “Os fluxos devem se recuperar moderadamente no segundo semestre, à medida em que a venda de ativos for retomada e um novo plano de infraestrutura seja lançado”, escreve a entidade, em relatório. Globalmente, a Unctad manteve sua projeção de uma queda de 30% a 40% nos fluxos de investimento estrangeiro direto em 2020. “Os fluxos dependerão da duração da crise de saúde e da eficácia das intervenções políticas para mitigar os efeitos econômicos da pandemia”, observou a entidade. “Os riscos geopolíticos continuam aumentando a incerteza.”

”Auxílio emergencial e oferta de produtos vão definir tamanho da inflação, dizem economistas” - O Brasil vive hoje um movimento generalizado de alta de preços de alimentos e insumos para diversos setores que poderá ser contido caso sejam resolvidas três questões que pressionam a inflação: a falta de alguns produtos, as medidas de estímulo adotadas durante a pandemia e a taxa de câmbio. Na avaliação de economistas ouvidos pela Folha, a inflação deve ficar em torno de 3% neste e no próximo ano, abaixo do centro da meta fixada pelo governo de, respectivamente, 4% e 3,75%. Para que isso ocorra, contam com o fim do desequilíbrio entre oferta e demanda de produtos que afeta empresas em vários países. Também esperam que governo federal e Congresso mantenham o compromisso de preservar o teto de gastos e retomar o ajuste fiscal em 2021, o que ajudaria a derrubar a taxa de câmbio que também tem encarecido produtos importados e exportados pelo Brasil. A alta da inflação é uma das questões que serão analisadas na reunião desta quarta-feira (28) do Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado do Banco Central que deve manter a taxa básica de juros nos atuais 2% ao ano. Na semana passada, o IBGE divulgou o IPCA-15, indicador que funciona como uma espécie de prévia do índice oficial de inflação, e que registrou em setembro sua maior alta desde 2012, de 0,45%, acima das estimativas do mercado. Enquanto o índice, que é uma média e representa uma cesta de consumo, sobe 2,65% em 12 meses, o preço de alguns alimentos acumula alta superior a 30%. O IGP-M, índice de preços no qual pesam mais os preços ao produtor, acumula alta de 18%. O grupo matérias-primas brutas subiu 57% no período.
O economista André Braz, coordenador de índice s de preços do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), afirma que há setores muito pressionados pelo aumento das matérias-primas, como automobilístico, alimentação e construção civil. Segundo Braz, parte disso são efeitos cambiais. O real desvalorizado favorece a exportação, o que é ruim para a inflação porque desabastece o mercado brasileiro. Também deixa mais caros produtos importados, como grãos e outras commodities que já estão subindo também em dólar no exterior. “Há um espalhamento da inflação ao produtor. Toda a cadeia de derivados dessas matérias-primas também sobe. Há facilidade para repassar esse aumento de custos para os derivados, sejam agrícolas ou industriais. Isso está diminuindo a margem de vários segmentos industriais, que não veem condição de repassar essa pressão para o preço final. A indústria está com margens mais apertadas”, afirma o economista. “Os únicos segmentos que ainda admitem repasses mais fortes são alimentação e, agora, a construção civil. A inflação ao consumidor está muito concentrada em alimentos. Ele tem pouco fôlego para direcionar recursos para outras despesas. Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, afirma que outro fator que pressiona a alta das matérias-primas é a interrupção de algumas cadeias produtivas por causa das paralisações durante a pandemia, mas avalia que demanda e oferta devem se equilibrar em pouco tempo.
A economista afirma que não prevê uma contaminação da inflação de insumo para os serviços e produtos de forma generalizada e que a economia ainda fraca impede repasses desse aumento de custos. “A gente não vê muito espaço para repasses. A gente está saindo de uma crise forte, com nível de renda ainda muito deprimido. Houve esse impulso do auxílio emergencial, que vem beneficiando alguns setores específicos, mas aqueles em que a demanda está se recuperando de maneira mais lenta não vão ter poder de repasse”, afirma Vitória. Para ela, a política fiscal é o fator mais importante para o controle da inflação. “Uma política fiscal contracionista, com o governo gastando menos, leva a um bom controle da inflação. Isso ajuda no câmbio, que pode ter uma valorização. Quando o auxílio for retirado, a partir de janeiro, por mais que ele venha a ser substituído pelo Renda Cidadã, vai ter uma dimensão muito menor e é esperado um enfraquecimento da demanda nesse primeiro momento, que pode contribuir também para uma desaceleração do IPCA.” O economista-chefe do BNP Parribas Brasil, Gustavo Arruda, também afirma que a retomada do ajuste fiscal e o fim do auxílio são importantes para o controle da inflação em 2021. “A resposta vai depender do fiscal. Se o governo optar por seguir com teto de gastos e não seguir com o auxílio no ano que vem, a gente pode esperar o câmbio mudando de direção”, afirma.
Para ele, o auxílio emergencial também contribuiu para o descompasso momentâneo entre oferta e demanda de produtos que resultou em aumentos de preços restritos a alguns segmentos. “Por um lado, as empresas estão voltando a produzir. Do lado da demanda, o governo já diminuiu a transferência de renda pela metade. Se a gente não tivesse já em um processo de redução do ‘coronavoucher’ e tivesse um risco de continuação das políticas implementadas durante a pandemia no ano que vem, de fato a gente teria uma aceleração de inflação.” Daniel Xavier, economista-sênior do banco ABC Brasil, também afirma que o choque inflacionário é temporário, tanto nos alimentos como em produtos que sofrem restrições de oferta, como vestuário. Ele afirma que os núcleos de inflação, indicadores que o Banco Central olha com mais atenção, tiveram ligeira aceleração recentemente, mas ainda estão em torno de 2% e 2,5%. Por isso, as expectativas de inflação continuam abaixo da meta. “O choque não é duradouro. A gente não trabalha com hipótese de rompimento do regime fiscal e espera que o Renda Cidadã siga um regime de disciplina fiscal. Com isso, o câmbio tende a ceder e há uma descompressão da inflação no atacado”, afirma Xavier. “Também é natural que várias cadeias produtivas estejam desalinhadas, mas a tendência é que isso também volte à normalização.” Nas últimas quatro semanas, a projeção de IPCA para 2020 passou de 2,05% para 2,99%, acima do piso da meta de inflação (2,5%), mas ainda abaixo do objetivo central (4%), segundo o boletim Focus do BC. Para 2021, subiu de 3,01% para 3,10% em 2021, para uma meta de 3,75% (piso de 2,25%). Apesar da inflação abaixo da meta, a estimativa para a taxa básica de juros passou de 2,5% para 2,75% no período. Para 2022, a meta é de 3,5%, mesmo valor da projeção dos analistas consultados, com uma Selic de 4,5%.
Nesta quarta-feira (28), a Anbima (associação dos mercados financeiro e de capitais) informou que seu Grupo Consultivo Macroeconômico projeta inflação de 2,8% para este ano. Segundo a Ambima, a perspectiva do quadro inflacionário para o próximo ano não foi consenso entre os economistas das principais instituições financeiras. Mesmo com a mediana do IPCA de 2021 se mantendo em 3%, a mesma apurada em setembro, alguns analistas avaliam que aumentou a possibilidade de aceleração inflacionária nos próximos meses e algumas casas preveem IPCA acumulado em 12 meses entre 4% e 5% já em meados do ano que vem. “Entretanto, outra parte dos analistas acredita que a ociosidade relevante na economia reduz a possibilidade de haver cenário inflacionário dessa magnitude, lembrando que o fim dos estímulos fiscais a partir de dezembro reforça esse argumento”, diz o comunicado do grupo. A pesquisa do BC mostra que são pouco aqueles que acreditam em uma inflação fora da meta no próximo ano. Para a maioria dos analistas, isso só ocorreria no cenário que pressupõe o abandono do teto de gastos e uma disparada do dólar para R$ 6,00. Pelo boletim Focus, a pior projeção entre os economistas consultados é um IPCA de 4,58% no próximo ano, acima do centro da meta (3,75%), mas abaixo do limite de 5,25%. Entre os economistas “Top 5” da pesquisa, aqueles com maior percentual de acerto, as projeções para o IPCA 2021 chegam no máximo a 3,4%.

