segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Impasse sobre auxílio emergencial e o fantasma da fome

 

Brasil


Depois de o mundo prender a respiração com a internação do presidente Donald Trump por covid-19, o quadro parece mais tranquilo para o republicano. Na noite deste domingo, ele se atreveu a aparecer de dentro de um carro com máscara para saudar seus eleitores na porta do hospital Walter Reed. Um gesto calculado para acalmar ânimos depois de uma tensão gerada por anúncios desencontrados um dia antes. Nesta segunda-feira, publicou uma série de mensagens em seu Twitter. Enquanto o médico da Casa Branca, Sean Conley, deu um quadro otimista para a imprensa, seu chefe de Gabinete, Mark Meadows, disse que o estado do mandatário era preocupante. Conley chegou a omitir que Trump havia feito uso de um tubo de oxigênio antes de seguir para o hospital na sexta de manhã. A confusão deixou o planeta em sobressalto sobre o real estado de saúde de Trump, faltando apenas 30 dias para a eleição norte-americana. O presidente, porém, gravou vídeos para provar que está bem.

A pandemia marca as eleições nos Estados Unidos, mas vai ser decisiva também em mais de dez eleições na América Latina, incluindo as municipais de novembro no Brasil. O próximo teste, porém, serão as eleições presidenciais na Bolívia, no dia 18 de outubro, que já preveem um segundo turno. Há, ainda, as eleições do plebiscito no Chile para mudar a Constituição em novembro e as eleições parlamentares na Venezuela, em dezembro. Em quem se vota quando se passa fome, há medo e desemprego no mundo?

Essa pergunta ainda está distante da família de Marlúcia, na periferia de Fortaleza. Mas próximo está o fantasma do horror da fome com a redução do auxílio emergencial do Governo. Marlúcia é mãe de 7 filhos e vive com a sua mãe, Rosimar. As duas deixaram de trabalhar para não se expor ao risco. A primeira depois de um tratamento de câncer, a segunda, por ter 73 anos. A angústia aumenta diante do impasse sobre o financiamento do programa Renda Brasil, que o presidente Jair Bolsonaro quer manter, mas sobre a pressão do ministro Paulo Guedes para evitar que ele ultrapasse os limites do teto de gastos.

Com um cobertor curto do Estado e sem armas para lidar com a pandemia, muitas comunidades precisaram arregaçar as mangas para enfrentar o coronavírus. Em São Paulo, Paraisópolis uniu um exército de ativistas na própria favela onde moram 75.000 pessoas, para sanar os buracos e amenizar os efeitos da pandemia. Fique com a gente, e faça uma assinatura do EL PAÍS Brasil.

 

O horror da fome ronda a família de Marlúcia diante do impasse sobre o auxílio emergencial
O horror da fome ronda a família de Marlúcia diante do impasse sobre o auxílio emergencial
Relato de uma família de Fortaleza é exemplo da incerteza de milhões de brasileiros diante das indefinições sobre os rumos dos programas sociais

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