sábado, 31 de outubro de 2020

Análise de Mídia 31/10

 



 

CAPA -Manchete principal: *”Com DUAS curvas de óbito, EUA dão sinal para o Brasil”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Segunda onda”*: Outubro termina com a notícia de que a Europa cresceu bem mais do que o esperado no terceiro trimestre do ano. Quase ao mesmo tempo, as maiores economias da zona do euro anunciam a volta de medidas sanitárias estritas a fim de evitar aglomerações e um descontrole ainda maior da pandemia —agora em sua segunda onda. O Produto Interno Bruto conjunto dos países que adotam a moeda comum elevou-se em 12,7% do segundo para o terceiro trimestre, embora siga 4,3% menor que no mesmo período do ano passado. Segundo as previsões de governos e bancos centrais da região, ademais, haverá nova recessão no quarto trimestre deste 2020. O Banco Central Europeu já indicou que vai promover nova rodada de estímulo à economia no final do ano. Resta agora apenas esperar que a segunda onda e a recaída na recessão sejam tão breves e brandas quanto possível. Os sinais da retomada do contágio apareceram no início de setembro, e o aumento do número de mortes ganhou velocidade desde então. Na União Europeia, o número de óbitos por milhão de habitantes era de 0,82 no início de outubro, de 1,23 em meados do mês e de 2,86 nesta sexta (30) —acima da taxa brasileira, de 2 por milhão, e da americana, de 2,43.
Ainda no mês, um indicador econômico que antecipa o desempenho do PIB já mostrava contração, pois o declínio do setor de serviços —o maior em qualquer economia moderna— apagou o ainda bom resultado da indústria. Com os novos lockdowns, o resultado será notavelmente pior em novembro. A situação da atividade nos Estados Unidos é ligeiramente melhor que na Europa, com queda do PIB de 2,9% em relação ao ano passado (dados do terceiro trimestre). Já a situação epidêmica é algo incomparável —no conjunto, o país vive uma espécie de terceira onda, sem que tenha jamais controlado a doença de modo que os europeus o fizeram em julho e agosto. Os mercados financeiros, em parte também estressados por causa da eleição americana, refletem o medo de grave recaída recessiva. Na média mundial, as Bolsas tiveram a pior semana desde março. Como seria de esperar, o Brasil sofre o contágio, por ora, nos mercados. Fragilizado pela epidemia e pela paralisia da política econômica, pode ver sua recuperação abalada, ao menos em parte, pela retração nos EUA e na Europa. O aperto das condições financeiras, refletido em altas do dólar e das taxas de juros de longo prazo, pode ser maior, dada a tensão mundial renovada. A turbulência é agravada pela incerteza quanto ao Orçamento e as reformas —enquanto da política sanitária de Jair Bolsonaro nada se pode esperar.

FERNANDO HADDAD - *”Banco Central”*: "A Febraban é uma casa de lobby muito honrada, o lobby é muito justo. Mas tem que estar escrito na testa, 'lobby bancário', que é para todo mundo entender do que se trata. Inclusive financiando estudos que não têm nada a ver com a atividade de defesa das transações bancárias. É importante dizer isso. Financiando ministro gastador para ver se fura teto, para ver se derruba o outro lado" (Paulo Guedes). Como se vê, o ministro da Economia está perdido. Em audiência pública no Congresso, sugeriu que a honrada casa de lobby dos bancos, a Febraban, estaria financiando estudos para favorecer o ministro fura-teto-de-gastos, seu desafeto, Rogério Marinho. O portal UOL, em seguida, apurou que o tal estudo "não aponta estouro de gastos e apoia a política liberal do governo". A ciência política já havia notado que o lobby no Brasil é, num certo sentido, impossível. O lobby pressupõe uma diferenciação entre a esfera pública e privada que aqui não existe. À indiferenciação dessas esferas dá-se o nome de patrimonialismo, grande entrave a qualquer projeto de desenvolvimento.
O que muitos cientistas políticos não percebem, porém, é que há duas manifestações do fenômeno: uma, arcaica, quando os agentes públicos (estamentos) participam ativamente da vida econômica e, a partir da "posse" do aparato estatal, privatizam parte da riqueza nacional; outra, "moderna", quando empresários, por meio de prepostos, tomam posse (de setores) do aparato estatal e potencializam os ganhos de sua atividade particular. O Brasil imperial, grosso modo, pode ser visto como o início do período de transição de uma forma a outra. O que aquela honrada casa de lobby quer afinal? Furar o teto? Claro que não. De um lado, os credores do Estado querem garantir a parcela --de preferência crescente-- da receita de impostos destinada ao pagamento de juros da dívida pública. O teto de gastos, portanto, os favorece. Mas, de outro lado —e isso nem sempre é notado—, os bancos querem se proteger da ação reguladora do Estado, exercida particularmente pelo Banco Central. A julgar pelos até aqui tímidos resultados da agenda estatal em defesa da concorrência bancária, a atuação daquela honrada casa de lobby vem dando certo. O spread bancário, que espolia empreendedores e consumidores, continua sendo entre nós um dos mais altos do mundo, apesar das inúmeras medidas tópicas que vem sendo tomadas. E a única mudança estrutural proposta por Guedes, a independência do Banco Central, vai justamente ao encontro do que deseja a honrada casa de lobby que ele ataca, a Febraban. Cabe, entretanto, perguntar: independência em relação a quem?

PAINEL - *”Líder de um dos maiores partidos do centrão diz que Maia atrapalha Câmara por disputa eleitoral”*: Líder de um dos maiores partidos do centrão, o deputado Wellington Roberto (PL-PB) afirma que Rodrigo Maia (DEM-RJ) está inviabilizando o funcionamento da Câmara por motivos eleitoreiros. O parlamentar rebate as declarações recentes do presidente da Casa, que disse que é a base do governo que impede votações importantes para o país. Maia e o centrão disputam o comando da Comissão Mista do Orçamento, uma prévia da disputa da eleição da Câmara, em fevereiro. “Estou dizendo que Rodrigo Maia foi infeliz, com todo respeito eu tenho ao presidente da Casa. Nós não concordamos com essas colocações que ele fez de uma forma em que ele atribui e joga no colo da base o engessamento do país. Não vamos aceitar”, afirma o deputado, segundo quem Maia tem o hábito de fazer ataques a pessoas e depois “assoprar”. O líder do PL diz ao Painel que Maia tem prometido apoio a vários candidatos à presidência da Câmara. “Esta semana ele convidou [Luciano] Bivar (PSLPE). Já convidou o Marcelo Ramos (PL-AM), o Baleia Rossi (MDB-SP), o Felipe Francischini (PSL-PR). Está muito indeciso o Rodrigo Maia.” Sem acordo para a instalação da CMO, Maia tem avaliado a possibilidade de aprovar uma convocação extraordinária dos deputados e senadores para discutir o Orçamento em janeiro. “Não aceitamos convocação para que haja palanque de antecipação de eleição”, afirma. Wellington Roberto é um dos principais aliados de Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão, candidato à presidência da Câmara. Maia, que não pode tentar outra recondução, trabalha por outro nome.

PAINEL - *”Plataforma ensina cidadãos a irem à Justiça contra Bolsonaro por valor maior de auxílio emergencial”*: A plataforma processebolsonarovocemesmo.com, criada por um grupo de cidadãos anônimos, apresenta um passo-a-passo para que beneficiários do auxílio emergencial reivindiquem na Justiça, sem auxílio de advogados, o valor de US$ 1.000 (R$ 5.741) que Jair Bolsonaro disse pagar a eles durante a pandemia. O presidente citou o valor na Assembleia Geral da ONU. O auxílio paga, na verdade, R$ 600 por mês. O site teve inspiração em ação de dona de casa que se sentiu lesada por não receber o valor anunciado por Bolsonaro e solicitou que seu benefício seja complementado até chegar ao que foi divulgado.

PAINEL - *”Estafe de Russomanno diz que vídeos com Bolsonaro para campanha serão gravados na segunda (2)”*

PAINEL - *”Candidatos, irmãos de Jilmar Tatto (PT) receberam R$ 83 mil do PT cada um”*: Além de Jilmar Tatto figurar no topo da lista dos que mais receberam recursos públicos de campanha até agora, dois de seus irmãos, Arselino e Jair José, candidatos a vereador na cidade de São Paulo, também declararam a entrada de verba pública do PT para suas campanhas (R$ 83 mil cada um).

PAINEL - *”Empresários dizem a Bolsonaro que não faltará soja no Brasil, mas preço não baixará”*: Reunidos com Bolsonaro na quarta (27), os grandes empresários da soja, que representam as maiores cooperativas de produtores e multinacionais, disseram ao presidente que não faltará soja nem óleo de soja no país até o início da próxima safra, no início do ano, mas o preço não vai cair. A justificativa é que as cotações seguem em alta no exterior e a próxima safra já está quase toda vendida. Além disso, o lockdown rigoroso na Argentina fez com que compradores buscassem mais o Brasil. O presidente disse que não imporá restrições às exportações, mas pediu para os produtores pensarem no país.

PAINEL - *”STJ vai julgar exclusão de posts e links que vinculem Ney Matogrosso a Kim Kataguiri”*

*”Isolado nas capitais, PT mira retomada a partir de cidades médias”* - Com candidaturas pouco competitivas nas principais capitais, o PT mira nas cidades médias e tem chances de vitória em pelo menos oito cidades de interior com mais de 200 mil eleitores no pleito municipal deste ano. Na maior parte das cidades médias, a estratégia foi lançar candidaturas de ex-prefeitos que chegam à campanha amparados por um reconhecimento de campanhas anteriores e pela marca da experiência. O objetivo do partido é retomar espaço dentre os 96 maiores colégios eleitorais brasileiros, grupo que inclui as 26 capitais de estados e 70 cidades de interior com mais de 200 mil eleitores, onde há segundo turno caso nenhum candidato tenha mais da metade dos votos válidos. Na eleição de 2016, na esteira das investigações da operação Lava Jato, o PT teve um de seus piores resultados em pleitos municipais e elegeu apenas um prefeito no então grupo de 93 maiores colégios eleitorais com mais de 200 mil eleitores. A vitória foi em Rio Branco, no Acre, com a reeleição do então prefeito Marcos Alexandre. Este, contudo, deixou o mandato em 2018 para disputar o governo do estado, deixando os petistas sem governar nenhuma cidade dentre os maiores colégios eleitorais do país.
Para mudar este quadro, o partido confia na experiência de seus quadros para reconquistar terreno em cidades médias. Por outro lado, enfrenta obstáculos como menos partidos aliados e o fato de estar na oposição ao governo federal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Dentre as capitais de porte médio, o PT lidera a corrida pela Prefeitura de Vitória (ES) com a candidatura de João Coser. O petista foi prefeito de 2005 a 2012 da capital capixaba, que tem cerca de 360 mil habitantes. “Minha candidatura atende a um chamado das ruas. Em um período de crise como este, a cidade precisa de um gestor experiente com um projeto realista e sensibilidade para cuidar das pessoas”, afirma Coser, que elenca uma série de feitos de suas gestões nas áreas de educação, saneamento e assistência social. Segundo pesquisa Ibope, Coser tem 22% das intenções de voto e está empatado na liderança com Gandini (Cidadania), candidato apoiado pelo atual prefeito Luciano Rezende (Cidadania). Para Coser, ao contrário do pleito de 2016, o antipetismo não deve ser um fator determinante nas eleições municipais deste ano. Ele diz que sua candidatura terá capacidade de atrair um eleitorado para além do campo da esquerda. “Os adversários vão querer usar isso [antipetismo] contra mim, mas não me preocupo. Estou no PT há 40 anos, a cidade me conhece e sabe que sou do partido. Ser do PT é uma qualidade, não um demérito.”
Discursos semelhantes têm sido repetidos em outras cidades de médio porte e cidades grandes que não são capitais. Em pelo menos outra seis, os candidatos são ex-prefeitos que estão tentando retomar o poder em suas cidades. Maior colégio eleitoral do país fora das capitais, Guarulhos (SP) caminha para um segundo turno entre o prefeito Guti (PSD) e o ex-prefeito Elói Pietá (PT), que governou a cidade de 2001 a 2008. Pietá tem destacado sua experiência como prefeito e faz críticas à atual gestão. “Estou voltando porque estou indignado com esta paralisia na nossa cidade”, disse o petista em propaganda no horário eleitoral. A mesma estratégia está sendo adotada em cidades como Contagem (MG), Santarém (PA), Anápolis (GO), Caxias do Sul (RS) e Vitória da Conquista (BA). Em todas elas, o PT disputa a eleição com ex-prefeitos que buscam resgatar a memória de suas gestões. Em Contagem, cidade de 660 mil habitantes da Grande Belo Horizonte, a deputada estadual e ex-prefeita Marília Campos disputa o cargo na condição de favorita em uma coligação que inclui MDB, PSB e PC do B.
Na terceira maior cidade de Goiás, Anápolis, o ex-prefeito Antônio Gomide (PT) tenta voltar ao comando da prefeitura nesta eleição. Ele governou o município de 2009 a 2014, quando renunciou para disputar o governo do Estado –acabou em quarto lugar, com 10% dos votos. Já na cidade de Vitória da Conquista, terceira maior da Bahia, o deputado estadual e ex-prefeito José Raimundo tenta voltar ao cargo. A cidade é simbólica para o PT: foram 20 anos de gestões petistas na cidade de 1997 a 2016, quando o partido perdeu para Herzem Gusmão (MDB). O PT também tem candidaturas competitivas em Juiz de Fora (MG) e Feira de Santana (BA), cidades onde os candidatos são deputados que já disputaram a prefeitura em outras oportunidades, mas nunca venceram. Na cidade mineira, a deputada federal Margarida Salomão disputa a prefeitura pela quarta vez consecutiva. Nas eleições de 2008, 2012 e 2016, ela chegou a ir para o segundo turno, mas perdeu as três eleições. Em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, o deputado federal Zé Neto vive situação semelhante. Ele vai para a sua quinta tentativa de eleger-se prefeito –disputou o cargo em 1996, 2004, 2012 e 2016. Nesta campanha, ele tem como âncoras a popularidade do governador Rui Costa e obras realizadas na cidade pelo governo federal durante as gestões petistas. E diz que, desta vez, está mais otimista para uma possível vitória. “Fui candidato à prefeito em 2016 e sei o que o PT viveu. Enfrentamos uma onda antipetista muito forte. Mas o PT enfrentou a tormenta, resistiu e está se recompondo. Somo um partido muito enraizado na sociedade”, diz o petista.