”Desemprego vai aumentar em 2021 com maior busca por vagas, diz secretário de Guedes”
”Rio pede ajuda a Bolsonaro e diz que pode ir à Justiça para suspender dívida”
”Bolsonaro sanciona lei que prorroga incentivos fiscais para montadoras de veículos”
”Setor de construção está otimista, mas cresce preocupação com matéria-prima, diz CNI”

VINICIUS TORRES FREIRE - ”Segunda onda na Europa é um alerta para a epidemia e economia do Brasil”
”Lucro do Bradesco tem terceira queda consecutiva e vai a R$ 5 bilhões”
”Petrobras tem prejuízo de R$ 1,5 bilhão no terceiro trimestre”
”Lucro da Vale mais que dobra e vai a R$ 15 bilhões”

”Bolsonaro quer 5G seguro e teles terão de abrir redes para garantir velocidades”
CIDA BENTO - ”O saldo das ações afirmativas”
”Facebook, Google e Twitter se defendem de acusações de censura no Senado dos EUA”
ANÁLISE - ”Ao combater desinformação, big tecs enfrentam dilema da parcialidade”

”Bolsonaro revoga decreto que explora a concessão de UBS”
ANÁLISE - ”Apesar de ter falhas, modelo de atenção primária do SUS é considerado um sucesso”
”Vítimas de incêndio em hospital no Rio planejavam comprar casa antes de adoecerem”
”Administração do Copan, em SP, ignora risco de transmissão da Covid, dizem moradores”

