segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Pesquisa dá vitória a candidato de Evo, na Bolívia

 

O MAS, partido de Evo Morales, retornará ao governo boliviano após uma vitória em primeiro turno de Luis Arce, que foi seu ministro da Economia. Ainda não há contagem oficial de votos, mas duas pesquisas de boca de urna dão ao economista mais de 50% dos votos e a presidente interina Jeanine Áñez já o parabenizou pela vitória e pediu que pense no país e na democracia. “Vamos governar para todos os bolivianos”, afirmou Arce num discurso que buscava encerrar o confronto polarizante que dividiu o país. “Construiremos um governo de unidade nacional, recuperaremos a confiança, conduziremos um processo de transformação sem ódio, superando nossos erros.” (La Razón)

Matthias Alencastro: “Num ano de 2019 turbulento na América Latina, marcado pela escalada da crise na Venezuela e o fracasso do acordo UE-Mercosul, nada superou o escárnio do golpe ocorrido na Bolívia. A controversa tentativa de reeleição de Evo Morales terminou numa tomada de poder pelas forças militares, que apoiaram a posse de Jeanine Añez, uma presidente autoproclamada. Episódios de ruptura democrática costumam demorar tempo para serem completamente elucidados. Historiadores passam décadas catando documentos para tentar comprovar uma versão dos fatos. Na Bolívia, no entanto, bastaram alguns meses para se demonstrar o golpe de Estado, de forma que o primeiro governo da era pós-Morales acabou antes de começar. A geopolítica de outubro de 2020 é muito diferente da de novembro de 2019. Os Estados Unidos se encontram em plena transição, e a OAS e o governo brasileiro perderam a credibilidade necessária para pesar na política doméstica. Nesse contexto, as forças militares não dispõem de mesma margem de manobra para repetir a artimanha de dois anos atrás. Mais uma ruptura do processo democrático seria inaceitável até para os modestos padrões latino-americanos. O MAS, que resistiu bravamente a incessantes manobras de intimidação e violência política nos últimos meses, terá como principal desafio mostrar que tem condições de superar o ciclo da liderança carismática de Evo Morales.” (Folha)


A premiê Jacinda Arden teve uma vitória histórica, na Nova Zelândia — seu Partido Trabalhista recebeu 49% dos votos, terá 64 das 120 cadeiras do parlamento e se tornou o primeiro a ter a liberdade de governar o país sem a necessidade de coalizão. Impulsionada por uma bem orquestrada política contra o novo coronavírus, elegeu uma composição do parlamento que será a mais inclusiva já vista no país, com 16 Māori — a população nativa —, o primeiro de origem africana, e uma do Sri Lanka. Pelo menos 10% dos parlamentares vêm da comunidade LGBTQ+. O Partido Verde fez ainda dez cadeiras, a maioria de mulheres. Arden, que aos 37 se tornou a mais jovem chefe de Estado da história neozelandesa, alcança o segundo mandato aos 40 prometendo mais inclusão, luta por direitos das mulheres e igualdade. (Guardian)




Carlos Pereira: “Bolsonaro inaugurou seu governo nadando contra a corrente das regras do jogo político. Ignorou as restrições institucionais do presidencialismo multipartidário e se negou a montar uma coalizão, preferindo governar na condição de minoria. Baseado em extensa pesquisa empírica produzida pela ciência política brasileira, era esperado que essa estratégia governativa gerasse problemas crescentes de governabilidade. Não deu outra! O governo colheu derrotas sucessivas tanto no Legislativo como no Judiciário. Além do mais, acirrou animosidades e se engajou em conflitos abertos com outros Poderes. Os custos decorrentes dessa estratégia adversarial de governar tornaram-se proibitivos para Bolsonaro, que viu sua popularidade derreter e aumentarem os riscos de interrupção precoce de seu governo. Independentemente das motivações do presidente (sobreviver, proteger seus filhos de investigações, obter sucesso no Legislativo e no Judiciário etc.), o governo fez, mesmo que tardiamente, consideráveis ajustes e inflexões em seu comportamento. Ainda sem formar uma coalizão claramente majoritária e estável, bem como sem explicitar quais os termos de troca dessas alianças, Bolsonaro decidiu jogar o jogo do presidencialismo multipartidário. O Brasil, em termos relativos, tem vivido o período mais pacífico, longevo e estável da história de sua democracia. Atores políticos e agentes econômicos que apresentam comportamento desviante têm sido objeto de investigações e sofrido punições judiciais expressivas. O viés de pessimismo decorrente do comportamento inicial de Bolsonaro parece ser a raiz do mal-estar que, a despeito das virtudes do presidencialismo multipartidário, tem atormentado a maioria das análises políticas sobre a capacidade das instituições brasileiras de constrangê-lo.” (Estadão)

Meio em vídeo: Garantistas têm razão em alguns de seus pontos. Punitivistas têm as suas noutros. A Lava Jato teve muitos problemas, dentre eles o fato de que foi contaminada por política. E, ainda assim, a soltura de André do Rap e a cueca do vice-líder do governo Bolsonaro no Senado lembrar que este ainda é um país no qual se resiste a fazer da lei igual para todos. Assista.

Sun Baocheng, presidente da Huawei no Brasil, sobre a possibilidade de o governo Bolsonaro impedir a empresa de participar do 5G. “Vai demorar a transformação digital do Brasil. O segundo é que vai aumentar os custos dos operadores e o terceiro é que os custos dos operadores vão ser transferidos para os consumidores. Os brasileiros vão pagar um preço mais alto pelos serviços [de 5G]. Acho que qualquer tipo de banimento contra a Huawei só vai trazer impactos negativos e nenhum ponto positivo. A transformação digital vai demorar porque agora tem muito equipamento da Huawei nas redes do Brasil. Todos estão prontos para a evolução de 4G para 5G. Se vai trocar esses equipamentos, vai demorar muito tempo. Se for assim, vai demorar mais anos para a transformação digital. Vamos manter a comunicação com o governo para apresentar uma Huawei aberta e transparente. Como fazemos há 22 anos. No futuro, vamos continuar a respeitar a lei do Brasil, a soberania digital, a proteção dos dados e da privacidade.” (Folha)

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