*”Na periferia de SP, líderes comunitários mobilizam eleitores e atuam como 'puxadores de voto'”* - No Itaim Paulista, extremo leste da cidade de São Paulo, Reinaldo Pereira da Silva, 67, é conhecido como Tio King. Vendedor de chás, conselheiro gestor da saúde e líder comunitário ambiental na região, neste ano ele também atua como "puxador de votos" para o candidato à prefeitura Celso Russomanno (Republicanos). O conselheiro anda pela região para conversar com os moradores e apresentar as propostas, mas a atuação vai além. No WhatsApp, possui lista de transmissão com mais de 1.600 contatos, na qual envia materiais dos candidatos e pede votos —ele apoia ainda um candidato a vereador na região que também é do Republicanos “Sou o responsável por mobilizar votos. Tenho que passar confiança ao eleitor", afirma Tio King. A igreja evangélica é outro espaço para angariar votos. Apesar de relatar que não usa o espaço físico do templo, Tio King diz que aproveita as ações sociais para divulgar a campanha para aqueles que recebem cestas básicas. “Quando estou na casa de Deus, não falo sobre eleições. Aproveito o momento certo. Geralmente é quando vejo a pessoa na rua, vão na minha casa ou nas ações sociais”, diz. O apoio dele é concorrido. Argumenta que o voto de confiança dele não é no candidato, mas no trabalho que o político já executa na região. “Quero gente nova no poder. Cerca de 11 candidatos [a vereadores e prefeito] entraram em contato comigo pedindo apoio, mas não senti confiança neles."
Como Tio King, as periferias da capital paulista contam com diversos "puxadores de votos" nesta eleição. Geralmente, líderes comunitários próximos da população que usam sua influência para angariar apoio aos candidatos. A reportagem ouviu apoiadores de cinco candidatos à prefeitura. Além de Russomanno, Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Márcio França (PSB) e Jilmar Tatto (PT) possuem mobilizadores nas áreas mais pobres da cidade. Eles são responsáveis por fazer a ponte entre os candidatos e a população, tirar dúvidas e marcar reuniões —algo que ficou mais complicado com a pandemia da Covid-19. Casado e pai de dois filhos, o eletricista José Edmar de Carvalho, mais conhecido como Pipoca, tem 57 anos. Desde 1994 mora no Jardim Canaã, bairro do Morro Doce (zona norte) e tem feito campanha para Tatto. Mineiro, Pipoca chegou a São Paulo em 1977. Já no ano seguinte, iniciou a militância na pastoral da juventude, um braço da Igreja Católica. Em 1980, quando ainda morava em Osasco, participou da fundação do PT. Nas eleições de 2016, chegou a ser candidato a vereador e recebeu 1.995 votos, mas diz que gosta mesmo é de atuar nos bastidores. “Se [Tatto] for eleito, nós [filiados e simpatizantes] já mandamos uma pauta de reivindicações na qual ele se comprometeu que o subprefeito será da região."
O apoio ao partido é voluntário, segundo Pipoca —o mesmo foi dito pelos demais entrevistados à reportagem. “[Tatto] oi secretário nas duas gestões do PT e acreditamos que será um ótimo prefeito. Temos um papel muito importante que é voltar a governar São Paulo, principalmente para os menos favorecidos”, afirma Pipoca. A última pesquisa Datafolha mostra Tatto com 4% das intenções de votos, atrás de Boulos (14%) e empatado no limite da margem de erro com França (10%) —o que é considerado improvável. Nas últimas semanas, líderes comunitários nas periferias se posicionaram a favor do candidato do PSOL. O advogado Jabes Campos, 62, rejeita a ideia de uma troca de votos do petista para Boulos. “Boulos é um companheiro, mas é muito pequena a relação dele no território”, afirma Jabes. “Ele circula muito mais na classe média, entre os universitários. Tanto é que todas as ações dele no território são mais pessoas que vêm de fora do que gente que mora no lugar mesmo." Morador da Brasilândia, na zona norte, e vice-presidente do diretório zonal do PT, ele é um dos responsáveis pela Rede Brasilândia Solidária, formada com coletivos para conter o avanço da Covid-19 na região e dar assistência às famílias mais vulneráveis. Apesar de o grupo não ter declarado apoio a nenhum nome, pessoalmente Jabes está envolvido na campanha de Tatto. “Com a pandemia, se fizer levantamento de quem está lutando são as entidades sociais, vindas do PT. O partido sempre esteve e está na periferia."
O líder comunitário Gilmar Antonio de Sousa, 56, discorda. Apoiador de Boulos no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, ele diz que nos últimos anos o PT perdeu espaço nos bairros mais pobres por conta dos escândalos de corrupção. “As periferias foram as mais prejudicadas por falta de investimentos. O partido tinha base nesses locais e achavam que seriam apoiados, mas não é isso que aconteceu”, pondera. Gilmar não se define como um "puxador de votos". Afirma que atua respondendo a dúvidas. “A gente conversa com o pessoal que nos procura sabendo que sou amigo do Boulos. Não fico pedindo votos. Não trabalho desta forma." A amizade com Boulos, que também mora no Campo Limpo, dura há mais de uma década, já que Gilmar já atuou no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), entidade da qual Boulos é uma dos líderes nacionais. No Jabaquara, também na zona sul, quem atua é o conselheiro municipal da pessoa com deficiência Fernando Schramm, 40, que defende França. Conheceu o candidato quando era governador de São Paulo, em 2018, e é presença confirmada nas agendas na capital. “Ele me chama para fotos e para mostrar a falta de acessibilidade dos espaços." Com França na prefeitura, Schramm diz que as periferias terão governos pensados a partir dos territórios com o apoio de organizações locais que atuam diretamente com a população, a exemplo de entidades sociais e ONGs. “As gestões do PSDB enxergam a gente como necessitado de insumos e fraldas, mas com o Márcio [França] a gente pensa em educação e outras áreas, para que as pessoas mais que sobrevivam.”
Enquanto os "puxadores de votos" de vários candidatos criticam a gestão Covas, o prefeito conta com apoiadores que defendem o trabalho do tucano nas periferias. “Fomos assistidos, recebemos alimentos e outras coisas [na pandemia]”, diz a líder comunitária Marilene Alves Guimarães, 49, moradora do Jardim Nossa Senhora do Carmo (zona leste). Um dos exemplos citados por ela foi o cartão merenda, recurso financeiro direcionado ao atendimento da alimentação dos estudantes da rede municipal durante a pandemia. Com reunião presencial de moradores e mensagens nas redes sociais, ela é quem pede votos para o candidato do PSDB na região. O apoio de Marilene ao partido tem cerca de 20 anos. Na conversa, se refere ao prefeito sempre pelo primeiro nome, Bruno. Para ela, a maior mudança na campanha deste ano foi a Covid-19. “Está sendo bem diferente, bem digital.” Apesar da polarização no país, Marilene afirma que as ações positivas de Covas na cidade superam as ideias ruins que alguém possa ter do partido. No bairro, cita melhorias nas ruas e uma "zeladoria impecável". Deise Rosane Santos, 40, líder comunitária em Cidade Tiradentes (zona leste), se reveza em panfletagens, adesivagens e conversas com moradores pedindo votos para o tucano.
Ela tem evitado os encontros presenciais. “A gente faz tudo online pelo WhatsApp, Facebook e redes sociais”, resume. Essa forma de campanha, na avaliação de Deise, "ajudou muito a periferia e as pessoas com trabalho informal". Apesar dessa presença dos candidatos em diversas periferias, nas duas principais favelas de São Paulo, líderes comunitários veem as candidaturas deste ano com cautela. A presidente da Unas (Associação dos Moradores de Heliópolis), Antônia Cleide Alves, 56, afirma que não houve mobilização em torno de nenhum nome, apesar das necessidades da comunidade, onde vivem 200 mil moradores. “Demora de três a quatro meses para ser atendido [na Unidade Básica de Saúde], fazer uma consulta. Precisa ter tempo se for para depender dos serviços”, relata, citando também a necessidade de urbanização, coleta seletiva de lixo e espaços de lazer. “Infelizmente, o prefeito e nem os candidatos nos ajudaram neste período [de pandemia]. O trabalho está quase parando devido à diminuição de pessoas doando. Então, a princípio, não iremos apoiar ninguém”, afirmou o presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, na zona sul, onde vivem 100 mil pessoas. Tradicionalmente, os candidatos costumavam ser recebidos na rádio comunitária Nova Paraisópolis para serem sabatinados pelos moradores. Contudo, devido à pandemia e o trabalho para arrecadar alimentos, não há certeza de que as entrevistas ocorrerão neste ano.

*”Estou focado nas classes C, D e E para ir ao 2º turno, diz Tatto em sabatina Folha/UOL”*
*”Tatto exagera sobre filiados do PT e vale-alimentação escolar na pandemia em sabatina Folha/UOL”*

*”Covas tem 26%, Russomanno, 20%, e Boulos e França empatam em terceiro, diz Ibope”* - O candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB) subiu quatro pontos e alcançou 26% nas intenções de voto na disputa pela Prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30). Já o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) perdeu cinco pontos e está com 20%. Guilherme Boulos (PSOL) registrou 13% das intenções de voto (antes, estava com 10%) e aparece empatado tecnicamente em terceiro lugar com Márcio França (PSB), que teve 11% (e na pesquisa anterior tinha 7%). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Além da queda nas intenções de voto, Russomanno viu subirem os índices de rejeição a seu nome. Segundo o Ibope, 38% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum no parlamentar e apresentador de TV, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Antes, a taxa era de 30%. Jilmar Tatto (PT) chegou a 6% das intenções de voto —na pesquisa anterior, tinha 4%. Com a nova pontuação, o petista fica empatado tecnicamente com França. Arthur do Val (Patriota) foi de 2% para 3%, e Joice Hasselmann (PSL) oscilou de 1% para 2%. Os demais concorrentes obtiveram 1% ou menos. O cenário de empate técnico entre os dois candidatos que aparecem à frente, Covas e Russomanno, se daria no limite extremo da margem de erro, o que é considerado muito improvável pelos institutos de pesquisa. O Ibope ouviu 1.204 eleitores entre 28 e 30 de outubro. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo. Na reta final da campanha no primeiro turno, a pesquisa é favorável para a campanha de Covas, que adotou a estratégia de não responder a ataques e priorizar temas municipais. Auxiliares dizem que a ordem é manter o planejamento inicial.
Pelo cenário revelado, os tucanos esperam enfrentar Russomanno ou Boulos no segundo turno e preveem uma disputa voto a voto entre os dois. "Mostra que nosso planejamento e estrutura de campanha têm se mostrado adequados", diz o coordenador da campanha de Covas, Wilson Pedroso. "A população tem entendido nossa mensagem e a liderança do prefeito é cada vez mais percebida e reconhecida." Pressionado pela queda nas pesquisas —que evocou o fantasma dos pleitos de 2012 e 2016, nos quais sua candidatura derreteu precocemente—, Russomanno subiu o tom contra o tucano e o governador João Doria (PSDB), aliado do prefeito, nos últimos dias. Até então, a opção era destacar o apoio de Bolsonaro a seu nome. Apesar da queda de cinco pontos no Ibope, o marqueteiro da campanha, Elsinho Mouco, disse que comemora o fato de a pesquisa mostrar o deputado classificado para o segundo turno. "Nosso objetivo está sendo alcançado", disse ele. "Com 20%, 15%, até 10%. Se estivermos no segundo turno, é o que importa." Na avaliação da equipe de Russomanno, a trajetória de queda se deve não à rejeição de Bolsonaro, seu padrinho político nesta campanha, mas aos ataques feitos por adversários. Por isso, suas propagandas passaram a mirar a dupla Doria-Covas e Boulos. O deputado se encontrou com o presidente nesta sexta-feira em São Paulo, um dia depois de o titular do Planalto ter reafirmado em sua live semanal o apoio ao candidato do Republicanos. Na pesquisa Ibope anterior, feita entre 13 e 15 de outubro, havia empate técnico entre Russomanno, com 25%, e Covas, com 22%. Boulos vinha na sequência, com 10%, seguido de França, com 7%, também empatados. Boulos, que torce para Russomanno perder mais pontos, redobrou esforços para abrir vantagem sobre os concorrentes e, com isso, se aproximar do segundo turno. A campanha programou atos na periferia e intensificou as postagens em redes sociais para tentar alavancá-lo. O resultado desta sexta foi visto como um passo adiante pelo PSOL, que aposta em um crescimento continuado para se fortalecer. A entrada da candidata a vice, Luiza Erundina (PSOL), na campanha de rua é tida como um dos trunfos. A deputada federal e ex-prefeita usará uma caminhonete adaptada com uma cabine de acrílico para se locomover nos encontros com eleitores, a partir deste sábado (31). Aos 85 anos e parte do grupo de risco para a Covid-19, ela estava em isolamento desde o início da pandemia, em março.
A campanha de França, ao celebrar o desempenho, explorou o avanço em relação à pesquisa anterior. "Vamos crescer ainda mais e chegar ao segundo turno, como já aconteceu", disse o ex-governador, que aposta em um repeteco do embate de 2018 com o grupo político de Doria. No PT, o descolamento de Tatto da ala dos nanicos e sua aproximação com França foram vistos como bons sinais. Com a queda de Russomanno, os petistas trabalham com a ideia de que o segundo turno se dará entre Covas e a esquerda. O palpite de representantes da legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é que ou Tatto ou Boulos ou França irá disparar e ultrapassar o candidato de Bolsonaro. "Estamos trabalhando para ir ao segundo turno", afirma o deputado federal Carlos Zarattini (PT), vice de Tatto. "Após o feriado e após a eleição americana, na próxima semana, vai começar o momento de escolha do eleitor. O PT vai subir mais ainda." Em simulações de segundo turno feitas pelo instituto, Covas venceria se disputasse com Russomanno, com Boulos e com França. O resultado mais vantajoso para o tucano seria contra Boulos (51% a 26%). Em cenários sem Covas e com Russomanno, o deputado federal ganharia de Boulos, mas perderia para França. Em um eventual embate entre Boulos e França, o ex-governador sairia vencedor.

*”Folha lança newsletter com checagem de fake news nas eleições; envie sua dúvida para verificação”*
*”Polícia de SP abandona investigação sobre suspeito que usou Bolsonaro como garoto-propaganda”*

*”Processos de pastores da Universal contra escritor têm petições idênticas e indicam ação orquestrada da igreja”* - Nas dezenas de processos de indenização de pastores da Igreja Universal do Reino de Deus contra o escritor João Paulo Cuenca, iniciados após uma publicação dele no Twitter, há petições com textos idênticos e trechos que mostram o uso de modelos de redação, o que indica uma ação orquestrada. As demandas judiciais começaram com pedidos dos religiosos em nome próprio e sem a indicação de advogados. Em um dos processos, porém, passou a atuar uma advogada que defende a igreja em vários casos na Justiça. Em ações judiciais e registros na internet, ela aponta a sede da Universal em Alagoas como seu endereço profissional. Para a defesa de Cuenca, os indícios levam à suspeita de que tenha partido da instituição religiosa a eventual coordenação para a apresentação dos processos. A Universal nega ter atuado ou dado apoio para o início das demandas na Justiça e afirma que “não tem como comentar o conteúdo desses processos, porque não é parte nas ações e, assim, não conhece seu teor”. Quanto à advogada que entrou na causa contra o escritor, ela diz que a “suposta atuação não guarda qualquer relação com atividades profissionais dela junto à Universal”.
As petições foram apresentadas à Justiça após Cuenca ter publicado em junho no Twitter que o “brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”, parafraseando texto do autor do século 18 Jean Meslier. Os escritos originais de Meslier trazem a afirmação de que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”. Os advogados do escritor já contabilizam mais de 120 ações de indenização por danos morais protocoladas em cidades de 21 estados. Porém, até a última quarta-feira (28), a defesa não havia verificado nenhuma causa ajuizada no estado de São Paulo, onde mora o escritor. A soma dos valores pedidos nos processos já passa de R$ 2 milhões. No conjunto das ações judiciais, é possível verificar grupos de petições com textos idênticos, o que indica que vários modelos foram usados pelos pastores. Em algumas delas, o compartilhamento dos modelos fica mais evidente, pois possuem um trecho em que se observa a inscrição “xxxxxx”, que em geral é usada para mostrar um espaço a ser preenchido. Tal situação ocorre em um parágrafo específico sobre o tempo de trabalho na Universal, no qual se lê: “O autor é ministro de confissão religiosa e atua como pastor na Igreja Universal do Reino de Deus desde, xxxx.” Em outro grupo de petições, que têm a maioria dos parágrafos idênticos, quatro pastores que moram em cidades diferentes (Caxias-MA, Pacajus-CE, Poços de Caldas-MG e Montes Claros-MG) relataram à Justiça ter ouvido o mesmo tipo de “chacota”. No trecho que se repete nos documentos, os pastores dizem ter ouvido a provocação: “Ehhh pastor, tá famoso, hein? Vai ser com suas tripas que irão enforcar os Bolsonaro?”. Outro padrão nos casos é que as petições iniciais são assinadas pelos próprios pastores, o que é permitido nos processos dos juizados especiais cíveis.
Porém, ante uma decisão desfavorável do juizado de União dos Palmares (AL), uma advogada ligada à Universal passou a trabalhar na causa. O recurso nesse processo foi apresentado pela advogada Daniela Fontan Maia Peixoto, que defende a Universal em dezenas de demandas e indica como seu endereço profissional —em petições e no Cadastro Nacional dos Advogados—​ o mesmo endereço da sede estadual da Universal em Alagoas, situada na Avenida Comendador Gustavo Paiva nº 3076, em Maceió. Em seu currículo na Plataforma Lattes, base digital de dados mantida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Daniela se apresenta como advogada da Universal. Diferentemente dos processos em que defende a instituição religiosa, na causa contra Cuenca a advogada apontou como endereço profissional um local diverso do prédio da Universal. A Folha ligou para o departamento jurídico da sede alagoana da Universal e pediu para falar com a advogada, mas recebeu a informação de que ela não estava no local naquele momento. Também contatou o marido de Daniela, mas ele disse que ela não se encontrava em casa. Nas tentativas de contato que se estenderam por três dias, a reportagem explicou sobre a apuração do jornal e pediu que Daniela retornasse a ligação, o que não ocorreu até o fechamento deste texto.
A defesa de Cuenca, assumida pelo advogado Fernando Hideo Lacerda, sócio do escritório Serrano, Hideo e Medeiros Advogados, levanta a suspeita de que houve um movimento orquestrado contra o escritor. “Analisando as petições, verificando os modelos, que foram feitos por advogados que não assinam, e a única advogada que aparece nos casos é um advogada da Universal, tudo isso torna mais robusta, fortalece a suspeita inicial óbvia de que é uma ação coordenada da Igreja Universal”, diz Lacerda. Segundo o defensor do escritor, “houve claramente uma tentativa de dificultar a identificação da origem dessa organização maior que estaria guiando todos os movimentos. Isso nos faz concluir que não é só um atentado contra liberdade de expressão do João Paulo, isso assume contornos de um atentado contra o próprio sistema de Justiça”. Já a Universal, além de negar ter atuado na eventual coordenação dos processos, afirma que “todos estão submetidos às normas constitucionais e às leis — até mesmo os escritores e os jornalistas, que não são detentores de uma liberdade de expressão absoluta que os coloque acima da honra e da dignidade dos demais brasileiros. Não existe direito adquirido para ofender, promover o ódio e espalhar o preconceito contra os cristãos”. Segundo a instituição religiosa, os processos resultam de iniciativas individuais de pastores e “como vítima maior do preconceito religioso no Brasil, a Universal preza e defende todas as liberdades asseguradas pela Constituição Federal”.