”Estados e municípios podem perder até R$ 40 bi de recursos da educação, diz relatório” - Os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19 provocarão uma redução entre R$ 13 bilhões e R$ 40 bilhões nos orçamentos vinculados à educação de estados e municípios. Os cálculos estão em relatório divulgado nesta quarta-feira (28) por Movimento Todos pela Educação, Instituto Unibanco e Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação). O corte pode agravar o impacto do novo coronavírus no ensino, considerando as ações tímidas do MEC (Ministério da Educação) para o enfrentamento dos reflexos da pandemia. O estudo traça três cenários de queda de arrecadação em 2020, dependendo da dimensão da crise econômica, com retrações da carga tributária estadual e municipal de 5%, 10% e 15%. As reduções dos orçamentos da Educação seriam de R$ 13 bilhões no primeiro cenário, de R$ 26 bilhões no segundo e de R$ 40 bilhões no cenário mais pessimista —os valores seriam subtraídos de um cenário atual da ordem de R$ 265 bilhões. "Tomando o total de 38,3 milhões de estudantes nessas redes, isso significaria uma redução média do investimento anual por estudante de R$ 345 no cenário A, R$ 692 no cenário B e R$ 1.038 no cenário C", diz o estudo. Estados e municípios têm obrigação de investir 25% das receitas em educação. As reduções da carga tributária impactam na disponibilidade mínima para investimento nos itens da chamada manutenção e desenvolvimento do ensino. Os cenários foram traçados com base em diferentes projeções da Câmara dos Deputados, da Frente Nacional de Prefeitos e da instituição de pesquisa em educação D3e. O estudo também analisou os dados mais atuais do Tesouro Nacional sobre o dispêndio com o setor, o que indica um panorama mais consolidado. "É seguro afirmar que, de modo geral, as finanças das redes estaduais e municipais de educação estão sendo severamente impactadas pela pandemia", diz o estudo. "Afinal, nos estados e nos municípios o financiamento educacional é fundamentalmente caracterizado por ter como fonte principal um conjunto de tributos com vinculação constitucional". O relatório atualiza outras projeções realizadas ao longo de 2020. No meio do ano, estudo das mesmas entidades indicava uma possível perda, por causa da pandemia, de R$ 9 bilhões a R$ 28 bilhões nos estados e entre R$ 15 bilhões e R$ 31 bilhões nas redes municipais.
Com os dados mais atuais, o estudo apurou que 18 estados e o Distrito Federal tiveram perdas de arrecação de tributos que, em sua maioria, estão vinculados à educação —as mais expressivas ocorreram em Ceará, Acre, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Oito estados tiveram variação positiva, com destaque para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Amazonas. O MEC tem tido atuação tímida no apoio ao enfrentamento dos reflexos da pandemia, o que tem sido alvo de críticas de secretários de Educação. Somente em outubro, ou seja, oito meses depois da chegada do coronavírus no Brasil, a pasta anunciou uma rubrica orçamentária específica relacionada à Covid-19, com previsão de R$ 525 milhões para serem enviados diretamente às escolas no apoio ao retorno presencial das aulas. Também é precária a execução do orçamento do MEC. A maioria dos gastos de 2020 têm sido de empenhos de 2019 não realizados sob a gestão do ex-ministro Abraham Weintraub, e o ministerio não tem executado o orçamento deste ano para levar internet às escolas. Sem uma linha de apoio emergencial para a educação básica na pandemia, o governo Bolsonaro ainda tirou R$ 1,4 bilhão do orçamento do MEC deste ano em um remanejamento para outras áreas. O impacto desse corte é maior na educação básica e na profissional. O novo estudo estima que o gasto total somente das secretarias estaduais de Educação com ações extraordinárias de enfrentamento à pandemia no exercício de 2020 será de no mínimo R$ 2 bilhões, mas pode chegar a R$ 5,3 bilhões. Entram no cálculo medidas de aulas remotas e manutenção da alimentação, entre outros.
O orçamento para o ano que vem, em análise no Congresso, prevê para o MEC uma redução de 21% nos recursos dos programas de educação profissional e tecnológica e de 7% nas rubricas inscritas como educação básica de qualidade. Com o novo Fundeb, está previsto um aumento na complementação da União já em 2021 da ordem de R$ 3 bilhões. O relatório indica que isso não será suficiente. "Salvo socorro fiscal para a educação básica já em 2020, os ganhos previstos com o novo Fundeb em 2021 não serão suficientes para equilibrar o resultado precário da arrecadação tributária, mesmo no cenário mais otimista", diz o texto. Principal mecanismo de financiamento da educação básica, o Fundeb reúne impostos estaduais e municipais e é acrescido de uma complementação da União. Esse complemento federal é atualmente de 10%, passa a 12% em 2021 e chega, de forma escalonada, a 23% em 2026. O Fundeb representa R$ 4 a cada R$ 10 gastos totais em educação básica no país. Com relação aos recursos vinculados à educação, 63% saem do fundo. O MEC foi procurado para se posicionar sobre o relatório mas não respondeu até a publicação deste texto. Ainda neste mês, ao ser questionado pela Folha sobre como manter a prioridade na educação básica com a redução de recursos, o MEC disse que, além da questão financeira, a pasta tem o papel de prestar assistência técnica.

