quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Bolsonaro: ‘Acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção’


Enquanto lançava um programa para desburocratizar o setor de aviação, o presidente Jair Bolsonaro escolheu comentar sobre os ataques de seu governo à Lava Jato. “É um orgulho e uma satisfação que tenho em dizer, para essa imprensa maravilhosa que nós temos, que eu não quero acabar com a Lava Jato”, afirmou o presidente no Planalto, em tom de ironia. “Eu acabei com a Lava Lato, porque não tem mais corrupção no governo”, seguiu. “Eu sei que isso não é virtude, é obrigação. Fazemos um governo de peito aberto. Quando indico qualquer pessoa, para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe em grande parte da mídia.” Assista. (Poder 360)

O ex-ministro Sérgio Moro reagiu. “As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção”, ele disse. “É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?” Os movimentos de Bolsonaro, porém, não são apenas de extinção por obsolescência. A indicação do desembargador Kassio Marques ao Supremo indica mais do que isso. Bem recebido pelos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, severos críticos da Operação Lava Jato, Nunes é alguém que pode vir a dar votos favoráveis a réus passados da investigação. (Estadão)

Até então adversário de Bolsonaro, o senador Renan Calheiros saiu em sua defesa. “Não estou apoiando, não sou da base do governo, mas eu acho que o Jair Bolsonaro, para além das diferenças que nós temos, ele pode deixar um grande legado para o Brasil que é o desmonte desse estado policialesco.” (Correio Braziliense)

Roberto Freire: “Bolsonaro desmanchou o COAF; colocou o amigo do amigo dos filhos no comando da PF; pôs na PGR um inimigo da Lava Jato; forçou a demissão de Moro; mudou a Receita pra blindar o enriquecimento familiar; indicou pro STF um aliado do Centrão. O que acabou foi combate à corrupção.” (Twitter)

Então... O momento de popularidade de Bolsonaro é festejado pelo Centrão. Ela blinda o presidente para que bloqueie o combate à corrupção, que atinge o grupo, conta a Coluna do Estadão.

Pois é... Mas o presidente do Supremo, Luiz Fux, teve ao menos uma vitória, ontem. Ele propôs que os inquéritos e ações penais em trâmite sejam discutidos por todo o plenário, e não apenas pelas turmas. A medida foi aprovada por unanimidade. A maior parte das ações relacionadas à Lava Jato estão na Segunda Turma, que com a saída do ministro Celso de Mello ganhou maioria anti-lavajatista. Ao puxar para o plenário, Fux ganhou tanto o poder de pautar o que será avaliado ou não, quanto contará com ministros de seu grupo. (Valor)

Aprovada com unanimidade — mas o ministro Gilmar Mendes se irritou, sentiu-se posto contra a parede. “Estou recebendo essa notícia agora. Não vejo problema, acho importante, mas é preciso solenizar essa reforma regimental”, se queixou. “Não faz sentido a gente chegar do almoço e receber a notícia de que tem uma reforma regimental que será votada.” (Carta Capital)

Enquanto isso... A revista Crusoé descobriu que trechos e mais trechos da tese de mestrado do desembargador Kassio Marques foram copiados de outro advogado. Copia e cola literal — até erros se repetem. O plágio foi detectado com uma ferramenta online. (Crusoé)

O advogado Saul Tourinho Leal, de quem Kassio copiou, afirma que não houve bem cópia. “Há anos nutro uma relação acadêmica com o desembargador Kassio Marques”, firmou em nota. “Os artigos acadêmicos citados na referida reportagem são frutos de debates, discussões e troca de informações acadêmicas, que, em conjunto com o desembargador Kassio Marques, constituíram um acervo doutrinário comum para ser utilizado na produção acadêmica de ambos.” Um detalhe: em momento algum Marques cita Tourinho como co-autor. (Estadão)




De acordo com pesquisa realizada pela CNN, 59% do público considerou que a senadora Kamala Harris venceu o debate entre os candidatos à vice-presidência, nos EUA. O atual vice, Mike Pence, foi visto como melhor por 38%.

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