*”Bolsonaro pede voto para Russomanno em São Paulo e dá apoio constrangido a Crivella no Rio”*
VOTO A VOTO - *”Políticas de transporte e eleições: o que as propostas (não) trazem”*
*”Em sabatina Folha/UOL Martha Rocha diz que ameaças de morte provam que ela combateu milícia”*

*”Paes lidera no Rio com 32%, aponta Ibope; Martha Rocha sobe 6 pontos, e disputa pelo 2º lugar segue embolada”*- O ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), lidera as pesquisas de intenção de voto na cidade com 32%, de acordo com o Ibope divulgado na noite desta sexta-feira (30). Atrás dele seguem tecnicamente empatados o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), com 14%, Martha Rocha (PDT), também com 14%, e a petista Benedita da Silva (9%). A margem de erro da pesquisa é de três pontos pontos percentuais para mais ou para menos. Martha Rocha (PDT) foi a candidata com alteração mais expressiva em relação à pesquisa anterior, divulgada em 15 de outubro: ela teve um crescimento de seis pontos percentuais (de 8% para 14%). Houve também queda de oito pontos percentuais dos eleitores que disseram votar branco ou nulo.
Eduardo Paes foi de 30% para 32%
Marcelo Crivella foi de 12% para 14%
Martha Rocha foi de 8% para 14%
Benedita da Silva foi de 7% para 9%
Luiz Lima foi de 3% para 4%
Bandeira de Mello foi de 3% para 2%
Renata Souza foi de 3% para 2%
Fred Luz se manteve com 1%
Paulo Messina se manteve com 1%
Cyro Garcia foi de 2% para 0%
Clarissa Garotinho foi de 1% para 0%
Glória Heloiza se manteve com 0%
Henrique Simonard se manteve com 0%
Suêd Haidar não foi citada na pesquisa anterior e foi para 0%
Os indecisos se mantiveram com 5%, e os brancos ou nulos foram de 23% para 15%.
O candidato com maior índice de rejeição na pesquisa foi o atual prefeito Marcelo Crivella (55%), seguido de Benedita da Silva (PT), com 29%, Eduardo Paes (DEM), com 28% e Clarissa Garotinho (Pros), com 27%.
Marcelo Crivella: 55%
Benedita da Silva: 29%
Eduardo Paes: 28%
Clarissa Garotinho: 27%
Cyro Garcia: 13%
Martha Rocha: 11%
Luiz Lima: 10%
Renata Souza: 9%
Paulo Messina: 8%
Fred Luz: 8%
Bandeira de Mello: 8%
Glória Heloiza: 7%
Suêd Haidar: 7%
Henrique Simonard: 7%
Não sabe/não respondeu: 8%
Poderia votar em todos: 1%
A pesquisa questionou aos eleitores em quem eles votariam, sem apresentar os nomes dos candidatos. O mais citado foi Eduardo Paes (DEM), com 24%.
Eduardo Paes: 24%
Marcelo Crivella: 9%
Martha Rocha: 7%
Benedita da Silva: 3%
Luiz Lima: 2%
Renata Souza: 2%
Bandeira de Mello: 1%
Fred Luz: 1%
Suêd Haidar: 0%
Paulo Messina: 0%
Outros: 1%
Brancos e nulos: 23%
Não sabem ou não responderam: 27%
Clarissa Garotinho, Cyro Garcia, Henrique Simonard, e Glória Heloiza não foram citados por nenhum dos entrevistados. Os votos válidos correspondem à proporção de votos recebidos por um candidato sobre o total de votos direcionados a candidatos (ou seja: excluindo os votos brancos, nulos e indecisos). Um candidato só pode ser eleito no 1º turno se obtiver 50% mais um dos votos válidos. Considerando este cenário, a pesquisa Ibope aponta que deve ocorrer segundo turno na eleição do Rio.
Eduardo Paes (DEM): 40%
Martha Rocha (PDT): 18%
Crivella (Republicanos): 17%
Benedita da Silva (PT): 11%
Luiz Lima (PSL): 5%
Bandeira de Mello (Rede): 3%
Renata Souza (PSOL): 3%
Fred Luz (Novo): 1%
Paulo Messina (MDB): 1%
Cyro Garcia (PSTU): 0%
Clarissa Garotinho (Pros): 0%
Glória Heloiza (PSC): 0%
Henrique Simonard (PCO): 0%
Suêd Haidar (PMB): 0%
O único candidato que saiu vitorioso em todos as simulações de segundo turno foi Eduardo Paes; contra Martha Rocha, o resultado é o único que sairia apertado: o ex-prefeito conta com 41% das intenções de voto, enquanto a pedetista apresenta 34%. Crivella foi o único que, nas três simulações, saiu derrotado por todos os candidatos.
Eduardo Paes 41% x 34% Martha Rocha (branco/nulo: 21%; não sabe: 3%)
Eduardo Paes 51% x 19% Marcelo Crivella (branco/nulo: 27%; não sabe: 2%)
Benedita da Silva 23% x 46% Eduardo Paes (branco/nulo: 28%; não sabe: 3%)
Martha Rocha 50% x 21% Marcelo Crivella (branco/nulo: 26%; não sabe: 3%)
Benedita da Silva 27% x 41% Martha Rocha (branco/nulo: 28%; não sabe: 4%)
Benedita da Silva 37% x 26% Crivella (branco/nulo: 34%; não sabe: 3%)
A pesquisa Ibope foi registrada na Justiça Eleitoral com o nº RJ-09598/2020. Foram entrevistadas 1.204 pessoas entre os dias 28 e 30 de outubro. O nível de confiança estimado é de 95%. A contratante foi a TV Globo.

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*”Itamaraty torna secretas informações sobre visita de Pompeo à fronteira com Venezuela”* - O Itamaraty impôs segredo, até 2035, às informações trocadas pelos postos diplomáticos a respeito da controversa visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, à fronteira do Brasil com a Venezuela. Pompeo foi ciceroneado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante viagem a Boa Vista em 18 de setembro. Ele foi a Roraima em meio à campanha do presidente Donald Trump à reeleição. O ministério classificou como secretos os telegramas diplomáticos que registram a preparação e os motivos da viagem, assim como os documentos produzidos posteriormente, com as impressões sobre a visita. Procurado, o Itamaraty não respondeu por que razão classificou os documentos como secretos. No Brasil, Pompeo fez duro discurso contra o regime do ditador Nicolás Maduro, a quem se referiu como narcotraficante. Ernesto seguiu a mesma linha e chamou o governo da Venezuela de 'narcorregime'. Dois telegramas diplomáticos que antecederam a visita de Pompeo, trocados entre a embaixada brasileira nos Estados Unidos e a sede do Ministério das Relações Exteriores em Brasília, foram classificados como secretos, segundo resposta do Itamaraty a um pedido da Folha via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Um é de 9 de setembro, nove dias antes da viagem. O sigilo só vai expirar em 9 de setembro de 2035. O outro é do dia 15, três dias antes. Para este, o segredo imposto vai até 2025. Os postos diplomáticos brasileiros trocaram informações oficiais também após a visita do secretário de Trump. Um telegrama foi emitido no dia 24 de setembro, e outro, em 9 de outubro. Os dois permanecerão em segredo até 2035. A LAI prevê que um documento pode ser classificado como ultrassecreto, secreto e reservado, caso existam riscos à "segurança do Estado ou da sociedade". O tempo máximo da classificação ultrassecreta é de 25 anos; secreta, 15 anos; e reservada, 5 anos. O Itamaraty usou o tempo máximo de sigilo, conforme a classificação que elegeu, para três dos quatro telegramas diplomáticos trocados. O ministério forneceu à reportagem da Folha outros quatro telegramas referentes à visita do secretário de Trump. No entanto, eles não trazem nada de relevante e novo sobre os preparativos da viagem, os motivos do encontro, as impressões das duas autoridades, os assuntos tratados de forma reservada entre eles ou as expectativas —políticas e militares— em relação à Venezuela de Maduro. Os telegramas entregues por meio da LAI apenas reproduzem notas oficiais emitidas pelo Departamento de Estado americano a respeito da visita de Pompeo a Brasil, Colômbia, Guiana e Suriname. Os três primeiros países fazem fronteira com a Venezuela. Os telegramas se limitaram a traduzir notas oficiais.
Bernardo Velloso, encarregado de negócios na embaixada em Washington, assina dois deles. Nestor Foster, confirmado embaixador pelo Senado em 22 de setembro, assina os outros dois, ainda como encarregado. As informações foram fornecidas pelo Departamento de EUA do Itamaraty. Até hoje, o ministério não detalhou as circunstâncias da visita, em especial a maneira como o encontro na região de fronteira foi acertado, a menos de 50 dias das eleições nos Estados Unidos. A missão foi duramente criticada por especialistas em relações externas, por ex-chanceleres e no meio político. A posição mais contundente partiu do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo Maia, a visita de Pompeo "não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa". Seis ex-chanceleres —dos governos Collor, Itamar, FHC, Lula e Temer— apoiaram o presidente da Câmara. "Condenamos a utilização espúria do solo nacional por um país estrangeiro como plataforma de provocação e hostilização a uma nação vizinha", afirmaram os ex-chanceleres em nota. Ernesto rebateu Maia. Segundo o chanceler brasileiro, a posição do presidente da Câmara se baseia em "informações insuficientes e em interpretações equivocadas". "Muito me orgulho de estar contribuindo, com o secretário de Estado, Mike Pompeo, sob a liderança dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, para construir uma parceria profícua e profunda entre Brasil e EUA, as duas maiores democracias das Américas", afirmou em nota. "Só quem teme essa parceria é quem teme a democracia", disse Ernesto. Enquanto a visita dos representantes dos governos Trump e Bolsonaro ocorria em Roraima, o Brasil fazia uma simulação de guerra sem precedentes na Amazônia. O palco do suposto conflito entre o "país vermelho" e o "país azul", que envolveu 3.600 militares do Exército e armamento pesado (como lançadores de foguetes com alcance de 80 quilômetros), deu-se a 840 quilômetros de Boa Vista. Foi a primeira vez que o Exército fez uma simulação dessa proporção. Somente com combustível, horas de voo, transporte e munição, a força gastou R$ 8,9 milhões.

*”Universidades e escolas de Lisboa amanhecem com pichações racistas contra brasileiros”* - Pelo menos duas universidades, três escolas e um centro de acolhimento de refugiados da região de Lisboa amanheceram nesta sexta-feira (30) com pichações racistas e xenófobas, em mais um capítulo das crescentes tensões raciais no país. Houve ofensas direcionadas especialmente aos brasileiros. “Zucas [diminutivo de brazucas], voltem para as favelas. Não vos queremos aqui!”, diz uma das mensagens escritas no muro externo da Escola Secundária Eça de Queiroz. Há menos de um ano, a mesma instituição já havia sido vandalizada com textos de cunho racista. Frases como “Portugal é branco. Pretos, voltem para a África!” e “sim ao racismo” também apareceram nas paredes vandalizadas. No início da tarde, a maioria dos muros já havia sido pintada e as ofensas, apagadas. Mesmo assim, imagens que mostram os insultos têm se espalhado nas redes sociais. A polícia portuguesa está investigando a ação, mas, até agora, não foram divulgadas informações sobre suspeitos. A reitora da Universidade Católica Portuguesa, uma das instituições atingidas, Isabel Capeloa Gil, repudiou publicamente o conteúdo das pichações. “A UCP foi hoje alvo de uma ação de vandalismo com teor discriminatório e racista. A universidade rejeita este atentado contra os seus princípios basilares e continuará, firmemente, a defender o respeito pela dignidade da pessoa, rejeitando todas as formas de discriminação”, afirmou.
Os responsáveis pelas outras instituições de ensino, assim como o Conselho Português para os Refugiados, também condenaram os atos. Nos últimos meses, Portugal tem assistido a uma série de episódios de racismo e xenofobia, que muitas vezes são dirigidos a alunos brasileiros. Além de formarem a maior comunidade de estrangeiros em Portugal —1 em cada 4 imigrantes—, os brasileiros também lideram com folga o ranking dos alunos internacionais no sistema de ensino português. Estudantes do Brasil relatam com frequência casos de discriminação, assédio e xenofobia. Em abril de 2019, alunos da faculdade de direito da Universidade de Lisboa causaram polêmica ao colocar uma caixa de pedras para “atirar nos zucas”. Os números mais recentes sobre queixas de xenofobia e racismo são de 2018, mas mostram um cenário de alta acentuada em relação ao ano anterior. Em agosto, um grupo radical de extrema-direita organizou uma passeata, com referência ao movimento racista americano Ku Klux Klan, em frente à sede da ONG SOS Racismo, em Lisboa. Pouco tempo depois, dirigentes da instituição e outras lideranças antirracistas, assim como duas deputadas negras, receberam um ultimato de 48 horas para deixar o país. Menos de um mês antes, em 25 de julho, o assassinato do homem negro Bruno Candé, 39, já havia chocado o país. Ele foi morto com quatro tiros quando passeava com a família perto de casa. Segundo testemunhas, o assassino disse “preto, vai para a tua terra” antes de disparar. O suspeito, de 80 anos, teria histórico de ofensas racistas a Candé e a sua família. Embora as tensões raciais tenham aumentado no país, muitos dos políticos portugueses afirmam não haver problemas relacionados ao racismo no país. O partido de direita radical Chega, que tem um deputado no Parlamento, já organizou duas passeatas afirmando que “Portugal não é um país racista”.

*”Terremoto atinge Turquia e Grécia e deixa ao menos 22 mortos e mais de 800 feridos”*

*”Quem era a brasileira que morreu em atentado terrorista na França”* - Entre os três mortos no ataque a faca desta quinta (29) em Nice, no sul da França, que fez aumentar o nível de alerta contra terrorismo no país, estava a brasileira Simone Barreto Silva, 44. Mãe de três filhos —um adolescente, um menino e uma menina—, ela estava havia cerca de 30 anos na França, onde também vivem suas três irmãs mais velhas, Solange, Bárbara e Conceição. A família Barreto era conhecida na região por organizar eventos de música e cultura brasileira. As irmãs também fizeram carreira como bailarinas de samba, conta o músico brasileiro Jorge Bezerra Filho, 42. Ele e Simone eram amigos havia 20 anos. Conheceram-se quando ela morou e trabalhou em Paris, há cerca de dez anos. “Era uma mulher expansiva, adorável, admirada por toda a comunidade brasileira do sul da França e uma excelente profissional”, diz o percussionista. Ele conta que Simone era uma das melhores artistas do Brasil Tropical, casa de shows da capital francesa. Eles se encontravam quase todos os anos em julho, quando as irmãs organizavam uma festa para Iemanjá, orixá do Candomblé que também é o centro de festividades em 2 de fevereiro na Bahia, onde nasceu a família de Simone. "A família Barreto respeitava as religiões de matriz afrodescendente, assim como o catolicismo", afirmou o babalorixá Anderson Argolo, que realizou cerimônias em um dos eventos organizados pela Brasuca Show, das irmãs de Simone. Simone era católica, mas participava dos festejos em homenagem a Iemanjá organizados pela família na França. A festa costuma reunir grupos culturais de dança, capoeira e maculelê e tem como objetivo reafirmar a identidade da cultura afro-brasileira na Europa. "Sempre foi uma batalhadora, e morreu como uma guerreira. Apesar de ferida, correu e foi capaz de dar o alarme, evitando uma tragédia maior", afirmou Argolo.
Na manhã desta sexta (30), familiares de Simone preferiram não dar entrevistas, para preservar as crianças. A filha mais nova da brasileira tem cerca de 6 anos, um dos meninos tem cerca de 9 anos e o mais velho, em torno de 15. Simone e suas irmãs foram criadas no Lobato, bairro do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Adolescentes, elas fizeram aulas de dança afro no Centro Social Urbano no bairro da Liberdade. Para frequentar as aulas, lembra o professor de dança Luiz Alberto Badaró, as irmãs percorriam a pé os cerca de sete quilômetros que separam os bairros do Lobato e da Liberdade. “Simone era uma pessoa muito doce, a mais doce das quatro irmãs. Era muito tranquila, tinha uma paciência que nunca vi”, conta Badaró, que também deu aulas de dança na Europa e manteve a amizade com as irmãs. O cantor e compositor Tonho Matéria, que também é amigo das irmãs Barreto desde quando ainda eram muito jovens, conheceu Simone por meio de Bárbara, irmã que foi rainha do bloco afro Araketu. Ele diz que esteve com Simone pela última vez há cinco anos na Lavagem de Madeleine, festa realizada anualmente em Paris com inspiração na Lavagem do Bonfim, da Bahia. “É muito triste ela ter partido desta maneira. Era uma pessoa que queria o bem e fazia o bem para as outras pessoas”, lembra Tonho Matéria. Neste ano, ele havia planejado retornar em julho à Europa para a festa de Iemanjá, em Nice, mas o cortejo acabou sendo cancelado por causa da pandemia.
Simone e suas irmãs também organizavam apresentações de capoeira. "A Simone era uma mulher muito feliz, acabara de se formar como chef de cozinha e tinha muito orgulho disso", contou a francesa Hélène Chaudonneret, casada com um brasileiro, também capoeirista. "Ela tem muitos amigos em Nice, onde toda a comunidade brasileira e a comunidade da capoeira a lamentam", disse. Nos últimos anos, Simone vinha trabalhando como cuidadora de idosos. “É um recurso dos bailarinos, quando a idade vai passando”, diz Bezerra. ​Após a confirmação de que havia uma brasileira estava entre as vítimas do atentado, o Itamaraty divulgou uma nota dizendo que o governo brasileiro "deplora e condena veementemente o atroz atentado". "O presidente Jair Bolsonaro, em nome de toda a nação brasileira, apresenta suas profundas condolências aos familiares e amigos da cidadã assassinada em Nice, bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e governo franceses", diz o texto. O comunicado segue dizendo que "o Brasil expressa seu firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo, independentemente de sua motivação, e reafirma seu compromisso de trabalhar no combate e erradicação desse flagelo, assim como em favor da liberdade de expressão e da liberdade religiosa em todo o mundo". A nota diz ainda que o governo manifesta em especial "sua solidariedade aos cristãos e pessoas de outras confissões que sofrem perseguição e violência em razão de sua crença".
Ao comentar o ataque com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro lembrou ter denunciado o que chama de "cristofobia" em seu discurso na ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro. "Ficamos sabendo de notícias tristes mundo afora, de decapitação de pessoas... De pessoas não, de cristãos na França", disse o presidente em declaração transmitida por apoiadores. "O mundo tem que se preocupar com isso. Falei na ONU agora sobre a tal da cristofobia." Bolsonaro afirmou ainda que "admitimos qualquer religião, mas não podemos admitir a intolerância, ainda mais desta forma". O presidente também fez insinuações sobre o islamismo. "Tem bairros na França que parece que tem uma religião dominando lá, e alguns países também." Mais tarde, em sua live semanal, Bolsonaro voltou a lamentar as mortes ocorridas na França e a mencionar a cristofobia. "Agora, isso aqui tem que ser combatido. Não tem que ser com florzinha, não. Isso aqui tem que ser combatido, quem não suporta outra pessoa acreditar em Deus... Pode até não acreditar, ninguém vai brigar contra quem é ateu. Agora chegar ao ponto de cometer essas atrocidades...", disse o presidente. O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) foi às redes sociais lamentar a morte. "Profundo pesar pela morte de uma brasileira de 44 anos, mãe de três filhos, ocorrida hoje em Nice, na França, uma das três vítimas fatais do brutal atentado cometido por um terrorista na Basílica de Nossa Senhora", escreveu o chanceler.