”Mesa diretora da Câmara encaminha ao conselho de ética processo contra Flordelis”
”Empresas de ônibus inscritas em aplicativo de viagens fazem protesto em SP contra novas normas”
”Marcha pra Jesus neste ano terá carreata, show drive-in e arrecadação de alimento em SP”
”Governo baiano constrói estação de esgoto em lagoa cartão-postal de Salvador”

”Anvisa autoriza importação de matéria-prima para vacina do Butantan; SP diz que produção atrasará 20 dias”
”Carta de médicos contra a vacina de Covid-19 inclui nomes sem autorização”
”Anticorpos contra Covid-19 continuam em alta 5 meses após infecção, diz novo estudo”
”Brasil tem 95 suspeitas de reinfecção por coronavírus; descarte de testes dificulta análises”

MÔNICA BERGAMO - ”Eleições em 2020 registram recorde de inscritos com mais de 550 mil postulantes”
MÔNICA BERGAMO - ”Média móvel de mortes por Covid-19 cai em SP, mas prefeitura acende sinal amarelo”
MÔNICA BERGAMO - ”CPTM leiloará 5 vagões de trens fora de uso”
MÔNICA BERGAMO - ”Ativistas e profissionais dos direitos humanos assinam manifesto em apoio a Boulos e Erundina”

MÔNICA BERGAMO - ”Vereador neto de Brizola pede que Petrobras volte a chamar usina com o nome do avô”
MÔNICA BERGAMO - ”Mostra de Cinema de SP faz encontro com autores de livros com potencial para filmes”
MÔNICA BERGAMO - ”Luiz Melodia será o homenageado do Troféu Raça Negra 2020”

CAPA – Manchete principal: ”Europa volta a se confinar, e vírus domina final da campanha nos EUA”

”Rumos opostos – Russomano esconde Bolsonaro, que deve dar hoje apoio explícito a Crivella”

”Lula e Ciro se reúnem e decidem selar trégua” - Rompidos desde a eleição de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) selaram as pazes em uma conversa. O gesto pode significar o início de uma reaproximação entre os partidos de esquerda de olho na disputa presidencial de 2022, apesar de o assunto não ter sido abordado no encontro. O armistício foi intermediado pelo governador do Ceará, Camilo Santana, filiado ao PT, mas aliado dos irmãos Ferreira Gomes em seu estado. As tratativas para viabilizar a conversa duraram mais de um mês. A reunião, no começo de setembro, ocorreu na sede do Instituto Lula, em São Paulo, e durou uma tarde inteira. Ciro falou de suas mágoas com o PT, enquanto Lula lembrou os ataques do ex-ministro ao partido. O tema central da conversa, porém,foi o governo do presidente Jair Bolsonaro e a situação do país diante da pandemia de coronavírus. Diagnósticos sobre as razões do resultado eleitoral também foram apresentados. Desde o encontro, Ciro e Lula mudaram o tom ao se referirem um ao outro e cessaram os ataques e alfinetadas. Os dois tiveram uma relação próxima, principalmente no primeiro governo do ex-presidente, quando o hoje pedetista foi ministro da Integração Nacional. O ex-presidente costumava exaltar a postura leal do ex-subordinado durante a crise do mensalão, em 2005, o primeiro grande desgaste da era petista. Com o correr dos anos, mantiveram o contato, apesar de alguns ataques pontuais. O clima entre eles, porém, se deteriorou ao longo da eleição de 2018. Lula era o candidato do PT, chegou a ser inscrito na Justiça Eleitoral, mas foi impedido de concorrer por causa da condenação na Lava-Jato no caso do tríplex do Guarujá.
Os petistas chegaram a oferecer a Ciro a possibilidade ser vice de Lula para depois que ocorresse o indeferimento — desta forma, o pedetista assumiria a cabeça da chapa. Ciro classificou a oferta, entre outros termos, de “aberração” e “papelão” e disse que não aceitaria ser um “vice de araque”. Na mesma campanha, o ex-presidenciável do PDT também se irritou com a manobra realizada pelo PT para tirar a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco, em favor de apoio à reeleição de Paulo Câmara. Por esse acordo, o PSB desistiu de fechar uma aliança com Ciro na eleição presidencial. O então candidato chamou a manobra de “providência golpista”. Como troco, quando Fernando Haddad passou ao segundo turno contra Bolsonaro, Ciro, em vez de se engajar na campanha do petista, como era esperado, viajou para Europa. Desde então, passou a subir o tom em suas referências ao PT. Em fevereiro de 2019, durante o Congresso da UNE, em Salvador, o pedetista disse a um apoiador do ex-presidente que o provocava:
— O Lula tá preso, babaca.
Alianças municipais
Repetiu três vezes a frase dita por seu irmão Cid Gomes durante a o segundo turno da eleição. “Picaretas do lulopetismo bandido” também foi uma expressão que passou a acompanhar Ciro em entrevistas. Declarou ainda ter perdido o respeito pelo ex-presidente e o chamou de “enganador profissional”. Lula baixava o tom na hora de responder, mas, em maio, disse que o ex-ministro escolheu procurar o voto de “quem odeia o PT, que vá com Deus”. Em setembro, já depois da conversa, Lula colocou o pedetista na lista de nomes qualificados para disputar a Presidência. Também chamou as diferenças entre eles de “pontuais” e disse ter respeito por Ciro. Desde o encontro, o ex-presidenciável do PDT, por sua vez, não fez mais acusações pesadas contra o ex-presidente e o PT. Em entrevista à TV Cultura na segunda-feira, o ex-marqueteiro do PT João Santana chegou a dizer que uma chapa com Ciro candidato e Lula na vice seria imbatível. Por causa da suspensão dos direitos políticos do petista, a hipótese é inviável. Os aliados de Lula também descartam que ele aceite ser vice. Porém, não está descartado que PT e PDT se reaproximem no plano nacional. Na atual eleição municipal, o PT apoia 173 candidatos a prefeito do PDT, que por sua vez está em chapas encabeçadas por 134 petistas. Essas alianças, porém, não se dão em nenhuma das capitais.

