A falta de rumo do presidente Jair Bolsonaro na condução da política econômica segue produzindo crises periódicas, a conta-gotas. A emergência sanitária do coronavírus aprofundou os titubeios de Bolsonaro em relação a Paulo Guedes. Já em terreno pantanoso, o ministro da Economia fez inimizades em Brasília, de seu colega de gabinete Paulo Marinho (Desenvolvimento) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com quem selou novo armistício em jantar nesta segunda. Reportagem de Afonso Benites explica por que, mesmo com gestos conciliatórios na praça, inclusive de Bolsonaro em relação a Guedes, tudo deve seguir frágil. O motivo é que o pano de fundo das discussões —o que fazer com o teto de gastos e o Renda Cidadã— continua sem definição. Donald Trump converteu sua alta hospitalar em uma ato de campanha. O presidente, que havia sido internado na sexta por covid-19, anunciou pelo Twitter que deixaria o centro médico militar. Assim que conseguiu, voou de helicóptero para a Casa Branca, onde, algo ofegante, posou para fotos e voltou a fazer um discurso para minimizar os riscos da pandemia, que já matou mais de 210.000 americanos, um quinto das vítimas do mundo. A correspondente Amanda Mars afirma que o republicano lidou com sua internação da mesma maneira com que lidou outras crises de seu mandato: com desordem, meias-verdades e boas doses de excentricidade. Trump segue sendo Trump, na saúde ou na doença. Para entender os EUA que vão às urnas em menos de um mês, Camila Osório entrevista David Remnick, diretor da revista The New Yorker. "Estamos mais cautelosos com relação às pesquisas. Neste momento, Joe Biden está bem à frente. Mas se eu acho que Trump ainda pode se reeleger? Certamente. Seria um idiota se não. A definição de um idiota é uma pessoa que não aprende com a experiência." Ainda nesta edição, a biografia revisitada de Janis Joplin, a primeira estrela feminina do rock. A artista, que cresceu em uma cidade do interior do Texas, morreu de overdose de heroína, sozinha em um hotel em Los Angeles há 50 anos. Pioneira, dona de um talento inestimável, era bissexual em uma sociedade pacata, barulhenta em um entorno submisso, mulher transgressora em um ecossistema patriarcal. Tão selvagem quanto vulnerável, Joplin criou um perfil de autodefesa que nunca abandonou: valentona, arruaceira, brigona. A obra Enterrada viva: a biografia de Janis Joplin revisa a luta da artista para ser mais livre do que o mundo estava disposto a permitir.
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