*”Polícia detalha atentado em Nice e prende suspeito de ser cúmplice do terrorista”*

*”Desemprego bate recorde e chega a 14,4% no trimestre encerrado em agosto”*

PAINEL S.A. - *”Empresários se reúnem com Paulo Guedes para buscar previsibilidade”*: A Coalizão Indústria, grupo de empresários que abrange os representantes de mais de dez setores, se reúne por videoconferência com o ministro Paulo Guedes na tarde desta sexta (30) em busca de insumos para organizar seus orçamentos de 2021, que vai ficando cada vez mais nublado diante da segunda onda do coronavírus na Europa. Segundo José Ricardo Roriz Coelho, presidente a Abiplast (indústria dos plásticos), eles pretendem ouvir do ministro quais são as reais perspectivas de que o governo e o Congresso acelerem as reformas tributária e administrativa.​ A grande preocupação, além do desabastecimento vivido por diversos setores no curto prazo, é a previsibilidade, segundo ele. "Hoje tem bolha de consumo. Foram colocados bilhões na economia. Tem demanda, empresas a plena carga, preços subindo porque não tem material suficiente. Mas como vai ser no ano que vem? O que traz emprego é investimento. Quem vai investir se não sabe qual sistema tributário vai prevalecer? Precisa da reforma administrativa para definir o tamanho do governo, senão, vai gastando e precisando cobrar mais impostos", afirma Roriz.
Na indústria do cimento, que viveu um boom de demanda inesperado na pandemia, Paulo Camillo Penna, da ABCP (cimento portland), diz que há investimentos importantes a serem definidos. "Boa parte da economia se move em função das expectativas. E boa parte delas decorrem da ação governamental", diz ele. A dificuldade de fazer estimativas é tão grande que o setor de cimento começou o ano com estimativa de crescimento de 3%, mas reviu para uma queda de 7%, quando a pandemia começou, e hoje projeta fechar o ano com alta de 9%. O setor espera aceleração da infraestrutura com o avanço dos projetos de saneamento, além do aquecimento do imobiliário. Para José Carlos Martins, da CBIC (construção), as implicações futuras do desabastecimento são um grande alerta. A ideia é discutir se isso vai impactar o teto de gastos, os prazos de conclusão e os futuros programas de governo. Humberto Barbato, da Abinee (indústria elétrica eletrônica), reitera que a previsão para o ano que vem está difícil, mesmo entre setores que atravessam bem a crise do coronavírus. "A recuperação deste ano é visível. Nosso setor foi favorecido porque as pessoas ficaram em casa e compraram eletrodomésticos e equipamentos de informática. Mas 2021, tendo em vista a segunda onda na Europa, é de muita cautela", diz Barbato. Outra preocupação de 2021 levada pelos industriais ao ministro é a alta do dólar, segundo José Jorge do Nascimento Junior, da Eletros. ​

PAINEL S.A. - *”Diante de incertezas, indústrias seguram planos para 2021”*: Na reunião periódica do ministro Paulo Guedes com os representantes de mais de dez setores industriais nesta sexta (30), os empresários foram buscar um norte para organizar os orçamentos de 2021, que fica mais nublado diante da segunda onda da Covid na Europa. Além da insegurança sobre o futuro das reformas, a lista de incertezas que atrapalham os planos de investimentos é encabeçada por câmbio, inflação e a dúvida de como será o país após o fim do auxílio emergencial. José Jorge do Nascimento Junior, presidente da Eletros (associação de fabricantes de eletrônicos e eletrodomésticos), que participou da reunião, disse que ouviu do ministro a garantia de que, no ano que vem, a economia vai continuar ​em um ambiente de retomada. “Nós não temos essa certeza toda. A gente vê com preocupação que em 2021 não tenha as ações do governo. Ele disse que vamos ter algumas ações, sem entrar em detalhes. Falou de Renda Brasil de forma geral, mas a gente fica receoso. Ele se comprometeu com teto de gastos, que também nos preocupa, porque é a imagem do Brasil”, diz Junior. José Roriz, da Abiplast (indústria dos plásticos), que também participou da reunião com Guedes, afirma que o atraso nas reformas atrapalha a capacidade de previsão. “Foram colocados bilhões na economia. Hoje tem demanda. Mas como vai ser depois? O que traz emprego é investimento. Quem vai investir se não sabe qual sistema tributário vai prevalecer?”, diz.

PAINEL S.A. - *”Personagem do Itaú na 'guerra do coletinho' foi para a XP”*
PAINEL S.A. - *”Swarovski planeja fechar centenas de lojas e demitir 6.000 pessoas”*
PAINEL S.A. - *”Vencedoras da Top of Mind se adaptaram à pandemia e se aproximaram do consumidor”*

*”Rio quer levar disputa sobre royalties do petróleo para mediação”*
*”Abraham Weintraub é reeleito diretor-executivo do Banco Mundial por mais dois anos”*

*”Desemprego entre trabalhadores formais chama a atenção de especialistas”* - Depois de atingir principalmente trabalhadores informais nos primeiros meses da pandemia, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a população desocupada vem crescendo agora principalmente entre os trabalhadores com carteira assinada. O resultado divulgado nesta sexta-feira (29) se contrapõe ao balanço apresentado no dia anterior pelo governo a partir do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que aponta aumento de contrações e crescentes saldos positivos nos meses de julho, agosto e setembro. De acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE, o número de empregados com carteira do trabalho chegou ao menos patamar desde o início da série em 2012. De junho a agosto, ficou em 29,1 milhões. Em comparação com o trimestre encerrado em maio, houve uma retração de 2 milhões de vagas. Na comparação com igual período do ano passado, a queda é o dobro: 4 milhões. Segundo a analista do IBGE Adriana Beringuy, nesse trimestre encerrado em agosto, a parcela informal do mercado de trabalho respondeu por 29% do total de vagas fechadas no país. No trimestre móvel anterior, terminado em maio, esse número correspondia a 74%. "Isso tem a ver com o fato de que, no auge da pandemia, pelo isolamento social, essa população informal foi a mais afetada", afirma Beringuy. Agora os dados do IBGE mostram que a perda de ocupação entre os informais perdeu força. Já entre os trabalhadores com carteira assinada, a perda o fechamento de vagas mantém o ritmo. "O trabalhador informal foi o primeiro a ser impactado e é o primeiro a retomar, ainda que com uma perda muito grande na oferta de ocupação”, disse Beringuy.
Para Rodolpho Tobler, do FGV Ibre, o baque da pandemia na economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho vem em fases. "Primeiro, o informal foi vetado pela necessidade de isolamento e, em um segundo momento, ocorre a redução do mercado formal, com as empresas equilibrando as contas e vendo o que podem fazer para sobreviver", disse o economista. Os dados do IBGE contrastam com o que vem sendo divulgado pelo Caged, pesquisa que retrata o mercado de trabalho formal. Os dados mais recentes, divulgados nesta quinta (29), apontam a criação de 313.564 vagas com carteira assinada no país em setembro. Em junho, a pesquisa registrou perda de 24 mil. Em julho, geração de 140 mil empregos. E em agosto, saldo positivo de 244 mil. Para especialistas ouvidos pela Folha, essa discrepância se deve às diferenças nas metodologias adotadas por cada pesquisa. A Pnad, do IBGE, tem caráter amostral, enquanto o Caged é construído a partir de informações enviadas pelas empresas ao Ministério da Economia. A pandemia também pesa, criando distorções que podem comprometer os dois levantamentos, mas de maneiras diferentes. "Na Pnad mudou a metodologia e agora é por telefone quando pessoalmente é melhor", diz Tobler, do FGV Ibre. "No caso do Caged existe uma preocupação em relação à quantidade de empresas que podem não estar atualizando suas informações, seja subnotificarem o desligamento ou mesmo por terem até fechado." O pesquisador Bruno Ottoni, da consultoria IDados, diz que a falta de sintonia entre formais da Pnad e e do Caged chamam a atenção.
"A perda no emprego formal está num ritmo estranho quando comparada com os dados do Caged, que mostram crescimento na ponta", disse Ottoni. "Os informais não, já perderam muito e chega uma hora que perdeu o que tinha para perder", disse. Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos a desocupação vai continuar avançando. "Você teve um crescimento orgânico e disseminado entre setores e regiões, isso dá um tom positivo para estatística, mas a minha perspectiva é que desemprego continue avançando mesmo com a breve recuperação econômica, pois com o arrefecimento da pandemia e eventual vacina vamos ver as pessoas buscarem trabalho, informal ou formal", analisou. Daniel Duque, também do FGV Ibre, ressalta que a Pnad Contínua é uma pesquisa de trimestres móveis, então ela carrega um pouco do passado. "Quando a gente olha os dados mensalizados, a Pnad Covid mostrou geração de vagas com carteira assinada em agosto, assim como o Caged", diz o pesquisador, citando dados de outra pesquisa do IBGE, criada especificamente para mensurar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho. Na Pnad Covid de setembro, o IBGE já mostrou um aumento na população ocupada com carteira assinada, indo de 31 milhões em junho para 31,4 milhões. Porém, os dados não são considerados como oficiais, sendo divulgados apenas para calcular os efeitos da pandemia, e não podem ser comparados com a Pnad Contínua. Na Pnad Contínua de agosto, que traz os indicadores oficiais do desemprego, a divulgação desta sexta apontou que os empregados sem carteira assinada no setor privado somam 8,8 milhões, redução de 5% (463 mil pessoas) no trimestre e 25,8% (3 milhões) no ano. Os trabalhadores por conta própria alcançaram 21,5 milhões, queda de 4% (894 mil pessoas) desde maio e 11,4% (2,8 milhões de pessoas) frente a agosto de 2019. Já os trabalhadores domésticos atingiram o menor número da série histórica, com 4,6 milhões de pessoas, retração de 9,4% (473 mil pessoas) no trimestre e 27,5% (1,7 milhão de pessoas) no ano.

*”Mercado de trabalho tem queda generalizada e recordes negativos”* - Os dados do emprego no Brasil do trimestre encerrado em agosto mostraram cenário preocupante, com recordes negativos em praticamente todos os indicadores do IBGE, tanto na comparação com maio —o pior momento da pandemia no país— quanto em relação ao mesmo período do ano passado. A população desocupada atingiu a taxa recorde de 14,4%, totalizando 13,8 milhões de pessoas sem trabalho - uma alta de 8,5% frente a maio e 9,8% quanto a agosto de 2019. Mas, ao mesmo tempo, a população ocupada também caiu de forma expressiva. Desde maio, são 4,3 milhões de pessoas a menos sem trabalho, que provavelmente, avalia o IBGE, perderam seus postos, uma queda de 5%. Já na comparação anual, são 12 milhões de brasileiros que deixaram a população ocupada, alta de 12,8%. Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, a população ocupada está diminuindo provavelmente por processos de dispensa. "O fechamento de estabelecimentos, a baixa demanda em alguns setores associados à retração da economia afetam o processo de prestação de serviços", explicou.
O volume de trabalhadores domésticos atingiu o menor número da série histórica, com 4,6 milhões de pessoas, retração de 9,4% (473 mil pessoas) no trimestre e 27,5% (1,7 milhão de pessoas) no ano. Ao mesmo tempo, cresceram outros indicadores que mostram um retrato de restrição no mercado de trabalho. A população subutilizada aumentou 20% em um ano, o que equivalem a 5,6 milhões de brasileiros a mais trabalhando menos horas do que gostariam. No total, hoje, 33,3 milhões estão nessa situação. Desde maio, o aumento foi de 3 milhões. Os desalentados, ou seja, que desistiram de procurar emprego por acreditarem que não vão encontrar uma vaga, alcançaram 5,9 milhões. São 440 mil a mais desde maio e 1,1 milhão desde agosto do ano passado. Tanto os subutilizados quanto os desalentados são recordes na série histórica. A população fora da força de trabalho - que não estava trabalhando nem procurava por trabalho - foi recorde, com alta de 5,6% (4,2 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior e 21,9% (14,2 milhões) comparado ao mesmo período do ano passado. Thiago de Moraes Moreira, do Ibmec, acredita que o governo deve elaborar políticas públicas específicas para as micro e pequenas empresas refinanciarem suas dívidas, senão o impacto no emprego tende a ser muito maior, o que pode fazer a taxa de desemprego explodir, avalia. "O governo precisa tentar suavizar essa deterioração do mercado de trabalho. Se nada for feito, essa taxa de desemprego pode iniciar 2021 acima de 20%. Isso do ponto de vista social é bastante preocupante, sem falar na possibilidade de uma segunda onda de Covid no começo de 2021, o que seria realmente um cenário catastrófico", disse.
Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, chama a atenção para o grande contingente fora da força de trabalho e lembrou que, a partir de setembro, o auxílio emergencial sofreu redução pela metade, indo de R$ 600 para R$ 300. "Essas pessoas fora da força não estão buscando emprego, está muito difícil procurar emprego, também tem a questão da subutilização aumentando, as pessoas trabalhando menos do que gostariam, e tudo isso nos próximos meses deve fazer pressão na taxa de emprego, ainda mais com a flexibilização aumentando e a questão do auxílio", disse Tobler. Para ele, a partir de setembro, a redução do benefício deve pressionar ainda mais mais orçamento das pessoas, e isso já começou a ser sentido em agosto. "Já pode ter começado a dar impacto pois vemos uma procura maior. Difícil separar quanto desse aumento no desemprego é pela flexibilização ou pelo auxílio, mas vejo um impacto, as pessoas se preocupando, pois estava previsto que diminuiria em setembro, e aí quando isso chegar elas gostariam de estar empregadas para não sofrerem tanto", afirmou. Segundo o IBGE, as comparações com maio mostra dois trimestres em contexto de pandemia, mas a análise com o ano anterior apresenta um momento sem a Covid-19 no país, razão que explica as quedas mais acentuadas. Praticamente todos os ramos de atividades, com exceção da agricultura, permanecem em queda devido a um provável processo de dispensa, de acordo com o IBGE.
Na comparação trimestral, o setor de alojamento e alimentação sofreu redução de 15,1%, com 661 mil pessoas a menos. Outros serviços reduziu 11,6% (510 mil pessoas), Serviços domésticos caiu 9,4% (477 mil), Transporte, armazenagem e correio despencou 11,1% (507 mil pessoas) e Indústria reduziu 3,9% (427 mil pessoas). Outros grupos que sofreram redução foram comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4,7%, ou 754 mil pessoas), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,3%, ou 337 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,4%, ou 740 mil pessoas). Na análise anual, sem o contexto de pandemia, as maiores perdas em números gerais foi no segmento de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,4 milhões de pessoas, redução de 13,6%). Já em dados percentuais, os setores de Alojamento e alimentação (31,4%, ou menos 1,7 milhão de pessoas), Outros serviços (22,5%, ou menos 1,1 milhão de pessoas) e Serviços domésticos (27,5%, ou menos 1,7 milhão de pessoas) acabaram sendo os mais prejudicados. "Quando olhamos vagas perdidas, o setor de serviços é predominante, com a maioria dos segmentos negativos, pois dependem de presença física e aglomeração. O setor de serviços emprega bastante, e enquanto não controlar pandemia e tiver vacina fica dificil imaginar o setor recuperando, então não deve ser rápido", acrescentou Rodolpho Tobler.