”SC: associações judaicas criticam governadora”
”WhatsApp baniu 100 mil contas no país em um mês”
”Reunião de Bolsonaro com defesa de Flávio pode ser alvo do TCU”
”Decreto revogado – Após pressão, Bolsonaro recua de privatização dos postos de saúde do SUS”

”Anvisa autoriza importação de insumos para vacina Coronavac”
”Tensão cambial – Dólar vai a R$ 5,759 com Covid-19 na Europa e cenário fiscal no Brasil”
”Banco Central mantém juros em 2%, mas cita riscos”

 

CAPA – Manchete principal: ”Nova onda de covid na Europa derruba derruba Bolsas; dólar dispara”

EDITORIAL DO ESTADÃO - ”O avesso da democracia”: Olíder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PPPR), acha que a Constituição “só tem direitos” e que “é preciso que o cidadão tenha deveres com a Nação”, razão pela qual defendeu um plebiscito para a convocação de uma Assembleia Constituinte que, afinal, redija a Carta de seus sonhos. Se falava apenas em seu nome, o deputado revelou-se por inteiro: é dos que enxergam direitos, especialmente os sociais, como empecilhos à eficiência do Estado. Se falou em nome do governo que representa, fez exatamente o que dele esperava seu guia, o presidente Jair Bolsonaro, que sempre que pode demonstra desconforto com os limites impostos pelo pacto democrático representado pela Constituição.
Todos sabem que a Constituição tem defeitos que precisam urgentemente ser corrigidos. Este jornal há tempos defende uma ampla reavaliação da Carta promulgada há mais de três décadas, especialmente em relação aos muitos dispositivos que gravaram na pedra constitucional uma série extensa de políticas públicas que jamais deveriam estar lá, pois, graças à sua natureza circunstancial, devem ser atualizadas ou canceladas conforme mudam os governos, avançam os tempos e variam as receitas disponíveis. Mas não é disso que o deputado Ricardo Barros pareceu falar. Sua proposta soou muito mais radical: reescrever a Constituição como se estivéssemos a trocar de regime. Isso fazia todo o sentido em 1988, ano da promulgação da atual Constituição, como ato de coroação da transição da ditadura para a democracia, tendo como corolário o resgate dos direitos sociais. Hoje, não faz sentido nenhum – a não ser que o bolsonarismo se considere um novo regime, a clamar por uma nova Carta que o consagre. Esse espírito já está claro para todos há muito tempo. Até bem recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, de viva voz ou por meio dos camisas pardas que o representam, dedicava toda sua energia para atacar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso sempre que estes lhe recordavam de seus deveres constitucionais. “Eu sou a Constituição”, chegou a dizer Bolsonaro em um dos entreveros. Em outra ocasião, igualmente contrariado com o Supremo, afirmou: “Eu respeito a Constituição, mas tudo tem um limite”. Então, para Bolsonaro, o limite não é a Constituição, mas sua vontade. Acalenta a ideia de exercer o poder sem peias, sob o argumento de que está legitimado por milhões de votos.
É assim que, a partir do instante em que tomou posse, o presidente vem tentando extrapolar seu poder constitucional – desde a edição de uma medida provisória que atropelava o princípio federativo ao lhe dar a prerrogativa de decretar o funcionamento de serviços públicos durante a pandemia de covid-19, até a interpretação golpista da Constituição de que o artigo 142 lhe garantia o direito de convocar as Forças Armadas para intervir em eventual crise entre os Poderes. Os exemplos são muitos, e nada disso deveria surpreender, vindo de um político que passou a vida a hostilizar as instituições, a exaltar torturadores e a defender a eliminação física de opositores – isto é, o avesso da democracia. Em todas as situações em que foram desafiados pelo autoritarismo de Bolsonaro, o Supremo e o Congresso impediram os maus propósitos do presidente, sempre conforme manda a Lei Maior, para irritação dos bolsonaristas, desabituados de limites. Não é casual, portanto, que o líder do governo na Câmara, qualificado porta-voz das intenções do governo Bolsonaro, tenha declarado que é preciso uma nova Constituição porque na atual, segundo disse, o poder dos órgãos de controle, do Ministério Público e do Judiciário é excessivo. “O ativismo do Judiciário está muito intenso, muito mais do que poderíamos imaginar”, disse o deputado Ricardo Barros. Os eventuais excessos apontados pelo deputado podem ser corrigidos pelo Congresso, se essa for a vontade dos representantes democraticamente eleitos. Não é preciso uma nova Constituição para isso – a não ser que o objetivo seja eliminar os entraves legais que separam Bolsonaro do poder absoluto que ele tanto deseja.

”Candidatos citam banco e crédito contra desemprego”
”Planalto agora quer ‘distância segura’ de Russomano”
”WhatsApp bane 256 contas por disparos nas campanhas”

”Rêgo Barros é comparado a Santos Cruz” - Mesmo com as funções esvaziadas no governo, o general Otávio do Rêgo Barros, então porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, manteve-se em silêncio por sete meses até sua exoneração ser confirmada, no início de outubro, no Diário Oficial da União. O último pronunciamento havia ocorrido em março. Fora do governo, no entanto, Rêgo Barros voltou a usar o português rebuscado, que marcou seu estilo, para fazer críticas ao governo. No Palácio do Planalto, o militar agora é chamado de “novo Santos Cruz”, em referência ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo que passou a se posicionar contra a gestão Bolsonaro. Nas palavras de um interlocutor de Bolsonaro, os dois generais, embora críticos, são considerados “inofensivos.”
Sem mencionar nominalmente o presidente, Rêgo Barros escreveu, em artigo publicado anteontem no jornal Correio Braziliense, que “infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói”. Embora a repercussão do texto tenha sido minimizada por auxiliares diretos de Bolsonaro, que disseram se tratar de um “desabafo magoado”, alguns militares que integram o governo afirmam, em conversas reservadas, concordar as críticas. Mas, como mostrou o Estadão em reportagem publicada no domingo, até agora o silêncio tem predominado na ala militar. No artigo, Rêgo Barros disse ser “doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais” são “meras peças publicitárias”, que “valem tanto quanto uma nota de sete reais”. “Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”, destacou o ex-porta-voz. Em outro ponto, o general – que enfrentou críticas da ala ideológica e dos filhos do presidente – escreveu que alguns “assessores leais” deixam de ser respeitados e “outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas”. “O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal”, criticou Rêgo Barros. E completou: “A autoridade muito rapidamente incorpora a crença de ter sido alçada ao Olimpo por decisão divina, razão pela qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas”. O ex-porta-voz não é o primeiro general a deixar o governo rompido com o presidente. Santos Cruz, amigo de longa data de Bolsonaro, foi o primeiro militar a puxar a fila em direção à porta de saída. Foi demitido em junho de 2019 após ser alvo da ala ideológica.
Em novembro do mesmo ano, o general Maynard Santa Rosa, então chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, também pediu demissão. A interlocutores, o militar disse que se antecipou ao processo de fritura, método utilizado por Bolsonaro antes de uma demissão. Rêgo Barros chefiava o Centro de Comunicação do Exército e chegou ao governo por sugestão do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Recebeu um convite para integrar a equipe após uma conversa com o presidente. No posto, o general passou a fazer declarações diárias e organizar cafés de Bolsonaro com jornalistas. O bom relacionamento do porta-voz com a imprensa irritou o filho “02” do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-sp). Com a chegada de Fabio Wajngarten para assumir a Secretaria Especial de Comunicação (Secom), em abril de 2019, os dois passaram a disputar espaço no Planalto. Depois, Bolsonaro começou a fazer declarações diárias à imprensa em frente ao Palácio da Alvorada, esvaziando a função do porta-voz. O general deixou o governo sem uma conversa de despedida com Bolsonaro. O comunicado de que o cargo de porta-voz seria extinto foi feito pelos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil), ambos também generais. Após a demissão, o ex-portavoz deu uma entrevista ao “Programa do Bial”, na Rede Globo, e escreveu o artigo. A interlocutores, o militar disse ontem que deverá voltar a ficar em silêncio por mais um tempo.

”Advogada de presidente atua por governadora ‘100% Bolsonaro’”

”Europa deixa de ter vírus sob controle e redobra restrições”
”Nova onda faz Europa voltar à quarentena”
”Biden assume risco ao tentar ampliar mapa eleitoral”

”Anvisa autoriza importação de insumo para 40 milhões de doses da Coronavac”
”SP tem a menor média diária de mortes desde abril”
”Governo revogará decreto sobre o SUS”
”No pós-covid, Educação pode perder até R$ 40 bi”

”Avanço da covid derruba mercados; no Brasil, dólar vai ao maior nível desde maio”