ANÁLISE - *”Os reflexos da pandemia sobre o mercado de trabalho”*: A necessidade de se implementar uma política de isolamento social, não poderia ser diferente, trouxe reflexos sobre a sociedade. O PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre do ano, período mais crítico do isolamento, caiu 9,7% ante o primeiro trimestre. Essa queda na atividade econômica veio com a paralisação das atividades de produção e de serviços. O impacto mais forte se deu sobre o mercado de trabalho. Bom lembrar que, antes da pandemia, a taxa de desocupação já tinha tendência de alta, sinalizando uma componente recessiva na economia. Talvez aí esteja a justificativa para o forte impacto da pandemia, não só sobre a empregabilidade, mas nas atividades informais e serviços domésticos. A apuração da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que acompanha as flutuações trimestrais da força de trabalho, no trimestre encerrado em agosto, apresenta recordes negativos em todos os seus indicadores. A alta da taxa de desocupação se deve ao abrandamento do isolamento social. Com a retomada da atividade econômica, as pessoas começam a sair de suas casas atrás de vaga no mercado de trabalho, condição para que entrem na estatística. Se alguém buscou emprego nos últimos trinta dias, é considerado desocupado, se não, está fora do mercado de trabalho.
A queda no número de pessoas ocupadas pode estar ligada ao fato de que muitas empresas, tentando voltar à normalidade, perceberam que, com o baixo movimento, custos superavam as receitas, obrigando-as a se ajustarem à nova realidade, reduzindo o quadro de colaboradores. O aumento da população desalentada pode estar relacionado a uma combinação da manutenção do isolamento com o cenário político, que cria um clima de falta de perspectivas. A queda no número de trabalhadores por conta própria e de informais pode se dar pelas mesmas razões. A redução no número de trabalhadores domésticos pode ser atribuída à manutenção do distanciamento social, e pela decisão que muitas empresas tomaram de manter seus colaboradores em regime de trabalho home office, o que reduz a necessidade de ter alguém para cuidar dos afazeres domésticos. O rendimento médio real habitual ficou estável, interrompendo a tendência de alta. Esta pode ter ocorrido pela busca de colaboradores mais produtivos por parte das empresas, e que tenham a condição de trabalhar remotamente sem necessidade de uma supervisão presencial. Um aspecto importante a destacar, e que pode ter influenciado o comportamento do mercado de trabalho, está relacionado ao auxílio emergencial. Muitos trabalhadores, formais ou informais, preferiram usufruir do programa a trabalhar ou buscar um emprego.​
*Otto Nogami: Economista, professor do Insper e sócio da Nogami Consultoria e Treinamento

*”De vigia de bandeira a ajudante de candidato, bicos em campanha geram renda na pandemia”*
*”Brasil desperdiça metade do talento das crianças, diz diretora do Banco Mundial”*

*”Dívida bruta vai passar de 100% do PIB em 2025, diz Ministério da Economia”* - O Ministério da Economia passou a prever que a dívida bruta do governo vai representar mais de 100% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025. É a primeira vez que o indicador ultrapassa essa marca nas estimativas oficiais da pasta, que projeto superávit nas contas públicas somente a partir de 2027. O crescimento da DBGG (dívida bruta do governo geral) é calculado diante da necessidade expressiva de recursos para medidas ligadas à pandemia do coronavírus. A principal delas é o auxílio emergencial, que demanda R$ 322 bilhões dos cofres públicos. O total de recursos destinados às medidas ligadas à pandemia já alcança R$ 615 bilhões, mais de seis vezes o déficit total registrado em 2019. Com isso, o rombo do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) está previsto em R$ 880,5 bilhões em 2020. Para o setor público consolidado (o que inclui estados, municípios e estatais), o valor é de R$ 905,4 bilhões. Para 2020, a DBGG está prevista em 96%. O valor representa uma melhora em relação aos 98% previstos um mês atrás, devido principalmente à melhora na previsão do PIB (o relatório anterior previa uma queda de 6,5% na economia, e agora a retração considerada é de 5%, seguindo o boletim Focus).
Segundo o governo, o impacto da pandemia é restrito a 2020 mas causa repercussões para os próximos anos por causa das despesas de juros futuros que incidem sobre a dívida. O valor demandado para as medidas da pandemia representa 8,6% do PIB, percentual acima da média observada pelo governo em economias avançadas e emergentes. Impulsionado pelos gastos, o patamar da dívida no fim do ano ficaria acima do registrado por atualmente por pares internacionais como, por exemplo, África do Sul (82,8% do PIB), Colômbia (62,5%), México (51,5%), Chile (37,4%) e Peru (36,8%). De acordo com as previsões apresentadas nesta sexta-feira (30), a dívida bruta só voltará para baixo de 100% em 2028. Mesmo a DLSP (dívida líquida do setor público), que desconta ativos como as reservas do Banco Central e costuma ser preferido por analistas, deve crescer de forma contínua nos próximos anos até um pico de 87% em 2028. A média do indicador de 2021 a 2029 ficará em 81,9%. O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que a pasta não trabalha com a ideia de prolongar despesas ligadas à Covid no ano que vem. "Não trabalhamos com gastos que ultrapassem para 2021. Eles são contidos em 2020. Essa é a diretriz do ministro Paulo Guedes e da equipe como um todo", afirmou.
Apesar disso, uma nova onda do coronavírus no Brasil é algo considerado pelo secretário. "Se houver, certamente o governo reagirá a essa situação. Por enquanto, os gastos são dessa magnitude e entendemos que ficarão restritos a 2020. E é importante que assim o seja, para voltarmos a um ambiente de controle fiscal", disse. O déficit primário do governo, correspondente a um recorde histórico de 12,7% em 2020, deve ser gradualmente reduzido até se transformar em um superávit de 0,3%. Mas o resultado no azul só deve ser registrado em 2027, segundo as projeções do governo. A situação da dívida pública tem chamado atenção dos investidores, embora técnicos do governo ressaltem que há colchão de liquidez suficiente para vencimentos até o primeiro quadrimestre de 2021. Isso significa que, mesmo em um cenário extremo de ausência de compradores de títulos brasileiros, o governo ainda conseguiria honrar seus compromissos no começo do ano que vem. Mesmo assim, Waldery disse que o governo deve adotar medidas para aumentar o colchão da dívida, inclusive com novas devoluções antecipadas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

*”Dívida pública bate recorde e supera 90% do PIB em setembro”*

*”Governo segue trabalhando em desoneração da folha, diz secretário de Guedes”* - O secretário executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, afirmou nesta sexta (30) que o governo continua trabalhando na desoneração da folha de pagamentos como parte de uma proposta de reforma tributária, que ele diz "ter esperanças" de ser aprovada em 2021. Na quinta (29), o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia afirmado que a desoneração ficaria inviável sem a aprovação de um imposto sobre transações financeiras no país. Guedes defende que a arrecadação do novo imposto compensaria a perda de receita com a redução dos custos com mão-de-obra. Guaranys participou de debate sobre royalties do petróleo promovido pelos jornais "O Globo" e "Valor Econômico". Em sua fala inicial, afirmou que, passada a emergência da pandemia, é hora de retomar a agenda de reformas proposta pelo governo. "Com a reforma tributária, [estamos] trabalhando para que a gente possa ter uma desoneração da folha e empregar cada vez mais gente", afirmou. "Vemos muita gente desempregada." Nesta quinta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), informou que a taxa de desemprego atingiu o recorde de 14,4% em agosto.
Para Guedes, porém, sem o novo imposto, "não tem desoneração, não tem como fazer". Ele fez as declarações durante audiência pública no Congresso, na qual reforçou a defesa de que a redução da contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamentos depende de novo imposto. Em entrevista à Folha, o líder do governo no Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) afirmou que a desoneração reduz em R$ 100 bilhões a receita do governo e, por isso, é necessário encontrar nova fonte de recursos. "Se não tiver outra fonte, não tem desoneração da folha", afirmou. Também nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou em conversa com apoiadores que a criação de novos tributos só será discutida pelo governo caso haja a revogação de outros encargos. "Não tem aumento de imposto e ponto final", disse. No evento desta sexta, Guaranys disse que a agenda de reformas "deu uma parada" durante a pandemia, com a necessidade de focar em medidas emergenciais, mas que será retomada agora, em um momento a economia se recupera em V, em sua avaliação. Ele reconheceu que as eleições municipais e, depois, a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado devem postergar as discussões sobre a reforma tributária, mas afirmou "ter esperança" que o projeto possa ser aprovado até o fim de 2021. "O momento que temos agora é o momento de retomada do país. E sabemos o quanto nosso sistema tributário amarra a retomada.", disse. "Acho que 2021 ainda é um ano possível. É possível fazer essas discussões dada a prioridade que temos na retomada."

*”Juízes folgam em ponto facultativo do Dia do Servidor”*
*”Bolsa cai mais de 7% na pior semana desde março”*
*”Ant tem demanda recorde de R$ 17,3 tri de pequeno investidor no maior IPO do mundo”*
*”Assembleia decide que JBS deve entrar com ação contra irmãos Batista”*

*”Ser e Laureate entram em acordo e encerram processos”*
RODRIGO ZEIDAN - *”Reabrem as escolas públicas”*
*”Estados americanos enfrentam maior crise de caixa desde a Grande Depressão”*

*”Capitalismo e democracia saíram dos trilhos, diz Paul Collier”* - O capitalismo é o único sistema conhecido capaz de tirar massas de pessoas da pobreza. A democracia é o único sistema político sustentável e compatível com o capitalismo. Mas ambos saíram dos trilhos nos últimos 30 ou 40 anos, diz Paul Collier, economista do desenvolvimento e professor da escola de governo da Universidade Oxford (Reino Unido). Em conferência do projeto “Fronteiras do Pensamento”, nesta quarta-feira (28), ele afirmou que uma das manifestações dessa crise é a formação de “identidades opostas”, fissuras (“rifts”) sociais e econômicas. Por exemplo, opõem-se metrópoles bem-sucedidas e comunidades menores do interior; trabalhadores com alto nível de instrução e valorizados e aqueles menos instruídos e que vivem de trabalho manual. As comunidades abandonadas estão em revolta. Essas divisões, afirma Collier, seriam um motivo importante da vitória do brexit no Reino Unido e de Donald Trump nos Estados Unidos. Capitalismo e democracia não funcionam no “piloto automático”. Precisam de uma espécie de intervenção sociopolítica que reforce objetivos comuns e o espírito de reciprocidade (“mutuality”). Com o declínio dessas iniciativas e sentimentos, desenvolveu-se uma sociedade da ganância, na qual a ideia de dever e obrigações seria atributo quase apenas do Estado e em que as decisões são tomadas de cima para baixo e de modo centralizado, nas empresas e no governo. Tais problemas teriam dificultado também o combate à epidemia do novo coronavírus.
Há exemplos de que as coisas não precisam ser assim, afirma Collier. Dinamarca e Nova Zelândia são casos de países de alto desenvolvimento econômico e social, com sentido comunitário. A Nova Zelândia teria tido sucesso contra a Covid-19 porque uma líder como a primeira-ministra Jacinda Ardern convenceu os cidadãos de seu país de que o enfrentamento da doença dependia da formação de uma “equipe de 5 milhões de pessoas [a população neo-zelandeza]”, que ela não tinha certeza de saber de tudo a ser feito e que precisava de colaboração. Jacinda e líderes como ela criam e reforçam o espírito de uma “comunidade conectada”, de sacrifícios bem-distribuídos em nome do bem comum. Além do mais, promovem “comunidades adaptativas”, em que líderes e cidadãos aceitam a incerteza e procuram inovações, um experimentalismo pragmático de olho no futuro, não em um suposto mundo idílico do passado. Collier recorreu frequentemente a exemplos da biologia da evolução e do mundo animal para mostrar que os seres humanos não são apenas egoístas e gananciosos. Existiria uma propensão à colaboração social que deve ser explorada (“caçar juntos rende mais do que caçar sozinho”). Como se valer dos bons sentimentos? O economista e professor de políticas públicas sugere que é preciso ter líderes diferentes, em governos e empresas, embora não diga como. O bom líder é um “comunicador-chefe”, não um “comandante-chefe” que, como macho alfa, lidera pela dominância, por se arrogar o conhecimento de tudo e pela punição. O bom líder demonstra ser capaz de sacrifício em prol do bem comum, é modesto (admite falhas e que não sabe tudo), olha para o futuro e é pragmático (não vem com “pacotes de ideologias prontas” e “manuais”).
Assim, consegue merecer confiança dos liderados: favorece a disseminação da ideia de “objetivo comum” e de que todos possam ter a “dignidade” de contribuir para esse objetivo geral. Logo, o bom líder suscita o espírito de colaboração em sua comunidade, na empresa ou na política. A empresa que muda sua “missão” de “ser a melhor empresa do mundo” para “maximizar o valor do acionista”, um objetivo ridículo, tende a falir, diz Collier, citando exemplos (como o da ICI britânica).
• Com “diálogo”, uma “troca entre iguais”, com respeito às regras do jogo da conversa (como se respeitam as regras do pingue-pongue), genuíno interesse em entender os motivos das opiniões diferentes, a firme intenção de chegar a um entendimento mútuo. Tal conversa inclui aquela entre líderes e a comunidade. Esse tipo de atitude, dos líderes em particular, desenvolve a capacidade de iniciativa (“agency”);
• Com “devolução” do poder de decidir. Trata-se de mais um incentivo ao espírito de iniciativa, de colaborar ativamente para o bem comum. A “devolução” depende da descentralização das decisões (de governos centrais para cidades, de metrópoles para comunidades menores, do líder para outros cidadãos). O experimentalismo é a receita de sociedades autônomas, participativas, capazes de iniciativa e senso de dever: haverá erros, mas haverá também uma solução inovadora em algum lugar.
• Com “pilotos”. Isto é, cidades, empresas, líderes ou entidades de governança em geral capazes de, por assim dizer, “dar o exemplo”, sugerir novos caminhos, sejam formas de produzir ou governar. O exemplo que Collier dá desse tipo de líder, seu “herói”, é Lee Kwan-Yew (1923-2015), “pai fundador” e homem forte de Cingapura de 1959 a 1990, anos em que o país saiu da miséria para a riqueza. Um país bem-sucedido na descentralização seria a Escócia.
Enfim, Collier diz que o capitalismo não é individualismo e ganância, mas inovação e dinamismo, que não depende do “líder no topo”, mas de experimentação descentralizada. A democracia não é apenas eleição regular, mas depende de um tipo de inclusão que promova a capacidade de iniciativa e do diálogo para que se chegue ao “objetivo comum”.​

*”Curva de óbitos da Covid nos EUA se divide em duas e indica padrão para o Brasil”* - O avanço da pandemia do coronavírus nos Estados Unidos vem repetindo o mesmo padrão da Europa, com os locais menos afetados inicialmente concentrando agora a maioria dos mortos. Nos dez estados que sofreram mais no primeiro semestre, como Nova York e Nova Jersey, o total de óbitos hoje equivale a apenas 13% do pico. Nos dez inicialmente mais poupados, como Texas e Idaho, a taxa, porém, é de 501%. Na Europa, que vem adotando novas medidas restritivas à circulação, os países mais afetados no início do ano registram hoje cerca de 1/5 das mortes em relação ao pico e 40% das hospitalizações. Na Itália, a região da Lombardia, duramente castigada no começo, tem hoje 18% das internações em UTIs em relação à pior fase. Na Sicília, antes poupada, 132% mais. O comportamento das curvas de óbitos nos dois lados do Atlântico Norte é considerado fundamental para o Brasil se preparar para os próximos meses. Na maioria dos estados brasileiros, o número de mortes permaneceu elevado por um período longo, numa espécie de platô, o que pode sinalizar a possibilidade menor de repique. Mantidos os padrões norte-americano e europeu, regiões e municípios brasileiros menos afetados no começo devem se preocupar mais com o aumento de casos, mantendo, por exemplo, as estruturas de saúde.
Reportagem da Folha nesta semana mostrou que o Brasil já fechou 65% dos leitos de UTI abertos desde o início da pandemia —que diminuíram de 14.843 para 5.233. Os EUA têm cerca de 330 milhões de habitantes. Os estados mais afetados nos primeiros seis meses do ano e que agora têm as mortes relativamente controladas concentram menos de um quarto da população (74 milhões). O restante vive, portanto, em regiões que ainda podem registrar aumentos significativos de mortes. Sem contar os 20 estados mais ou menos afetados no primeiro semestre, há cerca de 211 milhões de pessoas em regiões com óbitos em alta. Nesses locais, as mortes já representam 137% em comparação ao pico. Os dados, compilados pelo Instituto Estáter a partir de fontes oficiais, mostram que os estados mais afetados desde o início contabilizam cerca de 1.300 óbitos por milhão de habitantes. Nos demais (com quase 260 milhões de habitantes), as mortes consolidadas equivalem a menos de 500 por milhão. A média móvel de novos casos nos últimos sete dias nos EUA atingiu seu maior nível desde o início da epidemia e está em torno de 70 mil. As hospitalizações também cresceram, com mais de 40 mil internados por uma semana consecutiva, o que não ocorria desde agosto. Segundo a Universidade Johns Hopkins, na média dos últimos sete dias, os novos casos nos EUA cresceram 23%; muito acima dos 2,9% de aumento no total de testes.
“Há uma desigualdade pandêmica grande nos Estados Unidos, o que pode indicar o risco de uma onda de infecções ainda prolongada”, diz Pércio de Souza, presidente do Estáter, que acompanha a evolução da epidemia de forma detalhada e regionalizada desde o início. “As evidências dos dados também mostram que medidas restritivas como confinamento podem protelar o impacto da infecção quando implementadas tempestivamente. Mas não têm se mostrado solução definitiva para evitar a curva pandêmica.” Em sua opinião, os governos vêm fracassando em adotar reações mais equilibradas que preparem e conscientizem a população para a convivência com o vírus. Infectologistas ouvidos pela Folha consideram fundamental acompanhar as curvas de infecções e mortes na Europa e nos EUA para que o Brasil se prepare para as próximas semanas e meses. Com um total de mortes perto de 160 mil, o Brasil hoje registra, segundo a média móvel, cerca de 450 óbitos diários, o menor patamar desde maio. Para Esper Kallás, médico e professor da Faculdade de Medicina da USP, o comportamento epidemiológico da Covid-19 segue o roteiro de o vírus infectar pessoas em locais mais suscetíveis, e onde ainda não circulara tanto. Segundo ele, não existem até aqui evidências importantes Ee casos de reinfecção, o que poderia explicar o ressurgimento da epidemia e das mortes em locais já bastante afetados. “Mas é óbvio que a retomada das atividades favorece a circulação do vírus em todos os lugares.”
Segundo Ederlon Rezende, conselheiro da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), o cenário do país para enfrentar um eventual repique de casos seria mais tranquilo diante do aprendizado das equipes médicas em lidar com o vírus e os pacientes. Na chefia da UTI do Hospital do Servidor Estadual, em São Paulo, Rezende contabiliza dez pacientes com necessidade de ventilação mecânica hoje, ante 70 nos picos de junho e julho. “Já sabemos que as chances de contaminação em locais abertos são muito menores. Com a chegada do verão no Brasil, o risco pode diminuir”, diz. Gerson Salvador, infectologista do Hospital Universitário da USP, alerta, no entanto, que o verão europeu, com cenas de aglomerações e gente sem máscara, pode ter contribuído para o repique da epidemia. Pesquisa do governo da França mostrou que, em meados de maio, 72% das pessoas evitavam aglomerações e encontros pessoais. Em setembro, a taxa havia caído para 32%. “Onde está havendo flexibilização, o importante é não relaxar nos cuidados”, afirma. Para Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, mesmo nos locais já mais duramente afetados, não se pode considerar que a população tenha adquirido a chamada imunidade coletiva —que só seria possível com uma vacina realmente efetiva. Lotufo afirma, porém, que a redução ou desaparecimento de anticorpos contra o coronavírus em pessoas já infectadas, como algumas pesquisas vêm mostrando, não significa a perda de imunidade. “Existe todo um sistema de memória no organismo que, ao se deparar novamente com o vírus, pode ser reativado."

*”Anvisa recebe pedido de avaliação preliminar de documentos da vacina russa Sputnik V”*

*”Bolsonaro diz que Doria é 'autoritário' e que pandemia no Brasil 'está acabando'”* - Um dia depois de chamar de "lunático" o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (30), que o tucano é "autoritário". Apesar de o aumento de casos na Europa levantar receios entre especialistas de uma segunda onda de infecções no continente, Bolsonaro disse ainda que a pandemia da Covid-19 no Brasil "está acabando". "Está acabando a pandemia [no Brasil]. Acho que [o Doria] quer vacinar o pessoal na marra rapidinho porque [a pandemia] vai acabar e daí ele fala: 'acabou por causa da minha vacina'. Quem está acabando é o governo dele, com toda certeza", disse o presidente, ao conversar com apoiadores em frente do Palácio da Alvorada. As declarações do presidente foram transmitidas por um site bolsonarista. Bolsonaro embarcou para o Guarujá (SP), onde deve passar o fim de semana e o feriado. Segundo dados do Ministério da Saúde, a Covid-19 soma quase 5,5 milhões de casos confirmados no país, com mais de 158 mil mortes. O presidente criticou Doria em diversas ocasiões durante a semana, principalmente pelo fato de o governador paulista ter defendido vacinação obrigatória contra o coronavírus em São Paulo.
À mais recente investida, na quinta (29), Doria respondeu e disse recomendar "ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar". "Tem um governador lá [em São Paulo] um tanto quanto autoritário, que até [quer] dar vacina na marra na galera. O que eu vejo na questão da pandemia? Está indo embora, isso já aconteceu, a gente vê livros de história", acrescentou Bolsonaro nesta sexta. "Ele quer acelerar uma vacina agora, falou que ia vacinar os 46 milhões [de brasileiros no estado]. [Ele] não tem autoridade para isso, no meu entender é uma arbitrariedade, não sei que adjetivo eu daria para quem, na marra, já fala em aplicar uma vacina que ninguém ainda falou que está comprovada 100% cientificamente", disse o presidente. O alvo de Bolsonaro é a Coronavac, imunizante que está sendo desenvolvido por uma farmacêutica chinesa e produzido em convênio com o instituto Butantan. O presidente chegou a desautorizar um acordo do Ministério da Saúde com o estado de São Paulo para a compra de milhões de doses dessa vacina. Em outa ocasião, disse que a Coronavac não era confiável por conta de sua origem chinesa. Ao afirmar que a vacina coproduzida pelo instituto Butantan não tem comprovação científica, Bolsonaro se antecipou a críticas e disse que o caso é diferente do da hidroxicloroquina —medicamento propagandeado por ele como panaceia contra a Covid-19
"Diferentemente da hidroxicloroquina, que existe há quase 70 anos no Brasil", afirmou. A hidroxicloroquina é um remédio usado no Brasil há anos para malária e lúpus. Mas não tem eficácia científica verificada para o tratamento do novo coronavírus. Doria é considerado pelo Palácio do Planalto um potencial adversário nas eleições de 2022, e o tucano e Bolsonaro também já se chocaram nesta semana sobre a reforma administrativa e ajuste fiscal encampados pelo governador que extingue órgãos públicos e retira isenções do ICMS. O presidente acusou Doria de estar aumentando impostos no estado, enquanto que o tucano se defendeu e disse que não houve incremento de tributos.​ Embora Bolsonaro tenha dito que a pandemia está acabando no Brasil, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou recentemente que os países precisam estar vigilantes porque segundas ondas de infecção "não são apenas possíveis, como altamente prováveis em qualquer lugar do mundo". Diante do aumento do contágio na Europa, diferentes países do continente estão adotando novas normas de isolamento social para tentar conter o vírus. Os Estados Unidos também têm registrado o avanço da pandemia. Reportagem da Folha desta sexta mostra que o comportamento do vírus no EUA vem repetindo o mesmo padrão da Europa, com os locais menos afetados inicialmente concentrando agora a maioria dos mortos. A trajetória das curvas de óbitos na Europa e nos EUA é considerada importante para o Brasil se preparar para futuro.​Na maioria dos estados brasileiros, o número de mortes permaneceu elevado por um período longo, numa espécie de platô, o que pode sinalizar a possibilidade menor de repique.

*”Fortaleza vive pós-pandemia antes de mortos descansarem”*
*”Em bairro mais populoso de Sobral (CE), moradores lidam com vírus e violência ao mesmo tempo”*
*”Após sua pior epidemia de dengue em 2019, Paraná já ultrapassou a média histórica em 2020”*

*”Por falta de dinheiro, fornecimento de água a cidades no Nordeste deve ser interrompido”* - Por falta de dinheiro, famílias que dependem de carros-pipa no Nordeste devem deixar de receber água potável a partir deste domingo (1º), em meio ao período de seca na região. Segundo relatos feitos à Folha, a interrupção do serviço, por meio da Operação Carro-Pipa, foi informada por integrantes do governo federal a autoridades estaduais e municipais de estados como Bahia e Pernambuco. A iniciativa, que atende cerca de 850 municípios, prevê que o Exército fiscalize e coordene a distribuição da água em áreas atingidas pela seca. A Folha teve acesso a um aviso de um batalhão baiano a motoristas de caminhões-pipa, enviado na quinta-feira (29), especificando que o serviço será interrompido "por falta de recursos para pagamentos diversos". Procurado pela reportagem, o Exército não se manifestou até a publicação desta reportagem. O governo federal tinha conhecimento de que não haveria dinheiro suficiente e pediu a realocação de recursos para que o Exército contratasse carros-pipa. O projeto que autoriza a medida, porém, ainda não foi votado pelo Congresso. Documento com data de 30 de setembro anexado ao PLN (projeto de lei do Congresso Nacional) nº 30 informa que o crédito em pauta visa possibilitar o atendimento de despesas no Ministério do Desenvolvimento Regional, entre outros. Ele detalha que os recursos são para o "custeio da Operação Carro-Pipa entre os meses de setembro a dezembro visando garantir o atendimento com água potável à população vitimada pela seca no semiárido brasileiro, entre outras". O texto é assinado pelo ministro Paulo Guedes (Economia). Nesta sexta-feira (30), o senador Jaques Wagner (PT-BA) ingressou com requerimento pedindo esclarecimentos ao ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) sobre o fornecimento de água no Norte e no Nordeste. O documento aponta que a iniciativa envolve cerca de 7.000 veículos, que levam água para 79 mil pontos de abastecimento e cisternas coletivas. Em São Bento do Una (PE), a 210 km do Recife, a prefeitura disse que há 144 pontos abastecidos pelo Exército. Com a interrupção do serviço, a prefeita Débora Almeida (PSB) afirmou que entre 30 e 40 famílias ficarão sem água. "É muito ruim. Estamos na seca. A prefeitura não consegue abastecer todo mundo. É impossível", afirmou Almeida à Folha. "Eu nem tenho carro-pipa suficiente. Só tenho três caminhões e temos de abastecer hospital, posto de saúde, e as escolas, mesmo sem estarem funcionando. Não conseguimos chegar no número de pessoas que eles chegam", afirmou.
A prefeita disse que um de seus secretários recebeu de integrante do Exército mensagem que dizia "informo que na semana que vem a operação vai estar parada até recebermos os créditos do MDR [Ministério do Desenvolvimento Regional]. Estávamos com as OS [ordens de serviço] feitas, porém não chegaram os créditos". O presidente da Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco), José Patriota, disse que os prefeitos foram informados do corte apenas nesta sexta, dois dias antes da interrupção do serviço. No fim da tarde, ele ainda tomava pé da situação e articulava com a bancada nordestina do Congresso uma solução para o problema. A região passou por sete anos de seca, de 2012 a 2019. Em 2020, voltou a chover, mas agora o momento é de estiagem. "Isso vai dar um rebuliço grande. É o pico da seca de todo o semiárido nordestino", disse Patriota. O Ministério do Desenvolvimento Regional informou que solicitou a suplementação de recursos do orçamento para manter as ações da operação carro-pipa, bem como a continuidade de obras essenciais na áreas de saneamento e segurança hídrica, evitando paralisações. O remanejamento de recursos está previsto no PLN 30, que aguarda apreciação pelo Congresso Nacional. De acordo com a pasta, para a manutenção da operação carro-pipa até o final do ano são necessários R$ 142 milhões. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse à Folha que o Congresso fará sessão na quarta-feira (4) para votar todos os 29 PLNs, matérias que abrem espaço no Orçamento, que estão parados sobre sua mesa.

*”Prefeitura de São Paulo adia novamente entrega de reforma no vale do Anhangabaú”*

*”Regulamentação do Fundeb não deve alterar piso salarial dos professores como quer governo”* - Ao contrário do que quer o governo Bolsonaro, a regulamentação do novo Fundeb não vai incluir alteração na lei do piso salarial dos professores. Já a flexibilização para destinar mais verbas do fundo da educação básica para escolas privadas sem fins lucrativos, como também deseja o governo, segue indefinida. Principal mecanismo de financiamento da educação básica, o Fundeb teve seu formato renovado pelo Congresso neste ano, com previsão de aumento de recursos e novas regras de distribuição para as redes de ensino. Mas, para entrar em funcionamento, precisa de regulamentação. O governo buscava incluir no projeto de regulamentação um artigo que eliminava o aumento real dos ganhos mínimos dos docentes, como a Folha revelou. A lei vincula o reajuste anual dos professores à variação do valor por aluno do Fundeb, o que se reflete em aumentos reais. O governo quer a atualização apenas pela inflação. O relator do projeto da regulamentação na Câmara, deputado Felipe Rigoni (PSB-ES), descartou a possibilidade de alterar a lei do piso nesse mesmo tema.
"O piso é outra lei, não entra aqui na regulamentação, se não nem conseguimos aprovar. Já falei com governo e está combinado que não terá nada sobre o piso", afirma. A ideia da gestão Bolsonaro, defendida abertamente pelo Ministério da Economia, causou reação entre políticos, especialistas e sindicatos de professores. O PSOL, por exemplo, fez um requerimento ao governo pedindo explicações. O Congresso corre contra o tempo para aprovar ​o texto até novembro. O prazo foi colocado pelo MEC (Ministério da Educação) e pelo Tesouro para que haja tempo de atualizar os sistemas e garantir os repasses no início de 2021. O governo aguarda o Congresso, mas já trabalha com a possibilidade de editar uma MP (medida provisória) caso não haja definição dentro do prazo. Uma possível MP, que entra em vigor imediatamente, pode impor propostas do governo, o que o Congresso e especialista querem evitar. "O que mais crítico é o tempo", diz Rigoni. O relator pretende apresentar seu relatório no fim da próxima semana, quando termina uma série de audiências online sobre o tema. A votação no plenário da Câmara está prevista para a segunda quinzena de novembro, após o primeiro turno da eleição municipal. O texto terá de seguir para o Senado, onde tramita outra proposta.
O calendário eleitoral, que mobiliza os congressistas, foi crucial para o atraso na discussão do tema. A emenda constitucional que renovou o Fundeb foi promulgada em agosto. Na quinta-feira (29), Rigoni anunciou que foi infectado pelo novo coronavírus, mas diz que está bem e em recuperação. Outro ponto crítico nesse debate é a pressão, por parte do governo e religiosos, para liberar a transferência de verbas do Fundeb para escolas privadas sem fins lucrativos em toda educação básica. Hoje, a medida é limitada para onde há falta de vagas, como na educação infantil, educação especial e do campo. Rigoni diz que ainda não há definição e que, também nesse tema, vai procurar um entendimento consensual. "Tem muitos posicionamentos a favor e muitos contra, não sei se existe um pensamento médio. Não posso fugir das evidências, que são mistas." Para os defensores, que incluem o governo e religiosos, escolas filantrópicas e confessionais podem oferecer uma educação melhor, o que ampliaria a possibilidade de escolha das famílias. Em geral, congressistas afeitos ao tema da educação e especialistas discordam da ideia, por causa do potencial de drenagem de recursos das escolas públicas.
Além disso, instituições sem fins lucrativos atuam majoritariamente em cidades mais ricas, o que vai contra as linhas gerais do Fundeb de reforçar orçamentos nas localidades mais pobres. "O Fundeb existe para financiar a educação pública", disse o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) em audiência online da Câmara na terça-feira (27). "Nas demais etapas, não faltam vagas nas escolas públicas e os recursos devem ser integralmente direcionados para melhorar a qualidade do ensino ofertado nesses estabelecimentos." Priscila Cruz, do Movimento Todos pela Educação, também se pronunciou no mesmo sentido. "Fundeb não é local para conveniadas", disse. O governo defende que até 15% das matrículas em toda a educação básica estejam em escolas privadas sem fins lucrativos. No documento com essas propostas, ao qual a Folha teve acesso, o próprio governo admite que estipulou esse teto para "vencer a resistência". "Como se trata de etapas com demanda praticamente 100% atendida, e visando vencer a resistência a essa ampliação da destinação para a rede privada, sugere-se restringir a autorização a margens, o que evitaria uma migração das vagas da rede pública para a privada", justificou o governo. O projeto não deve detalhar todos os pontos passíveis de regulamentação. Uma parte deles, como a definição de fatores fiscais de ponderação, deve ser observada em novo projeto no ano que vem.

PRETA, PRETO, PRETINHOS - *”Dossiê traz dados e análise interseccional da realidade LGBTI e negra no Brasil”* - “Qual é a cor do invisível?” é a pergunta engenhosa que o Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos coloca no título do seu dossiê, a ser lançado na quinta-feira da semana que vem (5) e que se propõe a delinear ao longo de mais de 200 páginas “a situação de direitos humanos da população LGBTI negra no Brasil” – o subtítulo do material. Preta, Preto, Pretinhos (PPP) teve acesso ao documento, em finalização. Em um contexto em que dados oficiais sobre o universo LGBTI são escassos – e essa é uma das preocupações e reivindicações da comunidade, que vê no vazio de registros uma aresta da invisibilidade -, o dossiê reúne, contextualiza e articula dados de diversas entidades para oferecer um panorama construído com profusão de informações. No primeiro semestre de 2020, por exemplo, o documento (a partir de informações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais – Antra) informa que houve um aumento de 39% nos casos de assassinatos de pessoas trans no Brasil em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2019, foram registradas 64 ocorrências nos seis primeiros meses; em 2020, 89. Em relação a 2018, a Antra – em associação com o Instituto Brasileiro Trans de Educação – indica que 82% dos assassinatos de travestis e transexuais tiveram como vítimas pessoas afrodescendentes. Em detalhes e de forma interseccional, o volume organizado por Isaac Porto – do Programa LGBTI da entidade no Brasil (sediada em Washington e também conhecida por Raça e Igualdade) – apresenta elementos multifatoriais. O propósito é contribuir com a “discussão a respeito da racialização da conversa sobre violência e discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero no Brasil”, como afirma no prefácio do documento Victor Madrigal-Borloz, especialista independente da ONU em Proteção contra Violência e Discriminação com base na Orientação Sexual e Identidade de Gênero. “Vivemos em uma sociedade que constrói invisibilidades sobre os corpos dos vulneráveis, principalmente do povo negro. Esse dossiê nos permite apresentar para o Estado brasileiro qual a situação da população negra LGBT. E, quando o Estado continua omisso, buscamos os mecanismos internacionais para denunciar”, afirma ao PPP Janaina Oliveira, representante da Rede Afro LGBT, organização que também contribuiu com insumos e participou da confecção do dossiê. “Os dados são fundamentais inclusive para apontar quais são as violências, as vulnerabilidades e o que é necessário para o enfrentamento dessas múltiplas violências.”
“Vivemos em uma sociedade que constrói invisibilidades sobre os corpos dos vulneráveis”, Janaina Oliveira, Rede Afro LGBT
O material traça um panorama da realidade atual dessa população e também apresenta recomendações ao Estado brasileiro. Dividido em sete capítulos, traz números sobre assassinatos de pessoas LGBTI, violência policial, acesso à Justiça, e direito à saúde, à educação e ao trabalho.
Os organizadores do dossiê dizem que o objetivo é – a partir de bases estatísticas – proporcionar um debate informado, na interconexão entre racismo e realidade LGBTI, para uma melhor e mais precisa visibilização das violações de direitos humanos enfrentadas especialmente pela população trans negra, “em um contexto político adverso ao respeito e à promoção dos direitos humanos no Brasil”, na descrição do diretor executivo do instituto, Carlos Quesada. “Infelizmente ainda somos reféns da violência física e que em muitos casos nos leva à morte. Esse material é importante por apontar não somente o racismo estrutural, mas a violência em razão da orientação sexual e da identidade de gênero. E que os territórios, por mais diversos que sejam, apresentam ainda assim violências muito idênticas”, contextualiza Oliveira. O informe foi realizado pelo Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos em parceria com ativistas trans LGBTI e as organizações Antra, Grupo Conexão G de Cidadania de Favelas, Instituto Transformar Shélida Ayana e Rede Nacional de Negras e Negros LGBT (Rede Afro LGBT). “É a primeira publicação no Brasil específica para a população negra LGBT e que traz fortemente a realidade do impacto do racismo no acesso aos serviços públicos”, observa Oliveira. “Porque já havia dados pontuais sobre a população negra e separadamente sobre a população LGBT, mas a análise dessas interseccionalidades demonstra que mesmo as políticas afirmativas para essas duas populações podem não atendê-las adequadamente.”
Dossiê: “Qual é a cor do invisível? A situação dos direitos humanos da população LGBTI negra no Brasil”
Lançamento: dia 5, das 11h30 às 13h30, com intervenção artística da rapper MC Carol Dal Farra
Como participar: por Zoom – registro pelo link: bit.ly/32ZZ2f5