”BC já torrou R$ 23,4 bi para conter dólar” - A forte pressão de alta do dólar em relação ao real na manhã de ontem fez o Banco Central entrar no mercado para segurar a moeda americana. O BC convocou leilão de venda de dólares das reservas internacionais e negociou com o mercado financeiro um total de US$ 1,042 bilhão. Com a operação, a moeda americana, que se aproximou dos R$ 5,80 antes das 10 horas, acabou recuando para a faixa dos R$ 5,73, e fechou o dia a R$ 5,7619. Desde que a pandemia se intensificou, entre o fim de fevereiro e o início de março, o BC vem promovendo operações de venda de dólares no mercado financeiro para conter o avanço da moeda americana. A intenção não é necessariamente fazer a cotação cair, mas sim evitar que ela dispare rapidamente, o que poderia desestruturar os negócios. O efeito é paliativo. De março até agora a instituição já vendeu um total de US$ 23,451 bilhões das reservas internacionais. Apenas em março – no auge das preocupações com a pandemia –, a instituição negociou com o mercado US$ 10,674 bilhões. Apesar do número alto, especialistas não consideram isso preocupante, já que o nível das reservas está em US$ 356,6 bilhões. Mas a venda de dólar à vista não é a única ferramenta do BC para segurar o câmbio. Nos últimos meses, a autarquia também promoveu operações de linha – venda de dólares com compromisso de recompra no futuro – e leilões de swap. O swap é um tipo de contrato cambial que, ao ser negociado no mercado, tem um efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro da moeda americana. Na prática, é uma forma de o BC vender dólares, mas sem ter de mexer nas reservas internacionais – o seguro do País contra crises. Na manhã de ontem, o BC negociou US$ 600 milhões por meio de swaps cambiais, mas a operação não chegou a ser uma novidade. Previsto desde terçafeira, o leilão de swaps serviu para o BC renovar contratos, de posse do mercado financeiro, que estão para vencer no início de dezembro. Com isso, a autarquia evita uma pressão adicional de alta do dólar ante o real.
Resposta. A atuação do BC ontem foi uma resposta à alta firme do dólar ante o real, mas também em relação a outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities (produtos básicos). Desde cedo, os mercados globais mostravam pessimismo em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A segunda onda da covid-19 na Europa, que atinge países como a França, e os dados de contaminação nos EUA são fatores que ameaçam a retomada econômica global. No Brasil, a maior dúvida ainda é se o governo de Jair Bolsonaro conseguirá controlar o rombo fiscal. O receio é de que, no limite, o País não consiga equilibrar suas contas e se torne insolvente nos próximos anos. Essa preocupação acabou por fazer o dólar subir mais ante o real, na comparação com o visto em relação a outras moedas.

”Crise política preocupa Campos Neto” - Preocupado com a crise política e com a possibilidade das reformas não avançarem no Congresso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, procurou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tratar do assunto, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/broadcast. Na Câmara, desde o dia 6 de outubro não são realizadas votações. O motivo é a obstrução feita pelos partidos da base do governo como forma de tentar emplacar um nome alinhado ao líder do PP na Casa, deputado Arthur Lira (AL), na presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO). A oposição também tem segurado os trabalhos para tentar colocar em pauta a medida provisória que prorroga o auxílio emergencial pelo valor de R$ 300.
Segundo interlocutores, Maia disse a Campos Neto o mesmo que tem respondido em público: que a obstrução parte da base do governo. Ontem, para jornalistas, Maia criticou a articulação da base. “Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente, é assim. Eu espero que, quando tivermos que votar a PEC emergencial, a reforma tributária, que o governo tenha mais interesse e a própria base tire a obstrução da pauta da Câmara”, disse. Com poucas semanas até o fim do ano, Maia já tinha defendido ao Estadão que governo e lideranças dos partidos fechassem com a máxima urgência um cronograma para votação de medidas de corte de gastos para garantir a adoção do Renda Cidadã, o programa substituto do Bolsa Família, e dar tranquilidade fiscal ao País nos próximos dois anos. Para o presidente da Câmara, não há mais tempo a perder porque, segundo ele, a crise “está muito mais perto, o prazo é curto e não se tomou a decisão até agora do que fazer”. As preocupações de Campos Neto surgem em um momentochave para o Banco Central. A percepção é de que, caso o risco fiscal se intensifique, a autarquia reforçará os alertas de que precisará subir os juros para controlar a inflação. Campos Neto tem sinalizado que, com a área fiscal desorganizada, não é possível manter os juros baixos para sempre. Na reunião de ontem do Comitê de Política Monetária, a Selic foi mantida em 2% – o menor patamar da história.

”Meta flexível descumpre LRF, diz TCU” - O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu ontem um alerta ao governo por considerar que a meta fiscal flexível proposta para as contas públicas em 2021 não condiz com as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A corte de contas também quer ouvir o Tesouro Nacional e o Ministério da Economia sobre os riscos e a possibilidade de elaborar um plano de bloqueio de recursos, caso a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, que fixa a meta e as bases legais para gastos, não seja aprovada ainda este ano. Como antecipou o Estadão/broadcast, a área técnica do TCU colocou em xeque a validade da meta fiscal flexível porque, na visão do tribunal, “subverte a regra de resultado fiscal e torna ineficaz os seus propósitos”. A posição foi acatada pelo relator, ministro Bruno Dantas, e ratificada pelo plenário da corte de contas.
Devido às incertezas provocadas pelos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a arrecadação, o governo resolveu abandonar uma meta fixa de resultado primário no ano que vem (ou seja, um limite para o rombo nas contas públicas antes mesmo do pagamento das despesas com juros) e estabeleceu que seu objetivo central em 2021 será a diferença entre as receitas e as despesas, limitadas ao teto de gastos. Na prática, o mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação acabaria se tornando uma “superâncora”, deixando o governo livre do compromisso de fazer eventuais bloqueios de gastos em caso de frustração de receitas. Em seu voto, Dantas afirma que não é possível uma “recorrência” de meta aberta para 2021, como já ocorreu este ano devido à calamidade imposta pela pandemia, e que a proposta do governo transformou o resultado primário em “um resultado matemático que surgir ao final do exercício”. “A meta estipulada não atende adequadamente à Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou. O alerta emitido pelo plenário do tribunal serve de aviso ao governo. No acórdão, os ministros do TCU afirmam que, se aprovado o projeto, “sua manutenção nos termos propostos pode configurar infração aos referidos dispositivos”. Na avaliação de técnicos, caso o Congresso Nacional aprove a proposta de LDO da maneira como enviada pela equipe econômica, o tema pode virar alvo de uma disputa jurídica devido ao conflito de normas legais.
Mudança. A mudança na sistemática da meta fiscal é central na estratégia de política fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes, para 2021, quando o orçamento de guerra já não estará mais em vigor. O orçamento de guerra retirou as amarras para que o governo pudesse gastar mais no combate à pandemia. Para os técnicos do TCU, porém, a mudança na sistemática da meta pode fragilizar os esforços para assegurar a consolidação fiscal e a trajetória sustentável do endividamento público, que chega se aproxima de 100% do PIB. Além disso, o argumento é que, mesmo que haja frustração de receitas – ameaçando o cumprimento da meta –, o governo sempre pode pedir novo aval do Congresso para alterar o objetivo da política fiscal. Também ontem, o TCU deu dez dias para que Tesouro e Ministério da Economia sejam ouvidos sobre os riscos e a possibilidade de elaboração de um plano de contingência para o caso de a LDO não ser aprovada ainda este ano, deixando um vácuo legal para a execução de despesas no ano que vem.