*”Secom lança campanha que fala em interesses 'nem sempre claros sobre preservação da Amazônia'”* - Poucos dias antes de o vice-presidente Hamilton Mourão liderar uma viagem com embaixadores para a região amazônica, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) do governo Bolsonaro lançou uma campanha nas redes sociais em que fala sobre "interesses que nem sempre são claros sobre a preservação da Amazônia". De acordo com a Secom, nos próximos dias materiais sobre a região serão publicados em redes sociais, abordando o trabalho do governo e com foco "na conservação da natureza em harmonia com a prosperidade das pessoas". O governo destaca que o objetivo é dar visibilidade à população que vive na Amazônia brasileira, um contingente maior do que o de muitos países na Europa. A primeira peça foi veiculada nesta sexta-feira (30). O material traz alguns dos argumentos frequentemente usados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para rebater críticas de ambientalistas contra o avanço do desmatamento e de queimadas no país. Segundo um texto que acompanha a publicação do governo, a Amazônia "possui riquezas que o mundo todo conhece e parte deseja" e o "mundo desenvolvido desmatou quase tudo".
Com cerca de um minuto e meio, o primeiro vídeo publicado nas redes sociais da Secom diz ainda que há "interesses que nem sempre são claros sobre a preservação da Amazônia". "Informações falsas e irresponsáveis desconsideram as importantes conquistas ambientais já alcançadas em benefício do Brasil e do mundo", diz a narração da peça. A publicação faz ainda uma defesa de políticas ambientais do Brasil, classificando o Código Florestal como o "mais restritivo do mundo". "Nada mais fácil do que levantar bandeiras simpáticas a todos, como a questão do meio ambiente. No conforto das cúpulas e dos simpósios globais, tudo soa muito bonito. No mundo real, dos ribeirinhos, dos pequenos produtores, de quem vive na floresta, a coisa é diferente", diz o texto que acompanha o vídeo. Marcada para os próximos dias, a viagem de Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, com chefes de missões diplomáticas para a região vai tentar melhorar a imagem negativa do país no exterior em temas ambientais. O roteiro da viagem foi montado para mostrar aos diplomatas ações adotadas pelo governo no combate a ilícitos ambientais. Interlocutores disseram à Folha que a equipe do vice-presidente não participou dos vídeos elaborados pela Secom.
​Foram convidados diplomatas de diversos países, entre eles os embaixadores de Alemanha, Suécia, África do Sul, Canadá, Colômbia, Peru e União Europeia. Também foram chamados diplomatas do Reino Unido, França e Portugal, além da secretária-geral da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), María Alexandra Moreira López. A programação inclui uma visita ao Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) em Manaus, reunião com o governador Wilson Lima (PSC), visita a um laboratório de investigação de crimes ambientais e um passeio para ver o encontro das águas entre os rios Negro e Solimões. A ideia é também levar os diplomatas a São Gabriel da Cachoeira, a cidade mais indígena do país, para a visitar um pelotão de fronteira e um posto de saúde indígena. Mourão avalia que a imagem negativa que o Brasil tem no exterior em temas relacionados ao meio ambiente, potencializada pelos índices de desmatamento na Amazônia e pela onda de queimadas no Pantanal, é um dos principais obstáculos que o país enfrenta na arena internacional. O vice-presidente considera que a reativação do Fundo Amazônia, mantido com doações da Alemanha e Noruega, depende principalmente da apresentação de resultados concretos dos esforços de combate a ilícitos ambientais na região.

MÔNICA BERGAMO - *”Fôlego de Tatto nas pesquisas dificulta acordo entre PT e PSOL para beneficiar candidaturas”*: O diálogo para um acordo entre o PT e o PSOL que envolvesse as candidaturas dos partidos em São Paulo e no Rio de Janeiro passou a ser defendido com mais intensidade por integrantes das legendas —mas a possibilidade de prosperar ficou mais distante depois que Jilmar Tatto (PT-SP) mostrou algum fôlego nas pesquisas. Tatto passou de 2% para 4% na mais recente pesquisa Datafolha, chegando a 6% na sondagem do Ibope divulgada na sexta (30). A ideia inicial seria Tatto abrir mão da candidatura para ajudar Guilherme Boulos, com 14%, segundo o Datafolha, a ultrapassar Celso Russomanno (Republicanos), com 20%, e ir ao segundo turno. Em troca, o PSOL retiraria a candidatura de Renata Souza, com 2% no Rio, e apoiaria Benedita da Silva, do PT, dando impulso para que ela saísse do quarto lugar nas sondagens.

MÔNICA BERGAMO - *”Membros do comitê contra a Covid-19 de SP se preocupam com uso eleitoral de números da doença”*
MÔNICA BERGAMO - *”Gabinete de Flordelis já gastou R$ 256 mil da cota parlamentar neste ano”*
MÔNICA BERGAMO - *”Entidades de defesa do consumidor criticam elaboração de novo decreto de regulamentação de SACs”*

MÔNICA BERGAMO - *”Grupo de rappers da Rocinha lança música com selo de filho de Ringo Starr”*
MÔNICA BERGAMO - *”Sesc retoma atividades artísticas presenciais com espetáculos circenses”*

CAPA – Manchete principal: *”Ibope: Paes lidera com 32%; Crivella e Martha Rocha estão com 14%”*

*”Disputa afunila – Ibope: Paes lidera, e Martha empata com Crivella, com redução de brancos e nulos”*
*”Após apoio tímido, Bolsonaro grava com Crivella”*
*”Russomano cai e Covas sobe, mostra Ibope”*
ENTREVISTA: MARIO SERGIO CORTELLA – Filósofo, educador e escritor - *”A gente não se sente proprietário da cidade, mas usuário”*

*”Em João Pessoa, ex-governador e bolsonarista disputam liderança”*
*”Com aval de Fachin, Aras abre inquérito contra Rodrigo Maia”*
*”Advogados querem impedir que MP peça relatórios ao Coaf”*
*”Pazuello é internado com quadro de desidratação”*

*”Desemprego – Taxa sobe a 14,4%. Em um ano, país tem 12 milhões de vagas fechadas”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Covas ultrapassa Russomano; Boulos e França avançam”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Juros, dólar e inflação palaciana”*: Opresidente Jair Bolsonaro deve ser grato – se for capaz disso – ao Banco Central (BC) pelo esforço para evitar uma crise mais grave. Qualquer aumento de juros, neste momento, seria perigoso. Complicaria a gestão da enorme dívida pública, muito pesada para uma economia emergente. Além disso, poderia prejudicar a retomada, já insegura, da atividade econômica. Apesar da reação, ainda se estima para 2020 um Produto Interno Bruto (PIB) entre 4% e 5% menor que o do ano passado, com retração na faixa de 4% a 5%. Mais de um ano será necessário, pelos cálculos correntes, para a economia brasileira retomar o nível de produção de 2019. Nem isso será possível, no entanto, se o crédito ficar mais caro e se a insegurança dominar os mercados. O setor público devia cerca de R$ 6,4 trilhões, ou 88,8% do PIB, no fechamento de agosto. A relação estará em torno de 100% no fim do ano e deverá crescer nos próximos três anos. Só com muito cuidado e muita responsabilidade será possível controlar essa expansão e manter a confiança na ação oficial. Não há risco imediato de insolvência, mas essa palavra já apareceu, em linguagem muito cautelosa, em comentários sobre a dívida pública e a política fiscal. Longe de qualquer referência a esse risco, o Copom continua, no entanto, chamando a atenção para a importância da responsabilidade fiscal.
A mensagem apareceu, de novo, no informe divulgado depois da última reunião do colegiado. Os juros tenderão a subir, voltou a advertir o comitê, se houver dúvidas sobre a pauta de reformas e alterações permanentes no ajuste das contas públicas. As possíveis alterações incluem a eventual manutenção dos estímulos fiscais usados como resposta à pandemia. O “risco fiscal elevado” – expressão sem disfarce – reforça o perigo de inflação mais alta no horizonte da política monetária, isto é, nos próximos dois anos. Apesar disso, as projeções ainda apontam alta de preços, nesse período, em ritmo compatível com as metas oficiais. Permanecem, portanto, segundo a avaliação do Copom, condições para a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 2% ao ano. Essa avaliação envolve uma aposta um tanto ousada. A nota menciona o aumento recente das pressões inflacionárias, mas o choque é qualificado como temporário. Diante de números acima dos esperados, o Copom elevou sua projeção para os meses finais de 2020, mas preservou as expectativas de inflação contida a partir daí. De toda forma, o comitê continuará monitorando a evolução das pressões e dos indicadores.
A explicação do recente choque inflacionário é o ponto mais interessante dessa passagem. O texto realça a “continuidade da alta nos preços dos alimentos e dos bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda”. Se a ordem das palavras faz diferença, essa análise atribui mais importância à alta do dólar, como fator inflacionário, do que às condições do mercado internacional e ao nível da demanda doméstica. Faltou explicar a depreciação do real, ou, como contrapartida mais visível, a valorização da moeda americana diante da brasileira. Eventos internacionais explicam parte da movimentação cambial, mas as causas internas são importantes e manifestam-se com frequência. As causas internas mais visíveis têm sido as tensões políticas e as incertezas sobre a evolução da política fiscal. Essas incertezas são acentuadas pelas pressões por maiores gastos. A equipe econômica tenta resistir, mas os ministros favoráveis aos gastos contam com a tolerância presidencial. Além disso, o presidente cuida prioritariamente, há muito tempo, da reeleição e de outros objetivos pessoais. Eventuais declarações em defesa do teto de gastos são insuficientes para disfarçar as preocupações eleitorais e a desatenção à política fiscal e ao endividamento. O presidente é o sujeito oculto de pressões inflacionárias e do agravamento do risco fiscal. O BC só pode alertar. Conter o presidente ultrapassa as suas funções.

*”Ibope: Covas tem 26% e ultrapassa Russomano”*

*”Tucano e Boulos empatam entre os mais escolarizados”* - Apesar de o prefeito Bruno Covas (PSDB) ter o dobro das intenções de voto do adversário Guilherme Boulos (PSOL) na mais recente pesquisa Ibope, os dois empatam entre o eleitorado mais escolarizado da capital paulista. Quase metade dos moradores com ensino superior completo pretende votar em um dos dois – 24% no tucano e 23% no candidato do PSOL, o que configura empate técnico. Boulos, apesar de ter como foco de suas propostas as classes menos abastadas da população, ainda tem melhor desempenho entre os mais ricos e escolarizados. No levantamento total, incluindo todas as faixas de escolaridade, ele pontua 13%, ante 26% do atual prefeito – que, por sua vez, tem desempenho semelhante entre os diferentes níveis de ensino. Entre os paulistanos que só completaram o ensino fundamental, a diferença entre os dois é gritante. Apesar de Boulos ter passado de 1% para 3% de um levantamento para outro, Covas tem dez vezes mais intenções de voto nesse segmento do que ele: 30%. Com esse porcentual, o prefeito lidera entre os menos escolarizados, em empate técnico com Celso Russomanno (Republicanos), que passou de 31% para 27% no segmento. Boulos oscilou entre o eleitorado mais pobre, passando de 3% para 5%. Nessa parcela da população, o candidato do PSOL tem metade da taxa de intenção de votos do petista Jilmar Tatto. Na pesquisa total, ocorre o oposto: o candidato do PT registra menos da metade de Boulos.
Mais ricos. Apenas Covas está à frente do líder dos sem-teto quando o recorte é feito pelos mais ricos. Na faixa salarial dos que ganham mais de cinco salários mínimos, o tucano tem 28%, ante 22% de Boulos. Se São Paulo fosse só sua elite econômica, o segundo turno entre os dois seria quase inevitável, já que depois deles vem, com 13%, um distante Russomanno. Márcio França (PSB), que também cresceu nas últimas duas semanas, é outro que deixa Boulos para trás entre os segmentos menos escolarizados e mais pobres. Há, no entanto, uma diferença em relação a Tatto. Enquanto o petista tem força apenas nessas faixas, França dispõe de um eleitorado que segue lógica parecida com a de Covas, apesar de números menores: as intenções de voto são pulverizadas pelos diferentes segmentos, sempre na casa dos 10%. Em entrevistas, incluindo a sabatina do Estadão, Boulos tem alegado que o motivo para sua dificuldade de conquistar o eleitorado mais pobre é o fato de ainda ser desconhecido. Sua rejeição é alta justamente nos segmentos em que também tem votos: os mais ricos e escolarizados. Os que ganham mais de cinco salários somam 33% de rejeição a Boulos, ante 14% dos que recebem até um salário mínimo. No caso dos escolarizados, tendência parecida: 27% dos mais estudados não votariam nele de jeito nenhum, ante 16% entre os que só concluíram o ensino fundamental. Ou seja, o candidato é mais rejeitado – e mais votado – nas faixas em que é conhecido.

*”Bolsonaro grava para campanhas e aposta em 2º turno em RJ e SP”*
*”Paes mantém liderança no Rio, diz pesquisa”*

*”’A esquerda vai se apoiar no 2º turno’”* - O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, defendeu a união do campo da esquerda no segundo turno das eleições 2020, e chegou a dizer que Guilherme Boulos (PSOL) é como um “irmão mais novo” para ele. Questionado sobre a aproximação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), no entanto, disse não acreditar na sinceridade do pedetista. Sobre a aproximação entre PT e PDT, Tatto disse que “gostaria de estar mais animado em relação às intenções do Ciro”. Ele disse que ficou surpreso com o encontro, e classificou o posicionamento de Ciro como “errático”. À exceção do ex-ministro, Tatto evitou ataques a concorrentes do campo da esquerda e disse “ter certeza” que Boulos o apoiaria caso o petista fosse para a segunda etapa. “Por que vou falar alguma coisa do Boulos, da Erundina, se estou bastante convicto e quero o apoio deles no segundo turno?”, disse. “Isso vale para o Orlando (Silva, do PCDOB), vale para o Márcio França (PSB), e não há nenhum demérito em relação a isso.” Tatto foi o nono de 11 concorrentes ao cargo que participam da série de sabatinas do Estadão ontem.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
Tatto prometeu rever contratos com organizações sociais (OSS) na área da Saúde. Ele foi questionado sobre a ampliação desse modelo durante a gestão de Fernando Haddad (PT), da qual participou, e disse que o momento agora é outro, pois há investigações de irregularidades nos contratos. Além disso, Tatto argumentou que a pandemia do novo coronavírus evidenciou a necessidade de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de mais investimento público direto. “A primeira providência é rever os contratos. A segunda é, de forma planejada, fazer a reversão disso (administração por meio de OSS).”, disse. “Nós temos de fortalecer o SUS e fortalecer a administração direta, por isso que nós vamos fazer vários concursos públicos – não só na área da Saúde.”
CULTURA E CARNAVAL
Tatto prometeu destinar 3% do orçamento municipal para a área de cultura, e metade desse montante para ações em bairros da periferia. Um exemplo é a expansão do patrocínio a blocos de carnaval fora do centro expandido. “Nós tivemos uma experiência exitosa na cidade, que foi o carnaval de rua. Tinha 100 blocos, nós organizamos, disciplinamos e aumentamos para 600”, disse.
TRÂNSITO
Questionado sobre os limites de velocidade nas marginais do Tietê e do Pinheiros, Tatto não se comprometeu com uma alteração. “Eu quero ouvir os técnicos”, disse, após argumentar que estudos apontam crescimento de mortes e acidentes nos corredores que tiveram aumento no limite. Quando Tatto era secretário municipal de Transportes, na gestão Haddad, as marginais e outras avenidas da cidade tiveram o limite reduzido para 50 km/h. A medida foi revertida nos primeiros meses de João Doria na Prefeitura.
TRANSPORTE PÚBLICO
Durante a sabatina, o candidato prometeu redução na cobrança de tarifa do ônibus municipal, como o retorno do intervalo de quatro horas para embarcar em dois coletivos diferentes, pelo preço de uma passagem – hoje, o intervalo é de três horas. Tatto também prometeu implementar o Passe Livre para desempregados, estudantes e pacientes com consulta marcada pelo programa Hora Certa que utilizam o Bilhete Único. Outra promessa é a redução no valor da passagem para R$ 2 aos domingos, feriados e na madrugada. “Reduzir para R$ 2 não necessariamente quer dizer que cai a arrecadação, porque aumenta o número de passageiros”, disse.