 

CAPA – Manchete principal: ”Pandemia volta a abalar Europa e derruba bolsas”

”Bolsonaro revoga decreto que incluía UBS no Programa de Parceria de Investimentos” - A decisão se deu depois de um dia inteiro de crise, por causa da suspeita de que o decreto abriria caminho para a privatização do SUS
+++ Todos os compromissos do governo são vistos por Jair Bolsonaro como gastos que podem e precisam ser cortados. Não interessa se trata-se de algo fundamental para a sobrevivência da população ou o que quer que seja.

”Vale lucra R$ 15,6 bi e Petrobras tem prejuízo”
”Zema busca diálogo para retirar Minas da ruína financeira” -
 Governador tem semana de conversas em Brasília e espera eleição para intensificar negociações

”BNDES deve injetar recursos na Codemig antes da venda” - Processo de privatização da companhia deve ter duas etapas e a primeira dela é o socorro do banco de desenvolvimento

”Comércio e indústria indicam volta do investimento” - Intenção de investir da iniciativa privada melhora no 3º tri, mas ainda está distante do nível pré-pandemia

”Contágio por covid-19 volta a subir no país” - Apesar de média de mortes continuar contida, número de infectados teve forte aumento pelo segundo dia seguido

”TCU faz alerta sobre falta de meta fiscal para 2021” - Na LDO, governo não definiu alvo fixo para o resultado primário

”Com pandemia, escolas podem perder até 15% da verba” - Redução de recursos de Estados e municípios para educação básica alcançará R$ 40 bi no pior cenário, mostra estudo

”Covas assume liderança, Russomanno cai cinco pontos e Boulos cresce quatro” - Com 22% das intenções de voto, candidato do Republicanos tem menor índice desde o início da pesquisa em setembro

”Em Fortaleza, Sarto ultrapassa Luizianne” - Capitão Wagner mantém liderança embora tenha oscilado negativamente na pesquisa Datafolha

”Alertado, Bolsonaro antecipa apoio a Crivella” - Com risco de derrota do aliado no primeiro turno, presidente fará declaração de voto em prefeito do Rio durante live nesta quinta e gravará vídeo para exibição em TV

”Benedita aposta em Lula para superar Martha e ex-aliados” - Candidata a prefeita do Rio se apoia em ex-presidente para derrotar Crivella, Paes e PDT de Ciro

”Veto à desoneração deve cair, diz líder governista” - Proposta consta da pauta do Congresso desde julho, mas sessões vem sendo adiadas pela pandemia
”Cassação de Flordelis vai para o Conselho de Ética”

”Alemanha e França retomam lockdown e UE pode ter recessão” - Embora os novos lockdowns na Europa possam ser menos severos em relação aos da primavera, as novas medidas de restrição podem permanecer por mais tempo, aumentando o risco de aumento de insolvências e desemprego

”Europa supera EUA em mortes por milhão”

”Avanço da epidemia parece reduzir chances de Trump” - A menos de uma semana da eleição presidencial, duas pesquisas mostram queda nas intenções de voto para o presidente em Wisconsin e Michigan, ambos Estados indecisos, depois do aumento dos novos casos de covid-19

”Com nova metodologia, pesquisas tentam evitar erros, mas há incertezas” - Há quatro anos, pesquisas estaduais falharam em incluir em suas amostras o voto de eleitores brancos, rurais e com menor grau de escolaridade, que alavancaram Trump no dia da eleição. Além disso, previram taxa de comparecimento às urnas que não se confirmou. Esse mesmo problema, dizem especialistas, pode se repetir

”71 milhões já votaram nos EUA”

”Trump tenta capitalizar alta do PIB, que sai hoje” - O presidente Donald Trump tenta capitalizar o crescimento recorde da economia americana, após a queda recorde do primeiro semestre. O dado do PIB será divulgado hoje

”EUA vetam nigeriana favorita para dirigir a OMC” - Governo de Donald Trump diz que não apoia a ex-ministra das Finanças da Nigéria para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio. Definição deve ficar em banho-maria até as eleições nos EUA

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