*”Expulso do Novo, Sabará desiste de eleição”*

*”Indicado ao CNJ, filho de ministro tem 1 ano de OAB”* - Indicado para uma vaga de conselheiro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de cúpula da administração do Judiciário, o advogado Mário Nunes Maia, de 44 anos, filho do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Nunes Maia, se nega a detalhar a pouca experiência que possui no Direito. Segundo documento obtido no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mário Nunes Maia foi aprovado no exame da ordem no ano passado. A obtenção da carteira da OAB é requisito indispensável para a atuação em processos como advogado. Por meio de uma articulação iniciada em julho, com apoio direto de seu próprio pai, Mário Nunes Maia teve seu nome aprovado pela Câmara dos Deputados na terça-feira. O indicado ainda precisa ser aprovado no Senado. Se confirmado, assumirá o posto de conselheiro do CNJ por dois anos, com remuneração mensal de R$ 37,3 mil, quase o teto do Judiciário. Procurado por telefone pelo Estadão, o advogado encerrou a chamada abruptamente após ser perguntado sobre informações de seu currículo de uma página entregue à Câmara, e não atendeu às novas ligações. A reportagem, então, enviou perguntas por escrito, mas o advogado não respondeu. A despeito dos elogios dos líderes partidários que referendaram sua indicação, o currículo de Mário Nunes Maia, nas poucas linhas que possui, traz informações incompletas, que não permitem concluir se ele tem o notável saber jurídico exigido pela Constituição para a vaga de conselheiro do CNJ. O conselho é responsável por fiscalizar a conduta de juízes no País e formular resoluções para pautar a atuação dos magistrados. No campo “atividades”, o advogado listou duas informações: “secretário da câmara cível do Tribunal de Justiça do Ceará” e “escritório de advocacia em Fortaleza e Brasília”. Ele não informa, porém, o período de cada uma dessas atividades, o nome dos escritórios, nem as funções desempenhadas. Em consulta à base de processos do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Regional Federal da 1ª (TRF-1) e da 5ª Região (TRF-5), além do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), foram encontrados apenas três processos em que Mário Nunes Maia consta como advogado.
Ele informou à Câmara que está cursando mestrado na Universidade de Lisboa e, ao mesmo tempo, três pós-graduações na PUC Minas. A instituição mineira confirmou a informação. A portuguesa não respondeu. O filho do ministro menciona cinco livros em seu currículo que têm sua participação – três deles escritos em coautoria com o pai. Os outros dois livros, As origens das leis escritas e do método de sua aplicação literal Direito Fundamental de Acesso à Justiça, não foram encontrados registros na internet. Seu currículo, atualizado em 2016, informa que ele era advogado desde 2010. O currículo entregue à Câmara não informa a instituição de ensino e o ano em que concluiu o curso de Direito. Há um registro, no entanto, na plataforma Lattes, de um currículo acadêmico em seu nome, que aponta a graduação na Faculdade Faria Brito, em Fortaleza, concluída em 2012, quando ele tinha 36 anos. Entre a graduação e uma cadeira no CNJ, portanto, são oito anos de experiência. “Só vou me manifestar após a sabatina do Senado”, disse ele. “Vou aguardar, porque ainda tem a sabatina do Senado e prefiro não me pronunciar.”
Conversa. Um deputado federal de um partido com bancada relevante na Câmara disse à reportagem que o ministro Napoleão Nunes Maia lhe fez um pedido para que ele conversasse com o filho sobre a indicação ao CNJ. Essa conversa ocorreu em julho, segundo o parlamentar, que falou sob condição de anonimato. Outros parlamentares ouvidos pela reportagem disseram que foram procurados diretamente pelo advogado. O deputado Denis Bezerra (PSB-CE), que estudou com Mário Nunes Maia em uma disciplina do curso de Direito no Ceará, disse que sua escolha foi pela relação pessoal. “Acredito que tenham pessoas ainda muito mais qualificadas que poderiam ser avaliadas”, disse. “Mas a gente acabou fazendo opção enquanto bancada, apenas no dia.” A reportagem questionou Napoleão, por meio da assessoria de imprensa do STJ, se conversou com parlamentares para ajudar na indicação do filho. O STJ afirmou que o ministro não foi localizado.

*”Mortes provocadas pela covid-19 diminuem apoio a Trump, diz estudo”*
*”Americanos que nunca votaram vão em massa às urnas”*

*”EUA enviam crianças de vários países ao México”* - As autoridades fronteiriças dos EUA têm expulsado crianças migrantes de outros países para o México, violando um acordo diplomático com os mexicanos, segundo reportagem de ontem publicada pelo New York Times. O governo mexicano informou que vai investigar o caso. A reportagem cita um e-mail interno de um oficial da Patrulha da Fronteira dos EUA e afirma que as expulsões ocorrem sob uma política agressiva de fechamento de fronteira conduzida pelo governo de Donald Trump, que alega ser necessária para evitar que o novo coronavírus se espalhe pelos EUA. A medida é contrária aos termos sob os quais o governo mexicano concordou ajudar o americano. Pelo acordo, apenas crianças mexicanas, e sob supervisão de adultos, poderiam ser enviadas de volta para o México.
As expulsões colocam em risco crianças de países como Guatemala, Honduras e El Salvador, ao enviá-las sem acompanhantes para um país onde não têm laços familiares. A maioria parece ter sido colocada, pelo menos no início, sob cuidados das autoridades mexicanas, que supervisionam abrigos operados por organizações religiosas e outros grupos privados. As expulsões, que segundo o New York Times passaram de 200 nos últimos 8 meses, refletem a natureza aleatória com a qual muitas das políticas de imigração mais agressivas do governo foram introduzidas. Em muitos casos, elas causaram confusão entre agências governamentais americanas – e agora entre governos de outros países. Por anos, o governo de Trump separou famílias por longos períodos, sem que eles pudessem se comunicar. Relatório apresentado à Justiça no início do mês revelou que os pais de 545 dessas crianças atualmente nos EUA, algumas delas separadas de suas famílias ainda em 2017, ainda não foram localizados. Segundo os acordos diplomáticos, crianças de outros países, com exceção do México, devem ser colocadas em voos operados pelo serviço de imigração americano para seus países de origem, onde podem se juntar a suas famílias.
Suspeitas. Rumores de que crianças de outros países estavam sendo expulsas para o México começaram a circular entre ONGS que defendem os direitos das crianças nos dois países. Localizá-las tem sido difícil em razão dos relatórios irregulares das autoridades mexicanas. No entanto, um e-mail do subdiretor da Patrulha de Fronteira dos EUA, Eduardo Sanchez, obtido pelo New York Times, deixa claro que essas transferências não apenas ocorreram, mas que são uma violação clara da política dos EUA. “Recentemente, identificamos vários casos suspeitos em que menores de idade de outros países, que não o México, foram expulsos por meio de pontos de entrada, em vez de encaminhados para as operações aéreas da migração para voos de expulsão”, escreveu Sanchez. Sobre a política de fechamento de fronteira do governo americano, ele continuou: “Para reiterar, sob nenhuma circunstância deve um menor de um país diferente do México ser expulso intencionalmente para o México”.
Contágios. Brian Hastings, chefe do setor do Vale do Rio Grande da Patrulha de Fronteira, reconheceu em entrevista que crianças não mexicanas foram enviadas ao país vizinho. Ele argumentou que sem o retorno rápido dos migrantes, sob a regra da pandemia, haveria “grandes quantidades de infecções, de misturas e, novamente, encheríamos um hospital”. Hastings disse ainda que os agentes de fronteira são orientados a entrar em contato com o escritório consular mexicano toda vez que uma criança desacompanhada for expulsa. Mark Morgan, comissário interino da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras, reconheceu nesta semana que tais expulsões violariam um acordo entre o México e os EUA. “Isso não faz parte da política deles”, afirmou Morgan a respeito do governo mexicano.

*”Na pandemia, de 200 mil expulsos, 8,8 eram menores”*
*”Terremoto atinge Turquia e Grécia, mata 19 e fere 700”*
*”Investigação de ataque na França deve ser demorada”*

*”2/3 dos paulistanos discordam de veto de Bolsonaro à compra da vacina chinesa”* - Dois terços dos paulistanos discordam do veto do presidente Jair Bolsonaro à compra de uma vacina chinesa contra a covid-19, mostra pesquisa Ibope /Estadão/tv Globo. Realizado com 1.204 pessoas entre os dias 28 e 30 de outubro, o levantamento quis saber se os entrevistados concordavam ou discordavam de Bolsonaro na decisão de não comprar o imunizante desenvolvido na China mesmo que ele seja aprovado pelas autoridades competentes da área da saúde. A maioria absoluta dos participantes da pesquisa (54%) disse discordar totalmente da postura do presidente. Outros 13% afirmaram “discordar em parte”. Entre os apoiadores da decisão, 19% relataram concordar totalmente com Bolsonaro e 8% disseram concordar em parte. Dois por cento afirmaram não concordar nem discordar e outros 3% não souberam opinar ou não responderam. A margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos. No último dia 21, Bolsonaro afirmou, em entrevista à Rádio Jovem Pan, que não comprará a vacina desenvolvida na China mesmo se ela receber registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente referia-se à Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã e que está na última etapa de testes clínicos no Brasil. Naquele mesmo dia, ele havia desautorizado o ministro Eduardo Pazuello e vetado a compra de 46 milhões de doses do produto pelo Ministério da Saúde.
Os mais jovens são os mais críticos a essa postura de Bolsonaro. Entre os entrevistados de 16 a 24 anos, 78% disseram discordar do presidente totalmente ou em parte. A faixa etária de 35 a 44 anos é a única em que a maioria absoluta não discorda totalmente do presidente: são 49% nessa situação. Mas na soma das respostas dos que discordaram em algum grau nesse grupo, o porcentual ainda é alto: 68%. Na análise por sexo, as mulheres demonstram postura um pouco mais crítica: 69% de discordância das participantes do sexo feminino, ante 65% dos entrevistados homens. Pouca diferença também nas respostas segundo raça/cor dos entrevistados. De acordo com a pesquisa, o índice de pretos e pardos que discordam do posicionamento do presidente (69%) é levemente superior ao observado entre brancos (65%). No recorte por renda familiar, são os mais pobres os que mais discordam da postura do presidente. No grupo que ganha até um salário mínimo, 59% disseram discordar totalmente de Bolsonaro e outros 12% afirmaram discordar em parte, totalizando 71% de desaprovação. Os entrevistados no grupo de renda entre 2 e 5 salários mínimos têm o menor índice de discordância: 66%. Os participantes com ensino superior são os que mais reprovaram a conduta do presidente: 59% de discordância total nesse grupo, ante 49% entre os entrevistados com ensino médio. A maior diferença foi observada quando os dados foram analisados conforme a religião do entrevistado. Enquanto entre os católicos, o índice de discordância é de 72%, entre os evangélicos, a taxa ficou em 57%.
Especialista. Para Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e presidente do Instituto Questão de Ciência, o resultado demonstra que, independentemente de preferências políticas, a população confia nas vacinas e acredita nos órgãos regulatórios. “A maioria das pessoas sabe que quem é responsável por determinar se uma vacina é segura ou não é a autoridade de saúde. Elas entendem que a vacina contra a covid, desde que tenha eficácia e segurança, é a melhor ferramenta para voltarmos à normalidade. Além disso, a população brasileira, por todo o histórico do Programa Nacional de Imunizações, tem confiança nas campanhas de vacinação.”
Governo. A posição de Bolsonaro cria discordância dentro do próprio governo. Ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, em entrevista à revista Veja, que a polêmica em torno da Coronavac é “briga política” com o governador João Doria e disse que “é lógico” que o governo federal vai comprar o imunizante. “Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, afirmou o vice-presidente à revista.

*”Por imunizante, governadores buscam se aliar à OMS”*

*”Pesca em Noronha é liberada, apesar de haver parecer contrário”* - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o secretário de Pesca, Jorge Seif Júnior, além do presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO), anunciaram ontem a liberação de pesca da sardinha em Fernando de Noronha. Foi assinado um “termo de compromisso” com a normatização e regras autorizando a atividade. A decisão, porém, atropela uma decisão técnica do próprio ICMBIO contrária à prática. A reportagem teve acesso a um documento técnico do órgão, elaborado em outubro de 2016, que analisou profundamente os impactos para liberar a captura de sardinha dentro do Parque Nacional de Fernando de Noronha. O local é uma unidade de conservação administrada pelo ICMBIO, daí o fato de ter uma série de regras de controle e respeito ao ambiente. Neste estudo, a área técnica do ICMBIO é objetiva ao se posicionar sobre a pesca de sardinha na ilha. “Não há motivação nos contextos de conservação da biodiversidade, econômico ou histórico de tradicionalidade que justifiquem a abertura da atividade.” O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Nordeste, ligado ao ICMBIO, é taxativo em sua conclusão. “A manifestação do Cepene é contrária a liberação da pesca no Parque Nacional de Fernando de Noronha.” O relatório justifica que “abrir exceção para a pesca da sardinha pode implicar precedente para maior pressão para liberação de outras pescarias, pressão essa que teve início no ano passado (2015), motivo de reunião no Ministério Público Federal em Brasília, quando foram discutidos vários aspectos em relação ao arquipélago”.
Demanda. Nas redes sociais, o secretário da Pesca, Jorge Seif Júnior, declarou que se trata de “uma demanda de décadas dos pescadores”. Disse ainda que a decisão foi tomada “após estudos de impacto, relatórios técnicos, observação do plano de manejo e trabalho de equipes do ICMBIO com a SAP (Secretaria de Aquicultura e Pesca)”. “Assinamos hoje o termo de compromisso com a normatização e regras, autorizando essa atividade tão importante para os pescadores nativos de Noronha.” Em seu documento técnico, o ICMBIO afirma que “a frota de barcos de pesca aumentou de forma descontrolada e irregular em Fernando de Noronha” e é permitida somente a permuta de embarcações, e não a entrada de outros barcos. “A população de Fernando de Noronha também cresceu descontroladamente nos últimos anos. A pesca já não era sustentável e in suficiente para abastecer a população até a década de 1990. Com o aumento da população da ilha, essa situação se agravou ainda mais”, afirmam os técnicos. O relatório mostra que, assim como ocorre nas demais pequenas ilhas oceânicas, a ocupação humana não pode ser sustentada por recursos provenientes apenas do local. “Nessas ilhas os recursos naturais são extremamente limitados, sendo essencial a importação de recursos do continente para garantir a sobrevivência da população humana nestes locais.” A reportagem procurou o ministro Ricardo Salles, o secretário Jorge Seif Júnior e o ICMBIO para comentar o parecer técnico do Instituto Chico Mendes. Não houve resposta até as 19 horas desta sexta-feira.

*”Desemprego vai a 14,4% e analistas veem piora com fim de socorro do governo”*

*”Pandemia elimina 12 milhões de empregos”* - Desde que houve o agravamento da crise sanitária no País, por conta da pandemia do coronavírus, em março, já foram exterminados 12,044 milhões de empregos, segundo os dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados nesta sexta-feira. A perda de postos de trabalho foi generalizada, mas houve mudança no perfil das dispensas. Desta vez, os mais afetados foram os trabalhadores formais. Entre as 4,270 milhões de vagas extintas apenas no trimestre encerrado em agosto, 1,254 milhão era de informais, o equivalente a 29% das vagas fechadas. Os demais 71% dos postos de trabalho perdidos eram formais. No trimestre terminado em maio, os informais respondiam por 74% das dispensas, enquanto os formais somavam os 26% restantes. “O informal tem contribuído menos (para a redução da ocupação), mas não significa que não esteja mais havendo perda de trabalho informal”, ponderou Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE.
Nathalia Paganelli, de 28 anos, faz parte do contingente de trabalhadores que está atrás de um posto formal desde maio, quando foi demitida da loja de artigos esportivos na qual começou a trabalhar no fim de 2017. Nathalia conta que uma semana após sua demissão, a loja reabriu, mas ela não teve interesse em negociar uma contratação porque queria encontrar algo na sua área. Ela está cursando o último semestre da faculdade de Letras. “Infelizmente, até agora não me contrataram porque querem pessoas com experiência. Desde o ano passado, procurei emprego ou estágio na área, mas já estava difícil. Como meu seguro-desemprego acaba em novembro, estou abrindo mais o leque de oportunidades em que posso trabalhar dentro da minha experiência.” A estudante diz que participou de duas entrevistas presenciais para trabalhar novamente com vendas, mas não deu certo porque as empresas não estavam seguras quanto ao tempo de permanência dela. “Achavam que eu poderia sair a qualquer momento assim que encontrasse algo na minha área.” Enquanto isso, Nathalia vai fazendo freelances. Ela está ajudando cinco estudantes a se preparar para a redação do Enem 2020, que acontecerá excepcionalmente no começo de 2021. Ela também conseguiu fazer umas entregas depois que anunciou seus serviços em um grupo do Facebook voltado para mulheres. “Tentei fazer um pé de meia, mas, mesmo assim, sempre tem uns imprevistos. Parei de fazer entregas porque comecei a estragar muito a minha moto. Nisso, vai o dinheiro que eu estava querendo juntar”, contou. “Desde que tive meu primeiro emprego, não dependi mais dos meus pais. Então, é muito difícil (pensar em) ter de voltar para a casa da minha mãe ou pedir ajuda com as contas. Eu estou até ligando agora para as empresas para tentar saber se eles têm vaga. É desespero total.”
Previdência. A retração do emprego formal tem se refletido na contribuição para a Previdência Social no País. O total de pessoas contribuindo para a Previdência caiu para a 53,342 milhões no trimestre encerrado em agosto, o menor patamar da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Em apenas um trimestre, 3,014 milhões de pessoas deixaram de contribuir para a Previdência. Se considerados os últimos dois trimestres, comparando com o patamar de fevereiro deste ano, no pré-pandemia, há 5,630 milhões de contribuintes a menos. Já falta trabalho para um recorde de 33,319 milhões de pessoas em todo o País, somados os 13,8 milhões de desempregados e os demais subutilizados, aqueles que trabalham menos horas do que gostariam e os que não buscam trabalho acreditando que não encontrariam, por exemplo. Em apenas um trimestre, a população subutilizada cresceu 9,7%, 2,948 milhões de pessoas a mais. No trimestre até agosto de 2020, a taxa de subutilização da força de trabalho subiu a 30,6%: três em cada sete brasileiros em idade de trabalhar estão subutilizados, não trabalham o tanto que gostariam e poderiam.

*”Sachida espera padrão pré-crise em dezembro”*
*”Dívida vai a 100% do PIB, admite Tesouro”*

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